Era uma tarde ensolarada em uma cidade onde o futebol era quase uma religião. O clima estava eletrizante, pois o grande jogo da final do campeonato nacional se aproximava. A revista “Fuxicos & Fofocas”, sempre em busca de uma boa história, decidiu que era hora de fazer uma cobertura especial do evento, e, claro, o jornalista Pafúncio Epaminondas foi escolhido para entrevistar os jogadores.
O problema? Pafúncio não entendia nada de futebol. Ele sabia que a bola era redonda e que o objetivo era fazer gols, mas isso era tudo. No entanto, seu editor acreditava que sua habilidade de fazer perguntas poderia resultar em algumas respostas memoráveis. E assim, ele se preparou para a missão.
Chegando ao estádio, Pafúncio vestia uma camisa de um time que ele nem sabia qual era — ele simplesmente pegou a primeira que viu no armário. O ambiente estava repleto de torcedores animados, bandeiras tremulando e gritos de incentivo. Ele se sentiu um pouco deslocado, mas decidiu seguir em frente.
Com seu bloco de notas e caneta em mãos, o jornalista se dirigiu à área de entrevistas, onde os jogadores estavam se preparando para falar com a imprensa. Ele avistou o famoso atacante da equipe, um homem musculoso chamado “Marco Gol”, e foi em sua direção.
“Oi, Marco! Se você fosse um animal, qual seria e por quê?” Pafúncio perguntou, com um sorriso que revelava sua total falta de noção. O jogador, surpreso, olhou para ele e respondeu: “Um leão, porque sou o rei do campo!”
Pafúncio, sem perder tempo, anotou: “Marco Gol se vê como um leão! O rei do campo!” Em sua mente, isso era ouro puro para a revista.
Mas ele não parou por aí. Em seguida, decidiu entrevistar a goleira da equipe, uma mulher chamada “Tana Defesa”. Ele chegou perto e, sem pensar, disparou: “Tana, se você tivesse que escolher entre salvar um gol ou comer um bolo de chocolate, o que escolheria?”
Tana, com uma expressão de espanto e riso, respondeu: “Bom, eu sempre escolheria salvar o gol, mas um bolo de chocolate depois do jogo é tentador!”
“Então, o segredo de uma grande goleira é um bom bolo!” Pafúncio anotou, divertindo-se com sua própria lógica.
Depois de algumas entrevistas absurdas, Pafúncio se sentia cada vez mais confiante, mesmo que não entendesse nada do que estava acontecendo. Ele viu uma oportunidade de ouro ao avistar o técnico da equipe, um homem sério chamado “Armando Tática”. Pafúncio se aproximou, tentando parecer profissional, e perguntou: “Armando, se o futebol fosse uma dança, qual seria e por quê?”
Armando, que não esperava essa pergunta, hesitou e respondeu: “Talvez um tango, porque é preciso muito trabalho em equipe.”
Pafúncio, anotando tudo, pensou em como poderia transformar isso em uma matéria divertida. “Armando Tática diz que o futebol é um tango! Preparem-se para a dança do campeonato!”
Enquanto isso, a atmosfera do estádio estava se aquecendo, e Pafúncio decidiu que precisava fazer mais perguntas. Ele encontrou um jogador que estava se alongando e perguntou: “Se você fosse um super-herói, qual seria seu poder durante uma partida?” O jogador, já acostumado com perguntas estranhas, respondeu: “Super velocidade, claro!”
Pafúncio, animado, exclamou: “Então, você corre mais rápido do que a fofoca na redação!” O jogador riu, mas Pafúncio não percebeu que estava começando a perder a noção da situação.
Ao longo do dia, ele continuou a fazer perguntas absurdas, como: “Se você pudesse trocar de lugar com a bola durante um jogo, o que diria a ela?” e “Qual música você cantaria se estivesse em campo, e por que seria uma balada romântica?” Os jogadores, embora confusos, se divertiram.
Finalmente, chegou a hora do grande jogo. Pafúncio, agora um pouco mais confortável, decidiu que precisava fazer uma última pergunta para o capitão da equipe, um homem carismático chamado “Lino Capitão”. Ele se aproximou e, em um momento de pura inspiração, soltou: “Lino, se a vitória fosse um sabor de sorvete, qual seria e por quê?”
Lino, sem saber se ria ou se ficava sério, respondeu: “Chocolate, porque é sempre a escolha certa!” Pafúncio, radiante, gritou: “Vitória é chocolate! Preparem-se para a taça mais doce da história!”
O jogo começou, e Pafúncio, agora como um verdadeiro comentarista, decidiu que tinha que fazer uma análise ao vivo. Ele começou a gritar coisas como: “Olhem! O leão está correndo para o gol!” e “Tana vai guardar o gol como uma mãe guarda seu filho!” As pessoas ao seu redor riam da sua empolgação, e até alguns torcedores começaram a aplaudir suas observações absurdas.
Ao final do jogo, que terminou em uma vitória emocionante para a equipe de Pafúncio, ele se sentiu como o verdadeiro herói da história. Embora não tivesse entendido nada do que aconteceu em campo, ele conseguiu capturar a essência do evento com suas perguntas inusitadas e seu jeito descontraído.
De volta à redação, Pafúncio escreveu uma matéria que misturava futebol com humor, destacando a visão única que ele trouxe ao evento. E assim, com risadas e trapalhadas, ele provou que, mesmo sem entender o jogo, ainda era capaz de fazer uma cobertura inesquecível e divertida. Afinal, no mundo do futebol, o mais importante é saber aproveitar a alegria do momento — e, se possível, comer um bom bolo de chocolate depois!
Fonte: José Feldman. Peripécias de um jornalista de fofocas & outros contos. Maringá/PR: IA Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul, 2024.
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