sábado, 31 de agosto de 2024

Recordando Velhas Canções (Noite dos mascarados)

(Marcha, 1967)


Compositor: Chico Buarque de Holanda

- Quem é você?
- Adivinha, se gosta de mim!

Hoje os dois mascarados
Procuram os seus namorados
Perguntando assim:

- Quem é você, diga logo...
- Que eu quero saber o seu jogo...
- Que eu quero morrer no seu bloco...
- Que eu quero me arder no seu fogo.

- Eu sou seresteiro,
Poeta e cantor.
- O meu tempo inteiro
Só zombo do amor.
- Eu tenho um pandeiro.
- Só quero um violão.
- Eu nado em dinheiro.
- Não tenho um tostão.
Fui porta-estandarte,
Não sei mais dançar.
- Eu, modéstia à parte,
Nasci pra sambar.
- Eu sou tão menina...
- Meu tempo passou...
- Eu sou Colombina!
- Eu sou Pierrô!

Mas é Carnaval!
Não me diga mais quem é você!
Amanhã tudo volta ao normal.
Deixa a festa acabar,
Deixa o barco correr.

Deixa o dia raiar, que hoje eu sou
Da maneira que você me quer.
O que você pedir eu lhe dou,
Seja você quem for,
Seja o que Deus quiser!
Seja você quem for,
Seja o que Deus quiser!
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Máscaras e Mistérios: A Essência do Carnaval em 'Noite dos Mascarados'
A música 'Noite dos Mascarados', composta por Chico Buarque, é uma obra que explora a temática do Carnaval, mas vai além da festividade, adentrando nos jogos de identidade e na liberdade de expressão que a ocasião permite. A letra apresenta um diálogo entre duas pessoas mascaradas que flertam e brincam com a ideia de esconder suas verdadeiras identidades, enquanto se permitem viver o momento de festa e sedução que o Carnaval proporciona.

O uso de máscaras é uma metáfora para as facetas que as pessoas podem escolher mostrar ao mundo, especialmente em um contexto de festa onde as convenções sociais são temporariamente suspensas. A música sugere que, sob a proteção das máscaras, as pessoas se sentem mais livres para expressar desejos e sentimentos que, em circunstâncias normais, poderiam ser reprimidos. A interação entre os personagens revela um jogo de adivinhação e charme, onde a identidade real é menos importante do que a experiência compartilhada naquele instante.

A repetição do verso 'Seja você quem for, seja o que Deus quiser!' reforça a ideia de entrega ao momento e à celebração, independentemente das diferenças individuais. Chico Buarque, conhecido por suas letras poéticas e críticas sociais, utiliza a canção para refletir sobre a natureza efêmera da vida e a importância de viver plenamente, mesmo que seja por uma noite de Carnaval. A música se torna um hino à liberdade, ao amor sem preconceitos e à alegria sem limites.

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