sexta-feira, 16 de agosto de 2024

Recordando Velhas Canções (A Conquista do Ar)


Compositor: Eduardo das Neves (Rio de Janeiro/RJ, 1874-1919)

A Europa curvou-se ante o Brasil 
E clamou “parabéns” em meio tom. 
Brilhou lá no céu mais uma estrela: 
Apareceu Santos Dumont. 

Salve, Estrela da América do Sul, 
Terra, amada do índio audaz, guerreiro! 
Santos Dumont, um brasileiro!

A conquista do ar que aspirava 
 A velha Europa, poderosa e viril, 
Quem ganhou foi o Brasil! 

Por isso, o Brasil, tão majestoso, 
Do século tem a glória principal: 
Gerou no seu seio o grande herói 
Que hoje tem um renome universal. 

Assinalou para sempre o século vinte 
O herói que assombrou o mundo inteiro: 
Mais alto que as nuvens. 
Quase Deus, Santos Dumont – um brasileiro. 
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A Conquista do Ar: Um Tributo a Santos Dumont

A música "A Conquista do Ar" de Eduardo das Neves é uma homenagem ao pioneiro da aviação, Alberto Santos Dumont, um dos maiores heróis brasileiros. A letra celebra a conquista de Dumont ao conseguir voar, um feito que não só marcou a história do Brasil, mas também a da humanidade. A Europa, que era vista como o centro do progresso e da inovação tecnológica, se curvou diante do Brasil, reconhecendo a importância do feito de Dumont. A música exalta o orgulho nacional e a glória de ter um brasileiro como protagonista de um dos maiores avanços do século XX.

Eduardo das Neves utiliza uma linguagem poética para enaltecer Santos Dumont, referindo-se a ele como uma estrela que brilhou no céu e como um herói quase divino. A letra destaca a importância do feito de Dumont não apenas para o Brasil, mas para o mundo inteiro, rompendo barreiras e desafiando o medo do desconhecido. A conquista do ar é vista como um marco que assinalou o século XX, colocando o Brasil em uma posição de destaque no cenário internacional.

A música também faz uma referência ao orgulho nacional, ao mencionar que o Brasil gerou em seu seio o grande herói que assombrou o mundo inteiro. A figura de Santos Dumont é elevada a um patamar quase mítico, sendo comparado a um deus que voa mais alto que as nuvens. A letra transmite uma mensagem de admiração e respeito pelo pioneiro da aviação, celebrando sua contribuição para a humanidade e reforçando o sentimento de orgulho e patriotismo brasileiro.

O feito de Alberto Santos Dumont, contornando a Torre Eiffel em seu balão n° 6, no dia 19.10.1901, inspirou diversas composições, entre as quais a marcha "A Conquista do Ar", sucesso de 1902. Uma criação de Eduardo das Neves, a canção glorifica o inventor da aviação em versos desbragadamente ufanistas, que o público da época adorou ("A Europa curvou-se ante o Brasil / e clamou parabéns em meigo tom / brilhou lá no céu mais uma estrela / apareceu Santos Dumont").

Palhaço de circo, poeta, compositor e principalmente cantor, Eduardo das Neves foi o nosso artista negro mais popular no início do século. Pai do também compositor Cândido das Neves, deixou modinhas, lundus, cançonetas, sendo de sua autoria os versos em homenagem ao encouraçado Minas Gerais, feitos sobre a melodia da valsa "Vieni sul Mar", do folclore veneziano.

Aliás, ainda sobre a mesma melodia, o radialista Paulo Roberto escreveria, em 1945, nova letra exaltando o estado mineiro ("Lindos campos batidos de sol / ondulando num verde sem fim..."), mantendo o refrão popular ("Ó Minas Gerais / ó Minas Gerais / quem te conhece não esquece jamais...").

No auge da carreira, Dudu das Neves apresentava-se nos palcos de smoking azul e chapéu de seda. 

A conquista do ar (marcha, 1902) - Letra e música do cantor Eduardo das Neves

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