Uma Trova de Ademar
Vejo sentadas no chão,
trajadas de desamor,
crianças comendo pão
amanteigado de dor!
–Ademar Macedo/RN–
Uma Trova Nacional
Na mesma rua onde os nobres
desfilam pompa e capricho,
se encontram crianças pobres
entre montanhas de lixo.
–Elen de Novais Félix–
Uma Trova Potiguar
Fui rever meu chão de outrora,
mas a saudade era brava:
meus olhos sorriam fora;
dentro o coração chorava!
–José Lucas de Barros/RN–
Uma Trova Premiada
2012 - Cantagalo/RJ
Tema - ESPAÇO - 3º Lugar
Ao passar por mim, nem para...
sou a sombra de ninguém!
Que espaço enorme separa
meu amor de seu desdém!
–Wanda de Paula Mourthé/MG–
...E Suas Trovas Ficaram
Arranje um amor, depois
despreze-o, só por maldade,
e temos já pra nós dois,
a receita da Saudade.
–Fernando Pereira/RJ–
U m a P o e s i a
MOTE:
Depois de uma certa idade
fui te esquecendo, meu bem;
chega um tempo em que a saudade
perde a memória também!
–José Ouverney/SP–
GLOSA:
Depois de uma certa idade,
querendo a vida entender,
vi que a mente da saudade
pode o passado esquecer.
Sofri e chorei baixinho,
fui te esquecendo, meu bem,
quando eu vi que o teu carinho
desembarcou do meu trem.
Eu não sei se é por maldade,
mas é um fato frequente:
chega um tempo em que a saudade
também se afasta da gente.
Se a gente, por vil destino,
perde, na vida, o que tem,
mais tarde, por dom divino,
perde a memória também!
–Gilson Faustino Maia/RJ–
Soneto do Dia
A P I N T U R A.
–Diniz Vitorino/PB–
Os meus cabelos ainda são aqueles
que me encheram de amores e regalos!
Chuva alguma esmaece a tinta deles,
mas o tempo os desbota sem lavá-los.
Hoje a neve dos anos caiu neles,
vem com ordem suprema pra pintá-los.
Não pergunta para mim, nem para eles
se estamos de acordo em transformá-los.
Mesmo frágil demais, finjo ser forte,
por sentir que a vida é como a morte:
tem segredos demais, mas não tem cores.
Pois, se aos negros as eras deram fim,
que os grisalhos se estendam sobre mim,
ocultando do mundo as minhas dores!
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