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quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

Célio Simões (O nosso português de cada dia) “Santinha do pau oco”

A língua portuguesa possui inúmeros dizeres interessantes, que permanecem imutáveis ao longo do tempo, representando um forte viés cultural para o idioma. Esses dizeres podem ser fundamentados na cultura do próprio país ou ainda, ter influência estrangeira, mitológica, religiosa, histórica, etc. 

Sabe-se que a partir dos cinco ou seis anos, as crianças começam a usar pelo menos algumas delas, que são repetidas com frequência em casa pelos pais e amigos, e esse procedimento de expressões populares repetitivas acaba por se incorporar ao acervo cultural de uma pessoa, contribuindo assim para o enriquecimento do dicionário mental de cada qual na vida adulta.

Existe uma justificativa histórica para a expressão “SANTINHA DO PAU OCO”, que utilizamos para designar uma pessoa de caráter duvidoso, mentirosa ou falsa, surgida ainda no tempo do Brasil Colônia, por volta do Século XVII em Minas Gerais, berço da mineração do ouro, na época pesadamente tributado em 20% a título do “quinto”, que constituía a parte imposta pela coroa portuguesa como condição básica para quem se dedicava à garimpagem, extração e comercialização de metais preciosos em solo brasileiro.

Vivíamos o apogeu do domínio do catolicismo nas cidades e no campo, pela forte influência da Igreja Católica num Estado não laico, pontificando o talento dos artesãos que esculpiam em madeiras previamente selecionadas, a imagem dos santos que mais tarde viraram cobiçadas relíquias do barroco brasileiro, confeccionados propositadamente ocos, para que pudessem ser recheados de ouro em pó, assim driblando a rígida fiscalização vigente, que impunha um escorchante tributo cobrado pelas “Casas de Fundição”, repartições incumbidas de arrecadar os impostos sobre a mineração no Brasil.

A partir de então, a dita expressão invariavelmente alude à pessoa conhecida como sonsa, que aparenta ter um temperamento cordial, agradável e inocente, mas na realidade é o oposto, pois age de modo sorrateiro, escondendo suas intenções, no mais das vezes malévolas e o que é mais grave, com o obscuro e inconfessável propósito pessoal de levar vantagem, de tirar proveito.

Cairon e Márcio Oliveira aproveitaram o tema para enriquecer o cancioneiro popular, com um texto poético que revela o sentido pejorativo da expressão:

Eu pensava que você era santinha
eu jurava que você era só minha
mas foi tudo ilusão
e o meu pobre coração
você fez de bobo
Sua santinha do pau oco...

Na esteira dessa composição musical, os cantores e compositores Jefferson Morais, Luís Marcelo e Gabriel, Márcio Dhuka e Marreta, também lançaram suas canções com a mesma denominação - “SANTINHA DO PAU ÔCO” - evidenciando que não constitui motivo de orgulho para ninguém ser assim rotulado, por exprimir um conceito negativo, rebarbativo, quase sempre de pessoa falsa ou dissimulada, na qual não se deve confiar, nem mesmo rimando: 

Com a santinha de pau oco
todo cuidado é pouco!
Confiou, ela te engana
e te deixa no sufoco...

E assim se consolidou essa expressão que atravessou gerações e até hoje surge quando no meio social em que vivemos aparece alguém - homem ou mulher, jovem ou idoso - que por razões insondáveis, lança mão da dissimulação e da esperteza, para ludibriar outrem. 

E basta olhar em volta, pois em qualquer aglomerado humano, dos mais modestos aos requintados, essa nefanda figura pode ser identificada com facilidade, bastando que se observe seu agir manhoso, astuto e disfarçado, visto pela psicologia como inerentes a quem oculta seus sentimentos reais, ludibriando quase todo mundo, para só depois mostrar suas verdadeiras e turvas intenções. 
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Célio Simões de Souza é paraense, advogado, pós-graduado em Direito e Processo do Trabalho, escritor, professor, palestrante, poeta e memorialista. Membro da Academia Paraense de Letras, membro e ex-presidente da Academia Paraense de Letras Jurídicas, fundador e ex-vice-presidente da Academia Paraense de Jornalismo, fundador e ex-presidente da Academia Artística e Literária de Óbidos, membro da Academia Paraense Literária Interiorana e da Confraria Brasileira de Letras em Maringá (PR). Foi juiz do TRE-PA, é sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, fundador e membro da União dos Juristas Católicos de Belém e membro titular do Instituto dos Advogados do Pará. Tem seis livros publicados e recebeu três prêmios literários.

Fonte: Enviado pelo autor

quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

Célio Simões (O nosso português de cada dia) ““Botar as barbas de molho”

É outra expressão popular da língua portuguesa, que equivale a “deixar as barbas de molho” ou “colocar as barbas de molho”, justamente porque todas elas indicam que determinada pessoa, com presumível culpa no cartório, deve ficar alerta, esperta, preparada para o que der e vier, porque a sua “batata está assando” e mais cedo ou mais tarde haverá algum ajuste de contas.

Desde a mais remota Antiguidade a Idade Média, a barba sempre foi vista e considerada como o símbolo máximo da masculinidade, da honra, da determinação e do poder. Por essa ótica, era impensável que um indivíduo, ciente desses atributos, permitisse que outro - barbeiro ou não - cortasse sua barba, pois isso significava indignidade, flagrante, pública e inaceitável humilhação perante o meio social em que a pessoa vivia. 

Com o passar do tempo e até os dias de hoje, ouvir alguém dizer que alguém deveria “deixar suas barbas de molho”, significa aludir que por algum motivo, o tal sujeito deveria ficar de sobreaviso, prevenido para qualquer eventualidade, porquanto algo ocorrerá acabando por lhe impor determinada penalidade. 
 
Na Espanha é de cediço conhecimento famoso provérbio que diz: “Quando você vir as barbas de seu vizinho pegar fogo, ponha as suas de molho” indicando, com base no que aconteceu com alguém muito próximo, que a mesma coisa poderá acontecer com o próprio.
 
Alguns estudiosos afirmam que esta expressão sofreu uma corruptela motivada pelas condições de pobreza que caracterizou a sociedade brasileira na primeira metade do Século XX, fase histórica na qual os cortiços que albergavam os menos favorecidos eram construídos pegados uns aos outros, tendo como cobertura um capim denominado “bargas”, quase uma variação do sapê, tendo  na Amazônia seu correspondente na carnaúba, no babaçu, no buriti e na piaçava, que se prestam à cobertura dos barracos ribeirinhos. 

Pois bem, tais habitações utilizavam grandes fogões à lenha para o preparo das refeições dos moradores, que lançavam fagulhas que causavam incêndios entre elas, facilmente disseminados pelo vento, devastando todas as que estavam próximas. Daí adveio o costume do vizinho da casa que ardia em chamas de molhar intensamente seu telhado, como meio hábil de salvá-la, surgindo assim a expressão: “Fulano colocou suas “bargas” de molho, porque que a casa do vizinho está queimando!”, fala popular transmudada para “barbas”, pelo repetitivo dizer dos que enfrentavam o problema.

A expressão é tão utilizada que inspirou o livro “Barbas de molho” do escritor Luís Pimentel (Editora Dimensão, 64 páginas), que recebeu o Prêmio Cruz e Souza de Santa Catarina, pela Menção Honrosa recebida como finalista do Concurso Nacional de Literatura João-de-Barro, do Estado de Minas Gerais, ao discorrer sobre a vida de um menino no Brasil dos anos 30, contando seus primeiros encontros amorosos, os meandros da revolução tenentista, a pobreza do bairro em que morava e, mesmo assim, sua grande alegria de viver.

Pela sua popularidade, o tema inclusive foi objeto dos versos da esquecida e jocosa Dança da Desfeiteira, praticada nos folguedos juninos das cidades do Baixo Amazonas, onde os versejadores não deixaram por menos:

O cavalheiro:
tapuinha oferecida
no teu gingar estou de olho
contigo na minha vida
vou botar as barbas de molho...

A dama: 
Te manca, chifrudo!...

Barbas longas e bem cuidadas sempre fizeram a fama de muita gente no mundo todo, que por causa delas faturaram respeitabilidade e fixaram imagem identitária inconfundível, talvez por isso nunca admitiram raspá-las, do que é o melhor exemplo Papai Noel, ícone universal do Natal, que viraria apenas mais um na multidão trajado de vermelho, sem a sua branca e esvoaçante barba.

Para ficar só entre os políticos que governaram o Brasil nos primórdios da República, Deodoro, Floriano, Prudente de Morais, Rodrigues Alves e no Segundo Império, o respeitável, visionário, generoso e culto Imperador Dom Pedro II (um nobre de origem e não de título comprado), que teve o privilégio de existir na época áurea em que um fio da barba ou do bigode tinha a força de um documento solene para selar compromissos, prática de há muito postergada pelos espertalhões de todo tipo com os quais, nos dias de hoje, as pessoas de bem tem a desventura e a má sorte de conviver.
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Célio Simões de Souza é paraense, advogado, pós-graduado em Direito e Processo do Trabalho, escritor, professor, palestrante, poeta e memorialista. Membro da Academia Paraense de Letras, membro e ex-presidente da Academia Paraense de Letras Jurídicas, fundador e ex-vice-presidente da Academia Paraense de Jornalismo, fundador e ex-presidente da Academia Artística e Literária de Óbidos, membro da Academia Paraense Literária Interiorana e da Confraria Brasileira de Letras em Maringá (PR). Foi juiz do TRE-PA, é sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, fundador e membro da União dos Juristas Católicos de Belém e membro titular do Instituto dos Advogados do Pará. Tem seis livros publicados e recebeu três prêmios literários.

Fontes:
Enviado pelo autor
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domingo, 29 de dezembro de 2024

Célio Simões (O nosso português de cada dia) “Onde a coruja dorme”


A expressão é bastante conhecida no meio futebolístico, e é usada principalmente pelos locutores esportivos para indicar que a bola entrou, após ser chutada por acaso ou com maestria, em um dos ângulos retos superiores da trave do gol. Invariavelmente se ouve, com o entusiasmo próprio de quem narra uma partida: – Golaço! A bola entrou onde a coruja dorme!…

É um dos lugares mais difíceis para um goleiro defender a bola, haja vista que por mais que tente, não consegue impulso suficiente para alcança-la a tempo de impedir a marcação do gol. Este tipo de chute também é conhecido no meio esportivo como “chute na gaveta” ou “chute no ângulo”. Antigamente, alguns narradores variavam o jargão e também diziam “onde a coruja faz o ninho”.

Mas afinal, quando e porque teria surgido essa expressão? Circula entre os entusiastas de futebol (e que no Brasil são milhões) a versão de que nos anos 70, numa fria noite de muita garoa, o time da Sociedade Esportiva Palmeiras enfrentava um adversário de menor expressão, numa partida morna, pelo evidente desequilíbrio das forças entre os dois competidores. Como o Palmeiras era muito superior, fazendo prever uma goleada contra o fraco opositor, os fotógrafos incumbidos de cobrir a peleja se posicionaram atrás do gol do adversário, esperando que o poderoso Palestra Itália iniciasse a qualquer momento o festival de gols.

Enquanto isso não acontecia, o tranquilo goleiro palmeirense, com pouco ou nenhum trabalho para fazer, se recostou em sua trave, cruzou os braços e encolheu-se para melhor se proteger do frio que naquela oportunidade fazia. Foi quando no canto superior oposto de onde ele se encontrava, pousou uma vistosa coruja e lá ficou quieta, observando atentamente a movimentação dos arredores. De imediato, mesmo estando do lado oposto do campo, o fotógrafo Domício Pinheiro percebeu a inédita cena, correu rapidamente até lá e registrou numa única foto, que ele tirou posicionando-se por trás do gol, a indigitada coruja pousada lá em cima, no canto da trave, hirta de frio causado pela chuva fina, entorpecida e imóvel como se estivesse dormindo, porém visivelmente sintonizada com a própria monotonia do jogo que o goleiro enfrentava.

Para preservar o “furo” jornalístico ele espantou a coruja, para que nenhum outro fotógrafo dela fizesse a mesma foto, que posteriormente foi publicada como ilustrativa do que foi a pasmaceira daquele jogo. A partir daí, quando um jogador acerta qualquer dos ângulos numa partida de futebol, os locutores alardeiam que a bola entrou “onde a coruja dorme”. É bom lembrar que os locutores de futebol também são artistas natos, cada qual com a sua narrativa personalizada, seus jargões prediletos, que se tornam uma espécie de marca registrada de cada qual, e também constituem parte do espetáculo, pois são capazes de cativar o público com a sua verve e criatividade. Assim, naturalmente, a classe desses talentosos profissionais acabou adotando a expressão para tipificar as situações acima descritas.

De tão emblemática se tornou a expressão, que fora do futebol, passou a servir também para definir as vivências de cada qual em situações limites. “Eu vou onde a coruja dorme…” foi a frase adotada pelo cantor e compositor Bezerra da Silva, para definir seu tortuoso e sofrido processo de trabalho para se firmar no meio musical. Com seu jeito malandro desde o início da carreira, o festejado artista percorria os morros e recantos da Baixada Fluminense gravando sambas de jovens desconhecidos e buscando inspiração para encantar com a sua música o público brasileiro, com letras bem humoradas sobre o cotidiano das favelas.

Que a vida de goleiro não é fácil bem sabem aqueles que já levaram um frango vergonhoso nos acréscimos do segundo tempo. Em algumas situações, no entanto, tudo parece conspirar contra esses valorosos atletas responsáveis por manter o placar inalterado durante o jogo inteiro. Bola chutada de longe que entra “onde a coruja dorme” nem de longe constitui um frango, apenas uma circunstância favorável ao atacante e adversa a qualquer goleiro.
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Célio Simões de Souza é paraense, advogado, pós-graduado em Direito e Processo do Trabalho, escritor, professor, palestrante, poeta e memorialista. Membro da Academia Paraense de Letras, membro e ex-presidente da Academia Paraense de Letras Jurídicas, fundador e ex-vice-presidente da Academia Paraense de Jornalismo, fundador e ex-presidente da Academia Artística e Literária de Óbidos, membro da Academia Paraense Literária Interiorana e da Confraria Brasileira de Letras em Maringá (PR). Foi juiz do TRE-PA, é sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, fundador e membro da União dos Juristas Católicos de Belém e membro titular do Instituto dos Advogados do Pará. Tem seis livros publicados e recebeu três prêmios literários.

Fontes:
Uruá Tapera. 10 junho 2024.
https://uruatapera.com/onde-a-coruja-dorme/
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quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

Célio Simões (O nosso português de cada dia) “Terminou em pizza”

Essa é uma expressão idiomática genuinamente brasileira. E por ser brasileira, sintomaticamente teve origem no mundo do futebol em terras paulistanas, haja vista que a pizza foi introduzida na nossa culinária com os imigrantes italianos que aqui chegaram desde o final do século XIX, sendo São Paulo conhecida como a capital nacional da pizza e na pauliceia, o Bixiga, a Mooca e o Brás são bairros que se destacam pela cultura vibrante, histórias fascinantes e rica culinária, com seus restaurantes, pizzarias famosas e padarias inigualáveis.

Remonta ao ano de 1874 a chegada dos primeiros colonos italianos ao Brasil a bordo do veleiro “La Sofia”, que atracou em Vitória (ES), a partir de onde a maioria se estabeleceu nos estados do Sul e Sudeste, especialmente em São Paulo e no Rio Grande do Sul, estados onde a forte influência italiana é percebida também na arquitetura, nos eventos culturais e na vida social. 

E a pizza, inicialmente consumida apenas pela comunidade italiana, aos poucos foi conquistando paladares brasileiros, até que na década de 50 foi inaugurada a “Casa Vêneta” em São Paulo (SP), considerada a primeira pizzaria do país, a partir da qual o consumo de pizza se popularizou de maneira irreversível, e aos poucos chegou a todos os Estados brasileiros. E o que tem a ver o costume de comer pizza com essa expressão famosa?

Para os desavisados, ela foi criada pelo jornalista e apaixonado torcedor palmeirense Milton Peruzzi, que trabalhava na radio e TV Tupi como locutor e comentarista esportivo, titular da coluna “Periscópio” no jornal A Gazeta Esportiva. E por causa do seu incondicional amor pelo clube, o Palmeiras, muitos anos após sua morte, a Diretoria Palmeirense colocou em 2008 seu nome na sala de imprensa do famoso clube, que nos primórdios chamava-se Palestra Itália, nome abolido durante a 2.ª Guerra Mundial, na qual o Brasil lutou contra as potências do Eixo, integrado por Alemanha, Itália e Japão.  

Conta-se que na década de 1960, quando uma grave crise se instalou entre os dirigentes da Sociedade Esportiva Palmeiras, foi marcada uma reunião para estabelecer diretrizes para equacionar e encerrar um amontoado de problemas que estavam inviabilizando o clube e o próprio time de futebol, conclave que se estendeu por mais de mais de quatorze horas, chegando a um ponto em que os participantes foram vencidos pelo cansaço e pela fome.

Sendo a maioria dos “cartolas” descendentes de italianos, fizeram eles uma pausa nas discussões e encomendaram nada menos que 18 pizzas gigantes, chope, vinho e acepipes diversos, para que, assim alimentados, pudessem prosseguir naquela jornada de acusações e debates, em busca de alguma solução para tantos problemas, que pela complexidade, se afigurava difícil.

Ao fim do bate-boca, dos dedos em riste e daquela pantagruélica comilança, chegou-se a um acordo por via do qual ninguém seria diretamente considerado culpado de nada ou responsável pela caótica situação que provocou a própria reunião. Mercê desse desfecho inesperado, o inteligente e criativo jornalista esportivo Milton Peruzzi, antes citado, publicou a notícia em sua prestigiada coluna, com o seguinte título: “CRISE DO PALMEIRAS TERMINA EM PIZZA”.

Foi o que bastou para que assim passassem a serem conhecidas todas as crises ao fim das quais, por força do corporativismo profundamente entranhado nas instituições brasileiras, “não pega nada para ninguém” ou “tudo termina numa boa”, ficando tudo sem qualquer punição, com os comprovadamente culpados saindo absolutamente incólumes de seus deslizes.

E de tanto ser utilizada no cotidiano, tal expressão chegou à política, mas esse tipo de cambalacho não se limita ao futebol e à política, seus laboratórios prediletos. Atualmente, em qualquer instituição que se possa imaginar, surgem espertalhões que concebem manobras escusas, com o único fito de tirar proveito pessoal e quando o escândalo vem à tona, entram em cena os apadrinhadores, esgrimindo enfáticos argumentos para não deixar prosperar a apuração, capaz de desmascarar e punir o autor da fraude ou do engodo.

Talvez por isso o saudoso Milton Peruzzi, falecido em 21/02/2001, nos deixou sabendo que a expressão idiomática por ele definitivamente criada, nesses mais de 50 anos se tornou sinônimo de compadrio, de conchavo, de arranjo, de ação entre amigos em prol da impunidade, apostando no “deixa tudo como está para ver como é que fica”...
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Célio Simões de Souza é paraense, advogado, pós-graduado em Direito e Processo do Trabalho, escritor, professor, palestrante, poeta e memorialista. Membro da Academia Paraense de Letras, membro e ex-presidente da Academia Paraense de Letras Jurídicas, fundador e ex-vice-presidente da Academia Paraense de Jornalismo, fundador e ex-presidente da Academia Artística e Literária de Óbidos, membro da Academia Paraense Literária Interiorana e da Confraria Brasileira de Letras em Maringá (PR). Foi juiz do TRE-PA, é sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, fundador e membro da União dos Juristas Católicos de Belém e membro titular do Instituto dos Advogados do Pará. Tem seis livros publicados e recebeu três prêmios literários.

Fontes:
Texto enviado pelo autor. 
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segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

Célio Simões (O nosso português de cada dia) “Por que cargas d’água?”

Com frequência, essa expressão aparece sob a forma interrogativa: “Por que cargas d’água  a criatura fez aquilo?”. Percebe-se no seu uso, quase sempre, o desconhecimento do motivo que levou alguém a fazer ou deixar de fazer alguma coisa. Tal pergunta é habitualmente formulada com perplexidade, com a intenção de demonstrar a falta de lógica de certo ato, fato ou procedimento. É como se você perguntasse: “Por que motivo aconteceu aquilo?”.

Sua origem remonta ao final do século XIII, quando começaram as primeiras navegações portuguesas em águas do Atlântico Norte, região de mar aberto, portanto sujeita a severas tempestades, que desabavam em forma de forte pancadas ou cargas d’água. Fugindo delas, era comum os lentos navios da época se abrigarem no entorno dos Açores ou da Ilha da Madeira. Porém, escapavam às vezes do controle de seus hábeis timoneiros mercê da fúria da procela, fazendo com que as naus acabassem em destinos absolutamente imprevistos, quase sempre na costa africana.

Quando isso ocorria vinha a clássica pergunta, “por que cargas d’água a embarcação se extraviou?” Sua repetição na linguagem coloquial varou os anos, traduzindo-se num questionamento, sempre exprimindo perplexidade. Os portugueses, ainda hoje substituem “cargas d’água” por “raios”, sem que o sentido da indagação se altere: “Por que raios meu time perdeu o jogo?”.

Raul Seixas, o genial e irreverente “Maluco Beleza”, aproveitou a deixa para compor “Sapato 36”, em que ele indaga na música o porquê de usar um sapato menor que o próprio pé, que lhe foi dado pelo pai: “Eu calço 37. Meu pai me dá 36 // Dói, mas no dia seguinte // Aperto meu pé outra vez (…) // Por que cargas d’águas // Você acha que tem o direito // De afogar tudo aquilo que eu sinto em meu peito(…)”. Note-se que a expressão traduz uma indignação, uma incredulidade, um espanto, diante de uma situação inusitada.

De há muito essa curiosa expressão ganhou um sentido mais amplo, alcançando situações para além daquelas vividas pelos navegadores portugueses e definitivamente se incorporou na linguagem do povo brasileiro. Pode-se utilizá-la para aludir às ações de uma pessoa, que saíram por completo do seu próprio controle, ou tiveram um resultado totalmente inesperado ou extravagante.

Como exemplo de como se pode invocar tal expressão, veja-se o caso de um chefe de cozinha que resolveu preparar uma iguaria, mas por errar no tempero, a comida restou intragável, daquelas que de tão ruim acabam provocando revolta em presídio. Ele indagaria certamente, “por que cargas d’água” o alimento ficou com péssimo gosto, por não atinar em que ponto do preparo se deu o erro.

A surpresa, a indignação, a incredulidade e a perplexidade são inerentes às situações fáticas esdrúxulas, inconcebíveis ou patéticas que dão ensejo ao uso da antiga frase dos navegadores portugueses. Como nesse outro exemplo, em que um sujeito estava calmamente sentado à varanda do seu sítio, contemplativo, absorto em seus pensamentos, curtindo o ensolarado fim da tarde, quando lá passou um “espírito de porco”, desses muitos que existem por aí, soltando no ar, em sua direção, o grito de sobressalto:

– Seu José, corra que sua mulher está se afogando no lago!!!…

Desarvorado e sem hesitar, partiu ele em desabalada carreira e mais além, extenuado e ofegante, parou um pouco para recuperar o fôlego e nesse breve tempo, conjecturou de si para consigo:

– Mas por que cargas d’água eu estou correndo feito doido? Meu nome não é José, meu sítio não tem lago e nem casado eu sou…

O certo é que quase sempre a expressão “por que cargas d’água” é utilizada com elevada dose de incerteza, dúvida, trejeitos na voz e até com ímpeto de justa ira, principalmente quando o fato que a motivou, expõe quem a pronuncia a uma situação surreal, senão ridícula ou absurda, como sem dúvida ocorreu com seu José, no hipotético episódio acima revelado.
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Célio Simões de Souza é paraense, advogado, pós-graduado em Direito e Processo do Trabalho, escritor, professor, palestrante, poeta e memorialista. Membro da Academia Paraense de Letras, membro e ex-presidente da Academia Paraense de Letras Jurídicas, fundador e ex-vice-presidente da Academia Paraense de Jornalismo, fundador e ex-presidente da Academia Artística e Literária de Óbidos, membro da Academia Paraense Literária Interiorana e da Confraria Brasileira de Letras em Maringá (PR). Foi juiz do TRE-PA, é sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, fundador e membro da União dos Juristas Católicos de Belém e membro titular do Instituto dos Advogados do Pará. Tem seis livros publicados e recebeu três prêmios literários.

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sábado, 21 de dezembro de 2024

Célio Simões* (O nosso português de cada dia) “Pensando com meus botões”

Você já deve ter ouvido diversas frases envolvendo esta expressão, como por exemplo, quando está conjeturando alguma ação ou providência para evitar, remediar, solucionar ou encaminhar determinado assunto ou situação familiar preocupante. Como disse o artista popular, “de repente, eu estava aqui, refletindo, pensando com meus botões, quando reparei que estava só de bermuda e camiseta, sem nenhum botão”. O que foi que aconteceu? Parei de pensar…

Na prática não é bem assim, pois ninguém fica obliterado mentalmente, por falta de botões em sua indumentária. O festejado cantor e compositor Gilberto Gil tangenciou o tema na música “Cérebro Eletrônico”, cuja letra dá claro indício da associação de ideias que instintivamente é feita por quem pensa ou vê outrem pensando: “O cérebro eletrônico faz tudo/Faz quase tudo/Faz quase tudo/ Mas ele é mudo // O cérebro eletrônico comanda/ Manda e desmanda/ Ele é quem manda/ Mas ele não anda // Só eu posso pensar/ Se Deus existe/ Só eu posso chorar/ Quando estou triste/ Só eu cá com meus botões/ De carne e osso/ Eu falo e ouço. Hum…”

Sem eiva de dúvidas, “PENSAR COM MEUS BOTÕES”, no Brasil e em Portugal, significa um momento de introspecção, o ato de pensar consigo próprio, que envolve sentimentos da própria mente de quem pensa. Logicamente, os botões não pensam nem possuem a faculdade de aconselhar alguém, sendo essa figura de linguagem representativa do estado d’alma de cada qual, em determinado momento imerso em seus mais recônditos pensamentos. No dizer do genial ficcionista e escritor paraense Ildefonso Guimarães, saudoso membro da Academia Paraense de Letras, isso ocorre quando o indivíduo está entregue às suas próprias “cavaqueações”.

Sabemos assim que a expressão “PENSANDO COM MEUS BOTÕES” significa refletir, pensar sozinho. Ou seja, indica que você está raciocinando ou, o que não é raro ser constatado, falando consigo próprio até em locais públicos, se bem que atualmente a cena pode ser vista com frequência de vez que uns e outros andam falando em qualquer lugar, não propriamente consigo, mas com terceiros através dos inseparáveis celulares, escondido nas vestes para escapar das abordagens dos “amigos do alheio”. Mas afinal, de onde surgiu essa expressão? No território livre da Internet, encontramos algumas possíveis explicações, embora nem todas façam muito sentido.

Uma delas alude que “pensar com meus botões” significa que é a própria pessoa olhando para dentro de si, para finalmente escolher a solução que lhe parece acertada para determinado caso. Outra diz que “pensando com meus botões” originou-se do fato de que os botões servem para fechar e esconder a intimidade das pessoas, ou seja, o seu íntimo. Então, pensar com os botões seria pensar sozinho, sem expor ou compartilhar seus pensamentos com ninguém, sem submeter ao escrutínio alheio sua privacidade.

Por fim, uma explicação mais histórica diz que, antigamente, as roupas eram recheadas de botões. Desde que Catarina de Médici, nobre italiana que se tornou rainha consorte em França de 1547 até 1559, como esposa do rei Henrique II inventou a calcinha, o Século XVIII encontrou as mulheres usando suas peças íntimas ainda de algodão, fechadas lateralmente com muitos botões, sendo que em lugares remotos eles eram fabricados de ossos de animais, que graças ao tirocínio das modistas, evoluíram até os dias atuais para o sensual fio dental, agora encontrado em qualquer lugar onde exista um comércio de roupa feminina. Daí presumir-se que antigamente, estando elas sozinhas em seus aposentos, abrindo ou fechando os botões de seu vestuário mais íntimo, aproveitavam aquele momento para pensar, entregando-se às suas mais profundas, secretas e preciosas reflexões sobre suas vidas.
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(*) Célio Simões de Souza é paraense, advogado, pós-graduado em Direito e Processo do Trabalho, escritor, professor, palestrante, poeta e memorialista. Membro da Academia Paraense de Letras, membro e ex-presidente da Academia Paraense de Letras Jurídicas, fundador e ex-vice-presidente da Academia Paraense de Jornalismo, fundador e ex-presidente da Academia Artística e Literária de Óbidos, membro da Academia Paraense Literária Interiorana e da Confraria Brasileira de Letras em Maringá (PR). Foi juiz do TRE-PA, é sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, fundador e membro da União dos Juristas Católicos de Belém e membro titular do Instituto dos Advogados do Pará. Tem seis livros publicados e recebeu três prêmios literários.

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quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

Célio Simões* (O nosso português de cada dia) “Pé-de-meia”


Em novembro de 2023 o Governo Federal, através da Secretaria de Educação Básica do MEC, lançou um programa de incentivo financeiro-educacional na forma de poupança, destinado a promover a permanência dos estudantes carentes do ensino médio nas escolas públicas, intitulado de “PÉ-DE-MEIA”. 

Esse auxílio financeiro tem como objetivo viabilizar o acesso à escola e minimizar a desigualdade social entre a nossa juventude, com vistas à inclusão social através da educação, tendo como parceiros estratégicos o Ministério da Fazenda, o Ministério do Desenvolvimento Social, a CEF e algumas destacadas universidades federais. 

A conhecida expressão popular já inspirara Rita Lee, nossa saudosa “Rainha do Rock” falecida em 2023 (que vendeu nada menos que 55 milhões de discos ao longo da vida), a compor uma música de muito sucesso, também denominada “PÉ-DE-MEIA”, no sentido de reserva monetária, conforme se vê na primeira estrofe da dita composição: 

“Preparar esse pé-de-meia
pra enfrentar a velhice
e se leva a vida inteira
pra saber que é uma boboquice
preparar esse pé-de-meia
pra esconder a idade
a desculpa é costumeira
tem que ter personalidade (...)”

Mas aí vem a pergunta: De onde surgiu essa corriqueira expressão? 

A quase unanimidade das fontes informa que ela tem suas origens nos países da Europa, pelo costume que as pessoas tinham de usar um lado da meia, cujo outro já fora descartado, para guardar suas economias. Nossos avoengos copiaram essa prática trazida pelos portugueses e passaram a dissimular o local onde guardavam suas reservas, utilizando as meias que caíam em desuso, escondendo-as com seus tesouros em armários e baús que existiam nos casarões de então, à míngua da existência dos bancos, que só na segunda metade do Século XX ganharam impulso, disseminando agências nas capitais e no interior, trazendo com elas as bem-amadas cadernetas de poupança, reserva de emergência sob a forma de investimento, que se tornou a preferida dos brasileiros, apesar do diminuto rendimento que atualmente oferece.

O certo é que a expressão chegou para ficar e a exemplo do programa do Governo Federal ou da música de Rita Lee, todo mundo a ela recorre quando deseja apregoar que financeiramente já assegurou seu próprio futuro ou dos filhos, que já está “com o burro amarrado na sombra”, ou que o vidão folgado que leva se tornou “mais manso que jumento de verdureiro”... 

Vou fazer meu “PÉ-DE-MEIA” ou estou fazendo o meu “PÉ-DE-MEIA” ouvimos frequentemente dos recém-saídos das universidades, que ainda não se estabilizaram economicamente na vida. Esse “PÉ-DE-MEIA”, escrito com hífen, diz respeito à suada grana que guardamos para uma situação de emergência, para reforçar a aposentadoria ou realizar aquela sonhada viagem, dando-lhe uma conotação exclusiva de reserva pecuniária. Tanto que um espirituoso sujeito metido a filósofo, famoso pela irreverência, costumava dizer:

- Parente, a gente tem que arranjar um jeito de ganhar dinheiro pra fazer o “PÉ-DE-MEIA”. Nem que seja honestamente... 

Se, entretanto, essa mesma expressão for escrita sem o uso do hífen, não significa que ela está incorreta e sim, que a pessoa está fazendo alusão somente à parte da meia que envolve o pé, sem conotação com a reserva de dinheiro ou com o “porquinho” onde as moedas são guardadas. Regra geral, são essas - e apenas essas - as duas maneiras de grafar tal expressão, assim como literalmente são seus dois únicos significados, acima informados. 

Como toda regra tem exceção, que eu saiba existe um terceiro significado, mas esse era utilizado somente pelo vaqueiro “Raimundão Pureza”, um sujeito rude, de pouca conversa, invocado, festeiro e mulherengo, que errava pelas fazendas do Trombetas, facão embainhado balançando na cintura, ganhando a vida como amansador de cavalos para os fazendeiros da região. 

Assustador em sua estatura solar, avesso aos costumes civilizados, não usava sapatos, desprezava sabonete, loção e creme de barbear, cortava o cabelo sozinho para o barbeiro não passar a mão na cara dele, reclamava que quando vestia cueca não acertava a dançar e só dormia depois calçar seus meiões de jogador de futebol, que ele chamava de “MEUS PÉS DE MEIA”, ritual nunca esquecido para que não perfurasse a rede com as unhas dos pés, que ele jamais cortava e nem deixava ninguém cortar!... 
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(*) Célio Simões de Souza é paraense, advogado, pós-graduado em Direito e Processo do Trabalho, escritor, professor, palestrante, poeta e memorialista. Membro da Academia Paraense de Letras, membro e ex-presidente da Academia Paraense de Letras Jurídicas, fundador e ex-vice-presidente da Academia Paraense de Jornalismo, fundador e ex-presidente da Academia Artística e Literária de Óbidos, membro da Academia Paraense Literária Interiorana e da Confraria Brasileira de Letras em Maringá (PR). Foi juiz do TRE-PA, é sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, fundador e membro da União dos Juristas Católicos de Belém e membro titular do Instituto dos Advogados do Pará. Tem seis livros publicados e recebeu três prêmios literários.

Fonte: Texto enviado pelo autor. 
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segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Célio Simões* (O nosso português de cada dia) “Em banho-maria”


Na culinária, o BANHO-MARIA é um método onde a comida não entra em contato direto com o fogo, experimentando um cozimento mais lento. Seja salgado ou doce, o alimento fica em um recipiente, que é colocado dentro de outro maior, onde já existe água fervendo ou prestes a ferver. Trata-se, portanto, de um preparo realizado pelo calor de forma indireta, de modo lento, progressivo e uniforme. 

Nos laboratórios químicos e na indústria de transformação, o Banho Maria ganha status de método científico, utilizado para o aquecimento gradual de qualquer substância líquida ou sólida, sempre com o uso de dois recipientes. 

E qual a razão do tal banho ter o nome de Maria e não o de outra mulher, entre as centenas de belos nomes femininos que existem? Seria uma homenagem especial àquela que os católicos e a própria Igreja reverenciam como a Abençoada Virgem Maria, aquela que é considerada a “Rainha do Céu e da Terra”, a venerada “Nossa Senhora – a Mãe de Deus”, assim chamada desde o período medieval e como tal reconhecida desde o Concílio de Éfeso, no remoto ano de 431? Desta vez não. 

Reza a lenda que se trata de uma alusão à alquimista Maria conhecida como Maria Hebraica, Maria Judia ou Maria Profetisa, que seria inclusive irmã de Moisés. Foi ela quem inventou o processo de cozinhar lentamente, mergulhando um recipiente na água fervente contida em outro maior. Concebeu também várias bases teóricas para a alquimia, que mais tarde evoluiu triunfalmente para a química. 

Em Portugal, “em Banho Maria” é igualmente uma expressão popular e se refere às toalhas de praia que nossos patrícios utilizam, tendo como significado esperar numa boa, ficar flutuando no tempo, de vez que atualmente, as idas ao mar fazem parte indissociável do verão dos portugueses. Trata-se de um singelo ritual do bom tempo, aonde alguém vai à praia, estende uma toalha, dá um mergulho e volta para se enxugar. Uma rotina que é praticada com frequência e que permite “ficar em Banho Maria”, derreado na toalha de praia, até que o corpo ganhe um perfeito bronzeado de verão. 

Por outro lado, devido ao Banho Maria ser um processo lento, a expressão “deixar em Banho Maria” ou “levar em Banho Maria” com o tempo também passou a ser usada para indicar que alguém está enrolando, procrastinando, engazopando ou embromando outra pessoa ou em uma situação em que ela vai permitindo indevidamente que algo aconteça, vai incorrendo em erro, vai sendo enganado, iludido ou logrado em sua boa-fé, sem qualquer reação. 

Costuma ser usada nos relacionamentos amorosos, quando um pretendente não quer nada de sério com uma mulher, mas não a dispensa, deixando-a como opção, à qual pode recorrer sempre que quiser. É muito comum, na linguagem coloquial, ouvir que “alguém ainda não decidiu se vai levar adiante aquele projeto ou vai deixá-lo cozinhando em Banho Maria”. Ou, ainda, no escrutínio dos bisbilhoteiros: “…todo mundo vê que fulano está levando sicrana em Banho Maria, pois até agora, nada de casamento…”. 

A música e a literatura não deixaram de se valer dessa curiosa expressão, incluindo-a em textos e canções, como fez Joyce Moreno na música intitulada “Banho Maria”, cuja letra é significativa: “só sei, quando a gente se abraça // a paixão se ameaça // fica sempre a ferida // eu sei que o seu medo da morte // não é assim tão forte // como o medo da vida // se é cedo o café bem quente // o abraço morno, banho de água fria // se é tarde, a amarga dose, a canção // o prato em Banho Maria”. 

O escritor Ildefonso Guimarães, que na juventude morou em Portugal e abrilhantou a Cadeira n.º 5 da Academia Paraense de Letras, um dos maiores ficcionistas que o Pará já teve, em seu excelente romance “Os Dias Recurvos”, narra a impaciência do delegado de polícia obidense Tenente Fontelles, no ingente esforço de convencer o telegrafista Zé Cosme, ambos maçons convictos, a passar uma mensagem urgente ao interventor Magalhães Barata, avisando-lhe que os sargentos do 4.º Grupo de Artilharia de Costa do Exército, sob a liderança de um certo Coronel Pompa, haviam se sublevado, aprisionado toda a oficialidade e incondicionalmente aderido à Revolução Constitucionalista de 1932 de São Paulo. 

Eis o diálogo, na página 112 da magnífica obra: – “Não se trata disso, seu Cosme; não ponha a Ordem nessa questão, porque acima de tudo está o seu dever de cidadão brasileiro e esse é também um princípio maçônico: o dever para com a Pátria” (o tempo voa, este sacana está querendo me cozinhar em Banho Maria). O senhor vai passar já e já esta mensagem, ou eu não me chamo Fontelles”. 

Na política, é trivial candidatos eleitos ficarem “cozinhando o galo”, “empurrando com a barriga”, embromando, retardando providências, demorando a fazer algo que poderiam ter feito e simplesmente não fazem, sendo acusados de estarem levando a administração em “Banho Maria”. 

Finalmente, existe o “Banho Maria Invertido”, utilizado para o resfriamento rápido de alimentos, trocando-se a água fervente por água com gelo ou muito gelada. O apreciado “molho holandês”, que consiste em uma mistura de manteiga e gema de ovos com um toque cítrico, de textura leve e muito saboroso, é conseguido com esse método.
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(*) Célio Simões de Souza é paraense, advogado, pós-graduado em Direito e Processo do Trabalho, escritor, professor, palestrante, poeta e memorialista. Membro da Academia Paraense de Letras, membro e ex-presidente da Academia Paraense de Letras Jurídicas, fundador e ex-vice-presidente da Academia Paraense de Jornalismo, fundador e ex-presidente da Academia Artística e Literária de Óbidos, membro da Academia Paraense Literária Interiorana e da Confraria Brasileira de Letras em Maringá (PR). Foi juiz do TRE-PA, é sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, fundador e membro da União dos Juristas Católicos de Belém e membro titular do Instituto dos Advogados do Pará. Tem seis livros publicados e recebeu três prêmios literários.

Fonte: Uruá Tapera. 04 junho 2024
https://uruatapera.com/em-banho-maria/
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sábado, 14 de dezembro de 2024

Célio Simões* (O nosso português de cada dia) “Dor de Cotovelo”

No senso comum, sentir dor de cotovelo significa sentir inveja. Simples assim… 

Na doutrina católica, junto com a soberba, a avareza, a ira, a luxúria, a gula e a preguiça, a inveja é um dos sete terríveis pecados capitais. Para quem não sabe os chamados pecados capitais são considerados desde o Século XIII, pelo catolicismo, como os pais de todos os demais vícios, más ações e maus pensamentos da humanidade. E são capitais porque tem origem no latim “caput”, que significa cabeça ou parte superior. Os juristas sabem disso, acostumados que estão pela frequente consulta ao “caput” de um determinado artigo de lei. 

Identificar alguém com uma tremenda “dor de cotovelo” ou mesmo um invejoso não é tarefa difícil, a partir da observação de próprio comportamento, destacando-se nele os seguintes distúrbios de personalidade: 

1) são muito competitivos, pois reivindicam as atenções apenas para si e querem sempre estar à frente dos demais, mesmo que para tirar uma simples fotografia; 

2) não costumam fazer elogios aos outros, mas adoram ser elogiados ou simplesmente se autoelogiar; 

3) sentem prazer em criticar todo mundo, mesmo imotivadamente, deles ninguém escapa; 

4) subestimam ou desdenham as conquistas alheias e exaltam apenas as suas, mesmo que não sejam relevantes ou significativas. 

Trata-se, evidentemente, de um sentimento altamente destrutivo, maléfico e mesquinho, mas que infelizmente está presente no cotidiano das relações pessoais de qualquer grupo social. É comum dizer-se que alguém ficou “roxo de inveja”, quando não, com “dor de cotovelo” pelo êxito de outrem. Daí o antigo sábio adágio: “O invejoso adoece quando o vizinho passa bem”… 

No íntimo, o invejoso é um coitado, que sofre e até se sente mal pelas conquistas alheias. Ele é incapaz de ficar feliz pelos outros, pois em sua tosca concepção de vida, a vitória de alguém representa para ele uma espécie de perda pessoal. 

A origem da expressão está associada à cotovelada, que passou a ser utilizada como um sinal discreto para chamar a atenção de alguém ao lado sobre algo incomum ou extravagante, sempre possível de ser censurado ou ridicularizado. O invejoso inadvertidamente se revelava ao tocar com o cotovelo o corpo de quem lhe estava próximo para que ele reparasse em algum detalhe da conduta alheia e partilhasse com ele o mesmo sentimento de despeito que, num círculo vicioso, é exclusivamente resultante da própria inveja. Se alguém dava muitas cotoveladas por estar a todo o momento procurando algo para reprovar, botar defeito, criticar ou falar mal, era natural e razoável que lhe doesse o dito cujo no final do dia. 

Há quem diga que foi do famoso compositor Lupicínio Rodrigues, cantor de músicas do estilo “fossa”, a autoria da expressão “dor de cotovelo”. A música dor-de-cotovelo, também conhecida por fossa, atualmente virou sofrência e existe desde que o rapaz da caverna conheceu a moça da outra caverna, de quem levou um tremendo fora. Modernamente, o termo faz alusão a aquele relacionamento que acabou, mas a pessoa não quer admitir a perda. 

Como diz o rei Roberto Carlos, “não adianta nem tentar me esquecer”. É a trilha para uma dor de cotovelo, embora cheia de orgulho pelo desafio sub-reptício que lança… (julga-se inesquecível). Inconformado, a vítima se escora na dura madeira de um balcão de bar, para esquecer o amor perdido e se embriagar. É a cena clássica de alguém sentado em um bar, com os cotovelos apoiados no balcão enquanto mexe uma bebida em um copo e chora o amor que perdeu. 

Ontem como hoje, também é comum utilizar a expressão “dor de cotovelo” para designar o indisfarçado recalque provocado pelo ciúme, a tristeza causada por uma decepção amorosa, a mágoa de alguém por não ter êxito em determinada conquista ou qualquer outra desilusão principalmente no campo sentimental.
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(*) O autor é advogado, escritor, palestrante, poeta e memorialista. É membro da Academia Paraense de Letras, da Academia Paraense de Letras Jurídicas, da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Artística e Literária de Óbidos, da Confraria Brasileira de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós.

Fontes: Uruá Tapera. 08 julho 2021
https://uruatapera.com/dor-de-cotovelo/ 
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Estante de Livros ("A Leste do Éden" de John Steinbeck*)

"A Leste do Éden" ("East of Eden"), publicado em 1952, é uma das obras mais ambiciosas de John Steinbeck, explorando temas de moralidade, identidade e o conflito entre o bem e o mal. A narrativa se passa na Califórnia, principalmente no Vale de Salinas, e entrelaça as histórias de duas famílias, os Trask e os Hamilton, ao longo de várias gerações.

ENREDO

O romance começa com a introdução das famílias Hamilton e Trask. Adam Trask é um dos protagonistas, um homem que se muda para o Vale de Salinas com a esperança de criar uma vida melhor. Ele é marcado por um relacionamento conturbado com seu pai, que tem uma visão rígida e opressiva da vida. A história logo revela a rivalidade entre Adam e seu irmão, Charles. A tensão entre eles culmina em um confronto violento, refletindo a luta pela aceitação e o amor paterno.

Adam eventualmente se casa com Cathy Ames, uma mulher manipuladora e sem escrúpulos, que logo se revela uma mãe negligente ao abandonar Adam e seus filhos gêmeos, Cal e Aaron. A ausência de Cathy afeta profundamente a vida dos filhos, que crescem em um ambiente marcado por conflitos internos e rivalidades.

TEMAS CENTRAIS

1. O Conflito entre o Bem e o Mal: 

Um dos temas mais proeminentes é a luta interna entre o bem e o mal. O conceito de “tu podes” é central à obra, sugerindo que cada indivíduo tem o poder de escolher seu próprio destino. Essa ideia é fundamental para a evolução dos personagens, especialmente Cal, que busca redimir-se das ações de sua mãe.

2. Identidade e Hereditariedade:

Steinbeck explora a influência do passado na formação da identidade. Cal e Aaron lutam para definir quem são em meio ao legado de sua mãe e as expectativas do pai. A busca por aceitação e amor é uma constante em suas vidas.

3. Relações Familiares: 

As dinâmicas familiares são complexas e multifacetadas. A relação entre irmãos, a influência dos pais e a busca por conexão são temas centrais. Steinbeck apresenta a família como uma força poderosa, capaz de moldar e destruir ao mesmo tempo.

4. Ambiente e Natureza: 

O Vale de Salinas é mais do que um cenário; é um personagem que reflete as emoções e as experiências dos protagonistas. A natureza é retratada como uma força vital que influencia as vidas dos personagens, simbolizando tanto beleza quanto desafios.

PERSONAGENS PRINCIPAIS

- Adam Trask: Um homem bondoso, mas ingênuo, que busca amor e aceitação. Sua vida é marcada por uma relação conturbada com seu pai e seu irmão, Charles.

- Charles Trask: O irmão de Adam, que representa a inveja e a rivalidade. Sua relação com Adam é complexa, marcada por ciúmes e a busca pela aprovação paterna.

- Cathy Ames: A esposa de Adam, uma personagem manipuladora e sombria que abandona a família. Cathy simboliza o mal e a desumanidade, desafiando as noções de maternidade e amor.

- Cal e Aaron Trask: Os filhos gêmeos de Adam e Cathy, que refletem a dualidade entre o bem e o mal. Cal, em particular, luta com a sombra de sua mãe e a busca por aceitação.

A história entrelaça a herança dos Trask com a vida dos Hamilton, uma família que representa a bondade e a moralidade. Samuel Hamilton, patriarca da família, é um sábio agricultor que serve como mentor para Adam e seus filhos, trazendo uma perspectiva mais esperançosa à narrativa.

ESTILO E LINGUAGEM

Steinbeck utiliza uma prosa rica e poética, imbuída de um forte senso de realismo. Seus personagens são desenvolvidos com profundidade emocional, e a narrativa é entremeada por reflexões filosóficas que elevam a história a um nível mais profundo. O autor faz uso de diálogos autênticos, capturando a voz do povo e a complexidade das relações humanas.

IMPACTO E RELEVÂNCIA

"A Leste do Éden" é frequentemente considerado um dos grandes romances americanos, e sua relevância perdura ao longo do tempo. A obra não apenas oferece uma crítica social e uma reflexão sobre a moralidade, mas também toca em questões universais que continuam a ressoar com os leitores contemporâneos.

FILME "VIDAS AMARGAS"

"Vidas Amargas" (título original: "East of Eden") é uma adaptação cinematográfica de 1955, dirigida por Elia Kazan e estrelada por James Dean, Julie Harris e Raymond Massey. A película se concentra principalmente na relação entre Cal e Aaron Trask, trazendo à tona os conflitos familiares e a luta pela aceitação.

A adaptação de Kazan é notável por sua capacidade de capturar a essência emocional da obra de Steinbeck, embora tome algumas liberdades criativas. James Dean, em sua performance como Cal, traz uma intensidade emocional que personifica a luta interna do personagem. A relação entre irmãos é retratada com profundidade, enfatizando o tema da rivalidade e da busca por amor paterno.

O filme se concentra mais na luta de Cal para superar seu passado e a influência de sua mãe do que na complexidade da narrativa original. A adaptação é visualmente impressionante, utilizando a cinematografia para evocar a beleza e a dureza do Vale de Salinas.

 CONSIDERAÇÕES FINAIS

"A Leste do Éden" explora questões universais sobre a condição humana, a moralidade e as complexidades das relações familiares. Enquanto o romance de Steinbeck oferece uma visão abrangente e multifacetada, a adaptação cinematográfica de Kazan destaca a intensidade emocional dos personagens, tornando a história acessível a um público mais amplo. Ambas as obras permanecem relevantes, refletindo as lutas atemporais da humanidade e a busca por identidade e aceitação.
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*John Steinbeck nasceu em 27 de fevereiro de 1902, em Salinas, Califórnia. Cresceu em uma família de classe média e teve acesso à literatura desde jovem, o que influenciou sua carreira. Estudou na Universidade de Stanford, embora não tenha concluído o curso. Trabalhou em diversas funções, incluindo como operário agrícola e jornalista, experiências que moldaram sua visão social. Durante a Grande Depressão, começou a escrever obras que abordavam as dificuldades dos trabalhadores e as injustiças sociais. Ele se tornou um dos maiores escritores americanos do século XX, ganhando o Prêmio Nobel de Literatura em 1962. Faleceu em 20 de dezembro de 1968, deixando um legado duradouro na literatura.

Obras Mais Relevantes: "O Destino Viaja de Ônibus" (1937); "As Vinhas da Ira" (1939); "A Pérola" (1947); "A Leste do Éden" (1952); "O Inverno de Nosso Descontentamento" (1961)

Essas obras refletem a preocupação de Steinbeck com a condição humana e as injustiças sociais, consolidando seu lugar como um dos grandes escritores da literatura americana.

Fonte: José Feldman (org.). Estante de livros. Maringá/PR: IA Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

Estante de Livros (“A Viúva Simões”, de Júlia Lopes de Almeida)

"A Viúva Simões" (1897) é um romance da escritora brasileira Júlia Lopes de Almeida, considerado um clássico da literatura brasileira.

RESUMO

A história segue a vida de Carolina Simões, uma jovem viúva que retorna ao Rio de Janeiro após a morte do marido. Carolina é uma mulher inteligente, independente e determinada, que busca reconstruir sua vida.

ENREDO

1. Retorno ao Rio: 
Carolina volta para a casa de sua família, onde encontra seu pai doente e sua irmã solteira.

2. Conflitos familiares: 
Carolina enfrenta pressões para se casar novamente, mas resiste à ideia.

3. Amizade com Fernando: 
Conhece Fernando Seixas, um jovem escritor, com quem desenvolve uma estreita amizade.

4. Desenvolvimento sentimental: 
Carolina e Fernando começam a nutrir sentimentos um pelo outro.

5. Obstáculos sociais: 
A sociedade não aceita o relacionamento, devido à diferença de classe social.

6. Crise e resolução: 
Carolina enfrenta uma crise pessoal, mas finalmente encontra a felicidade com Fernando.

ANÁLISE

Crítica social: 

O livro critica a sociedade brasileira da época, abordando temas como:
- A opressão feminina.
- A hipocrisia da classe alta.
- A importância da educação.

Feminismo: 
Carolina é um exemplo de mulher independente e autônoma, lutando contra as convenções sociais.

Amor e liberdade: 
O romance explora a busca pela felicidade e liberdade individual.

Identidade feminina: 
Carolina enfrenta desafios para manter sua identidade em uma sociedade patriarcal.

Realismo literário: 
O livro apresenta uma visão realista da vida cotidiana no Rio de Janeiro da época.

Personagens principais

Carolina Simões: Protagonista, viúva, inteligente e independente.

Fernando Seixas: Jovem escritor, amigo e posteriormente namorado de Carolina.

Sr. Simões: Pai de Carolina, doente e conservador.

Irmã de Carolina: Solteira e dependente do pai.

Estilo e influências

1. Realismo literário: Influenciado por autores como Gustave Flaubert e Émile Zola.

2. Naturalismo: Aborda temas sociais e psicológicos.

3. Romantismo: Explora o amor e a liberdade individual.

IMPACTO CULTURAL

1. Influência na literatura brasileira: "A Viúva Simões" inspirou gerações de escritores brasileiros.

2. Representação feminina: O livro contribuiu para a representação mais realista da mulher brasileira na literatura.

3. Crítica social: O romance ajudou a questionar as convenções sociais da época.

Fonte: José Feldman (org.). Estante de livros. Maringá/PR: IA Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.