segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Odenir Follador (Relatos de uma Avó)


Certo dia, eu e meu marido estávamos sentados na sala, ele lendo as notícias do jornal, e eu o meu livro, que interrompia de tempo em tempo, para tricotear um conjuntinho de lã para minha pequena neta Fabíola. Estavam para chegar ainda àquela tarde. Parei por uns instantes com meus afazeres, divagando meus pensamentos, lembranças e saudades que de súbito se fizeram presentes, quando aqui estiveram no ano passado.

Como estará a minha neta? Agora com quatro anos, mais alta e mais bonita, com certeza. Tenho saudades do seu sorriso e de suas correrias pela casa. Sempre irrequieta e curiosa, e quando parava um pouco, corria a se sentar no meu colo, me fazendo muitas perguntas: se eu era parecida com sua mãe quando mais nova, se ela ficaria com os cabelos brancos e com muitas rugas como eu... Enfim, eram tantas as perguntas, mas que eu adorava responder e ainda enfeitava um pouco, alongando minhas respostas em pequenas histórias. E a embalando com minhas antigas cantigas de ninar, que ela gostava, e aos poucos começa a adormecer, abrindo um pouquinho um dos olhos, para ver se era eu que continuava ali, e com um doce sorriso adormecia.

Voltei a ler mais um pouco e a tricotear a seu conjuntinho... Já estava quase pronto, talvez ainda terminasse antes da sua chegada. E novamente comecei a pensar... Parece ter sido ontem quando eu fazia estas mesmas coisas aos meus filhos, e hoje estou aqui, repetindo tudo novamente com a minha netinha. Então eu percebo o quanto os nossos netos são importantes para os avós. Eles possuem um pouquinho de nossos filhos, mas também de nós, seus avós, é claro, são sangue do nosso sangue. Por vezes, me vejo no jeitinho deles sorrirem, no olhar, ou até mesmo no modo de falarem.

Não estamos sempre com os netos, não somos nós que passamos as noites ao seu lado e que os alimentamos; só temos estes únicos momentos, para abraçá-los, de pegá-los no colo para uns afagos ou para lhes contar algumas histórias e também, para fazer aquelas guloseimas tão esperada por eles... Isso representa tão pouco; mas é o suficiente para nos deixar feliz e realizado por tê-los tão juntinho de nós, mesmo que seja por um pequeno espaço de tempo.

Fonte: Texto enviado pelo autor

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