domingo, 12 de novembro de 2023

Silmar Böhrer (Croniquinha) 96

Música e poesia nasceram com o homem. São divindades absorvidas pelo espírito humano desde priscas eras, fundidas em prosa-verso-melodia.

Lembremos do poema lírico, do latim "lyricu", uma composição para ser cantada.

Recorde-se que na Idade Média "trovador"  e "menestrel" eram sinônimos de poeta.  Na Idade Moderna houve alguma distinção entre música e poesia, mas a música nunca abandonou a poesia, nem a poesia abandonou a música.  Grandes músicos e escritores jamais abandonaram essa dupla magistral.  A MELOPOÉTICA  (grego melos = canto + poética) é companhia eterna do ser humano.

É mais do que verdadeiro que o Brasil é um ninho imenso de musicalidade associada com poesia, e então vamos lembrar de nacos, lampejos, pedacinhos que são verdadeiros quase-poemas das músicas do sul da pátria.  Fragmentos preciosos.

Envolvem e encantam.  Assim :

Pagar para o tempo a usura dos dias.
Aroma das flores entrando nas frinchas.
Um açude de taipa arrombada. 
Essa luz que algumas mulheres têm por dentro.
Sinto ciúme do silêncio grande que mora comigo.

Na voz do vento geme a voz de uma saudade. 
Arranchei no campo e acaranchei no rancho.
São tão parecidas as almas e as plantas.
O açude vazou nos olhos.
O vigor vem da raiz que alimenta o ideal.  

São largas minhas penas como as noites são largas. 
Na voz do vento cantava um catavento.
Talvez as formigas me contem um segredo.
Nos teus olhos o regalo das aguadas.
Saudade é um silêncio guardado pela alma.

Fonte: Texto enviado pelo autor 

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