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segunda-feira, 13 de outubro de 2025

Asas da Poesia * 111 *


Poema de
DANIEL MAURÍCIO
Curitiba/PR

Quem nasceu 
Pirilampo
Não precisa que ninguém 
Lhe segure a lanterna.
= = = = = = 

Poema de
LUIZ POETA
(Luiz Gilberto de Barros)
Rio de Janeiro/RJ

Quando a alma voa, há um poeta dentro dela

A dor insiste, mas o amor não se perverte,
sonhos convertem solidões em paraísos.
Se cada guizo é uma serpente que adverte,
o amor diverte-se com os sonhos imprecisos.

Uns se dedicam à própria sobrevivência,
outros descobrem o tempo da rebeldia,
e quem desfia os novelos da ciência,
adia o tempo infeliz que o desafia.

O amor resiste e se junta à fantasia,
chama a alegria que completa os sentimentos,
nesse momento se sublima a ousadia,
à revelia do que sinta o sofrimento.

Se do lamento, se compõe a melodia,
a harmonia organiza novos tons
e se os neons têm o amor por moradia,
é no sonhar que o coração produz neons.

Tanto poeta se completa num amigo...
quando há abrigo, nem se sente a tempestade,
na amizade, me abençoas e eu bendigo
o que só possa te trazer felicidade.

A dor insiste, mas a alma é passarinho,
cujo caminho é o céu mais azulado.
Pobre coitado que só quer voar sozinho,
quando o amigo lhe oferece um ombro... alado.

Pois que se viva cada instante e que se creia
que a vida é cheia de momentos tão felizes,
que até a dor transfunde amor na própria veia,
quando ela anseia libertar os infelizes.

Em cada flash, uma história é recontada,
alicerçada na pureza da amizade,
assim, no enredo de uma vida abençoada,
o amor insiste em pôr a dor em liberdade.

Quem pinta aquilo que não vê, faz um rascunho
de próprio punho, da revolta que o irrita,
porém, se a dor constrói um falso testemunho,
o amor maltrata-se na dor que nele habita.

Que tu resistas, coração ao que magoa...
quando a alma voa, há um poeta dentro dela
e se a sequela de uma dor não te abençoa,
o amor ecoa na emoção que te revela
= = = = = = 

Poema de
VANICE ZIMERMAN
Curitiba/PR

A Janela e o Tempo

Da janela, vejo a rua,
Observo o tempo de cada pessoa que passa...
O tempo das flores renascerem lindas!
O tempo das folhas de Ipê caindo na calçada...
Da janela, vejo o portão,
sinto o vento, a chuva e sonho...
Espero você chegar,
de uma longa viagem...
= = = = = = 

Quadra Popular

Eu amava-te, ó menina,
se não fora um só senão:
seres pia de água benta
onde todos põe a mão.
= = = = = = 

Soneto de
RAUL DE LEONI
Petrópolis/RJ, 1895-1926

Crepuscular

Poente no meu jardim... O olhar profundo
Alongo sobre as árvores vazias,
Essas em cujo espírito infecundo
Soluçam silenciosas agonias.

Assim estéreis, mansas e sombrias,
Sugerem à emoção com que as circundo
Todas as dolorosas utopias
De todos os filósofos do mundo.

Sugerem... Seus destinos são vizinhos:
Ambas, não dando frutos, abrem ninhos
Ao viandante exânime que as olhe.

Ninhos, onde vencidas de fadiga,
A alma ingênua dos pássaros se abriga
E a tristeza dos homens se recolhe...
= = = = = = 

Soneto de
ANTERO DE QUENTAL
Ponta Delgada/Portugal, 1842 – 1891

Noturno

Espírito que passas, quando o vento
Adormece no mar e surge a Lua,
Filho esquivo da noite que flutua,
Tu só entendes bem o meu tormento...

Como um canto longínquo - triste e lento-
Que voga e sutilmente se insinua,
Sobre o meu coração que tumultua,
Tu vestes pouco a pouco o esquecimento...

A ti confio o sonho em que me leva
Um instinto de luz, rompendo a treva,
Buscando. entre visões, o eterno Bem.

E tu entendes o meu mal sem nome,
A febre de Ideal, que me consome,
Tu só, Gênio da Noite, e mais ninguém!
= = = = = = 

Soneto de 
AMILTON MACIEL MONTEIRO
São José dos Campos/SP

O sabiá

Em minha casa tem um sabiá
Que canta sempre, desde manhãzinha,
Escondido em um lindo jatobá
Que fica logo atrás de minha cozinha.

Nem os gritos do forte carcará,
À cata de indefesa andorinha,
Na luta para ver quem vencerá,
Sobrepujam essa minha avezinha!

O seu cantar anima a minha vida,
Que vai chegando ao fim de sua corrida,
Pois apesar de triste, é uma doçura...

E consegue alegrar os dias meus!
Creio até que seu canto de ternura
Não mereço, mas ganho de meu Deus!
= = = = = = 

Poema de
ISABELA REGINA NASCIMENTO
Ponta Grossa/PR

Fantasia perfumada

A poesia e a mulher se encontram
Palavra feminina forte
Como música suave que toca
Em sinfonia de almas
Fêmeas arteiras, escrevem
Fantasias perfumadas
Saborosas como frutos
Impressos em tinta
Desenhados no papel da vida
Cada verso, um traço
Instantâneos de emoções
Rastros de sentimentos
Coloridos, vibrantes
Riscos que escrevem
Palavras que nascem
Do coração de quem cria
Do mundo de quem sente
É a música dos versos
Corre viva, pulsante
A fotografia da alma
Impressa na página da vida
= = = = = = 

Trova Funerária Cigana

Quando morreu minha Rosa,
o mundo ficou sem luz,
porém ficou minha mãe
pra carregar minha cruz.
= = = = = = 

Poemeto de 
SOLANGE COLOMBARA
São Paulo / SP

Lágrimas Sombrias no Vento

Sou no ar frio do outono
sentimento alvorecendo,
a procura da guarida
em caquinhos coloridos,
os raios da tempestade
tecendo gritos em ecos

Sou no ar frio do outono
a leveza em benquerer,
o olhar na sombra perdida,
distante em silencioso
pranto, a prece aquecendo
corações em cacarecos.
= = = = = = 

Poema de 
NÉLIO CHIMENTO
Rio de Janeiro/RJ

Não sei se vou bem ou mal
Mas vou dando o meu jeito 
Para não fazer tudo sempre igual.

Levo sonhos no pensamento,
Esperanças no peito
E o sentimento
De que não sou perfeito,

Mas tenho o entendimento
De que o tropeço é natural
No processo de crescimento.

Não posso é parar no tempo
Para lamentar o contratempo
E parar no que já foi feito.

Tento ser como o rio
Que contorna as pedras do leito
Com a força de seu caudal
Para chegar ao mar, seu destino final.

Vou vivendo e aprendendo
Com o calor da luta,
Com o frio do desafio,

Aproveitando a hora boa,
Superando o trajeto sombrio,
Caminhando na paz de Deus
E corrigindo os defeitos meus.

Quem sabe,
Ao atravessar a minha ponte,
Reconheça a fonte
Que me fez alma serena,
Ao olhar para trás
E dizer: valeu a pena!
= = = = = = 

Soneto do
Príncipe dos Poetas Piracicabanos
LINO VITTI
Piracicaba/SP, 1920 – 2016

"In fine"

Para trás, pela rua do Passado,
foram ficando angústias e alegrias,
na mentira sonâmbula dos dias
feita de um grande sonho espedaçado

Em cada hora , um sonho massacrado,
pelas mãos das mais fundas nostalgias!
E a cada passo, as agulhadas frias
dos sofrimento caminhando ao lado.

Um ano se despede, vem outro ano,
sobraçando esperanças e ilusões
com que mima o teimoso ser humano.

É assim a vida: um ajuntar de dores,
um receber feridas e empurrões,
um triturar de mágoas e de amores…
= = = = = = 

Poetrix de
RICARDO ALFAYA
Rio de Janeiro/RJ

exposição

enxugo dilemas
no varal, toalhas
manchadas de poemas.
= = = = = = 

Poema de
LUÍSA DUCLA SOARES
Lisboa/Portugal

Um amigo para falar comigo.
Um navio para viajar
Um jardim para brincar
Uma escola para levar debaixo do braço
Livro um abraço para além do tempo e espaço.
= = = = = = 

Poema de 
JOÃO PEDRO MÉSSEDER
Porto/Portugal

Um Livro

Levou-me um livro em viagem
não sei por onde é que andei.
Corri o Alasca, o deserto
andei com o sultão no Brunei?
Pra falar verdade, não sei.

Com um livro cruzei o mar,
não sei com quem naveguei.
Com marinheiros, corsários,
tremendo de febres e medo?
Pra falar verdade não sei.

Um livro levou-me pra longe
não sei por onde é que andei.
Por cidades devastadas
no meio da fome e da guerra?
Pra falar verdade não sei.

Um livro levou-me com ele
até ao coração de alguém
e aí me enamorei –
de uns olhos ou de uns cabelos?
Pra falar verdade não sei.

Um livro num passe de mágica
tocou-me com o seu feitiço:
Deu-me a paz e deu-me a guerra,
mostrou-me as faces do homem
– porque um livro é tudo isso.

Levou-me um livro com ele
pelo mundo a passear.
Não me perdi nem me achei
– porque um livro é afinal…
um pouco da vida, bem sei.
= = = = = = 

Hino de 
Ivaiporã/PR

No cenário que a mata se inclina
Ante a força, a coragem e o amor,
Vive em paz, sob a graça divina,
Todo um povo, em ardente labor.

Rio imenso, de rara beleza
Que ao indígena outrora encantou,
Beija e embala a ideal natureza
Que recanto ideal batizou.

Ivaiporã!
Com orgulho e devoção
Repetimos teu nome querido
Que é uma esplendida oração
Sobre o altar deste solo florido.

Ivaiporã!
Tua estrela benfazeja
Para o mundo amanhã mostrará
O tesouro que viceja
No coração do Paraná!

Antevemos teu nobre porvir
No milagre que a terra produz,
Os cereais em contínuo florir
Sobre os Vales, nas ondas da luz.

Cada gota de suor dos teus filhos
Se reflete na grande torrente
Das douradas espigas de milho
Que os caminhos têm à frente.
= = = = = = 

Poema de 
WALLACE STEVENS
Reading/ Pensilvânia, 1879 – 1955, Hartford/Connecticut

A casa estava quieta e o mundo calmo

A casa estava quieta e o mundo calmo.
Leitor tornou-se livro, e a noite de verão

Era como o ser consciente do livro.
A casa estava quieta e o mundo calmo.

Palavras eram ditas como se livro não houvesse,
Só que o leitor debruçado sobre a página

Queria debruçar-se, queria mais que muito ser
O sábio para quem o livro é verdadeiro

E a noite de verão é como perfeição da mente.
A casa estava quieta porque tinha de estar.

Estar quieta era parte do sentido e da mente:
Acesso da perfeição à página.

E o mundo estava calmo. Em mundo calmo,
Em que não há outro sentido, a verdade

É calma, é verão e é noite, a verdade
É o leitor insone debruçado a ler.
(Tradução: Paulo Henriques Britto)
= = = = = = 

Fábula em Versos de
JEAN DE LA FONTAINE
Château-Thierry/França, 1621 – 1695, Paris/França

O leão namorado

Leão de alta prosápia*
Passando por um prado,
Certa zagaia viu mui de seu gosto
E esposa foi pedi-la.
Quisera o pai menos feroz o genro.
Bem duro lhe era o dar-lhe:
Mas também o negar-lhe mal seguro;
E que ainda a ser possível
Negar-lhe, é de temer não venha a lume
Clandestino consórcio;
Que amava os valentões a mocetona.
De grado se encasquetam
As moças, de estofadas cabeleiras.
O pai, que não se atreve
A despedir o amante tanto às claras:

«Minha filha é mimosa,
E vós podeis, entre esponsais carícias,
Arranhá-la com as unhas:
Consenti um cerceio em cada garra,
E em cada dente a lima,
Porque os beijos lhe sejam menos ásperos,
E a vós mais voluptuosos.
Que, sem tais sustos, há de a minha filha
Prestar mais meiga a boca.»

Consente o leão: desmantelada a praça,
Falto de unhas e dentes,
Lançam-lhe os cães, vai-se o leão. Sem unhas
Como há de resistir-lhes?

Quando, Amor, nos agarras, bem podemos
Dizer: «Adeus prudência!»
* * * * * * * * * * * * * 
* Prosápia = linhagem.
= = = = = = = = =  

sábado, 11 de outubro de 2025

Asas da Poesia * 110 *


Poema de
DANIEL MAURÍCIO
Curitiba/PR

Saudade
é um
pedacinho
da gente
que ficou
pra trás.
= = = = = = 

Poema de
LUIZ POETA
Rio de Janeiro/RJ

Sudoeste

Olhando o mar, vi gaivotas, albatrozes,
garças, fragatas, pelicanos e golfinhos,
orcas, jubartes, tubarões... e vi peixinhos,
porém não vi, no horizonte, o teu veleiro.
... ventos uivantes, traiçoeiros e velozes
são os algozes do meu sonho aventureiro
e o meu olhar, fitando ondas tão ferozes,
sentiu a dor do meu amor chegar primeiro.

Se não te vi, meu doce amor, onde estarias?
...alçando velas ao sabor de alguma brisa?
... o sudoeste implacável não avisa
e é preciso conhecer sua emoção
pois, como o mar, amar nem sempre é calmaria,
porém o vento escolhe a própria direção
e quem não sabe conviver com a ventania
sequer conhece os vendavais de uma paixão.

Preso no cais, com meu olhar oceanando
abstrações nos horizontes passionais,
busquei sonhar, sentindo as brisas matinais
na minha na pele, qual tua boca tão macia
... brisa do mar... num sonho bom, acariciando
as emoções, quando o carinho faz poesia,
na areia clara que o mar vai apagando...
mas o desejo mais feliz sempre copia.

Fechei meus olhos e soltei meus devaneios
num céu azul... livre... no ar da esperança...
e quanto mais, no meu sonhar, me fiz criança,
mais eu voava e... quando... enfim... senti o mar,
tu me tocavas com a ternura dos teus seios
e eu percebi o quanto doce era te amar
num sudoeste que acordou os meus anseios,
e ainda trouxe a maciez... do teu olhar.
= = = = = = 

Poema de
VANICE ZIMERMAN
Curitiba/PR

Na curvatura dos teus cílios

Em tuas cristalinas e macias asas
O pôr do sol cintila -
Escrevo as inicias do teu nome
Em uma  nuvem, àquela... lembra?
Com formato de coração
E, busco
Nas linhas dos teus lábios
O beijo com gosto
Das manhãs... do anoitecer
Das aguadas,
Tingidas com chá de romã,
Deslizando no Canson,
E na curvatura dos teus cílios
Faço uma pausa,
Emociono-me com tua lágrima
E, sinto o pulsar do teu coração
Nas asas de cristal,
Em tons de azul
Tinta, ainda molhada -
Inebria-se o vento,
A umedecer meus olhos...
= = = = = = 

Quadra Popular

Ó alegria do mundo
por onde é que tens andado?
Tenho corrido mil terras,
e não te tenho encontrado...
= = = = = = 

Soneto de
JERSON BRITO
Porto Velho/RO

Tesouro brasileiro

As águas riscam mágico roteiro,
transformam-se na espuma alabastrina
e adornam com babados a cortina
que veste o colossal despenhadeiro.

No rasgo da floresta é rotineiro
o encanto derramado na retina
de quem conhece a graça que domina
a imagem do tesouro brasileiro.

Os cílios verdes dançam reverentes
ao firmamento preso na enxurrada
urdida pelas sôfregas correntes.

É justa toda láurea dedicada
às Cataratas do Iguaçu, presentes
da natureza, sempre desvelada.

(5° lugar no Concurso Literário-2023, pela Academia Literária do Oeste do Paraná)
= = = = = = 

Poema de
ELISA ALDERANI
Ribeirão Preto/SP

Pausa da natureza

Aprendi a seguir o exemplo da natureza...
Parar, observar todos os detalhes que a visão ainda me permite ver...
sentada no chão, sobre folhas mortas, caídas, já ressequidas
vejo a beleza do rio passar;
ele não para, é igual ao tempo que passa.
Ninguém pode parar suas águas que fluem,
agora lentas, ou rápidas, dependendo das estações...
Seguem seu percurso indiferente até chegar ao fim do vale,
quando abraçarão o mar...
A tarde passada olhando essa imagem calmamente,
até as árvores verdes fazem reverência ao rio,
as outras, com folhagem outonal, também estão na pausa,
logo o vento irá despi-las para o inverno passar...
Depois, para elas, virá a primavera mais uma vez.
Assim é a lei da natureza,
olho para o azul do céu,
nuvens brancas passando,
mudam a sintonia do meu pensamento.
Também reverencio minha pausa,
com gratidão ao tempo!
= = = = = = 

Soneto de 
AMILTON MACIEL MONTEIRO
São José dos Campos/SP

Crepúsculo e aurora

Crepúsculo e aurora são dois marcos
suaves que norteiam meu viver;
seu lusco-fusco que nos lembram zarcos,
para o meu caso é fonte de prazer...

Mas esse par, de fato, são dois barcos:
um que me leva em pelo amanhecer...
e outro que, vendo os meus recursos parcos,
no ocaso, traz-me até meu bem-querer.

O sair e voltar, há longos anos
sempre esteve persente nos meus planos
de eterno amor por minha linda fada...

Saio bem cedo para trabalhar,
e à tardinha regresso ao doce lar,
para os beijos febris de minha amada.
= = = = = = 

Soneto de
FLORBELA ESPANCA 
Vila Viçosa, 1894 – 1930, Matosinhos

Tarde no Mar

A tarde é de ouro rútilo: esbraseia
O horizonte: um cacto purpurino.
E a vaga esbelta que palpita e ondeia,
Com uma frágil graça de menino,

Pousa o manto de arminho na areia
E lá vai, e lá segue ao seu destino!
E o sol, nas casas brancas que incendeia.
Desenha mãos sangrentas de assassino!

Que linda tarde aberta sobre o mar!
Vai deitando do céu molhos de rosas
Que Apolo se entretém a desfolhar...

E, sobre mim, em gestos palpitantes,
As tuas mãos morenas, milagrosas, 
São as asas do sol, agonizantes...
= = = = = = 

Trova Funerária Cigana

Se queres saber se eu choro,
me empresta a tua mortalha,
com ela enxuga o meu pranto,
e o nosso filho agasalha.
= = = = = = 

Poemeto de 
SOLANGE COLOMBARA
São Paulo / SP

Um olhar pode eternizar um momento
mas uma noite não dura para sempre.
Um sorriso às vezes é aconchego, ou
pode ser um retrospecto, um lamento.
Mas na noite... O sonho torna-se cura.
= = = = = = 

Poema de 
FABIANE BRAGA LIMA
Rio Claro/SP

A mais bela poesia

Páginas… minha escrita sem nexo, hoje gritam
Há uma certa repetição de palavras
Poemas incoerentes, sem lucidez...
Palavras aglomeradas, infindas e rimadas.
Leio um livro, talvez tenha inspiração
Mas a saudade me faz companhia
Sempre presente, me faz melancólica
Aonde se esconde...!? Não a vejo!
Leal e afável. De repente me deixou...
Palavras belas, tua essência incógnita
Formoso, não sei! Vasto de encanto...
Tento te decifrar, mas não consigo, não lhe ouço
Preciso recomeçar, viver. Largo tua mão!
Cativou-me, seremos a mais bela de todas as poesias...
= = = = = = 

Soneto de
GILSON FAUSTINO MAIA
Petrópolis/RJ

Meu Conselho

Eu não gostei, amigo, do seu vício.
É fumaça demais na atmosfera.
Deixe o tempo correr, é primavera,
não lance o seu futuro em precipício.

Não use, em sua vida, um artifício
para matar o tempo enquanto espera
o fechar da cortina e da quimera
que envolve o nosso mundo, desde o início.

Viva a paz, viva o amor, a natureza!
Seja o seu corpo rocha, fortaleza,
dê, então, ao seu vício longas férias.

Com saúde não faça brincadeira.
Para que entupir, dessa maneira,
o caminho do sangue nas artérias?
= = = = = = 

Poetrix de
RICARDO MANIERI
Porto Alegre/RS

do tempo

Contemplo o tempo
do alto de meus dias
e sinto alguma vertigem…
= = = = = = 

Soneto de
EDY SOARES
Vila Velha/ES

Desilusão

Qualquer dia, qualquer hora,
ponho minha viola no saco,
pego um par de chinelos e sapatos,
arrumo a mochila e vou embora.

Não quero ficar pra assistir o final,
esforçar pro filme não acabar mal,
se não posso mudar o roteiro
tenho direito de querer estar fora.

Minha bagagem é mesmo pequena.
sou coadjuvante em qualquer cena,
e no fim, do longa, sempre alguém chora.

Nunca fui muito bom de comédia,
virou drama e eu perdi as rédeas.
Substitua-me que eu quero ir embora.
= = = = = = 

Poema de 
FERNANDO PESSOA
Lisboa/Portugal, 1888 – 1935

Tudo quanto penso 

Tudo quanto penso, 
Tudo quanto sou
É um deserto imenso 
Onde nem eu estou. 

Extensão parada 
Sem nada a estar ali, 
Areia peneirada 
Vou dar-lhe a ferroada 
Da vida que vivi.
= = = = = = 

Hino de 
Piracuruca/PI

Água que vem da terra fria
E no nosso peito deságua
Feliz daquele que um dia
Bebe dessa água

Terra da lenda e da magia
Das Sete Cidades encantadas
Onde as pedras são vivas esculturas
Que se movem pelas madrugadas

E Olho D’Água do Padre
Rua da Goela e majestosa Igreja
De Nossa Senhora Do Carmo
Que eu adoro onde quer que eu esteja

Por todo lugar onde passo
Hospitaleira ela me aninha
Do Casarão do Padre Sá Palácio
Ao regaço da Prainha

Fogo que é fé e chama e luz
E traduz a força do lugar
Piracuruca dos Tocarijus
Quero este teu ar

Teu ar de grandeza e liberdade
Que os Dantas heróis precursores
Legaram a toda cidade.
= = = = = = 

Sonetilho de 
OLIVALDO JUNIOR
Mogi-Guaçu/SP

No barzinho do Olivaldo

No barzinho do Olivaldo,
bebedor, só de poesia, 
que poesia que dá caldo 
para a nossa freguesia. 

No barzinho do Olivaldo, 
todo mundo tem valia, 
devedor, o eterno saldo 
que se paga dia a dia. 

Quem faz falta nesse bar 
é "cliente" para enchê-lo, 
gente amiga a papear. 

Um "Toquinho" pra tocar, 
e o Olivaldo, num "apelo", 
pode o bar inaugurar.
= = = = = = 

Poema de
MARIA LUÍZA WALENDOWSKY
Brusque/SC

Minha amiga Dona Hilna

Tão pequena,
tão forte;
uma mulher além do seu tempo 
que mudou seu destino,
determinada,
alegre,
com infinita sabedoria.

Como um bonsai sendo podado,
mudando de forma,
cada vez mais intelectual;
seus galhos eram seus braços;
sempre com uma palavra gentil e
confortante.

Um coração bondoso além da medida!

Ela frequentemente enxugava minhas lágrimas
com atenção, carinho e uma xícara de café.

Ela me incentivava a estudar,
a compartilhar a correção dos meus trabalhos escolares.

E como ela vibrava com minhas conquistas!

Ela participou da construção da minha casa;
tantas dicas para minha segurança,
tantas lembranças...
e quando a casa ficou pronta,
floresceu de alegria.

Como as folhas do bonsai
balançando ao vento,
ela me envolveu com amor.

Ela era minha confidente,
a mãe do meu coração.

Ela era uma alma generosa;
Com uma palavra de incentivo,
ela sempre recebia a todos
com um sorriso
e um pedaço do seu coração.
 
Hoje, a Sra. Hilna tem um novo endereço...

Ela está com o filho e meu pai;
Acho que ela está contando a ele todas as minhas conquistas,
meu amor pelo meu neto, meu livro, tantos sucessos...

Tenho certeza de que ambos estão falando
sobre a pessoa que me tornei,
porque sempre estive cercada de
pessoas corajosas, com caráter impecável, apoio 
e o quanto Deus é bom para mim.

O bonsai nutre a terra com fé e esperança!

Fecho os olhos e vejo aquele bonsai iluminando
um jardim multicolorido inteiro,
e não consigo deixar de sentir as lágrimas
como gotas d'água.

Oh, bonsai brilhante,
renascido em meu coração.

Eu te amo muito, Sra. Hilna!
Obrigada por tudo.
(tradução do espanhol por José Feldman)
= = = = = = = = =  

Fábula em Versos
adaptada das Fábulas de Monteiro Lobato 
JOSÉ FELDMAN
Floresta/PR

Fábula do Pato e da Garça 

Um pato nadava, feliz na lagoa, 
Enquanto a garça, elegante, voava à toa. 
“Venha comigo, vamos dançar!” 
Disse o pato, com jeito de encantar. 

Mas a garça, com graça, apenas sorriu, 
“Cada um tem seu jeito, sigo o meu.” Ela arguiu.
No final, aprenderam a respeitar, 
Que a beleza está em cada um, ao brilhar.
= = = = = = = = =