DANIEL MAURÍCIO
Curitiba/PR
Um dia
o meu
silêncio
vai
te faltar
tanto
que com
espanto
tardiamente
me
entenderás.
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Trova de
IZO GOLDMAN
Porto Alegre/RS, 1932 – 2013, São Paulo/SP
Eu, na vida, sou barqueiro
dos meus sonhos sem destino:
sonho bom é o passageiro,
sonho mau é o clandestino.
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Poema de
LUIZ POETA
Rio de Janeiro/RJ
Minha majestade
Não deixes meu olhar dormir no teu,
Eu corro o doce risco de sonhar
A história linda e triste de um plebeu
Que foi pela rainha se encantar.
Não deixes meu o olhar se apaixonar.
O calabouço escuro de uma dor
É o final feliz de um sonhador
Que um dia descobriu o que é amar.
A ponte levadiça se fechou
E dentro do Castelo, eu percebi
Que em cada verde bosque onde vivi,
Não vi que a liberdade se escondeu.
Amei o teu olhar no meu olhar...
Narcisos é que amam refletir
Seus rostos, mas se o espelho lhes mentir,
Vaidosos, eles tentam se matar.
Se esse teu rei souber dos meus anseios
De amar sua rainha... hás de convir,
A sua espada em mim, há de brandir
E exterminar meus trôpegos enleios.
Mas mesmo assim, teu servo passional
Há de sonhar... Quem há de me impedir?
Que eu morra, vendo o teu olhar sorrir,
...assim, te tornarei mais imortal.
Se sou um camponês, que volte e voe...
Pois quem nasceu no bosque é passarinho
E quando o céu azul é o caminho,
Que eu busque em cada bosque que me abençoe.
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Trova Premiada em Irati/PR, 2023
THALMA TAVARES
São Simão / SP
Não te eximas da labuta
que conduz à perfeição...
O talento é pedra bruta
que exige lapidação!
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Poema de
VANICE ZIMERMAN
Curitiba/PR
Flores de nanquim
A ternura de tuas mãos
Dispersa meus véus -
Em suaves movimentos
O pincel desliza,
Acariciando minha pele,
Faz-me sorrir
E, risca, docemente,
Com a fluidez do nanquim
Flores de cerejeira
Em meu corpo e alma -
A essência de teu olhar
Aquece minha nudez
Sou toda tua -
Atemporal tela...
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Trova Popular
Não me tentes com fortuna
para contigo casar:
eu prefiro mais que tenha
coração para me dar...
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Soneto de
FERNANDO ANTONIO BELINO
Sete Lagoas/MG
As grandes águas
As Cataratas, ditas simplesmente,
Foz do Iguaçu, recanto de beleza!
Aqui, teve capricho a natureza,
Moldando este espetáculo imponente!
Fica agitado o coração da gente,
Ao divisar o encanto e a sutileza
Da fauna e flora, unidas à grandeza,
Destas águas, em queda permanente.
Rica dádiva entregue à Humanidade,
Que exige imenso amor, boa vontade.
No zelo de tão belo monumento.
As Cataratas do Iguaçu serão
Eternizadas, feito um deus-trovão
Na voz dos Céus, a ressoar ao vento!
(3° lugar no Concurso Literário-2023, pela Academia Literária do Oeste do Paraná)
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Trova de
RENATO BATISTA NUNES
Vassouras/RJ (1883 – 1965) Rio de Janeiro/RJ
As dores e os desencantos
têm dois destinos diversos:
- ou se dissolvem nos prantos,
- ou se desfazem nos versos.
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Trova Humorística de
LUIZ MONTEZI EVANGELISTA
Santos Dumont/MG
O porco acordou suando,
pois teve um sonho confuso:
- Sonhou que estava morando
com a porca... de um parafuso!
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Soneto de
AMILTON MACIEL MONTEIRO
São José dos Campos/SP
Chuva na praia
Se o céu trocar a chuva pelo sol
vai agradar e muito a todos nós
que estamos do arrebol ao arrebol
curtindo a praia à moda de arigós!
Garoa bem cerrada, igual lençol
encobre tudo, mais do que os torós
e faz com que seu manto de aerosol
nos deixe até com jeito de bocós!
Queremos ter um dia ensolarado
com a paisagem linda e o azul do céu,
curtindo o verde mar encapelado!
São Pedro tenha dó do interiorano;
chuva na praia é duro e bem cruel
para um sonho de sol e pouco pano!
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Trova do
Príncipe dos Trovadores
LUIZ OTÁVIO
Rio de Janeiro/RJ, 1916 – 1977, Santos/SP
Lar vazio... o "nada" em tudo...
a vida sem mais porquê...
- E na sala, o piano mudo,
como fala de você!...
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Soneto de
FLORBELA ESPANCA
Vila Viçosa, 1894 – 1930, Matosinhos
Versos de Orgulho
O mundo quer-me mal porque ninguém
Tem asas como eu tenho! Porque Deus
Me fez nascer Princesa entre plebeus
Numa torre de orgulho e de desdém!
Porque o meu Reino fica para Além!
Porque trago no olhar os vastos céus,
E os ouros e os clarões são todos meus!
Porque Eu sou Eu e porque Eu sou Alguém!
O mundo! O que é o mundo, ó meu amor?!
O jardim dos meus versos todo em flor,
A seara dos teus beijos, pão bendito,
Meus êxtases, meus sonhos, meus cansaços...
São os teus braços dentro dos meus braços:
Via Láctea fechando o Infinito!...
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Trova Funerária Cigana
Se além da sentida morte,
o sentimento vigora,
feliz dos restos mortais
que sobre eles se chora.
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Poemeto de
SOLANGE COLOMBARA
São Paulo / SP
A madrugada jaz fria
no concreto da cidade
e teu corpo incendiado
aquece os lençóis vazios.
A flor grita, em euforia
nos canteiros agitados;
muda, sente calafrios,
chamas da maturidade.
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Trova Humorística de
JOSÉ VALDEZ DE CASTRO MOURA
Pindamonhangaba/SP
É machão! Que fortaleza!
Engrossa a voz e se zanga...
Mas, nos surtos de fraqueza,
fala fino e solta a franga !
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Poema de
ÓGUI LOURENÇO MAURI
Catanduva/SP
Oração ao despertar
Abrindo os olhos, Senhor,
para um dia a mais viver,
vejo a Luz de Vosso amor
abençoando meu ser.
Ponho-me assim na frequência
das Graças que do Alto vêm,
pronto a exercer a clemência,
buscando fazer o bem.
Que a fé me tire o desânimo,
o rancor, a impaciência;
deixe o coração magnânimo,
facho de amor por essência.
Pai, que durante este dia
eu tenha a oportunidade
de sustentar a harmonia
e de fazer caridade.
Nesta jornada, que eu veja
a todos como um irmão,
numa atração benfazeja
a promover compreensão.
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Trova de
FRANCISCO JOSÉ PESSOA
Fortaleza/CE, 1949 - 2020
Trova de agradecimento para o Feldman,
pela divulgação dos versos no blog
Meu irmão adocicado*
quero me fazer presente,
pra agradecer o pingado
de versos que cai na gente.
*Obs: Adocicado porque ambos temos diabetes.
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Soneto de
AUTA DE SOUZA
Macaíba/RN (1876 – 1901) Natal/RN
O Beija-Flor
Acostumei-me a vê-lo todo o dia
De manhãzinha, alegre e prazenteiro,
Beijando as brancas flores de um canteiro
No meu jardim - a pátria da ambrosia.
Pequeno e lindo, só me parecia
Que era da noite o sonho derradeiro...
Vinha trazer às rosas o primeiro
Beijo do Sol, nessa manhã tão fria!
Um dia, foi-se e não voltou... Mas, quando
A suspirar, me ponho contemplando,
Sombria e triste, o meu jardim risonho...
Digo, a pensar no tempo já passado;
Talvez, ó coração amargurado,
Aquele beija-flor fosse o teu sonho!
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Poetrix de
PATRÍCIA ESSINGER
Guaíba/RS
tato
o toque beija:
dedos,
insinuação de lábios.
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Poema de
ARSENY TARKOVSKY
Kirovohrad/Ucrânia (1907 – 1989)
Pela noite
Pela noite concedias-me o favor,
Abriam-se as portas do altar
E a nossa nudez iluminava o escuro
À medida que genufletia. E ao acordar
Eu diria “abençoada sejas!”
Sabendo como pretensiosa era a bênção:
Dormias, os lilases tombavam da mesa
Para tocar-te as pálpebras num universo de azul,
E tu recebias esse sinal sobre as pálpebras
Imóveis, e imóvel estava a tua mão quente.
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Trova Humorística de
THEREZINHA DIEGUEZ BRISOLLA
São Paulo/ SP
"Zerou" no vestibular !!!
Com vergonha, ela tremeu,
disse ao pai, pra disfarçar:
- Sabe a última ? ... Sou eu !
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Poema de
FERNANDO PESSOA
Lisboa/Portugal, 1888 – 1935
Não Sei Quantas Almas Tenho
Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que só que não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.
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Trova da
Princesa dos Trovadores
CAROLINA RAMOS
Santos/SP
Não se queixa de ser pobre,
quem, no seu modesto lar,
trabalha e feliz descobre
que é livre para sonhar!
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Hino de
Alagoinha do Piauí/PI
A alvorada do teu amanhecer
Naquele promissor nove de abril
Prenunciava, nosso renascer
Debaixo desse céu cor de anil.
Terra querida, és nossa vida
Terra de sonhos de valores mil
Alagoinha do Piauí, do Piauí, Brasil.
O vento liberdade perfumando
Espalhando a fragrância da bonança
Os elos da corrente se quebrando
O povo a cantar hinos de esperança.
No folclore a beleza e tradição
Novenários, foguetes e bandeiras
Culto misto de fé e diversão
São Gonçalo, reisado e brincadeiras.
Preservando a cultura desta gente
A arte vem ostentada na bandeira
Ficará o legado eternamente
Aos filhos dessa terra hospitaleira.
Teus filhos são gigantes, são guerreiros
A tirar da mãe terra o seu sustento
Terra boa do feijão dos cajueiros
Que não nega aos teus filhos o alimento.
O seu lema é crescer junto ao seu povo
Seu povo forte, simples, altaneiro
Na luta firme por um mundo novo
Um mundo igualitário e sobranceiro.
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Trova Premiada no Japão
DARLY O. BARROS
São Francisco do Sul/SC, 1941 - 2021, São Paulo/SP
“Há um mundo além do horizonte!”
e, do que almeja, seguro,
o migrante cruza a ponte
entre o presente e o futuro...
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Poema de
ANTÓNIO BOTTO
Concavada/Abrantes/Portugal (1897 – 1959) Rio de Janeiro/RJ
Tenho a certeza
De que entre nós tudo acabou.
- Não há bem que sempre dure,
E o meu, bem pouco durou.
Não levantes os teus braços
Para de novo cingir
A minha carne de seda;
- Vou deixar-te, vou partir!
E se um dia te lembrares
Dos meus olhos cor de bronze
E do meu corpo franzino,
Acalma
A tua sensualidade
Bebendo vinho e cantando
Os versos que te mandei
naquela tarde cinzenta!
Adeus!
Quem fica sofre, bem sei;
Mas sofre mais quem se ausenta!
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Trova Premiada de
RITA MARCIANO MOURÃO
Ribeirão Preto/SP
Ousar não é ser valente
ao buscar gloria e poder.
Ousadia é quando a gente
humaniza o nosso ser!
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Fábula em Versos
adaptada das Fábulas de Monteiro Lobato
JOSÉ FELDMAN
Campo Mourão/PR
Fábula do Lobo e da Ovelha
No campo, o lobo faminto vagava,
A ovelha, inocente, pastava e sonhava.
“Querida ovelha, venha aqui dançar,
Uma festa linda vou te dar!”
Mas a ovelha desconfiou da intenção,
E com astúcia, escapou da armadilha em questão.
Aprendeu que nem tudo é bondade,
E a desconfiança é uma proteção à verdade.
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