A
dramaticidade de João Rangel Coelho:
Senhor Deus! Ó Pai dos Pais!
Por que motivo consentes,
entre teus filhos iguais,
destinos tão diferentes?
A
brejeirice de Luiz Homero de Almeida:
Sobre o busto ela trazia
três rosas frescas, catitas.
E, contando-as, eu dizia:
– Que cinco rosas bonitas!…
A
fluência de Américo Falcão:
Não há tristeza no mundo
que se compare à tristeza
dos olhos de um moribundo
fitando uma vela acesa…
A
musicalidade de Cícero Dias:
A tua casa pendida
entre o rosal e a mangueira
é uma açucena caída
no vermelhão da ladeira.
O
humanismo de Zálkind Piatigorsky:
Tudo o que tenho reparto,
ó Senhor, sempre em Teu nome!
Tu fizeste o mundo farto,
o homem é que fez a fome!
A
sugestão poética de Corrêa de Oliveira:
Ó ondas do mar salgado,
de onde vos vem tanto sal?
– Vem das lágrimas choradas
nas praias de Portugal!
O
lirismo de Archimimo Lapagesse:
Se Deus atendesse um dia
minha prece ingênua e doce,
quem fosse mãe não morria,
por mais velhinha que fosse!
A
simplicidade de Edgard B. Cerqueira
Saudade – lembrança triste
de tudo que já não sou!
Passado que tanto insiste
em fingir que não passou…
A
originalidade de Adherbal de Carvalho:
Da lua sob os clarões,
os leques destas palmeiras
parecem caudas faceiras
de agigantados pavões!
A
filosofia de José Maria Machado de Araújo:
Neste mundo que nos cansa,
tanta maldade se vê,
que a gente tem esperança,
mas já nem sabe de quê!…
A
ironia de Belmiro Braga:
Quanta vez, junto a um jazigo,
alguém murmura de leve:
– Adeus para sempre, amigo!
E o morto diz: – Até breve!…
Junte
tudo isto, transponha para uma só trova e não há dúvida: você terá feito a
melhor trova do mundo!
Fonte:
Aparício Fernandes. A trova no Brasil:
história & antologia. Rio de Janeiro/GB: Artenova, 1972.
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