segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

Mensagem na Garrafa = 104 =

Cristiane Emília Pasquini
Sorocaba/SP

COMO ANDA SEU TEMPO?

Ao observarmos o passado, há milhões de anos, o humano era pouco mais do que um macaco vivia em bandos – na época era necessário para a sobrevivência de cada um e da própria espécie.

Algum tempo depois, ainda há milênios atrás, o humano descobriu que podia controlar o fogo, diferentemente dos outros animais  a curiosidade humana superou o medo e com isso o fogo foi dominado, preservado e, depois usado sempre que desejasse.

Mais tarde aprendeu a usar o fogo para cozinhar, seguido da produção de utensílios, instrumentos e armas. Com as armas, aprendeu a caçar de forma mais eficiente assim, reduzindo seus esforços.

Com a agricultura, não precisou mais sair à busca de alimentos. Com essas facilidades o homem começou a ter tempo de sobra, o ócio.

Com esse espaço de tempo, a energia economizada nas atividades de sobrevivência passou a ser canalizada para a produção de bens, valores e atividades culturais. Vale salientar que a cultura em sua origem é filha do ócio, como a escrita, a pintura, a escultura, a música, a dança, a filosofia, as religiões, os jogos e etc.

Podemos concluir que desde as mais antigas civilizações o homem já vivia no ócio.

Ao avançarmos um pouco mais na história, grandes gênios criaram suas invenções durante seus momentos de ócio. Além de importantes invenções como as de Isaac Newton, que durante sua trajetória, descobriu várias leis da física, entre elas, a lei da gravidade, na passagem do século XIX para o XX, podemos citar o físico alemão Albert Einstein, o pintor espanhol Pablo Picasso, que contribuíram grandemente para a história com a teoria da relatividade e o cubismo, respectivamente.

Mais uma vez constatamos que a criatividade aflora durante o ócio.

Penso 99 vezes e nada descubro. “Deixo de pensar, mergulho no silêncio, e a verdade me é revelada”.( Albert Einstein) .

Pois bem. Com a evolução dos tempos, a escrita, a informática  as informações em fração de segundos “dão volta ao mundo”, com isso exige uma maior versatilidade do ser humano.

Atualmente para exercer uma profissão, qualquer que seja, há a necessidade de uma flexibilidade maior, principalmente no que se refere às atualizações, intensas e que se alteram numa velocidade incrível. É uma verdadeira “corrida contra o tempo”.

E por falar em tempo, e tempo para o ócio? Se para criarmos necessitamos dele, como realizar tantas atividades, das quais a cada dia são mais exigentes, se o tempo é escasso? Corremos feitos loucos, sem tempo pra nada, nem mesmo para usufruir de nossas próprias riquezas.

Segundo o professor e sociólogo italiano, Domenico De Masi devemos exercitar o “ócio criativo”. Ele afirma que “quando o trabalho, estudo e jogo (lazer) coincidem, estamos diante daquela síntese exaltante que chamo de ócio criativo”.

Imagine você fazendo o que gosta a durante a vida inteira? E então viveria do que?

Se imaginarmos o trabalho como um fardo, a situação realmente parece ser impossível. Mas, se o trabalho, o lazer e o estudo começassem a se misturar em nossas vidas de tal forma que não desse mais para diferenciar uma da outra, aí sim teríamos o possível.

De Masi defende um novo modelo social baseado nas premissas da simultaneidade entre o trabalho, estudo e lazer  militante pela redistribuição do tempo, do trabalho, da riqueza, do saber e do poder  no qual indivíduos e a sociedade são educados para privilegiar a satisfação de necessidades radicais, como a introspecção, o convívio, a amizade, o amor e as atividades lúdicas.

Ainda afirma o professor e sociólogo italiano que “o ócio pode transformar-se em violência, neurose, vício e preguiça, mas pode também elevar-se para a arte, a criatividade e a liberdade. É no tempo livre que passamos a maior parte de nossos dias e é nele que devemos concentrar nossas potencialidades”.

Diante disso, quem sabe em algum momento possamos parar e refletir: O que estamos fazendo com nosso tempo?

Pense nisso!

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