terça-feira, 23 de maio de 2023

Filemon Martins (Poemas Escolhidos) XXII

À TUA ESPERA

Não vês? Estou em casa à tua espera,
meu coração se agita, comovido.
Se vens aqui, renasce a primavera,
e tudo fica alegre e colorido.

Sabes que a minha vida eu já te dera
com tanto amor, feliz, enternecido,
que o meu viver, sem ti, já não quisera
nem um minuto a mais... do merecido...

Mas venhas, meu amor, que a nossa tenda
está farta de amor, não há contenda,
aqui, há paz, o mar e a verde mata...

Vivamos este amor tão envolvente,
que embriaga e nos leva ao céu fulgente
e a nos saudar a lua cor de prata!
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BENDITA SEJAS

Bendita sejas tu, musa divina
porque vens inspirar este poeta,
a tua voz suave me fascina
e chega ao fim a minha dor secreta.

Bendita sejas tu, que me ilumina
e nos meus versos tua luz projeta
além da fé, do amor que me domina
trazendo inspiração à minha meta.

Chegas tranquila, calma e de mansinho
pondo flores em todo o meu caminho,
vens perfumando o meu viver tristonho.

Que seja sempre assim, poesia amada,
amiga e companheira de jornada
buscando a paz nas regiões do sonho!
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INTERROGAÇÃO

Quando nascemos, dizem que o Destino
já vem traçado para o ser Humano,
e sendo assim, cresci, desde menino,
envolto num mistério, num engano.

Como entender que o amor do ser Divino
possa me dar sentença de tirano?
Se a predestinação me fez cretino,
como me corrigir, se sou mundano?

Que culpa cabe a mim, se esta premissa
for verdadeira e a providência omissa
para me condenar sem indulgência?

Porventura, o que a vida nos promete
nada se cumpre e apenas nos remete:
— por que nos deu o senso e a inteligência?
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IPUPIARA

Estou voltando à nossa Ipupiara
e não consigo controlar o pranto,
cidade amiga — de beleza rara —
onde aprendi o amor e seu encanto.

Quando parti, jamais imaginara
que essa tristeza me ferisse tanto.
Longe da terra, a vida me ensinara
respeitar e adorar este recanto.

Quis voltar e rever... Faz tanto tempo,
que a alegria da volta no momento
me faz sentir muitas recordações.

Ainda ouço os conselhos de meu pai
e, orando, minha mãe andando vai
entre saudades, sonhos e emoções.
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O QUE É A VIDA?

A vida é uma jornada de aventura,
o ser humano nasce, vive e morre.
Uma réstia de sonho e de ventura,
eis o prêmio maior a que concorre.

A mocidade passa e a desventura
vem apressada e pela vida escorre
impondo ao coração esta amargura
que mata devagar... e não socorre...

Eis a vida, em resumo, companheiro,
mas a esperança e a fé falam primeiro
e amenizam, no mundo, a nossa dor.

Porque depois a vida é permanente
numa escola avançada e inteligente
sempre em busca de Deus, o Criador!
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Fonte:
Enviado pelo poeta.
Filemon Francisco Martins. Anseios do coração. São Paulo: Scortecci, 2011.

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