Libreria Fogola Pisa |
Andrade é de Vila Velha/ES
I L H A
Acima das nuvens
Fora do solo da irmã Terra
Há uma Ilha
Às vezes vou para lá
Apenas relaxar
Acima dos aviões
Jamais usei drogas para ir lá
Nem para nada
Apenas relaxo...e vou...vou...
Não ouço o ruído da guerra
Vejo a irmã Lua
E o irmão Sol
E tudo muito pequeno
Na Irmã Terra
Sinto-me UNO com o Cósmico
Mas não estou no espaço sideral
Estou na Ilha...agora
Não estou perdido
Não estou fora
Não sinto dor
Estou em uma Ilha
Chamada
EU INTERIOR...
DELEITE EM VERSOS LIVRES
...Hoje me deleitei...com a beleza que vejo em você...
Meus olhos furta-cores buscaram
os seus olhos de esmeralda...
Minhas mãos ‘acariciaram’ seus cabelos,
“negros como as asas da graúna”...
Meus lábios pousaram nos seus lábios
“doces como um favo de mel”...
Suavemente...
Então...Viajamos juntos até o Paraíso...
De repente...desvanecemo-nos em brumas cor de Amor...
...Era somente sonho de Mago e Fada?...
Eu já nem sei se era real...ou nada...
E L O
Eu sou aquele que foge do extremo...
Ligo um extremo ao outro, o meio ao fim...
Onde? A corrente inteira está em mim...
CÉU AZUL
Estava tudo calmo no oceano.
E então foi se fechando o tempo, lento...
Nuvens escuras, raios (que momento),
E ainda: ondas gigantes, mar insano...
E eu, sozinho, em meu barco, desgarrado,
fui navegando nas revoltas águas.
E a natureza a liberar suas mágoas...
E Deus, de Jonas, a bradar, irado.
Dizem que Deus, em sua onisciência,
é sempre bom, é justo, é sempre amigo.
Mas, vez por outra, perde a paciência:
Acho que agora Ele a perdeu comigo...
Por que? Sei que motivos tem de sobra,
com a humanidade inteira...eu somente?
(E enquanto penso, faço uma manobra).
Navego e vou. Canso, meu corpo sente...
Relaxo, e então faço uma prece viva...
Não mais questiono...me entrego...adormeço...
Sonho, deliro, viajo ao léu, me esqueço...
E no oceano, a minha nau deriva...
Raios? Trovões?...e eu a dormir sonhando...
Voltou meu barco ao porto firme, ao sul...
Quando me acordo, vejo o sol brilhando,
a natureza calma, o céu azul...
L U Z
Ah! Quanta Luz entrou pela janela,
Quando evoquei meu Deus interior...
Como expandiu-se a Luz de minha vela!
Que então mostrou-se em três: Luz, Vida e Amor!
Ah! Quanta Luz entrou pelo meu peito,
E se alojou dentro do coração!
Eu me infundi no Um, no Deus perfeito...
E iluminou-se a Vida desde então...
Ah! Quanta Luz entrou na minha mente!
E a vibração que hoje o meu corpo sente
É tão sublime que extinguiu a dor.
Ah! Quanta Luz me invade o corpo inteiro:
Sinto o universo, justo e verdadeiro;
O Todo é o Um, e a criação, o Amor...
QUO VADIS?
Passo na porta, quase que enlatado...
Deparo com o humilde escudeiro:
"-Aonde vais senhor?" - Ao mundo inteiro.
Respondo ao homem do olho dilatado.
Embora tendo um olho...e outro não.
Meu escudeiro, sempre dedicado,
Sorri pra mim, depois cospe de lado
E me convida, no dialeto: - Vão?"
Meu escudeiro???...Mas, que tempo é esse?
Onde é a espada o símbolo do bem?
Tempo de muitos? Tempo de ninguém?
Tempo de ajuste? Tempo de benesse?
E então me acordo: um reboliço imenso...
Nas ruas, terremoto, um tiroteio...
Furacão, meteoro... é devaneio?
Como Descartes: Já que existo, penso...
ESPERA
Olho p'ra natureza e leio...leio...
Cai a semente...sol e chuva...espera...
Espera...e nasce, e cresce...é primavera...
E o tempo passa...espera...o fruto veio...
Espera...e o vento, e a chuva...e o fruto cresce...
Espera...e gira a terra, e esfria, e esquenta,
Tudo se acalma...chove, e gela, e venta...
E o tempo...espera...e o fruto amadurece...
E cai o fruto...e o ciclo recomeça...
Vem o verão e o outono...e o inverno surge...
E o vento sopra, e a chuva cai e cessa...
E a natureza vive...e o tempo urge...
...Vou caminhando e lançando semente...
E passa o dia, o mês, o ano...a era...
...Minha colheita?...A voz que nunca mente
"Me diz: “espera...espera...espera...espera...”
R E A L
(Escrita em 1981, publicada no livro “Vôos de pés no chão” – ACE - 1ª edição – 1995 – Vitória –ES)
A natureza eu sinto em mim vibrando:
O mar, o submar, peixes nadando,
Gaivotas e pardais em frenesi,
As gotinhas do orvalho cintilando,
O amor, a planta, a flor, o colibri,
O infinito e essa imensidão de estrelas
Que fascinam e eu me detenho a vê-las,
Querendo ir morar no meio delas...
Sensitivas janelas de minh’alma,
Que se tocam com tudo a minha volta,
Os meus olhos percebem, mente solta,
Que afinal há o real, o grito, a calma.
E a poesia, que fora lírio puro,
Passeia por casebres, por calçadas,
Pelos presídios, pelo beco escuro,
Pelos muitos, por poucos, pelos nadas...
O lirismo se envolve à realidade,
Que é o bem e o mal, concreto, natureza,
Amor, amor, furor, sonho, verdade...
Morrem e nascem pessoas na cidade.
Fonte:
http://www.culturarevista.jor.br/andradesucupira.htm
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