Fui me rachando em silêncios não ouvidos, em promessas quebradas, em noites longas sem respostas.
As rachaduras começaram como pequenas linhas no reboco da alma.
Quase invisíveis.
Mas profundas demais para serem ignoradas.
E eu? Eu era como um muro.
Feito para proteger.
Feito para sustentar.
Feito para ser firme.
Mas que começou a ceder com o tempo… com o peso… com a chuva.
No começo, eu temi as rachaduras.
Achei que eram sinal de fraqueza.
Achei que significavam o fim da minha força.
Mas o que eu não sabia…
É que através delas, a luz começou a entrar.
Aquelas fissuras viraram janelas para a esperança.
O sol passou a bater onde antes era sombra.
Pássaros fizeram ninho nas fendas que o tempo abriu.
Aqueles pequenos — os que ninguém vê — encontraram abrigo em mim.
E, quando percebi, flores começavam a nascer ali.
Não flores raras, nem premiadas.
Mas flores reais, como a erva-de-passarinho ou a samambaia-de-muro,
que se agarram às fendas, se enraízam nos espaços tortos
e ajudam o muro a respirar, a sustentar-se de novo,
a reencontrar equilíbrio com a própria imperfeição.
“O Senhor está perto dos que têm o coração quebrantado
e salva os de espírito abatido.”
(Salmo 34:18)
A vida me quebrou…
Mas não me derrubou.
Porque Deus me fez assim:
com estrutura de barro,
mas fundamento de graça.
Foi ali — no concreto rachado da alma — que descobri um Deus que não me reconstruiu de imediato,
mas me deixou florescer primeiro.
Me ensinou que algumas flores nascem justamente onde ninguém esperava beleza.
E se hoje alguém olhar para mim e disser:
“Você está cheio de marcas.”
Eu respondo:
Sim. Mas estou de pé.
E minhas rachaduras contam história.
Histórias de luta, de acolhimento, de transformação.
Histórias de um muro que não caiu.
Histórias de quem aprendeu que há vida —
até mesmo onde a estrutura parecia ruir.
Hoje entendo:
Deus não usou cimento pra me tampar.
Ele usou flores, ninhos e luz.
Porque Ele sabia que a reconstrução mais sólida
é aquela feita de dentro pra fora.
Se você se sente rachado, inseguro, instável…
Não desanime.
Flores podem nascer aí também.
Deus ainda usa muros marcados para proteger.
E rachaduras… para semear graça.
A vida me quebrou…
Mas eu floresci nas rachaduras.
E hoje, sou abrigo.
Sou muralha viva.
Sou testemunho.
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Leandro Silva é de Vila Velha/ES
Fontes:
Enviado por Aparecido Raimundo de Souza
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing
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