SONETO
Esperanças de um bem tão contigente,
Com que fim me andais sempre atormentando?
Se inútil é que eu viva suspirando,
Porque me não deixas viver contente?
Ora fingis distante, ora presente
O motivo do mal que estou chorando;
fingi-me, se podeis, ao menos quando
Hei-de viver feliz, sendo indiferente.
Se tanto vos aflige o meu sôssego
Que o pertubais por tão tirano,
Matai-me, que a morrer eu não me nego.
Mas se viva, o destino desumano
Me quere, fugi; que eu triste já me entrego
ao descarnado e duro desengano.
REDONDILHAS
Sózinha no bosque
Com meus pensamentos,
Calei as saudades,
Fiz trégua a tormentos.
Olhei para a lua,
Que as sombras rasgava,
Nas trémulas águas
Seus raios soltava.
Naquela torrente
Que vai despedida
Encontro assustada
A imagem da vida.
Do peito, em que as dores
Já iam cessar,
revoa a tristeza,
E torno a penar.
SONHO
Sonhos meus, suaves sonhos,
Sois melhores que a verdade;
quando sonho, sou ditosa,
Sem o ser na realidade.
Amor, tu vens nos meus sonhos
Acalmar-me o coração;
Mas, cruel! Quanto prometes
Não passa de uma ilusão!
Sonhei, tirano, esta noite,
Sonhei que tu me chamavas,
E que sobre a relva branda
Tu mesmo me acalentavas.
Disseste-me: "Dorme, Alcipe,
Depôe todos teus cuidados;
Amor sobre ti vigia,
Mal podes temer os fados."
Dormi: neste dobre sono
Me achei num palácio de ouro;
Entregaram-me uma chave
Para que abrisse um tesouro.
- "Chave mágica, sublime,
Que me vais tu descobrir?
Se é menos do que desejo,
será melhor não abrir. . ."
- "Abre, Alcipe - qual trovão
Brada o Deus que me vigia.
Acordei sobressaltada,
E abriu-se, mas foi o dia.
Fonte:
http://cantoepalavras.blogspot.com.br/2009/06/070-os-eternos-momentos-de-poetas-e.html
Esperanças de um bem tão contigente,
Com que fim me andais sempre atormentando?
Se inútil é que eu viva suspirando,
Porque me não deixas viver contente?
Ora fingis distante, ora presente
O motivo do mal que estou chorando;
fingi-me, se podeis, ao menos quando
Hei-de viver feliz, sendo indiferente.
Se tanto vos aflige o meu sôssego
Que o pertubais por tão tirano,
Matai-me, que a morrer eu não me nego.
Mas se viva, o destino desumano
Me quere, fugi; que eu triste já me entrego
ao descarnado e duro desengano.
REDONDILHAS
Sózinha no bosque
Com meus pensamentos,
Calei as saudades,
Fiz trégua a tormentos.
Olhei para a lua,
Que as sombras rasgava,
Nas trémulas águas
Seus raios soltava.
Naquela torrente
Que vai despedida
Encontro assustada
A imagem da vida.
Do peito, em que as dores
Já iam cessar,
revoa a tristeza,
E torno a penar.
SONHO
Sonhos meus, suaves sonhos,
Sois melhores que a verdade;
quando sonho, sou ditosa,
Sem o ser na realidade.
Amor, tu vens nos meus sonhos
Acalmar-me o coração;
Mas, cruel! Quanto prometes
Não passa de uma ilusão!
Sonhei, tirano, esta noite,
Sonhei que tu me chamavas,
E que sobre a relva branda
Tu mesmo me acalentavas.
Disseste-me: "Dorme, Alcipe,
Depôe todos teus cuidados;
Amor sobre ti vigia,
Mal podes temer os fados."
Dormi: neste dobre sono
Me achei num palácio de ouro;
Entregaram-me uma chave
Para que abrisse um tesouro.
- "Chave mágica, sublime,
Que me vais tu descobrir?
Se é menos do que desejo,
será melhor não abrir. . ."
- "Abre, Alcipe - qual trovão
Brada o Deus que me vigia.
Acordei sobressaltada,
E abriu-se, mas foi o dia.
Fonte:
http://cantoepalavras.blogspot.com.br/2009/06/070-os-eternos-momentos-de-poetas-e.html
Imagem obtida no facebook do Espaço Das
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