sexta-feira, 28 de junho de 2024

Mensagem na Garrafa = 122 =

A. A. DE ASSIS 
(Maringá/PR)

PROCURAM-SE OUVIDOS
 
Nós, os trovadores, aliás os poetas de modo geral, somos carentes de ouvidos que nos escutem. Os mortais comuns nem sempre estão dispostos a conversar sobre algo que não seja economia, política, esporte, programas de televisão, coisas assim. Papo poesia é do interesse de uns poucos privilegiados sonhadores, pouquíssimos. Por isso é preciso valorizar mais os nossos encontros, desde as reuniões mensais com os companheiros residentes na mesma cidade até os grandes momentos como os Jogos Florais. Nessas ocasiões a gente fala e ouve tudo o que estava acumulado no coração, à espera de chance para vir à tona. E como isso faz bem! Puxa vida... é muito triste, por exemplo, você fazer uma trova e não ter a quem dizê-la. Ficam aqueles versos presos na garganta, querendo sair, e não há por perto um ouvido generoso capaz de hospedar e de entender o seu recado. Algumas vezes a angústia é tanta que a gente pega o telefone, liga para um trovador ou para uma trovadora distante e solta o desabafo. Fazemos falta uns aos outros. Muita falta. Somos gente rara neste mundo seco; então, quando nos encontramos, é aquela festa enorme. Cada qual aproveita para libertar a alma, trocar ideias, atualizar notícias, matar saudade. O problema é que os nossos encontros duram tão pouco. Umas poucas horas de intensa alegria, e temos logo de descer do Parnaso, voltar ao que habitualmente as outras pessoas chamam de realidade... Que pena!

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