Uma Trova de Ademar
Para alcançar o perdão,
não há fronteira ou entrave:
a porta do coração
não tem ferrolho nem chave.
–Ademar Macedo/RN–
Uma Trova Nacional
Neste sonhar em que vivo
da poesia cultor,
o teu desvelo é motivo
dos meus motivos de amor.
–Gilvan Carneiro da Silva/RJ–
Uma Trova Potiguar
Destilando hipocrisia
segue a tola humanidade
queimando a vã fantasia
nas fogueiras da vaidade!
–Ubiratan Queiroz/RN–
Uma Trova Premiada
2003 - Amparo/SP
Tema - PEDRA - 3º Lugar
Ferem-me as pedras... Mas sigo
sem me curvar ao revés;
pois quando um sonho persigo,
nem sinto as chagas dos pés!...
–José Tavares de Lima/MG–
...E Suas Trovas Ficaram
Partiste e chovia tanto!...
mas entendi na saudade
que a leve gota de um pranto
molha mais que tempestade.
–Hegel Pontes/MG–
U m a P o e s i a
Luzes verdes e vermelhas
numa aurora boreal.
De manhã sai do curral
um rebanho de ovelhas,
fumaça por entre as telhas
da chaminé se levanta,
é mãe cozinhando a janta
depois que o dia anoitece
a natureza oferece
tudo quanto a gente canta.
–Júnior Adelino/PB–
Soneto do Dia
Amaral Ornelas/RJ
Idílio
Sentamo-nos os dois à beira-mar. As brumas
pardacentos dragões que o sol vai devorando –
trepavam pelo céu; e o oceano, calmo e brando,
calçava-nos os pés de alvíssimas espumas.
Várias conchas de cor ele arrastava, em bando,
pela cauda de arminho e de nevadas plumas;
muitas - frações de aurora - iam-se abrindo, e algumas,
quais pedaços do céu, iam na areia entrando.
E enquanto ela, sorrindo, o olhar pousava em tudo,
na alva cauda do mar, nas conchas, no veludo
na arcada celestial cheia de negros véus,
via-lhe o mar na veste, a espuma nos seus folhos,
e ficava admirando a concha dos seus olhos
que vive a enclausurar dois pequeninos céus.
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