Era um sábado ensolarado, e a cidade estava animada com a tão esperada Exposição Canina, um evento que reunia cães de todas as raças e tamanhos, além de seus orgulhosos donos. A revista “Fuxico & Fofocas” decidiu que era a oportunidade perfeita para Pafúncio, seu melhor jornalista, fazer uma cobertura da exposição.
Pafúncio chegou ao local da exposição vestindo uma camisa estampada de patinhas de cachorro e um boné, que mais parecia uma toalha de piquenique. Estava tão animado que mal conseguia conter seu entusiasmo.
“Hoje vai ser um dia cheio de fofocas e sorrisos!” ele exclamou para si mesmo.
Assim que entrou na grande tenda onde a exposição aconteceria, Pafúncio ficou maravilhado com a quantidade de cães. Havia desde os pequenos Chihuahuas até os majestosos São Bernardos, todos exibindo seus trajes e adereços.
Ele se dirigiu imediatamente à primeira bancada que encontrou, onde um juiz estava avaliando um poodle exuberante.
“Oi, tudo bem? Posso tirar uma foto desse lindo poodle?” Pafúncio perguntou, já preparando sua câmera.
O juiz, um homem de aparência séria, assentiu, mas Pafúncio, tomado pela empolgação, começou a disparar flashes incessantemente. O poodle, irritado com os flashes, começou a latir e pular, e o juiz, exasperado, teve que segurá-lo.
“Calma, amigo! Não é para você ficar irritado!” Pafúncio gritou, mas ele mesmo estava tão concentrado na foto que não notou que estava criando um caos.
Após algumas tentativas frustradas de entrevistar donos de cães e tirar fotos, Pafúncio decidiu que precisava de uma abordagem mais direta. Ele se aproximou de um dono de um buldogue francês que estava sentado calmamente em uma cadeira. “Oi! Se o seu buldogue pudesse falar, o que ele diria sobre você?” Pafúncio perguntou.
“O que ele diria? Provavelmente que eu sou o melhor dono do mundo!” respondeu o homem, rindo.
“E que você precisa dar mais biscoitos!” Pafúncio completou, anotando tudo em seu bloco.
Ele estava se divertindo, mas não percebeu que o buldogue francês começou a olhar para ele com um semblante desconfiado.
Depois de algumas entrevistas, Pafúncio se sentiu confiante o suficiente para fazer algo mais ousado. Ele decidiu que tiraria uma foto de todos os cães juntos. Ele subiu em uma pequena plataforma e gritou: “Atenção, cães! Todos para uma foto com o Pafúncio!”
Os donos, começaram a reunir seus cães, mas Pafúncio, na ânsia de capturar o momento perfeito, começou a disparar flashes de sua câmera sem parar. Os cães, confundidos e irritados com os flashes, começaram a latir e a se agitar, criando um verdadeiro alvoroço.
“Calma, pessoal! É só uma foto!” gritou Pafúncio, mas sua tentativa de acalmar a situação só fez piorar. Um Chihuahua nervoso começou a correr em círculos, e logo todos os cães na tenda se juntaram à confusão.
“Socorro, o que está acontecendo?” Pafúncio gritou, enquanto tentava descer da plataforma, mas, em seu desespero, acabou tropeçando e caindo de cara no chão.
A cena era hilária: ele estava cercado por uma mistura de raças caninas, todas latindo e pulando ao seu redor.
Desesperado, Pafúncio se levantou e começou a correr, mas os cães, ainda irritados pelos flashes, decidiram que ele era o alvo perfeito para sua fúria. Ele fez uma curva, tentando escapar, mas a tenda estava cheia de obstáculos: mesas de petiscos, cadeiras e até uma fonte de água para cães.
Os latidos se tornaram ensurdecedores, e Pafúncio, em sua corrida desgovernada, acabou derrubando uma mesa cheia de biscoitos para cães. Os biscoitos voaram pelo ar e, instantaneamente, todos os cães mudaram de alvo, indo atrás das guloseimas que estavam caindo.
“Ufa, consegui!” Pafúncio pensou, parado em um canto, mas seu alívio durou pouco. Ele não percebeu que, enquanto os cães estavam distraídos com os biscoitos, ele ainda era o foco de atenção. Assim que a mesa foi destruída, os cães voltaram a olhar para ele, e percebendo que ainda estava cercado, começou a correr novamente.
“Não! Por favor, não me mordam!” ele gritou, enquanto todos os cães pareciam decidir que seguir Pafúncio era a coisa mais divertida a fazer.
Ele saiu da tenda em disparada, cruzando o gramado e fazendo uma curva em direção à saída do evento.
As pessoas olhavam em choque e riam ao mesmo tempo, enquanto Pafúncio corria, com uma matilha de cães atrás dele, todos latindo e pulando.
Ele se sentiu como um personagem de um filme de comédia, onde a situação se tornou completamente insana.
Finalmente, Pafúncio chegou à saída, onde alguns seguranças estavam de plantão. Eles, percebendo a cena, tentaram conter os cães que estavam se espalhando.
“O que está acontecendo aqui?” perguntou um dos seguranças, tentando ajudar.
“Cães! Eles estão atrás de mim!” Pafúncio gritou, ofegante.
Os seguranças, em vez de ajudá-lo, começaram a rir. “Acho que você se tornou a nova atração do evento!” disse um deles, enquanto tentava controlar a situação.
Com um último esforço, Pafúncio conseguiu se desvencilhar dos cães, que finalmente se distraíram com uma nova bandeja de biscoitos que alguém havia trazido. Ele se afastou, aliviado da própria desgraça.
Ao chegar em casa, ele decidiu que tinha uma história para contar. Enquanto escrevia sua matéria, ele refletiu sobre como a vida pode ser imprevisível, e que, mesmo em meio ao caos, havia sempre espaço para boas risadas.
“Pafúncio, o jornalista que não só entrevistou cães, mas também se transformou em uma verdadeira atração canina!” ele anotou, rindo ao pensar na cena que vivera.
E assim, mais uma vez, ele provou que, independentemente de quão desastrosa uma situação possa parecer, sempre há um lado divertido.
Fonte: José Feldman. Peripécias de um jornalista de fofocas & outros contos. Maringá/PR: IA Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul, 2024.
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