quarta-feira, 24 de julho de 2024

Recordando Velhas Canções (Casinha pequenina)


Tu não te lembras da casinha pequenina?
Onde o nosso amor nasceu?
Aí, tu não te lembras da casinha pequenina?
Onde o nosso amor nasceu?
Tinha um coqueiro do lado
Que coitado que saudade já morreu
Tinha um coqueiro do lado
Que coitado que saudade já morreu

Tu não te lembras das juras? Oh, perjura
Que fizeste com fervor?
Aí, tu não te lembras das juras? Oh perjura
Que fizeste com fervor?
Daquele beijo demorado
Prolongado que selou
O nosso amor
Daquele beijo demorado
Prolongado que selou
O nosso amor

Não te lembras, ó morena, da pequena
Casinha onde te vi, ai?
Não te lembras, ó morena, da pequena
Casinha onde te vi?

Daquela enorme mangueira
Altaneira onde cantava
O bem-te-vi

Não te lembras do cantar, do trinar
Do mimoso rouxinol, ai?
Não te lembras do cantar, do trinar
Do mimoso rouxinol?
Que contente assim cantava
Anunciava o nascer
Do flâmeo Sol
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * 

Saudade e Memórias em 'Casinha Pequenina'
A música 'Casinha Pequenina', é uma ode à saudade e às memórias de um amor passado. A letra remete a um tempo de inocência e simplicidade, onde o amor floresceu em um ambiente bucólico e cheio de significados pessoais. A casinha pequenina, mencionada repetidamente, simboliza não apenas um lugar físico, mas um espaço emocional onde o amor nasceu e se desenvolveu. A repetição da pergunta 'Tu não te lembras?' enfatiza a dor da lembrança e a tristeza de perceber que esses momentos podem ter sido esquecidos pela outra pessoa.

A letra também faz uso de elementos da natureza para intensificar o sentimento de nostalgia. O coqueiro, a mangueira e o canto dos pássaros como o bem-te-vi e o rouxinol são símbolos de um tempo passado, de um cenário que testemunhou o amor dos protagonistas. Esses elementos naturais não são apenas decorativos; eles carregam consigo a essência das memórias e das emoções vividas. A morte do coqueiro, por exemplo, é uma metáfora para a passagem do tempo e a perda das lembranças.

Silvio Caldas, conhecido como 'O Caboclinho Querido', é um dos grandes nomes da música brasileira, especialmente no gênero seresta. Sua interpretação melódica e emotiva dá vida à letra, fazendo com que o ouvinte sinta a profundidade da saudade e da nostalgia. A música, portanto, não é apenas uma lembrança de um amor passado, mas também uma reflexão sobre a efemeridade dos momentos e a importância de valorizar as memórias que construímos ao longo da vida.

A modinha, o gênero mais lírico e sentimental de nosso cancioneiro, é também o mais antigo, existindo desde o século XVIII. E entre todas as modinhas surgidas nesse longo espaço de tempo, nenhuma seria tão cantada e gravada como a "Casinha Pequenina".

Lançada em disco por Mário Pinheiro em 1906, teria dezenas de gravações figurando no repertório dos mais variados intérpretes, de Bidu Sayão e Beniamino Gigli a Cascatinha e Inhana, de Sílvio Caldas e Nara Leão aos maestros Radamés Gnattali, Lírio Panicali e Rogério Duprat.

Atribuída a autor desconhecido, a "Casinha Pequenina" teve a origem pesquisada pelo musicólogo Vicente Sales, que acredita ser seu criador o paraense Bernardino Belém de Souza. Carteiro e pianista, Bernardino tocou durante algum tempo em navios que faziam a linha Rio-Manaus, aproveitando as viagens para divulgar suas composições no sul do país. Outra autoria possível, mas não comprovada, seria a dos atores Leopoldo Fróes e Pedro Augusto. Segundo Íris Fróes, biógrafa do primeiro, Leopoldo teria recebido de Pedro a letra da "Casinha Pequenina" pronta, e composto a melodia em 1902. A verdade é que nenhum deles jamais reivindicou a paternidade da canção, apesar do sucesso.
Fontes:

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