DANIEL MAURÍCIO
Curitiba/PR
Saudade
é um
pedacinho
da gente
que ficou
pra trás.
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Trova de
IZO GOLDMAN
Porto Alegre/RS, 1932 – 2013, São Paulo/SP
A violência eu detesto,
porque é pelo amor que eu luto,
sem amor o mundo é um “resto”
eternamente de luto!
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Poema de
LUIZ POETA
Rio de Janeiro/RJ
Sudoeste
Olhando o mar, vi gaivotas, albatrozes,
garças, fragatas, pelicanos e golfinhos,
orcas, jubartes, tubarões... e vi peixinhos,
porém não vi, no horizonte, o teu veleiro.
... ventos uivantes, traiçoeiros e velozes
são os algozes do meu sonho aventureiro
e o meu olhar, fitando ondas tão ferozes,
sentiu a dor do meu amor chegar primeiro.
Se não te vi, meu doce amor, onde estarias?
...alçando velas ao sabor de alguma brisa?
... o sudoeste implacável não avisa
e é preciso conhecer sua emoção
pois, como o mar, amar nem sempre é calmaria,
porém o vento escolhe a própria direção
e quem não sabe conviver com a ventania
sequer conhece os vendavais de uma paixão.
Preso no cais, com meu olhar oceanando
abstrações nos horizontes passionais,
busquei sonhar, sentindo as brisas matinais
na minha na pele, qual tua boca tão macia
... brisa do mar... num sonho bom, acariciando
as emoções, quando o carinho faz poesia,
na areia clara que o mar vai apagando...
mas o desejo mais feliz sempre copia.
Fechei meus olhos e soltei meus devaneios
num céu azul... livre... no ar da esperança...
e quanto mais, no meu sonhar, me fiz criança,
mais eu voava e... quando... enfim... senti o mar,
tu me tocavas com a ternura dos teus seios
e eu percebi o quanto doce era te amar
num sudoeste que acordou os meus anseios,
e ainda trouxe a maciez... do teu olhar.
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Trova Premiada em Irati/PR, 2023
FERNANDO ANTÔNIO BELINO
Sete Lagoas / MG
O tempo, indomável, faz
o rochedo em pedregulho,
mas segue sendo incapaz
de quebrar o teu orgulho!
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Poema de
VANICE ZIMERMAN
Curitiba/PR
Na curvatura dos teus cílios
Em tuas cristalinas e macias asas
O pôr do sol cintila -
Escrevo as inicias do teu nome
Em uma nuvem, àquela... lembra?
Com formato de coração
E, busco
Nas linhas dos teus lábios
O beijo com gosto
Das manhãs... do anoitecer
Das aguadas,
Tingidas com chá de romã,
Deslizando no Canson,
E na curvatura dos teus cílios
Faço uma pausa,
Emociono-me com tua lágrima
E, sinto o pulsar do teu coração
Nas asas de cristal,
Em tons de azul
Tinta, ainda molhada -
Inebria-se o vento,
A umedecer meus olhos...
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Trova Popular
Ó alegria do mundo
por onde é que tens andado?
Tenho corrido mil terras,
e não te tenho encontrado...
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Soneto de
JERSON BRITO
Porto Velho/RO
Tesouro brasileiro
As águas riscam mágico roteiro,
transformam-se na espuma alabastrina
e adornam com babados a cortina
que veste o colossal despenhadeiro.
No rasgo da floresta é rotineiro
o encanto derramado na retina
de quem conhece a graça que domina
a imagem do tesouro brasileiro.
Os cílios verdes dançam reverentes
ao firmamento preso na enxurrada
urdida pelas sôfregas correntes.
É justa toda láurea dedicada
às Cataratas do Iguaçu, presentes
da natureza, sempre desvelada.
(5° lugar no Concurso Literário-2023, pela Academia Literária do Oeste do Paraná)
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Trova de
HERMOCLYDES SIQUEIRA FRANCO
Niterói/RJ (1929 – 2012) Nova Friburgo/RJ
A vagar pela cidade,
desde os tempos de menino,
procuro a felicidade
que mora além do destino!…
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Poema de
ELISA ALDERANI
Ribeirão Preto/SP
Pausa da natureza
Aprendi a seguir o exemplo da natureza...
Parar, observar todos os detalhes que a visão ainda me permite ver...
sentada no chão, sobre folhas mortas, caídas, já ressequidas
vejo a beleza do rio passar;
ele não para, é igual ao tempo que passa.
Ninguém pode parar suas águas que fluem,
agora lentas, ou rápidas, dependendo das estações...
Seguem seu percurso indiferente até chegar ao fim do vale,
quando abraçarão o mar...
A tarde passada olhando essa imagem calmamente,
até as árvores verdes fazem reverência ao rio,
as outras, com folhagem outonal, também estão na pausa,
logo o vento irá despi-las para o inverno passar...
Depois, para elas, virá a primavera mais uma vez.
Assim é a lei da natureza,
olho para o azul do céu,
nuvens brancas passando,
mudam a sintonia do meu pensamento.
Também reverencio minha pausa,
com gratidão ao tempo!
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Trova de
HEDER RUBENS SILVEIRA E SOUZA
Natal/RN
Numa garrafa vazia,
entregue ao mar, confidente,
um retrato reunia
seu passado ao meu presente...
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Soneto de
AMILTON MACIEL MONTEIRO
São José dos Campos/SP
Crepúsculo e aurora
Crepúsculo e aurora são dois marcos
suaves que norteiam meu viver;
seu lusco-fusco que nos lembram zarcos,
para o meu caso é fonte de prazer...
Mas esse par, de fato, são dois barcos:
um que me leva em pelo amanhecer...
e outro que, vendo os meus recursos parcos,
no ocaso, traz-me até meu bem-querer.
O sair e voltar, há longos anos
sempre esteve persente nos meus planos
de eterno amor por minha linda fada...
Saio bem cedo para trabalhar,
e à tardinha regresso ao doce lar,
para os beijos febris de minha amada.
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Trova do
Príncipe dos Trovadores
LUIZ OTÁVIO
Rio de Janeiro/RJ, 1916 – 1977, Santos/SP
Quem vive pela saudade,
por longos anos ou meses,
possui a felicidade
de reviver várias vezes.
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Soneto de
FLORBELA ESPANCA
Vila Viçosa, 1894 – 1930, Matosinhos
Tarde no Mar
A tarde é de ouro rútilo: esbraseia
O horizonte: um cacto purpurino.
E a vaga esbelta que palpita e ondeia,
Com uma frágil graça de menino,
Pousa o manto de arminho na areia
E lá vai, e lá segue ao seu destino!
E o sol, nas casas brancas que incendeia.
Desenha mãos sangrentas de assassino!
Que linda tarde aberta sobre o mar!
Vai deitando do céu molhos de rosas
Que Apolo se entretém a desfolhar...
E, sobre mim, em gestos palpitantes,
As tuas mãos morenas, milagrosas,
São as asas do sol, agonizantes...
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Trova Funerária Cigana
Se queres saber se eu choro,
me empresta a tua mortalha,
com ela enxuga o meu pranto,
e o nosso filho agasalha.
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Poemeto de
SOLANGE COLOMBARA
São Paulo / SP
Um olhar pode eternizar um momento
mas uma noite não dura para sempre.
Um sorriso às vezes é aconchego, ou
pode ser um retrospecto, um lamento.
Mas na noite... O sonho torna-se cura.
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Trova Humorística de
ALMIRA GUARACY REBELO
Belo Horizonte/MG
Sempre a rebaixar a idade...
Mania da tia Stela,
que chegou à raridade
de voltar a ser donzela!
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Poema de
FABIANE BRAGA LIMA
Rio Claro/SP
A mais bela poesia
Páginas… minha escrita sem nexo, hoje gritam
Há uma certa repetição de palavras
Poemas incoerentes, sem lucidez...
Palavras aglomeradas, infindas e rimadas.
Leio um livro, talvez tenha inspiração
Mas a saudade me faz companhia
Sempre presente, me faz melancólica
Aonde se esconde...!? Não a vejo!
Leal e afável. De repente me deixou...
Palavras belas, tua essência incógnita
Formoso, não sei! Vasto de encanto...
Tento te decifrar, mas não consigo, não lhe ouço
Preciso recomeçar, viver. Largo tua mão!
Cativou-me, seremos a mais bela de todas as poesias...
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Trova de
A. A. DE ASSIS
Maringá/PR
Canoando mar afora,
a esperança me conduz.
Já vejo lá adiante a aurora
trazendo uma nova luz.
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Soneto de
GILSON FAUSTINO MAIA
Petrópolis/RJ
Meu Conselho
Eu não gostei, amigo, do seu vício.
É fumaça demais na atmosfera.
Deixe o tempo correr, é primavera,
não lance o seu futuro em precipício.
Não use, em sua vida, um artifício
para matar o tempo enquanto espera
o fechar da cortina e da quimera
que envolve o nosso mundo, desde o início.
Viva a paz, viva o amor, a natureza!
Seja o seu corpo rocha, fortaleza,
dê, então, ao seu vício longas férias.
Com saúde não faça brincadeira.
Para que entupir, dessa maneira,
o caminho do sangue nas artérias?
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Poetrix de
RICARDO MANIERI
Porto Alegre/RS
do tempo
Contemplo o tempo
do alto de meus dias
e sinto alguma vertigem…
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Soneto de
EDY SOARES
Vila Velha/ES
Desilusão
Qualquer dia, qualquer hora,
ponho minha viola no saco,
pego um par de chinelos e sapatos,
arrumo a mochila e vou embora.
Não quero ficar pra assistir o final,
esforçar pro filme não acabar mal,
se não posso mudar o roteiro
tenho direito de querer estar fora.
Minha bagagem é mesmo pequena.
sou coadjuvante em qualquer cena,
e no fim, do longa, sempre alguém chora.
Nunca fui muito bom de comédia,
virou drama e eu perdi as rédeas.
Substitua-me que eu quero ir embora.
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Trova Humorística de
THEREZINHA DIEGUEZ BRISOLLA
São Paulo/ SP
Gera corrida e surpresa,
notícia mal pontuada:
"A Mulata Globeleza
visita a Serra Pelada"!
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Poema de
FERNANDO PESSOA
Lisboa/Portugal, 1888 – 1935
Tudo quanto penso
Tudo quanto penso,
Tudo quanto sou
É um deserto imenso
Onde nem eu estou.
Extensão parada
Sem nada a estar ali,
Areia peneirada
Vou dar-lhe a ferroada
Da vida que vivi.
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Trova da
Princesa dos Trovadores
CAROLINA RAMOS
Santos/SP
O mar da vida parece
que, às vezes, quer me afogar,
mas, Deus, que nunca me esquece,
atira a boia no mar!...
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Hino de
Piracuruca/PI
Água que vem da terra fria
E no nosso peito deságua
Feliz daquele que um dia
Bebe dessa água
Terra da lenda e da magia
Das Sete Cidades encantadas
Onde as pedras são vivas esculturas
Que se movem pelas madrugadas
E Olho D’Água do Padre
Rua da Goela e majestosa Igreja
De Nossa Senhora Do Carmo
Que eu adoro onde quer que eu esteja
Por todo lugar onde passo
Hospitaleira ela me aninha
Do Casarão do Padre Sá Palácio
Ao regaço da Prainha
Fogo que é fé e chama e luz
E traduz a força do lugar
Piracuruca dos Tocarijus
Quero este teu ar
Teu ar de grandeza e liberdade
Que os Dantas heróis precursores
Legaram a toda cidade.
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Trova Premiada no Japão
DÁGUIMA VERÔNICA DE OLIVEIRA
Santa Juliana/MG
O sertanejo migrante,
fugindo à seca que avança,
nos sonhos de retirante
põe o resto da esperança.
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Sonetilho de
OLIVALDO JUNIOR
Mogi-Guaçu/SP
No barzinho do Olivaldo
No barzinho do Olivaldo,
bebedor, só de poesia,
que poesia que dá caldo
para a nossa freguesia.
No barzinho do Olivaldo,
todo mundo tem valia,
devedor, o eterno saldo
que se paga dia a dia.
Quem faz falta nesse bar
é "cliente" para enchê-lo,
gente amiga a papear.
Um "Toquinho" pra tocar,
e o Olivaldo, num "apelo",
pode o bar inaugurar.
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Trova Premiada de
RITA MARCIANO MOURÃO
Ribeirão Preto/SP
Quando a lua me abre as frestas
das lembranças que são tuas,
eu choro as velhas serestas
feitas à luz de outras luas!
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Fábula em Versos
adaptada das Fábulas de Monteiro Lobato
JOSÉ FELDMAN
Campo Mourão/PR
Fábula do Pato e da Garça
Um pato nadava, feliz na lagoa,
Enquanto a garça, elegante, voava à toa.
“Venha comigo, vamos dançar!”
Disse o pato, com jeito de encantar.
Mas a garça, com graça, apenas sorriu,
“Cada um tem seu jeito, sigo o meu.” Ela arguiu.
No final, aprenderam a respeitar,
Que a beleza está em cada um, ao brilhar.
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