domingo, 8 de julho de 2012

Carlos Daniel Toni (A Teimosa Ana Clara)


CURIOSIDADES SOBRE AS ABELHAS 
• Têm seu sexo definido por um processo natural chamado de partenogênese. 
Se o ovo da fêmea for fecundado, nasce uma abelha fêmea, caso contrário, nasce macho. 
• Vivem em sociedade. 
• O que diferencia a rainha das operárias é a alimentação. Enquanto a rainha, que só come geleia real, vive cerca de cinco anos, as operárias, que comem mel, vivem cerca de três meses. 
• Têm o corpo dividido em três partes: cabeça, tórax e abdômen. 
• São invertebradas (não possuem coluna Vertebral).
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Ana Clara era uma linda princesa. Suas cores pareciam pintadas à mão, de um amarelo forte que realçava a elegância de seu corpo listrado. Todas as abelhas da colmeia maravilhavam-se ao ver tão belas cores. 


Mas isso não era tudo. Além de bela, Ana Clara era dotada de rara inteligência. Conhecia toda a história da colmeia, sabia cantar várias músicas, dançava como ninguém. E, acima de tudo, adorava brincar. 

Talvez você esteja pensando: Que abelha encantadora! 

Mas Ana Clara tinha um defeito: não sabia ouvir os outros. Se alguém lhe dava um conselho, ficava zumbindo à toa. 

Para ela, não era importante ouvir as experiências das outras abelhas, pois tudo o que precisava para viver estava nos livros. 

Assim, costumava dizer para si mesma: 

. Uma abelha comum, que mal sabe falar direito, quer ensinar alguma coisa a uma princesa? Ora essa! 

Mas por educação fingia escutar o que lhe diziam. Fazia isso sempre do mesmo modo: o que ela escutava entrava por um ouvido e saía pelo outro.

Numa bela manhã de sol, a linda abelha resolveu passear e colher néctar. 

No caminho, encontrou sua amiga Cora, uma habilidosa operária que já estava voltando com um monte de néctar. 

Ao ver Ana Clara, Cora lhe disse: 

. Ana Clara, não vá pelo caminho da Lagoa Azul. É por lá que andam os humanos que colhem flores. Você pode ficar presa numa armadilha e não conseguir voltar para casa. 

Ana Clara respondeu: 

. Obrigada Cora, pode deixar comigo. 

Aquela era mais uma de suas respostas prontas. Ela ignorou as palavras da amiga. Seguiu o caminho da Lagoa Azul enquanto pensava: 

. Aqui a estrada é tão bonita e as flores têm o melhor néctar que já provei. 

No início, achou estranho não encontrar nenhuma abelha naquele paraíso. Então pensou: 

. Como são bobas, o dia está lindo e ninguém está aproveitando. 

Quando chegou à margem da lagoa, pousou na primeira flor para beber o néctar e... zaz! 

Um homem arrancou a flor e a colocou num saco grande. 


Já era tarde quando Ana Clara percebeu que era prisioneira e estava sozinha. 

Começou a chorar e pensou: 

. Deve ser por isso que nenhuma abelha vem aqui. Por que ninguém me avisou? Puxa vida, a Cora não me disse nada. 
Logo a Rainha sentiu a falta de Ana Clara. E por isso enviou tropas de operárias e zangões para procurá-la nos quatro cantos da mata. 

As investigadoras encontraram o cheiro da princesa perto do caminho da Lagoa Azul. Sem demora, foram relatar a descoberta à Rainha. 


Muito preocupada, a mãe de Ana Clara perguntou às abelhas: 

. Ninguém avisou minha filha de que não devia voar por lá? 

. Eu avisei, mas acho que ela não quis me escutar . disse Cora, um pouco tímida. 

A Rainha sabia que sua filha era muito teimosa, mas mesmo assim não perdeu as esperanças. Organizou novas buscas, agora além da área da floresta.

Ana Clara, com muito esforço, conseguiu sair do saco. Mas quando olhou ao redor não reconheceu o local: 

. Devo estar muito longe de casa! 


Sentou-se à beira de uma pequena fonte para descansar, quando avistou de longe suas amigas.


Ela havia aprendido uma lição. Ana Clara voltou para casa e houve uma grande festa. 

Anos depois, quando cresceu e se tornou uma poderosa Rainha, Ana Clara ficou conhecida pela sabedoria e delicadeza de seus conselhos. 

A experiência na Lagoa Azul lhe ensinou que a inteligência também reside na humildade de escutar e aprender com os outros. 


Fonte:
Toni, Carlos Daniel. Contos ambientais - 10 histórias e curiosidades sobre a fauna brasileira. Ilustrações de Fábio Fernando. São Paulo: Editora José Luis e Rosa Sundermann, 2012. 

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