quinta-feira, 19 de junho de 2008

Notícias em Tempo


A editora Carlini&Caniato/TantaTinta ganhou destaque na edição de junho da revista Globo Rural, pela publicação do livro “Aldeia de Minas”, dos autores César Saullo e Regis de Morais. O livro tem como tema a cidade de Passa Quatro, retratada por meio de fotos e poesias que revelam o cotidiano do interior mineiro. O prefácio do livro é do famoso escritor e psicanalista Rubem Alves. Mais informações sobre a editora pelo telefone (65)3023-5714, ou pelo site http://www.tantatinta.com.br/ .
Fonte:
http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=319399
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O Japão é um país repleto de lendas e tradições milenares. Para quase tudo o que existe lá, há uma lenda explicando sua origem. Os contos são passados de geração para geração e costumam encantar adultos e crianças.
Com as comemorações dos cem anos da imigração japonesa, o interesse pelas histórias japonesas tem aumentado no Brasil e para esse público há uma boa novidade. Semana que vem, o ilustrador da Tribuna do Paraná, jornalista, poeta e escritor Cláudio Seto estará lançando o livro Lendas trazidas pelos imigrantes do Japão. São quinze histórias ilustradas.
Lançamento de Lendas trazidas pelos Imigrantes do Japão, 26 de junho (quinta-feira), 19h30.
Livraria Curitiba do shopping Estação. Entrada gratuita.
Fonte:
http://www.parana-online.com.br/noticias/
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VI CONCURSO INTERNACIONAL DE POETRIX
VI ANNUAL INTERNATIONAL OF POETRIX CONTEST
Com o objetivo de popularizar a linguagem poética POETRIX, o MIP - Movimento Internacional Poetrix promove o VI CONCURSO INTERNACIONAL DE POETRIX, que será regido pelo seguinte regulamento:

REGULAMENTO

POETRIX é um poema composto de título e uma estrofe de três versos (terceto) com um máximo de trinta sílabas métricas.

Cada autor pode enviar quantos poetrix inéditos (jamais publicados nem divulgados em qualquer meio) desejar, em português, inglês, italiano ou espanhol, sobre qualquer temática.

Os trabalhos deverão ser enviados em qualquer formato, em três vias, sob pseudônimo.
Junto com os trabalhos deverá ser enviado envelope lacrado onde, externamente, constará apenas os títulos dos poetrix e o pseudônimo do autor. Internamente deverá ser informado seu nome, endereço completo, telefone, e-mail, títulos dos poetrix, pseudônimo e breve curriculum literário.

Para cada poetrix inscrito deverá ser enviada uma taxa de R$ 1,00 (um real) para o Brasil ou US$ 1,00 (um dólar) para os demais países, até o dia 30/06/2008.
Os trabalhos deverão ser enviados para:

VI CONCURSO INTERNACIONAL DE POETRIX – Caixa Postal 8622 – Ag. Shopping Itaigara – 41857-970 - Salvador – Bahia – Brasil.
[...] mais informações aqui: http://www.movimentopoetrix.com/
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Euclides Cavaco tem a subida honra de participar a todos os seus amigos e leitores a apresentação do seu novo livro HORIZONTES DA POESIA no PALÁCIO GALVEIAS, Localizado junto ao Campo Pequeno, em LISBOA, Sábado dia 14 de Junho às 19:00 horas. Com a colaboração da ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE POETAS, presidido pela sua digníssima Presidente, Dra. Maria Ivone Vairinho
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EDITORIAL MINERVA (DNA), e os autores realizaram a sessão de apresentação da obra POIESIS - antologia de poesia e prosa poética portuguesa contemporânea, Vol. XVI - 58 autores*, (capa do artista plástico Luís Folgosa) no dia 14 (Sábado) de Junho de 2008 16:30 horas no AUDITÓRIO CARLOS PAREDES, Junta de Freguesia de Benfica, Avª Gomes Pereira, 17 – Benfica – Lisboa.
Apresentação dos autores e da obra pelo “animador de ideias” Ângelo Rodrigues. Todos os autores interessados tiveram a oportunidade de uma breve intervenção. Seleção e leitura de dois poemas da obra por Cristina Estrompa e von Trina. Momento musical (canções) pela ANIMATUNA de Lisboa.
Autores presentes: Alberto Pereira; Ana Sara Carvalho; Ângela Constantino; António da Conceição Penedo; Armando Mendes; Arnaldo Guedes; Carlos Barroso; Carmen Zita Ferreira; Carvalho Marques; Catarina Mouro; Cátia Alves; Débora d’Andrade; Delmar Maia Gonçalves; Emídia Salvador; Fernando Duarte Pereira; Irondina Viegas; Jeracina Gonçalves
João Aires Guerreiro; João Amendoeira; João Filipe Ferreira; João Franco; João Luís Cardoso Martins Alves; John E. Contreiras; José Branquinho; José Verdasca dos Santos; Júlia Brimbela; Leonor Bettencourt Bernardo; Lúcia Lupenny Rodrigues; Lucília Novo Quesada; Luísa Ferreira Redondo; Manuel José Caria Gonçalves; Maria Alice Peixoto; Maria Ana Silva; Maria do Céu S.; Maria Elisabete Simões; Maria Helena Dinis Prata Tomás; Maria Victória Rodrigues Pereira; Mariana Reis; Mário Cirilo Viegas; Mel de Carvalho; Nobre Serena; Pais Garcia; Penélope Ramos Chichorro Rodrigues; Piedade Araújo Sol; Roberto Tavares; Rosélia Maria Guerreiro Martins; Rute Galvão; Rute Silva; Sara Madaleno; Sara Martins; Sérgio Godunhos; Severino Moreira; Shinya Jordão; Sílvia Soares; Vanda Caetano; Vera Alexandra M. de Sousa; Vera Novo Fornelos; Yeshua
PREÂMBULO

1. E voltou a “acontecer poesia”, isto é, POIESIS – Vol. XVI, antologia que inclui também alguns autores da CPLP bem como autores portugueses residentes no estrangeiro. Sejam bem-vindos à leitura e fruição desta obra colectiva que, quer queiramos quer não, conquistou já um pequeno lugar no “panorama literário português”, seja lá isso o que for.

2. POIESIS é uma obra de continuação, consolidação, luta e resistência para um número apreciável de autores e também uma oportunidade de publicação para muitos outros; também por isso, uma parte do que aqui se encontra, são experiências literárias com óbvias diferenças técnicas, estilísticas, estéticas, intenção e sentido (...). Seria muito difícil e provavelmente inútil, desconstruir e analisar manchas criativas de tão grande e diversa subjectividade, experimentação e procura (do graal de cada um). Não vamos por aí.

3. A obra em presença resulta de uma comum paixão; não é apenas um espaço de divulgação poética e para-poética com ecletismos, “ecumenismos”, nostalgias, futurismos, diferenças, atitudes, descobertas, revelações... pretende também e mais do que tudo, aferir, “fazer-desenvolver” e facultar uma alternativa intercultural e se possível transcultural, estabelecendo um sistema global de comunicação, de crítica e debate - ser alternativa, dar expressão e sentido aos processos criativos em Língua Portuguesa.

4. E porque há coragem, sonho, amor, vontade de partilha, cumplicidades, mistérios, encantamentos, desejos..., ficou menos tímida e um pouco mais ousada, a Musa oculta e irregular que habita a espiritualidade dos homens.

5. Porque escrever é um acto de solidão e porque publicar é sempre um acto de resistência, de muita coragem e ousadia, um renovado e intenso abraço a todos os autores que - uma vez mais - tornaram possível esta outra aventura.

Ângelo Rodrigues
Coordenador literário do DNA
Fonte:
http://www.joaquimevonio.com/agenda.htm
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Fonte:
Colaboração de Douglas Lara. In http://www.sorocaba.com.br/acontece

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Prêmio Literário “Notáveis Escritores do Brasil” e “Agenda 2009"


REGULAMENTO
I Premio Literário Notáveis Escritores do Brasil

1 – Categorias

O “I Premio Literário Notáveis Escritores do Brasil” estará recebendo obras nos seguintes gêneros literários: poesia, conto, novela, crônica e romance.

2 – Como participar:

As obras concorrentes poderão ser inscritas até o dia 30 de junho de 2008. As obras inscritas poderão ter sido publicadas anteriormente.

Etapas para inscrição:

* preenchimento da ficha de inscrição;
* pagamento da taxa de inscrição no valor de R$ 40,00 (quarenta reais). O pagamento deverá ser efetuado no ato da inscrição, através de depósito bancário, na seguinte conta em nome de Katya Marcos da Silva, Banco do Brasil – agência 4214-5, c/c: 6195-6 (envie uma cópia do comprovante de depósito para a Editora por e-mail ou correio).
* envio postal ou entrega, na própria Editora, de 1 (um) exemplar da obra concorrente, obedecendo às seguintes especificações:
* obra impressa em Times New Roman, corpo 12, entrelinhamento duplo e com, no máximo, 100 (cem) páginas;
* os exemplares enviados para o prêmio NÃO serão devolvidos após sua leitura pela Comissão Julgadora;
* não serão aceitas antologias para julgamento;
* o autor poderá concorrer em uma ou mais categorias, obedecendo sempre aos itens deste regulamento, como envio das obras nos moldes descritos e o pagamento da taxa para cada obra inscrita.

3 – Envio da(s) obra(s)

As obras deverão ser enviadas por e-mail: casadonovoautor@uol.com.br, ou pelo correio para Rua General Lecor, 56 – Ipiranga – São Paulo – SP – CEP. 04213-020.

4 – Comissão Julgadora

As obras inscritas serão analisadas por uma equipe de 5 (cinco) jurados especialmente convidados para o prêmio, e responsáveis por selecionar, cada um, 1 (um) título de cada categoria.

(4a) Serão selecionadas cinco (cinco) obras de cada categoria e, na etapa final, os editores da Casa do Novo Autor Editora tomarão parte, selecionando, com o auxílio da Comissão Julgadora, a obra vencedora.

5 – Premiação

O ganhador do “I Prêmio Literário Notáveis Escritores do Brasil”, promovido exclusivamente pela Casa do Novo Autor Editora, irá receber certificado de premiação e a edição da obra premiada em 100 (cem) exemplares, com registro de ISBN (código de barras) e Catalogação na CBL.

6 - Resultado

O resultado do concurso será divulgado dia 20 de julho de 2008.

7 - Outras informações

Os concorrentes que preencherem todos os requisitos dispostos neste regulamento estarão fazendo parte do “I Prêmio Literário Notáveis Escritores do Brasil” e concorrendo ao prêmio de publicação.

A decisão da Comissão Julgadora será soberana e não merecerá mudanças por parte dos concorrentes.

Os casos omissos serão resolvidos diretamente pela Editora e, havendo dúvidas, os concorrentes poderão solicitar informações complementares através do e-mail casadonovoautor@uol.com.br, ou pelos tel.: (11) 6163-0709 e 6169-9963.


Modelo de FICHA DE INSCRIÇÃO I PREMIO LITERÁRIO NOTÁVEIS ESCRITORES DO BRASIL (encontrado no site)

INSCRIÇÕES ATÉ 30 DE JUNHO DE 2008!

DADOS DO AUTOR:
Nome completo: ___________________________
Nome como será editado no livro: _________
Data de nascimento:____/____/_____________
Endereço :________________________________
CEP: ____________ Tel:( )_______________
e-mail: ________________
Cidade:____________________ Estado:_______
RG:________________ CPF: _________________

PAGAMENTO DA INSCRIÇÃO:
( ) em dinheiro
( ) cheque
( ) depósito bancário

Para depósitos em conta corrente:
Em nome de Katya Marcos da Silva - Banco do Brasil - agência 4214-5 - conta corrente: 6195-6
* enviar cópia do comprovante do depósito por e-mail ou correio.

Data____/____/____


________________________________
Assinatura do autor/responsável


Enviar esta ficha preenchida e assinada por e-mail ou pelo correio.

Fonte:
http://www.casadonovoautor.com.br/

Quer editar seu livro?




A Casa do Novo Autor Editora está fazendo de tudo para você publicar suas obras literárias!

“REALIZE SEU SONHO, PUBLIQUE SEU LIVRO!”

A Casa do Novo Autor Editora criou facilidades para você ter seu livro editado. Entre elas, e graças ao moderno sistema de impressão digital adotado, conseguimos produzir pequenas tiragens, viabilizando assim sua publicação.Além do baixo custo de impressão para pequenas quantidades, o sistema dispensa o uso de fotolitos, inclusive para capas em quadricromia, possibilitando menor custo e economia já na produção.

O processo digital permite ainda usar um original antigo ou mesmo um exemplar já esgotado como matriz. A possibilidade de imprimir edições a partir de 50 exemplares é hoje uma realidade. A quantidade certa de livros em pequenas tiragens é o nosso negócio.Basta enviar-nos sem compromisso sua obra digitada que a encaminharemos à nossa comissão de leitura e avaliação de originais. Após esta etapa você receberá a seguinte proposta:

A Casa do novo Autor criou o PEP (Plano Executivo de Publicação) Neste sistema você poderá pagar a edição em até 12 parcelas, isso mesmo, UM ANO e receberá um cronograma completo da edição passo a passo, assim você poderá acompanhar todo o processo de edição do seu livro.

Aceitando nossa proposta, seu livro terá:

* revisão ortográfica,
* composição eletrônica, capa 4 cores
* ficha catalográfica pela Câmara Brasileira do Livro
* registro no ISBN pela Biblioteca Nacional,
* código de barras,
* contribuição legal à Biblioteca Nacional,
* 100 convites para o lançamento.

PROMOÇÃO POR TEMPO LIMITADO

Casa do Novo Autor Editora
Rua Clóvis Bueno de Azevedo, 159 – Ipiranga - CEP. 04266-040
Tel: (11) 6163-0709 ou (11) 6169-9963
e-mail: casadonovoautor@uol.com.br

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Fonte:
e-mail enviado pela Casa do Novo Autor

Paraná em Trovas (Convite)


A Diretoria da Seção de Curitiba da União Brasileira de Trovadores convida para as as festividades dos XV JOGOS FLORAIS DE CURITIBA/2008

Dia 20/06/2008 – Sexta-feira
18h00 – Recepção de boas-vindas aos Trovadores visitantes, no saguão do Alta Reggia Plaza Hotel
19h30 – Saída para a Câmara Municipal de Curitiba.
20h00 – Abertura do evento no Palácio Rio Branco - Plenário da Câmara Municipal de Curitiba.
Após, coquetel de confraternização oferecido pela Câmara Municipal, no auditório do prédio anexo .
Distribuição do Livro dos XV Jogos Florais de Curitiba
Lançamento do livro “Paraná em Trovas” por Vânia Ennes – Presidente Estadual da UBT.

Dia 21/06/2008 – Sábado
10h00 - Passeio turístico pela cidade
13h00 - Almoço festivo com rodada de trovas, sorteio de brindes e muita alegria na Sapolândia – Chácara Derosso – Rua Desembargador Antonio de Paula, 3695 – Bairro Xaxim.
Final da tarde livre
20h00 - Ato Solene de premiação, dos vencedores dos concursos de âmbito nacional e estadual, no auditório Sala Londrina do Memorial de Curitiba Rua Claudino dos Santos com R José Bonifácio.(Junto ao Largo da Ordem)
A seguir, coquetel, no saguão do primeiro andar.
Distribuição do livro dos XIV Jogos Florais de Curitiba.

Dia 22/06/2008 – Domingo
10h - Visita à feira de artesanato do Largo da Ordem
13h00 – Almoço de encerramento, com rodada de trovas no salão do Instituto de Engenharia do Paraná (1ºAndar).( almoço por adesão: R$ 30,00 por pessoa).
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Haverá ônibus para deslocamento para os eventos e passeio pela cidade.
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Informações: Luiz Hélio (41)3078-7357 ou (41)9228-6129 ou pelo
e.mail: luizheliof@gmail.com

Pará em Luto



Depois de quase um mês internado faleceu na noite deste domingo (15), em um hospital particular da capital, o escritor Benedicto Wilfredo Monteiro. O velório será na Academia Paraense de Letras. O sepultamento acontece na segunda-feira (16), no cemitério Max Domini, em Ananindeua.

Monteiro foi internado no dia 22 de maio, após uma reação a um medicamento. Desde então teve oscilações em seu quadro clínico. Chegou a ficar interando na UTI(Unidade de Terapia Intensiva) e também a ter melhora no quadro.

Segundo a família a causa da morte foi falência múltipla dos orgãos. 'Ele estava em tratamento de câncer nos ossos. Estamos muito chocados ainda', disse a neta, Taiana Monteiro.

Aos 84 anos, Benedicto Monteiro é um dos mais importantes e destacados escritores paraenses do século 20. Nascido em Alenquer, é escritor, advogado, jornalista e político reconhecido nacional e internacionalmente pela sua luta pela democracia e ligação com os movimentos que combateram o regime militar de cuja ditadura, o escritor foi vítima, perseguido e prisioneiro.
Benedicto Monteiro criou a Procuradoria Geral do Estado, sendo o primeiro Procurador Geral. Em 1983, também criou e organizou a Defensoria Pública do Estado do Pará.

Além de integrante da Academia Paraense de Letras, Monteiro também era membro do Instituto Histórico e Geográfico do Pará e da Academia Paraense de Jornalismo.

Fonte:
Defensoria Pública do Estado do Pará
http://www.defensoria.pa.gov.br/?q=node/105

Benedicto Monteiro (1924 - 2008)


Benedicto Wilfredo Monteiro nasceu no dia 1°. de março de 1924, em Alenquer no Estado do Pará. É filho de Ludgero Burlamaqui Monteiro e Heribertina Batista Monteiro. Fez o curso de Humanidades no Colégio Marista N.S. de Nazaré em Belém e completou os seus estudos de ginásio no Rio de Janeiro, onde cursou Direito na Universidade do Brasil. Ainda no Rio, exerceu o jornalismo na imprensa local e publicou o seu primeiro livro de poesia Bandeira Branca, pela editora Zélio Valverde (1945) prefaciado pelo escritor Dalcídio Jurandir.

Casado com Wanda Marques Monteiro, com a qual teve cinco filhos: Aldanery, Ana Luiza, Wanda Benedita, Benedicto Filho e Dulcinez. Os filhos lhe deram dez netos: Bonny, Tahiana,Carlos Tadeu, Carla, Marcelo, André, Aline, Diego, Cauê, Iago e duas bisnetas: Luara e Luma.

Bacharelou-se em Ciências Jurídicas e Sociais, exerceu os cargos de Promotor Público, Juiz de Direito e Secretário de Estado. Foi eleito Deputado Estadual, tendo sido cassado em 1964, pelo regime militar instalado. Caçado como animal, nas matas de Alenquer, ficou preso e incomunicável por vários meses e foi torturado e marginalizado da sociedade, tendo seus direitos políticos suspensos por mais de 10 anos. Depois que saiu da prisão, dedicou-se ao exercício da advocacia agrarista e à literatura, tendo publicado o livro Direito Agrário e Processo Fundiário e vários livros de poesia e ficção que constam de seus dados bibliográficos.

O seu livro de contos Carro dos Milagres, foi premiado pela Academia Paraense de Letras, e o romance A Terceira Margem, recebeu o Prêmio Nacional de Literatura da Fundação Cultural do Distrito Federal.

Benedicto Monteiro, além de se destacar por sua atuação como Advogado Agrarista e como Parlamentar em defesa da Amazônia, também exerceu o magistério, como Professor convidado, ministrou palestras em Seminários e Cursos de Extensão Universitária e aulas de Direito Agrário em Instituições de Ensino de Nivel Superior, ainda encontrava tempo para compor músicas com temas amazônicos que apresentam rítmos que fazem parte da cultura do Pará, como o lundum, o marambiré e a toada.

Redemocratizado o país, foi eleito Deputado Federal e foi reeleito para a Assembléia Nacional Constituinte. Criou a Procuradoria Geral do Estado do Pará e foi o seu primeiro Procurador Geral. Criou e organizou a Denfensoria Pública do Estado do Pará.

A obra do escritor Benedicto Monteiro é reconhecida e prestigiada não só no Brasil, mas,sobretudo no Exterior. Na Europa, em países como Portugal, Holanda, Itália e Alemanha ( Berlim e Colonia), onde suas obras são traduzidas e servem como objeto de teses de mestrado e doutorado, e de monografias e estudos acadêmicos.

Especialmente na Alemanha, onde em tese de doutorado defendida pelo Professor Klaus Meyer Koeken, intitulada "Die Illusion Von oraitãt im brasilianischen Roman": "Zur Simulation realer Sprechsituationen in drei ‘mündich erzählten Lebensgeschichten ", com resumo em português: "A ilusão da oralidade no romance brasileiro", destaca e considera o romancista brasileiro Benedicto Monteiro como um dos representantes da literatura brasileira neste estilo de narrativa, colocando-o ao lado dos renomados escritores França Junior e Guimarães Rosa.

Nos Estados Unidos da América, sua obra literária é objeto de estudo acadêmico de autoria do Professor Macolm Silverman da San Diego State University – Califórnia, que em sua obra traduzida para o português intitulada "Protesto e o novo romance brasileiro", dá destaque à obra do escritor Benedicto Monteiro e comenta: "...Ao iluminar a noite simbolicamente,

Benedicto Monteiro termina Verde Vagomundo com uma nota de esperança e resistência, cujo otimismo era, ironicamente, difundido logo após o golpe militar, embora já houvesse terminado ao tempo da publicação do romance...". Esta estudo, com tradução de Carlos Araújo, foi publicada no Brasil pela Editora Civilização Brasileira, no Rio de Janeiro, no ano de 2000 e é considerado o melhor "Melhor Livro de Ensaios"- Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte.

Seu livro de Contos O Carro dos Milagres foi, durante vários anos consecutivos, recomendado como leitura obrigatória para o Vestibular, com textos selecionados para interpretaçao, pela Universidade Federal do Pará e por outras entidades privadas de ensino superior. E ainda, serviu de roteiro para peças de teatro e filmes de curta metragem.

O escritor Benedicto Monteiro recorrendo a sua vasta experiência literária, contextualizou a história do Pará, com todas as suas nuances e dimensões, resgatando, de forma didática, os valores da rica cultura paraense, lançando em parceria com as Organizações Rômulo Maiorama- ORM, a obra História do Pará, distribuída em fascículos encartados pelo jornal "O Liberal" no ano de 2001. Esta obra representa a síntese da história paraense, desde os fundamentos da pré-história amazônica à sua contemporaneidade, sob o ponto de vista econômico, geográfico, social, político e ecológico.

Na literatura publicou os livros: A Tetralogia Amazônia - Verde Vagomundo, O Minossauro, A Terceira Margem e Aquem Um. Além dessa tetralogia, publicou os livros Carro dos Milagres, Cancioneiro do Dalcídio, Como se faz um Guerrilheiro, todos publicados em editoras do Rio de Janeiro e São Paulo. Recentemente publicou, Maria de Todos os Rios, Transtempo, Discurso sobre a Corda e A Poesia do Texto. Dedicou-se, há mais de 10 anos, a escrever artigos semanais para os jornais O Liberal e a Província do Pará. Tanto os seus livros que compõem a Tetralogia Amazônica como O Carro dos Milagres e a Maria de Todos os Rios, têm sido objetos de estudo das Universidades Brasileiras.

Em Colônia e Berlim, Alemanha, seus livros foram selecionados na literatura brasilera como repretativos da ilusão da oralidade no romance brasileiro juntamente com Guimarães Rosa e Osvaldo França Jr., tendo a Universidade de Colônia editado um livro sobre esse assunto.

Recentemente Maria de Todos os Rios, foi publicado na Holanda.

Como membro da Academia Paraense de Letras, recebeu a Medalha José Veríssimo. Assim como recebeu o título de Honra ao Mérito da Câmara Municipal de Santarém, da Câmara Municipal de Alenquer, da Câmara Municipal de Belém e da Assembléia Legislativa do Estado do Pará.

Recentemente, Benedicto Monteiro, publicou cinco volumes de livros sobre história, geografia, economia e questões sociais da Amazônia e especificamente do Estado do Pará. São livros didáticos dedicados ao ensino fundamental, mas que interessam a todas as pessoas que queiram conhecer a Amazônia. Eles tratam desde a época pré-colonial, a era dos descobrimentos, até os nossos dias.

Benedicto Monteiro escreveu também dez contos infanto juvenis, sobre as lendas amazônicas.
"Quando escrevo faço o exercício da minha mais íntima liberdade".

Fontes:
http://www.verdevagomundo.com.br/obrasverde.htm
http://www.alenquerpara.com.br/?pg=noticia&id=144

Lendas Indigenas (Kuadê – Jurun mata o sol ; Poronominaré; Sinaá; Begorotire; Kuát e Iaê; Iamulumulu)

Kuadê – Jurun mata o sol

Jurun mata o Sol Kuadê, o Sol, era gente também. Morava longe e falava outra língua. Os Juruna costumavam passear na casa dele. Perto de onde morava o Sol tinha um buraco na pedra que estava sempre cheio de água. Era uma armadilha para pegar bicho. Bicho que enfiava a cabeça no buraco para beber água ficava preso. Todos os dias o Sol ia ver se havia caça presa. Quando encontrava, matava e levava pra casa para comer. A pesca, ele só fazia à noite, clareando a água com uma luz que ele tinha no traseiro. Ele zangava e matava quem dizia ter visto a sua luz. Havia um moço Juruna que não sabia da armadilha do Sol, o buraco na pedra.

Passando perto um dia, com sede, foi beber e ficou preso pela mão. Quando no outro dia viu o Sol que se vinha aproximando na sua visita diária, o moço fingiu de morto. Deitou e ficou imóvel, com o coração parado também, de tanto medo. O Sol chegou e começou a examiná-lo. Abriu a boca, os olhos, apalpou o peito e verificou que estava tudo parado como gente morta. Aí o Sol desprendeu o moço Juruna do buraco e o colocou dentro de um cesto para ser transportado. Mas antes de pôr o cesto nas costas, para ver se o moço estava bem morto mesmo, jogou formiga em cima dele. O Juruna aguentou as formigas, sem se mexer, mas quando elas morderam nos olhos, ele se mexeu um pouquinho.

A borduna do Sol, que estava perto, percebendo o movimento, quis logo bater, mas o dono não deixou, dizendo que o Juruna estava bem morto. Em seguida, o Sol levou o cesto com o corpo para perto da casa dele, pendurando-o no galho de uma árvore. No dia seguinte, pediu ao filho que trouxesse o cesto para dentro de casa. O filho do Sol foi mas não encontrou mais o Juruna. Ele tinha fugido de noite. O Sol sabendo disso, na mesma hora jogou a sua borduna atrás dele. a borduna saiu voando e logo adiante bateu num veado.

O Sol disse que não era aquilo que ele queria, e saiu em perseguição, até que encontrou o fugitivo escondido na raiz oca de um pau. A borduna chegou e começou logo a bater no tronco. Vendo que isso não dava resultado, cortou uma vara e passou a chuçar o buraco. O Juruna ficou todo machucado, mas continuou dentro da toca. Como já estava muito tarde, o Sol tapou a boca do buraco com uma pedra e disse para a borduna: "Amanhã nós voltamos para acabar de matar". De noite, na ausência do Sol, todo tipo de bicho - anta, porco, veado, macaco, paca, cutia - apareceu para ajudar o moço Juruna a sair de dentro da toca onde se tinha enfiado.

Lá dentro, ele pedia: "Cavem esse pau para eu sair". Os bichos começaram a cavar. Quando os seus dentes quebravam, iam à procura de outros bichos para continuar a escavação. a anta conseguiu abrir uma pequena saída. O moço Juruna pôs a cabeça para fora e pediu que cavassem mais um pouco. Com o alargamento que a cutia e a paca, por último, fizeram, ele pôde sair de uma vez para fora. Quando o sol chegou, não o encontrou mais. O moço a essa hora já estava chegando em casa. Lá, contou para os parentes o que havia acontecido com ele, dizendo que quase tinha sido morto pelo Sol.

Três dias depois foi dizer à mãe que ia sair novamente para colher coco. A mãe, chorando, pediu a ele que não fosse. "Não vá, meu filho, que o Sol vai matar você". O moço, depois de cortar todo o cabelo e se pintar de jenipapo, foi dizer à mãe que assim como estava não ia ser reconhecido pelo Sol. "Não tenha medo, que o Sol não me vai conhecer. Agora estou diferente". Falou isso e entrou mata adentro. Subiu no primeiro inajá que encontrou e ficou lá em cima colhendo coco.

Certo jovem, não muito belo, era admirado e desejado por todas as moças de sua tribo por tocar flauta maravilhosamente bem. Deram-lhe então o nome de Catuboré, (flauta encantada). Entre elas, a bela Mainá conseguiu o seu amor; casar-se-iam durante a primavera. Certo dia, já próximo do grande dia, Catuboré foi à pesca e de lá não mais voltou. Saindo a tribo inteira à sua procura, encontraram-no sem vida à sombra de uma árvore, mordido por uma cobra venenosa. Sepultaram-no no próprio local. Mainá, desconsolada, passava várias horas a chorar sua grande perda. A alma de Catuboré, sentindo o sofrimento de sua noiva, lamentava-se profundamente pelo seu infortúnio. Não podendo encontrar paz pediu ajuda ao Deus Tupã. Este então transformou a alma do jovem no pássaro Irapuru, que mesmo com escassa beleza possui um canto maravilhoso, semelhante ao som da flauta, para alegrar a alma de Mainá. O cantar do Irapuru ainda hoje contagia com seu amor os outros pássaros e todos os seres da Natureza.

Irapuru = pássaro
Catuboré = nome índio - masculino
Mainá = nome índio - feminino

O Sol, que passava por perto, pensou que era macaco que estava no alto da palmeira. Quando viu que era gente e reconheceu o Juruna, disse assim: -Quase matei você naquele dia, mas agora você vai morrer. -Eu não sou quem você está pensando. Sou outro - disse o moço lá do alto. Mas o Sol sabia, e replicou: - É você mesmo. Desça daí que você vai morrer agora mesmo. O Juruna, então, lá da copa da palmeira, pediu ao sol que parasse primeiro um cacho de coco que ele ia jogar. -Pega primeiro este cacho que eu vou jogar. -Joga - disse o Sol. O moço jogou o cacho e o Sol pegou. Era um cacho pequeno, esse primeiro jogado.

O moço lá de cima tornou a pedir: Pega mais este. E lá de cima jogou um cacho pesado, muito grande. O Sol estava esperando com os braços estendidos para o alto. O cacho caiu direito no peito dele e o matou na hora. Ao morrer o Sol, tudo ficou escuro. A borduna, com a morte do dono, no mesmo instante correu e se transformou em cobra, a salamanta (uandáre-borduna do Sol).

O sangue que escorria do Sol ia-se transformando em aranha, formiga, cobra, lacraia e outros bichos. Essas cobras e aranhas que forravam o chão não deixavam o moço Juruna descer da palmeira. ele, então, como os macacos, foi passando de árvore para árvore. Só desceu quando viu o chão limpo. Uma vez em baixo, procurou o caminho e voltou para a aldeia. Lá chegando, disse para a mãe: -Matei o Sol. -Por que você fêz isso? eu bem não queria que você saísse. Agora está tudo escuro - a mãe, assustada, lamentou. As crianças todas começaram a morrer com a escuridão, porque ninguém podia pescar, caçar, ou trabalhar. Lá na aldeia do Sol, a mulher dele já sabia da sua morte.

Disse aos três filhos que já estavam passando fome: - IO pai de vocês morreu porque gostava de matar gente. Qual de vocês quer ficar no lugar dele? Experimentou primeiro o mais velho dos três. Este, logo que pôs na cabeça o penacho do pai, achou-o muito quente. Foi subindo, subindo, quando estava quase amanhecendo não aguentou mais o calor e voltou. Aí foi a vez do outro, o do meio. Colocou o penacho na cabeça e começou a subir. Passou um pouco da altura a que chegou o primeiro, mas não aguentou também e voltou dizendo que o calor era demais. Restava o mais novo. A mãe perguntou se ele queria ficar no lugar do pai. Ele disse que sim. Adornou-se com o penacho e subiu, mas como o calor era muito grande, andou depressa e se escondeu logo do outro lado.

De regresso à casa, a mãe lhe disse: -Você aguentou um pouco,mas é preciso andar mais devagar da outra vez, para o pessoal poder matar peixe, caçar e trabalhar. Não corre não. O filho mais moço do Sol voltou a fazer a caminhada, e fez toda ela devagar, desta vez. A mãe havia recomendado a ele que parasse um pouco quando estivesse bem no alto, no meio do caminho, e que começasse a descer bem devagar depois, parando um pouquinho também, antes de entrar duma vez do outro lado. Quando a mãe viu o filho fazer todo o caminho, como devia ser feito, chorou dizendo: -Você agora está no lugar de seu pai, e não vai voltar mais para mim. O filho lá do alto por sua vez falou: -Agora não posso mais voltar para morar com você. Vou ficar sempre aqui em cima. A mãe, ao ouvir isso, chorou outra vez.

Poronominaré - O Dono da Terra

O velho pajé Cauará saiu para pescar, demorando muito a voltar. A filha preocupada resolveu procurá-lo perto das águas mansas do rio. Após muito andar, sentou-se na relva para descansar. Anoitecia e a lua surgiu atrás das montanhas, ficando a jovem a contemplá-la. Subitamente, destacou-se do astro um vulto muito estranho que vinha em sua direção. A índia parecia hipnotizada, sendo em seguida tomada de profunda sonolência. Neste momento o pajé, que havia retornado a aldeia, preocupou-se com a ausência da filha. Tomou então um pote com paricá, pó alucinógeno que, inalado, lhe despertava os poderes de pajé, entrando assim em transe.

Muitas sombras desfilaram a sua frente e entre elas surgiu a silhueta de um homem que subia aos céus em direção à lua. Aos poucos, outras imagens foram tomando formas humanas com cabeça de pássaros, anunciando ao pajé que sua filha estava numa ilha, não muito distante dali. Imediatamente Cauará dirigiu-se ao local revelado, encontrando a moça enfraquecida e faminta. Voltaram à aldeia. Passados alguns dias, a jovem, preocupada contou ao pai um sonho impressionante: no alto da montanha ela dava à luz uma criança muito clara, quase transparente. Não havia leite em seus seios, sendo o seu filhinho alimentado por uma revoada de beija-flores e borboletas.

À sua volta, outros animais que também se encantaram com o bebê, lambiam-no carinhosamente. lgum tempo depois, a filha de Cauará notou que, embora virgem, esperava uma criança. O pajé, estranhando o fato, entrou novamente em transe. As alucinações lhe mostraram ser o homem que ele vira subir à lua, o pai de seu neto. Numa madrugada em que os animais, as aves e os insetos pareciam agitados e felizes, nasceu na serra de Jacamin o neto do pajé, Poronominaré, o dono da terra. Ao ser informado do feliz acontecimento, Cauará seguiu para a montanha para conhecer o herdeiro. Surpreso, encontrou a criança com uma barbatana nas mãos, indicando a cada animal o seu lugar na Natureza. Ao cair da tarde, quando tudo já estava em pleno silêncio, ouviu-se uma cantiga feliz. Era a mãe do dono da terra que subia aos céus, levada por pássaros e borboletas.

Sinaá - Inundação e Fim do Mundo

Sinaá, o mais poderoso pajé da tribo Juruna, era filho de mãe índia e pai onça. Do felino herdara o poder de enxergar também pelas costas, o que lhe permitia observar tudo o que se passava ao seu redor. Caminhava com sua gente por toda a região, ensinando a seus companheiros serem bons e bravos. Seu povo alimentava-se de farinha de mandioca, raspa de madeira, jabutis e sucuris, cobras imensas que habitavam na água. Certa vez, uma enorme sucuri foi capturada e queimada por haver devorado diversos índios. Inesperadamente brotaram de suas cinzas diversas espécies de vegetais, como a mandioca, o milho, o cará, a abóbora, a pimenta, e algumas plantas frutíferas, até então desconhecidas para aquela tribo.

Foi um pássaro surgido do céu que os ensinou a utilizar e preparar tais alimentos e também a fazê-los multiplicar-se. A partir daquele dia, fartas roças se formaram. Para garantir o sustento de seu povo, Sinaá, face às fortes chuvas e à ameaça de grande inundação, construiu uma imensa canoa, onde plantou mudas de cada espécie. Em poucos dias o rio transbordou e a enchente cobriu toda a região, mas o grande pajé livrou seu povo da fome. Já mais velho, Sinaá casou-se com uma aranha, que lhe teceu novas vestes pra melhor abrigá-lo. Chegando a atingir idade bastante avançada, já ostentava longas barbas brancas. Seus poderes, porém, permitiam-lhe remoçar a cada banho de cachoeira, para que pudesse viver até o fim de seu povo, como tanto queria. Quando isso ocorresse, Sinaá derrubaria a forquilha de uma enorme árvore que apontava para o céu, sustentando-o. O céu desabaria sobre todos os povos e o mundo teria o seu fim.

Begorotire - O Homem Chuva

Begorotire era um índio feliz. Certo dia, porém, havendo sido injustiçado na divisão da caça, ficou furioso, decidindo que sairia à procura de outro lugar para viver. Cortou os cabelos da esposa e da filha, pintando toda a família com uma tintura preta que havia retirado do fruto do jenipapo. Pegou um pedaço de madeira pesada e resistente, fazendo a primeira borduna Caiapó, com o cabo trançado em preto e a ponta tingida com sangue da caça. Chegou então ao alto de uma montanha, levando sua arma, e começou a gritar. Seus gritos soaram como fortes trovões. Girou fortemente a borduna no ar e de suas pontas saíram relâmpagos. Em meio ao barulho e às luzes, Begorotire subiu aos céus. Os índios assustados atiraram suas flechas, mas nada conseguiu impedir que o índio desaparecesse no firmamento.

As nuvens, também assustadas, derramaram chuva. Por isso Begorotire tornou-se o homem chuva. Tempos depois, levou toda a família para o céu, onde nada lhes faltava, e de lá muito fez para ajudar os que na terra ficaram. Juntos sementes de suas fartas roças, secou-as sobre o girau, entregando-as a uma filha para trazê-las. A índia desceu dentro de uma cabaça enorme amarrada a uma longa corda, tecida com as próprias ramas do vegetal. Caminhando pela floresta, um jovem encontrou a cabaça, amarrou-a com os cipós e pedaços de madeira e, com ajuda dos amigos levou-a para a aldeia. A mãe, abrindo a cabaça, encontrou a índia, a filha da chuva, que estava magra e com longos cabelos, por lá haver permanecido muito tempo.

A jovem foi retirada e alimentada, e teve seus cabelos aparados. Ao ser indagada, a filha da chuva explicou por que viera, entregando-lhes as sementes enviadas por seu pai e deixando a todos muito felizes. O jovem que encontrou a cabaça casou-se com a moça, passando esta a morar novamente na terra. Com o tempo, resolveu visitar os pais. Pediu ao esposo vergasse um pé de Pindaíba, trazendo a copa até o chão. Sentou-se sobre ela e, ao soltarem a árvore, a índia foi lançada ao céu. Ao retornar, trouxe consigo toda a família e cestos repletos de bananas e outros frutos silvestres. Begorotire ensinou a todos como cultivar as sementes e cuidar das roças, regressando depois ao seu novo lar. Ate hoje, quando as plantas necessitam de água, o homem chuva provoca trovões, fazendo-a cair sobre as roças para mantê-las sempre verdes e fartas.

Kuát e Iaê - A Conquista do Dia

No principio só havia a noite. Os irmãos Kuát e Iaê - o Sol e a Lua - já haviam sido criados, mas não sabiam como conquistar o dia. Este pertencia a Urubutsim (Urubu-rei), o chefe dos pássaros. Certo dia os irmãos elaboraram um plano para captura-lo. Construíram um boneco de palha em forma de uma anta, onde depositaram detritos para a criação de algumas larvas. Conforme seu pedido, as moscas voaram até as aves, anunciando o grande banquete que havia por lá, levando também a elas um pouco daquelas larvas, seu alimento preferido, para convencê-las. E tudo ocorreu conforme Kuát e Iaê haviam previsto.

Ao notarem a chegada de Urubutsim, os irmãos agarraram-no pelos pés e o prenderam, exigindo que este lhes entregasse o dia em troca de sua liberdade. O prisioneiro resistiu por muito tempo, mas acabou cedendo. Solicitou então ao amigo Jacu que este se enfeitasse com penas de araras vermelhas, canitar e brincos, voasse à aldeia dos pássaros e trouxesse o que os irmãos queriam. Pouco tempo depois, descia o Jacu com o dia, deixando atrás de si um magnífico rastro de luz, que aos poucos tudo iluminou. O chefe dos pássaros foi libertado e desde então, pela manhã, surge radiante o dia e à tarde vai se esvaindo, até o anoitecer.

Iamulumulu - A formação dos rios

Savuru era um espírito que possuía duas esposas. A pedido dos irmãos Sol e Lua, que as cobiçavam, as ariranhas o mataram, ficando sua esposa mais velha com o sol e a outra com a lua. Seguiram então os casais em direção à aldeia de Kanutsipei. Durante o caminho, os irmãos encontraram dificuldades e necessitaram da ajuda de outros espíritos: Iumulumulu lhes curou a impotência, Ierêp fez com que neles nascesse o ciúme das esposas e, uma vez cansados, pediram a Uiaó algo que os fizessem adormecer. No dia seguinte, dispostos, retomaram a caminhada. Chegando ao local pretendido, estavam sedentos e pediram água a Kanutsipei.

A água, porém, estava suja. O irmão Lua, tomando a forma de um beija-flor, voou rapidamente à procura de boa água. Ao voltar contou-lhes que o espírito os enganara, mantendo escondidos muitos potes com a mais pura água. Contrariados, os casais retornaram a sua aldeia, contando a todos o que ocorrera. O Sol e a Lua uniram-se a vários espíritos, Vanivani, Iananá, Kanaratê, os zunidores Hori-hori, invocando também os espíritos das águas que habitavam a copa do Jatobá. Chamaram ainda as máscaras Jakui-katu, Mearatsim, Ivat, Jakuiaép e Tauari. Reunidos, dançaram e resolveram voltar à aldeia de Kanutsipei para tomarem posse de sua água, quebrando todos os potes, conduzindo-a a outras regiões. Mearatsim, o primeiro a chegar, cantou para espantar o dono do local.

Chegaram então os outros espíritos, à medida que os potes foram quebrados, formou-se ali uma grande lagoa, de onde cada um dos espíritos criou um rio. Assim, o Sol criou o Rio Ronuro; Vani-vani formou o Rio Maritsauá; Kanaratê, o Paranajuva; Tracajá, o Kuluene e Iananá, um afluente do Ronuro. A formação dos rios não agradou ao Sol, pois todos corriam para o Morena, a região sagrada dos espíritos. Iniciou-se ali uma grande confusão, em meio à qual a Lua foi engolida por um grande peixe. O Sol, desesperado, saiu à procura do irmão, no ventre dos peixes que encontrava. Chegou a capturar o Tucunaré, o Matrinxã, o Pirarara e a Piranha. Mas havia sido o Jacunaum que a engolira, informou o Acará. E ambos, unidos, partiram à caça do peixe.

Pediram a Tapera (andorinha do campo) que lhes conseguisse um grande anzol, ocultando-o num charuto. O Acará nadou à procura de Jacunaum, oferecendo-lhe fumo. Desta maneira, o Sol conseguiu fisgá-lo. Entretanto, dentro do peixe, restavam apenas os ossos de seu irmão. Desejando ardentemente que a Lua revivesse, o Sol arrumou no chão seu esqueleto, cobrindo-o com as folhas perfumadas do Enemeóp. Aos poucos, como por encanto, a carne foi surgindo, revestindo os ossos até formar um novo corpo. Faltava-lhe ainda a vida. O Sol então introduziu um mosquitinho em sua narina, provocando-lhe um espirro, que a fez finalmente despertar. Assim foram criados os rios e, a partir daí, iniciou-se a prática da pajelança, tendo sido o Sol o primeiro pajé.
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Fonte:
PINTO, Wilson. As Mais Belas Lendas Brasileiras. Santa Catarina: Excelsus.
http://www.desvendar.com/especiais/indio/lendas.asp

Folclore Indígena (Origem da Música)

No começo, nada existia sobre o mundo terrestre, que produzisse a doce melodia ou suave harmonia. Ninguém celebrava com alegres vozes os feitos mortais, ou tocava qualquer instrumento musical. A melodiosa arte e a divina ciência na combinação de sons, era desconhecida, nenhum conjunto de orquestra havia sido organizado. Homem algum exercia a sacra arte da música e não compunha nem executavam peças musicais.

Um dia, o imortal Anhum, deus do canto e neto de Tupã, o Criador, desceu dos céus e veio passear no lendário Eldorado, as margens do rio Araguaia, em companhia da deusa Solfa, sua noiva e ao entardecer, o deus ficou muito triste, porque a vida dos homens era envolvida em um tenebroso silêncio.

O próprio deus Polo passava sem ruído e Tainacam vivia sem brilho. No alto do monte sagrado, as reuniões dos divinos eram realizadas em grande quietude e as canoras aves, pouco soltavam os seus límpidos gorjeios.

Então, Anhum, desejando manifestar os diversos afetos de sua alma à amada e divina Solfa, convocou no Ibiapaba os deuses, os semi-deuses, os homens e depois de muito discutirem, resolveram sob a orientação do deus melódico, erigir a Tupã, três altares de pedra e celebrar suave dança.

Feito isso, Anhum chamou a semi-deusa Araci, em primeiro lugar, e ela desenhou na madeira uma pauta composta de cinco linhas e quatro espaços, e além destas, outras linhas e outros espaços, pondo o nome nas primeiras, de naturais e nas segundas, de suplementares superiores e inferiores.

Em segundo lugar, convocou Vapuaçú deus dos sonhos amenos e das suaves ilusões, que crioo as sete claves, representadas por três interessantes figuras às quais deu os nomes de Sol, Fá e de Dó.

Em terceiro lugar, chamou Abeguar que rapidamente colocou sobre as linhas, sete pontos que foram chamados notas. Determinou que cada clave daria seu nome à nota que fosse assinada sobre a mesma linha e conseqüentemente, determinaria os nomes de todas as demais notas que estivesses na outras linhas e espaços. Finalmente o próprio Anhum deu nome às notas que subindo são: dó, ré, mi, fá, sol, lá, si.

E descendo são: si, lá, sol, fá, mi, ré dó.

Depois Manati formou a primeira Harmonia, aplaudido por todos.

Em seguida, o poderoso Guarací, executou o primeiro ritmo cadente e a primeira canção.

Tujubá, o poderoso mortal apresentou os primeiros acidentes, Sustenidos e Bemóis; formou as escalas; e criou os tons, os semi-tons e os intervalos. Solfã criou o primeiro cântico divino. Saci pintou as notas de preto e deu valor à cada uma.

Quando tudo estava concluído, Tupã ficou muito satisfeito e abençoou a música que tornou-se divina.

O povo unindo suas vozes aos imortais, louvou o amorável Zéfiro, a fresca aragem e terminada a curta e bela oração que Tujubá ofereceu a Tupã, os deuses, tendo à frente o divino Inochiue (deus protetor das virgens), regressaram aos céus e nas verdejantes campinas que circundavam o Eldorado, Anhum e Solfá, louvaram em um grande e solene canto, "O sagrado Tupã e sua poderosa filha Caupé".

E foi assim minha gente....que nasceu e estendeu-se por toda esta imensa e bela pátria, a mais bela de todas as artes: a MÚSICA.

Fonte:
http://www.rosanevolpatto.trd.br/Deuses%20Musica.html

Carlos Drummond de Andrade (A de Sempre)

— Até beber cerveja ficou difícil — queixa-se.
— O preço?
— Não. A variedade. O embaras du choix.
— Mas se você já estava acostumado com uma...
— E as novas que aparecem? Em cada Estado surge uma fábrica, se não surgem duas. Cada qual oferecendo diversas qualidades. Você senta no bar de sua eleição, um velho bar onde até as cadeiras conhecem o seu corpo, a sua maneira de sentar e de beber. Pede uma cervejinha, simplesmente. Não precisa dizer o nome. Aquela que há anos o garçom lhe traz sem necessidade de perguntar, pois há anos você optou por uma das duas marcas tradicionais, e daí não sai. Bem, você pede a cervejinha inominada, e o garçom não se mexe. Fica olhando pra sua cara, à espera de definição. Você olha para cara dele, como quem diz: Quê que há, rapaz? Então ele emite um som: Qual? Você pensa que não ouviu direito, franze a testa, num esforço de captação: qual o quê? Qual a marca, doutor? Temos essa, aquela, aquela outra, mais outra, e outra, e outras mais. . Desfia o rosário, e você de boca aberta: Como? Ele está pensando que eu vou beber elas todas? Acha que sou principiante em busca de aventura? Quer me gozar? Nada disso. O garçom explica, meio encabulado, que a casa dispõe de 12 marcas de cerveja nacional, fora as estrangeiras, sofisticadas, e ele tem ordem de cantar os nomes pra freguesia. Até pra mim, Leovigil? pergunto. Bem, o patrão disse que eu tenho de oferecer as marcas pra todo mundo, as novas cervejas têm de ser promovidas. Não mandou abrir exceção pra ninguém, eu é que, em atenção ao doutor, fiquei calado, esperando a dica... Não quis forçar a barra, desculpe.
— E aí?
— Aí eu disse que não havia o que desculpar, ordens são ordens e eu não sou de infringir regulamentos. Os regulamentos é que infringem a minha paz, freqüentemente. Mas para não dar o braço a torcer, nem me declarar vencido pela competição das cervejas, concluí: Leovigil, traga a de sempre.
— Não quis dizer o nome?
— Não. Minha marca de cerveja — "minha garrafa", digamos assim, pois a individualidade começa pela garrafa — passou a chamar-se "a de sempre". Não gosto de mudar as estruturas sem justa causa, nem me interessa dançar de provador de cerveja, entende?
— Mas que custa experimentar, homem de Deus?
— Só por experimentar, acho frívolo. Os moços, sim, não encontraram ainda sua definição, em matéria de cerveja e de entendimento do mundo. Saltam de uma para outra fruição, tomam pileques de ideologias coloridas, do vermelho ao negro, passando pelo róseo, pelo alaranjado e pelo furta-cor. Mas depois de certa idade, e de certa experiência de bebedor, você já sabe o que quer, ou antes, o que não quer. Principalmente o que não quer. E é isso que os outros querem que você queira. Tá compreendendo?
— Mais ou menos.
— Na verdade, não há muitas espécies de cerveja, no mundo das idéias. Mas os rótulos perturbam. Uns aparecem com mulher nua, insinuando que o gosto é mais capitoso. Bem, até agora não vi rótulo de cerveja mostrando mulher com tudo de fora, mas deve haver. Mulher se oferecendo está em tudo que é produto industrial, por que não estaria nos sistemas de organização social, como bonificação?
— Você está divagando.
— Estou. Divagar é uma forma de transformar pensamentos em nuvem ou em fumaça de cigarro, fazendo com que eles circulem por aí.
— Ou se percam.
— E se percam. Exatamente. 0 importante não é beber cerveja, é ter a ilusão de que nossa cerveja é a única que presta.

Sujeito mais conservador! Ou sábio, quem sabe?

Fonte:
ANDRADE, Carlos Drummond de. De notícias & não notícias faz-se a crônica. Rio de Janeiro: José Olympio, 1974. Disponível em http://www.releituras.com/drummond_adesempre.asp

Charles Baudelaire (1821 – 1867)

Charles Baudelaire é considerado freqüentemente um dos maiores poetas do Século XIX, influenciando a poesia internacional de tendência simbolista. De seu estilo de vida originaram-se na França os chamados poetas "malditos". Um revolucionário em seu próprio tempo. Hoje ele ainda é conhecido, não somente como poeta, mas também como crítico literário. Raramente houve alguém tão radical e ao mesmo tempo tão brilhante. Mal compreendida por seus contemporâneos, apesar de elogiada por Victor Hugo, Teóphile Gautier, Gustave Flaubert e Théodore de Banville, a poesia de Baudelaire está marcada pela contradição. Revela, de um lado, o herdeiro do romantismo negro de Edgar Allan Poe e Gérard de Nerval, e de outro o poeta crítico que se opôs aos excessos sentimentais e retóricos do romantismo francês.

Poeta e crítico francês, Charles-Pierre Baudelaire nasceu em Paris em 9 de abril de 1821, na Rua Hautefeuille, nº 13 (casa já demolida; localização atual da Livraria Hachette, Boulev. St. Germain).

Joseph-François, o pai de Baudelaire, morreu em fevereiro no ano de 1827, quando Charles-Pierre tinha somente seis anos de idade. Após a morte do seu pai, Baudelaire foi criado por sua mãe e por sua enfermeira, Mariette. Sua mãe, porém, casou-se novamente em novembro de 1828. O padrasto de Baudelaire, Jacques Aupick, era um homem brilhante e auto-disciplinado. Distinguiu-se mais tarde como general e depois como embaixador e senador. Baudelaire, entretanto, não gostava de seu padrasto.

Em 1833, Aupick mudou-se com a família para Lyons, onde matriculou Charles Baudelaire em uma escola militar. A disciplina dura e o estudo rigoroso da escola tiveram uma influência profunda em Baudelaire e aumentaram seu desagrado para com seu padrasto. Na idade de quinze anos, Baudelaire foi matriculado em Louis-le-Grande, uma notória escola secundária francesa. Lá ele tornou-se cada vez mais insolente até, finalmente, ser expulso em 1839. Logo depois, declarou que pretendia tornar-se um escritor, para o grande desapontamento dos seus pais. Para evitar maiores problemas, entretanto, concordou em seguir estudos no Ecole de Droit, a escola de Direito de Paris. Mas seus interesses estavam dirigidos para qualquer coisa, menos o estudo. Em Paris, vai então morar em Lévêque Bailly, uma famosa pensão para estudantes onde conheceu diversos amigos boêmios, entre os quais os poetas Gustave Vavasseur e Enerts Prarond. Passa a viver um relacionamento amoroso com Sarah, uma prostituta de origem judia que era mais conhecida como Louchette. Em Bailly levava um estilo de vida excessivo, endividando-se cada vez mais. Durante esse tempo contraiu também sífilis, muito provavelmente nos prostíbulos que costumava freqüentar.

Procurando afastá-lo dessa vida boêmia, os pais de Baudelaire enviaram-no para fazer uma viagem pela África, seguindo primeiramente para ilha Maurício, em seguida na Ilha da Reunião e depois para a Índia. Saiu de Paris em junho de 1841 no navio, Des Mers du Sud de Paquebot, sob a supervisão do capitão Saliz. Durante todo o trajeto, Baudelaire permaneceu mal humorado e expressou seu desagrado em relação à viagem. Alguns meses após sua partida, o navio encontrou uma tempestade violenta e foi forçado a parar em um estaleiro para reparos. Lá Baudelaire anunciou sua intenção de retornar à França, apesar dos esforços do capitão Saliz em fazê-lo mudar de idéia. Acabou concordando em continuar a viagem. Apesar de seu desagrado quanto à viagem, é inegável que esta teve uma influência profunda em suas obras. Deu-lhe uma visão de mundo que poucos de seus contemporâneos tiveram.

Depois de seu retorno a Paris, Baudelaire recebeu uma herança de 100.000 francos deixada pelo seu pai. Com esta fortuna, mudou-se para um apartamento na ilha de Saint-Louis, onde freqüentou as galerias de arte e gastou horas com leituras e passeios. Por causa de seu comportamento excêntrico e roupas extravagantes, Baudelaire ganhou a reputação de dandy.

Em 1842 conhece Jeanne Duval, uma atriz do Quartier Latin de Paris. Jeanne era figurante no teatro da Porte Saint Antoine, entretanto sua maior ocupação era mesmo a prostituição. Como amante de Baudelaire, teve grande influência em muitas de suas obras. Sua beleza morena era a inspiração de diversos de seus poemas. A mãe de Baudelaire, entretanto, era totalmente indiferente a ela, chamava-a depreciativamente de "Vênus negra" por Jeanne ser mestiça. Em 1847, Baudelaire encontrou-se com Marie Daubrun, uma jovem atriz que foi sua amante entre 1855 e 1860, até que esta morreu doente. Em 1852, conhece Apollonie Sabatier, animadora de um salão literário muito badalado que era o ponto de encontro habitual para jantares com artistas e escritores famosos.

Baudelaire e Sabatier vivem um caso amoroso e ele escreveu-lhe muitos poemas que expressavam sua gratidão, porém depois que a paixão arrefece, passa a ter com ela apenas um relacionamento formal. Em 1854, já pensava em voltar para Duval ou Daubrun. A influência destas três mulheres em Baudelaire como escritor é muito evidente em seus poemas de amor e erotismo. Nessa época faz amizades com diversos escritores da época como Nerval, Balzac, Gautier e Banville e passa a freqüentar o famoso "Club dês Hashishins", um grupo de fumantes de haxixe que se reunia no Hotel Pimodan, onde passa a morar.

Em apenas dois anos esbanjou quase a metade de sua fortuna, e seus pais começaram a se preocupar com suas despesas excessivas. Colocaram-no então sob a guarda legal de um tutor, o escolhido foi Narcisse-Desejam Ancelle, um ato que Baudelaire considerou especialmente humilhante. Teve muitos débitos e foi forçado ainda a viver com uma renda muito abaixo do que estava habituado, sendo obrigado a viver dessa forma pelo resto de sua vida.

Enquanto o tempo passava, Baudelaire tornava-se cada vez mais desesperado. Em 1845 tentou o suicídio, embora tenha agido assim mais para chamar a atenção de sua mãe e de seu padrasto. Estes consultaram-no sobre a possibilidade dele voltar a viver com eles em Paris, entretanto Baudelaire preferiu continuar a viver longe dos pais. Em 1847 publicou Fanfarlo uma obra autobiográfica. Envolveu-se na revolta de 1848 em que teve um papel relativamente pequeno, ajudando na publicação de alguns jornais radicais de protesto.

Em 1852, Baudelaire publicou seu primeiro ensaio sobre o escritor norte americano Edgar Allan Poe. Tinha conhecido a obra de Poe em 1847, e começou a traduzi-la para o francês mais tarde. Foi influenciado extremamente pelas obras de Poe, e incorporou muitas de suas idéias em seu próprio trabalho. Publicou cinco volumes de traduções de Poe entre 1856 e 1865. Os ensaios introdutórios a estes livros são considerados seus estudos críticos mais importantes, destacando-se, sobretudo, o trabalho intitulado “O princípio poético” (1876).

Em 1857, a primeira edição de Les Fleurs du mal foi publicada por Poulet-Malassis um velho amigo de Baudelaire. A obra não foi bem aceita pelo público devido a seu foco em temas satânicos e lesbianismo. Menos de um mês depois que o livro foi posto à venda, o jornal Le Figaro publicou uma crítica mordaz que teve efeitos devastadores na carreira de Baudelaire. Ele e seu publicador foram ambos acusados de ultraje à moral e aos bons costumes. Foi multado em 300 francos, e seu publicador foi multado em 200 francos. Além disso, seis dos poemas no livro foram proibidos porque foram considerados muito imorais para serem publicados. Só a partir de 1911 apareceram edições completas da obra.

Tal desapontamento, mais a morte de seu padrasto no mesmo ano, lançou Baudelaire no mais profundo pessimismo e depressão. Em 1859, muda-se com a mão para Paris onde passa a viver com ela. Lá escreveu o terceiro Salão (1859), um livro de crítica artística que discute os trabalhos de vários artistas. Baudelaire destacou-se desde cedo como crítico de arte. O Salão (1845) e o Salão de 1846 (Salão de 1846) datam do início de sua carreira. Seus escritos posteriores foram reunidos em dois volumes póstumos, com os títulos de A Arte Romântica (1868) e Curiosidades estéticas (1868). Revelam a preocupação de Baudelaire de procurar uma razão determinante para a obra de arte e fundamentam assim um ideário estético coerente, embora fragmentário, e aberto às novas concepções.

Compôs também mais poemas para a segunda edição de As Flores do Mal, incluindo "A Viagem", que é considerado um de seus mais belos poemas.

Em 1860, publicou Paraísos Artificiais, ópio e haxixe , uma obra ao mesmo tempo especulativa e confessional, que trata sobre plantas alucinógenas, parcialmente inspirado no Confissões de um comedor de ópio (1822) de Thomas De Quincey. Durante toda sua vida, tinha recorrido freqüentemente às drogas a fim de estimular a inspiração, mas viu também o perigo de tal hábito. Concluiu que havia alguma espécie de "gênio mal" que explicaria a inclinação do homem para cometer certos atos e pensamentos repentinos. Este conceito das forças do mal que cercam a humanidade reapareceu em diversos outros trabalhos de Baudelaire.

A segunda edição de As Flores do Mal apareceu em 1861, com trinta e cinco poemas novos. Em poucos meses seguintes, a vida de Baudelaire foi marcada por uma série de desapontamentos. Foi desanimado por seus amigos de se candidatar a uma vaga na Academia Francesa de Letra, que esperava que pudesse ajudar a alavancar sua carreira de escritor. Devido a sua crise financeira, era incapaz de ajudar o seu publicador Poulet-Malassis, que acabou preso por não pagar as dívidas. Além disto, descobriu que sua amante Jeanne Duval tinha vivido por diversos meses com um outro amante de quem ela havia dito a Baudelaire ser apenas seu irmão. Em 1862 começou primeiramente a se queixar de dores de cabeça, náuseas, vertigens e pesadelos. Todos estes eventos devastadores, junto com seus problemas de saúde em decorrência da sífilis que contraiu na juventude, causaram a Baudelaire à sensação de que estaria enlouquecendo.

Em abril de 1863, Baudelaire saiu de Paris e foi para Bruxelas na esperança de encontrar um publicador para suas obras. Lá sua saúde piorou consideravelmente e em 1865 sofreu um ataque de apoplexia. Continuou a sofrer uma série de ataques, um destes teve como resultado afasia e uma paralisia parcial. Após permanecer em uma casa de repouso por dois meses, retornou a Paris no dia 02 de julho. No dia 31 de agosto de 1867, morreu de paralisia geral nos braços da sua mãe.

OBRAS
• O spleen de Paris
• Obras estéticas
• Paraísos Artificiais
• Sobre a modernidade
• As flores do mal
• Escritos sobre arte
• A Fanfarlo
• Pequenos poemas em prosa
• Richard Wagner e Tannhauser em Paris

Fonte:
Beatriix Algarve.
http://www.beatrix.pro.br/literatura/baudelaire.htm

Charles Baudelaire (Poesias Avulsas)

Dedico este poema a mim mesmo

Quando fores dormir, ó bela tenebrosa,
Em teu negro e marmóreo mausoléu, e não
Tiveres por alcova e refúgio senão
Uma cova deserta e uma tumba chuvosa;

Quando a pedra, a oprimir tua carne medrosa
E teus flancos sensuais de lânguida exaustão,
Impedir de querer e arfar teu coração,
E teus pés de correr por trilha aventurosa,

O túmulo, no qual em sonho me abandono
— Porque o túmulo há sempre de entender o poeta —,
Nessas noites sem fim em que nos foge o sono,

Dir-te-á: “De que valeu cortesã indiscreta,
Ao pé dos mortos ignorar o seu lamento?”
— E o verme te roerá como um remorso lento.

O Possesso

Cobriu-se o sol de negro véu. Como ele, ó Lua
De minha vida, veste o luto de agonia;
Dorme ou fuma a vontade; sê muda e sombria,
E no abismo do Tédio esplêndida flutua;

Eu te amo assim! Se agora queres, todavia,
Como um astro a emergir da penumbra que o acua,
Pavonear-te no palco onde a Loucura atua,
Pois bem! Punhal sutil em teu estojo esfria!

Acende essa pupila no halo dos clarões!
Acende a cupidez no olhar dos grosseirões!
Em ti tudo é prazer, morboso ou petulante;

Seja o que for, escura noite ou rubra aurora;
Uma por uma, as fibras do meu corpo arfante
Gritam: Ó Belzebu, meu coração te adora!

Destruição

Sem cessar a meu lado o Demônio se agita,
E nada ao meu redor como um ar impalpável;
Eu o levo aos meus pulmões, onde ele arde e crepita,
Inflando-os de um desejo eterno e condenável.

Às vezes, ao saber do amor que a arte me inspira,
Assume a forma da mulher que eu vejo em sonhos,
E, qual tartufo afeito às tramas da mentira,
Acostuma-me a boca aos seus filtros medonhos.

Ele assim me conduz, alquebrado e ofegante,
Já aos olhos de Deus afinal tão distante,
Às planícies do Tédio, infindas e desertas,

E lança-me ao olhar imerso em confusão
Trajes imundos e feridas entreabertas
— O aparato sangrento e atroz da Destruição!

O Fim da Jornada

Sob uma luz trêmula e baça,
Se agita, brinca e dança ao léu
A Vida, ululante e devassa.
Assim também, quando no céu

A noite voluptuosa sonha,
Tudo acalmando, mesmo a fome,
Tudo apagando, até a vergonha,
Diz o Poeta que a dor consome:

“Afinal, minha alma e meus ossos
Finalmente imploram por sossego;
O coração feito em destroços,

Procuro em meu leito aconchego
E às vossas cortinas me apego,
Ó treva oferta aos corpos nossos”

Tristezas da Lua

Divaga em meio à noite a lua preguiçosa;
Como uma bela, entre coxins e devaneios,
Que afaga com a mão discreta e vaporosa,
Antes de adormecer, o contorno dos seios.

No dorso de cetim das tenras avalanchas,
Morrendo, ela se entrega a longos estertores,
E os olhos vai pousando sobre as níveas manchas
Que no azul desabrocham como estranhas flores.

Se às vezes neste globo, ébria de ócio e prazer,
Deixa ela uma furtiva lágrima escorrer
Um poeta caridoso, ao sono pouco afeito,

No côncavo das mãos torna essa gota rala,
De irisados reflexos como um grão de opala,
E bem longe do sol a acolhe no peito.

A Alma do Outro Mundo

Como os anjos de ruivo olhar,
À tua alcova hei de voltar
E junto a ti, silente vulto,
Deslizarei na sombra oculto;

Dar-te-ei na pele escura e nua
Beijos mais frios que a lua
E qual serpente em náusea fossa
Te afagarei o quanto possa.

Ao despontar o dia incerto,
O meu lugar verás deserto,
E em tudo o frio há de se pôr.

Como os demais pela virtude,
Em tua vida e juventude
Quero reinar pelo pavor.

O Amor À Mentira

Quando te vejo andar, minha bela indolente,
Em meio aos sons da orquestra que se perdem no ar,
Movendo os passos harmoniosa e lentamente,
E passeando esse tédio de teu fundo olhar;

Quando contemplo, sob a luz do gás que a cora,
Tua pálida fronte em mórbido recato,
Onde as flamas da noite acendem uma aurora,
Ou teus olhos iguais aos olhos de um retrato,

Digo-me: Como é bela! E que frescor tão puro!
O diadema maciço, halo de áureo esplendor,
E o coração, tal como um pêssego maduro,
Impõe, como seu corpo, a sabia arte do amor.

És o fruto do outono entre dentes vorazes?
És urna fúnebre a implorar prantos e dores,
Perfume que nos faz sonhar longínquos oásis,
Almofada sensual ou corbelha de flores?

Eu sei que há olhos cheios de melancolia,
Que nada escondem por debaixo de seus véus;
Belos escrínios, mas sem jóias de valia,
Mais fundos e vazios do que vós, ó Céus!

Mas basta seres esta dádiva aparente
Para alegrar quem vive apenas na incerteza.
Que me importa se és tola ou se és indiferente?
Máscara, ornato, salve! Amo a tua beleza!
Fonte:
Biblioteca Eletrônica. vol. III. Magister (CD-ROM).

terça-feira, 17 de junho de 2008

Isabel Galucho (Fotonovela)

Considerada um subgênero da literatura, a fotonovela é uma narrativa mais ou menos longa que conjuga texto verbal e fotografia. A história é narrada numa seqüência de quadradinhos (como a banda desenhada) e a cada quadradinho corresponde uma fotografia acompanhada por uma mensagem textual.

A fotonovela teve início na década de 40 em Itália e a sua origem foi motivada pela crescente popularização do cinema e a fama dos atores. A estabilização e o aperfeiçoamento técnico da fotografia, o acesso mais ou menos difícil de um público geral ao cinema e a inexistência ou limitada difusão da televisão são também fatores importantes para o surgimento e sucesso da fotonovela . O neo-realismo em voga na Itália determinou as descrições quotidianas e a temática urbana e realista presente nas fotonovelas. Os iniciadores da fotonovela em Itália foram Stefano Reda e Damiano Damiani que começaram por publicar em revistas adaptações de filmes de sucesso (o chamado cine-romance que adaptou obras como O Conde de Monte Cristo, O Monte dos Vendavais, Ana Karennina, e A Dama das Camélias). Essas primeiras fotonovelas eram protagonizadas por atores populares e as revistas tentavam realçar um determinado tipo de imagem do ator em questão.

Mais tarde a fotonovela torna-se independente do cinema e caracteriza-se pelas suas intrigas sentimentais (a heroína é quase sempre uma rapariga de origem modesta que sonha com um amor cheio de obstáculos e dificuldades mas no final consegue o seu objetivo), as personagens não demonstram um grande desenvolvimento psicológico e são sempre estereotipadas (os bons são sempre bons e os maus arrependem-se no final ou sofrem as conseqüências), predomina o imaginário exótico, e, mais tarde o “suspense” e o sexo, os temas variam entre problemas afetivos, sociais, a procura de sucesso numa carreira, a justiça na sociedade, a ascenção social, a marginalidade, etc.

O público da fotonovela é um público maioritariamente feminino e culturalmente pouco exigente, com pouca formação e com um baixo poder econômico. As revistas de fotonovela têm como finalidade a transmissão dos princípios éticos, morais e sociais concordantes com o sistema de valores da ideologia dominante através da integração da mulher na sociedade urbana.

Em França a primeira fotonovela data de 1949 e a sua expansão para Luxemburgo e Bélgica acontece logo depois. Em Espanha, a fotonovela surge nos finais dos anos 60 e conta com um público bastante extenso. Mais tarde a fotonovela chega à América latina e África do norte (a maior parte das revistas são traduções dos originais italianos). A fotonovela é um fenômeno que não tem ocorrência no mundo anglo-saxónico. É um produto de literatura de massas tipicamente latino.

A articulação narrativa da fotonovela é semelhante à da banda desenhada: um fotograma que apresenta um plano da ação acompanhado do texto verbal que reproduz o discurso das personagens, funcionando também como legenda ou resumo. O encadeamento da ação é lógico e cronológico, utilizando-se muitas vezes o recurso à elipse. A ação é, muitas das vezes, arrastada ao longo de vários números de uma revista o que aproxima a fotonovela do romance-folhetim do séc. XIX e do folhetim radiofônico. O narrador desempenha um papel importante na fotonovela uma vez que, para além de elucidar o leitor sobre a ação, enuncia também juízos de valor, ilações de teor moral, justificações sobre o comportamento das personagens e controla a ação, retardando-a e alongando-a. A linguagem utilizada nas fotonovelas é, normalmente redundante e expositiva para evitar a possibilidade de dúvidas ou conflito. Relativamente à fotografia nem sempre as fotonovelas possuem grande qualidade uma vez que a preocupação do consumo rápido e imediato das revistas e a preocupação do lucro fácil sobrepõem-se a uma maior noção artística. Os planos e os enquadramentos utilizados nas fotografias são quase sempre retirados do cinema.

Fonte:
http://www.fcsh.unl.pt/edtl/verbetes/F/fotonovela.htm
http://diasquevoam.blogspot.com/ (imagem)

4º Concurso Literário de Suzano – Edição Nacional


ASSOCIAÇÃO CULTURAL LITERATURA NO BRASIL
PREFEITURA DE SUZANO
SECRETARIA DE CULTURA
COORDENADORIA LITERÁRIA

Categorias:
1ªConto • 2ª Poesia

R e g u l a m e n to

Participação
1- Aberto de 4 de abril á 24 de junho de 2008 á todos os residentes do território nacional. O tema é livre e os trabalhos deverão ser inéditos e redigidos em Língua Portuguesa. Não há limite de idade. Menores de 18 anos deverão trazer ou enviar autorização assinada pelos pais ou responsável.

Inscrições e envios

2- A inscrição é gratuita. Serão aceitas até 2 (duas) obras por inscrito, sendo que o participante poderá efetuar a inscrição em apenas uma categoria do concurso.

3- O limite de páginas para a categoria Conto não deve ser superior a 5 (cinco) e para a categoria Poesia não deve ser superior a 2 (duas). Nas duas categorias, a apresentação dos trabalhos deverá ser feita em 04 (quatro) vias, em folha sulfite A4, numerada, digitado em uma só face do papel, em fonte Times New Roman, letra 12 (doze) e espaçamento de 1,5. No final de cada trabalho deve constar o pseudônimo do autor. Os textos que tiverem mais de uma página deverão ser grampeados.

4- Os trabalhos terão de ser acondicionados em um envelope grande padrão, (tamanho 33x23), tendo dentro desse um outro envelope menor e lacrado, (tamanho 25x19), contendo os dados do poeta ou escritor: nome e endereço completos (inclusive CEP), bem como o número telefônico para contato, celular e e-mail (caso possua-os), pseudônimo adotado, título dos trabalhos, breve currículo literário e pessoal, além do comprovante de residência. Os trabalhos deverão ser acompanhados de um cd ou disquete onde contenham os textos e o breve currículo literário digitados. Na parte externa do envelope menor lacrado, apenas o pseudônimo e os títulos dos trabalhos. Na parte externa do envelope maior, usar o pseudônimo adotado e o nome 4º Concurso Literário de Suzano. Especificar na parte externa dos dois envelopes a categoria que está participando e o âmbito: Regional ou Nacional.

Regional refere-se aos residentes nos municípios do Alto Tietê: Arujá, Biritiba Mirim, Ferraz de Vasconcelos, Guararema, Guarulhos, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, Poá, Salesópolis, Santa Isabel e Suzano.

5- Os trabalhos deverão ser entregues na: "Secretaria Municipal de Cultura", aos cuidados da Coordenadoria Literária, ou enviados para Rua Benjamin Constant, 682 – Centro - Suzano - SP - CEP: 08674-010

6- Apenas serão aceitos os trabalhos entregues até o dia 24 de junho do ano de 2008. Os trabalhos enviados após esta data ou que não tiverem de acordo com o regulamento, não serão considerados participantes e como os demais, não serão devolvidos. Para os trabalhos enviados pelo correio valerá a data de postagem. A Secretaria de Cultura de Suzano não se responsabiliza por possíveis extravios que possam ocorrer com os trabalhos enviados pelo correio. Os trabalhos entregues pessoalmente receberão protocolo de entrega.

Direitos autorais

7- Os participantes deste concurso concordam automaticamente em ceder os direitos para eventual uso das obras pela Secretaria de Cultura de Suzano, no período de 3 (três) anos. Será preservada a menção de crédito, de acordo com a legislação que trata, especificamente de direitos autorais no país.

Comissão julgadora

8- O julgamento dos trabalhos será da inteira competência de uma comissão julgadora, formada por escritores e professores com conhecimentos literários que os tornam amplamente aptos a julgar e classificar os textos. A decisão dos jurados é irrecorrível.

Critérios de avaliação:
a) Criatividade
b) Literariedade
c) Conteúdo

9- O resultado deste concurso será divulgado a todos os participantes no Pavio da Cultura (Sarau) – Sessão Solene, dia 9 (nove) de agosto de 2008, no Centro Cultural Francisco Carlos Moriconi, Rua Benjamin Constant, 682, Centro, Suzano, SP. O resultado somente estará disponível para consulta na internet a partir do dia 12 de agosto.

Só serão divulgados os dez primeiros ganhadores de cada categoria.

Premiação

10- A premiação, válida para as duas categorias deste concurso, será:

1º Lugar regional conto: R$ 900,00 (novecentos reais)
1º Lugar regional poesia: R$ 900,00 (novecentos reais)
1º Lugar nacional conto: R$ 900,00 (novecentos reais)
1º Lugar nacional poesia: R$ 900,00 (novecentos reais)

11- Os 10 (dez) primeiros classificados de cada categoria participarão da revista "Trajetória Literária nº 04" que será lançada no dia 16 de dezembro de 2008. Cada 1 (um) dos 10 (dez) classificados em cada categoria receberá 20 (vinte) exemplares da revista.

12- Os casos não previstos neste regulamento serão resolvidos pela comissão organizadora deste concurso.

13- O ato da inscrição neste concurso, implica na aceitação plena dos termos acima.

Obs: Não deixe para fazer sua inscrição nos últimos dias!

Cronograma do concurso:

- Inscrições: de 04 de abril à 24 de junho (através do regulamento e entrega no local das inscrições pessoalmente ou pelo correio)
- Resultado: 09 de agosto (Centro Cultural de Suzano)
- Resultado na internet: 12 de agosto (Site da Prefeitura de Suzano e no blog da Associação Cultural Literatura no Brasil)
- Lançamento da revista Trajetória Literária n° 4: 16 de dezembro

Informações:
(11) 4747-4180

cultura@suzano.sp.gov.br

Fonte:
Colaboração de Douglas Lara

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Vasco José Taborda (1909 - 1997)

Vasco José Taborda Ribas nasceu no dia 18 de setembro de 1909, na cidade de Curitiba, PR, filho de Joaquim Ignácio Brasil Taborda e Da. Magdalena Lycia Taborda Ribas.

Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito do Paraná (Doutor em Leis), bibliotecário do Instituto Neopitagórico, promotor da Justiça Militar, secretário geral do Tribunal de Contas do Paraná, diretor de diversos jornais e revistas, diretor do Departamento de Serviço Social do Paraná, professor do Colégio Estadual do Paraná, procurador-adjunto do Tribunal de Contas do Paraná.

Cidadão benemérito do Estado do Paraná, por lei lhe outorgada em 1969.

Membro das Academias:
Academia de Letras José de Alencar,
Academia Paranaense de Letras,
Círculo de Estudos Bandeirantes,
Centro de Letras do Paraná,
Associação dos Homens de Letras do Brasil,
Instituto de Cultura Americana,
Confraternité Universelle Balzacienne (Montevidéu),
IHG de Sergipe,
PEN Clube do Brasil

Prêmios
Medalha de Ouro da Biblioteca Paternórea (Itália),
Medalha Silver Star and Silver Cross da American Internatinal Academy (USA),


Participou de diversos congressos, encontros, seminários e publicado vários livros de contos, poesia, pensamentos, biografias e ensaios em revistas e jornais, também publicou, na área do Folclore, Linguajar paranaense – Resenha (1975) e, de parceria com Alceu Maynard Araújo, Estórias e lendas de São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Revisou mais de trezentos livros, inclusive dicionários didáticos. Fundou Sapés, O Furão e O Sapo (este, reeditado), jornais.
TROVAS DE VASCO

A saudade é punhal fino
que se crava na memória:
e que a gente cante o hino
de um amor em triste história!

Em amor muito cantado
não é de se acreditar,
por ele ser inventado
e difícil de durar.

Rosa vermelha, de encanto,
cujo viver é perfume,
sobre a lareira, no canto,
és figura e também lume.

Nada acaba, tudo passa,
se soubermos bem viver,
o mundo é ver uma taça
em que colhemos prazer.

Fontes:
- TABORDA, Vasco José e WOCZIKOSKY, Orlando (organizadores). Antologia de Trovadores do Paraná. Curitiba: Edição de O Formigueiro - Instituto Assistencial de Autores do Paraná.

- http://www.soutomaior.eti.br/mario/paginas/dicftz.htm

Wilson Bueno (Língua D’Antanho)

Durante generosa parte de sua longa e frutuosa vida, o professor Vasco Taborda Ribas (1909-1997), bem mais que o conhecido poeta de um tempo curitibano que o vento levou, foi o criador e permanente entusiasta da famosa Edições O Formigueiro.

Estreitamente ligada ao Centro de Letras do Paraná, outro dos grandes entusiasmos do velho mestre, a editorinha publicou mais de uma centena de poetas e ficcionistas paranaenses d’antanho. E não se deixe de anotar aqui que Vasco Taborda Ribas era, antes de tudo, um homem modesto. De uma modéstia lírica e elegantíssima.

Lembro dele instruído pela saudade do pivete atrevido que sempre fui. Pobre e atrevido, ou atrevido justamente por isso mesmo. A mim e a Luiz Manfredini que, aliás, atenção, senhores, tem na gaveta um inédito precioso, o romance Memória de neblina, Taborda Ribas nos orientou o mundo com desvelo. Naquela pré-história de nossa humanidade...

Mas não há nostalgia aqui; antes o gosto pela linguagem de outros tempos, uma marca da maioria dos textos publicados pela Edições O Formigueiro. Linguagem que o Tempo, implacável, pulverizou e que, vista desde a ótica de nossos internéticos dias, tem um efeito cômico e, alguma vez, devastador.

Pego, aqui e ali, em alguns autores que prefiro não citar, certas palavras ou expressões que se reafirmam a Língua como coisa movente e sempre nova, nos dão, também, sem dó, a medida de sua cruel fugacidade.

Por exemplo, galanteio era, ora direis!, “fazer pés-de-alferes” o que também é o mesmo que o nosso ainda vivo “arrastar as asas” para alguém. Cousa bem mais galinácea, convenhamos, que a finada expressão grafada pelo esquecido contista num dos livros da Formigueiro. “Malandrim” era sinônimo de “peralta” e “peralvilho” de um peralta ainda mais incorrigível.

Sumiram os “peraltas” e ainda mais os “peralvilhos”. Substituídos por “meliantes” (também em franco desuso...) ainda que inumeráveis, de Brasília às favelas do Complexo do Alemão, no Rio, de uma forma assim meio indiferençada, senão misturada de todo... Ausente daqui motejo ou debique.

Inteira colho uma frase, em outro autor editado pelo saudoso Vasco e até por ele prefaciado: “Com grave defluxo se acercou o astioso capa-goma, o trabuco ao peito do níveo carniceiro”. Quem for de entender, que entenda.

Língua luso-brasileira, ouro latim em pó, nem é preciso ir muito longe (né mesmo, Toninho Vaz?) pois quem diz hoje que está apaixonado por um broto legal? E se ele (ou ela) é jóia nada difere dos supimpas d’outrora, sécios pimpolhos...

Estava certo Vasco Taborda Ribas. O negócio era juntar tudo e todos em torno da Formigueiro. Sem importar se casquilhos, tetéias barbanhudos ou vates de cavanhaque. Ao final e ao cabo, acabamos todos, sem a nada assistir, no mesmo - vão - “cinematógrapho”, a sete palmos de fundura. Sem modernidades nem ademanes.

Fonte:
http://www.parana-online.com.br/noticias/ . Publicado em 13/04/2008.

Érico Veríssimo (O Tempo e O Vento)

O Continente
Intercalada pela história do sítio ao sobrado, onde morre Florêncio Terra e a filha recém-nascida de Licurgo, durante uma revolta em 1895, onde aparecem também os jovens Rodrigo e Toríbio Terra Cambará. Conta-se 150 anos da história do RS até aquele ponto pela vida da família Terra Cambará. A primeira parte é A Fonte, já que o que se segue é a história do personagem que se torna a fonte do qual surge toda a família.

É a história do mameluco Pedro Missioneiro, que nasceu em 1745, morou nos Sete Povos das Missões e adquiriu de um padre (seu padrinho, que o batizou com o nome de um homem que um dia quis matar pela amante antes de se tornar padre) uma adaga que passa pela família. Pedro tinha visões que se realizavam, dizia ser filho da Virgem Maria e sai da Missão três meses após a morte de Sepé Tiaraju.

A parte é Ana Terra. Ana é a jovem filha de Maneco Terra que ajuda Pedro Missioneiro a se curar após cair ferido, já homem, em seu rancho. Ana Terra se apaixona por Pedro e dele engravida, passando assim a ser desprezada pelo pai e os irmãos, que matam Pedro. Quando o rancho é atacado, seu pai, seu irmão (o outro se mudara e abrira uma venda) e dois escravos são mortos e ela é estuprada, mas sua cunhada e as crianças se salvam disto tudo escondidos. Após enterrar os cadáveres, ela segue para as terras do Coronel Amaral para ajudar na fundação de um povoado chamado Santa Fé. Lá se torna a parteira. Já Um certo Capitão Rodrigo conta a história de Rodrigo Cambará, um anti-herói que chega ao povoado de Santa Fé e se apaixona por Bibiana, neta de Ana Terra e filha de seu único filho Pedro. Bibiana era disputada pelo jovem Bento Amaral, o que leva Rodrigo e ele a duelarem de arma branca. Rodrigo entalha um P na cara do outro, mas leva um tiro traiçoeiro antes de por a perninha do R. Quando o padre lhe visita para dar a extrema-unção, Rodrigo lhe dá uma figa e começa a melhorar. Rodrigo mais tarde se casa com Bibiana, também apaixonada, apesar de contrariada pelo pai Pedro Terra.

Rodrigo abre um negócio com Juvenal Terra, primo de Bibiana e começa a se degenerar, traindo Bibiana, bebendo e jogando. Quando uma das filhas do casal, Anita, morre, Rodrigo está jogando e é avisado do estado da menina, mas demora a ir para casa. Quando o faz, revolta-se em negação mas finalmente sucumbe ao choro. Redime-se e torna-se melhor que antes, bebendo após isso tudo um único gole, quando nasce sua nova filha, Leonor, que passa a ser companhia de seu primeiro filho Bolívar. Rodrigo vai então para a Guerra dos Farrapos e, ainda durante a guerra, volta para Santa Fé atacar a residência dos Amarais. Ele ama Bibiana mais uma vez e promete voltar, mas cai com um tiro no peito durante um ataque.

A teiniaguá conta sobre Luzia, Florêncio e Bolívar. Florêncio é o filho de Juvenal e melhor amigo de Bolívar durante a infância. Luzia é a neta de um agiota que se estabelece em Santa Fé. Doente mental, Luzia é sádica, como a teiniaguá, uma lenda gaúcha que conta de uma princesa moura transformada em cobra com cabeça de diamante que gosta de ver outros sofrerem, mas sua beleza atrai todos os homens, incluindo Florêncio e Bolívar. Ela se casa com Bolívar depois que este volta da guerra, muito perturbado. Lentamente eles começam a se afastar dos amigos. Por fim (quase tudo isto observado pelo ponto de vista do médico da cidade, Carl Winter) ela demonstra todo sadismo ao continuar em Porto Alegre durante uma visita mesmo estando uma epidemia do cólera acontecendo. Ao voltarem, ambos se trancam no quarto após uma violenta discussão de Luzia com Bibiana.
Luzia se sente presa a Santa Fé. Bibiana, que estimulara a união para passara a viver no Sobrado, construído no terreno da casa de seu pai e tomado pelo agiota, sabe como Luzia é má. O doutor finalmente fala com Bolívar e este revela que tudo que queria era fugir para uma guerra. Como eles estão de quarentena no Sobrado, obra de vingança do Coronel Bento Amaral por ser Bolívar filho do homem que lhe talhou o rosto, Rodrigo sai atirando do Sobrado contra os homens que lhe prendiam humilhantemente em casa e cai morto, enviuvando Luzia e deixando órfão de pai seu filho Licurgo.

A Guerra conta a história dos anos finais de Luzia e sua disputa com Bibiana pelo amor de Licurgo enquanto este cresce. Luzia está na época com um tumor no estômago, e a preocupação principal de Bibiana é permanecer no Sobrado. Luzia, ao final, perde a guerra não declarada, pois o que queria era um filho cosmopolita, e Licurgo continua em Santa Fé. Ismália conta a história de Licurgo já mais velho trabalhando em Santa Fé com seu melhor amigo, o jornalista Toríbio, pela proclamação da República, tudo enquanto envolvido com o casamento com a prima Alice, filha de Florêncio Terra e a amásia, Ismália. Ismália é uma china (palavra usada até hoje em partes do Rio Grande do Sul que designa uma "mulher da vida") submissa a Licurgo do qual este gosta e permanece assim pelos anos que seguem e engravida dele. A luta pela República enfim tem sucesso e a rivalidade dos Terra Cambará com os Amaral continua com Alvarino e Licurgo, como antes fora com Bento e Rodrigo. As continuações são O Retrato e O Arquipélago.

O Retrato

Dividido em quatro partes, conta a história da família Terra Cambará até 1945, completando junto com o Arquipélago mais 50 anos da história do RS. Rosa-dos-ventos conta da chegada de Rodrigo Cambará do RJ logo após a deposição de Getúlio Vargas em 1945, visto apenas sob o ponto de vista dos habitantes da cidade fofocando sobre seu passado e sobre sua atual situação de saúde, política e família, com opiniões variadíssimas. Aparece aqui a explicação para o título do livro: o retrato é uma pintura feita por um pintor de Rodrigo com vinte e quatro anos em que a própria personalidade de Rodrigo, junto com seu passado presente e futuro, parece transpirar.

Chantecler mostra o jovem Doutor Rodrigo Terra Cambará chegando a Santa Fé em fins de 1909, idealista, pensando em revolucionar a cidade. Sua primeira empreitada é a campanha civilista pelo candidato Rui Barbosa para presidente, pela qual ele funda o jornal A Farpa. Usando "A Farpa" Rodrigo e seus amigos, especialmente o pintor espanhol anarquista Pepe Garcia, que como o Doutor Winter se sente preso misteriosamente a Santa Fé. Pepe trabalha como tipógrafo n'A Farpa e Rodrigo escreve artigos em favor de Barbosa. Mas Hermes da Fonseca vence a eleição e Rodrigo se desilude com a política. Rodrigo também age com um desprendimento total em relação a dinheiro, presenteando e ajudando muitos, como o jovem Marco a quem ele dá dinheiro para começar uma fábrica, e os vários pobres das favelas de Santa Fé aos quais ele atende gratuitamente, distribuindo comida e alimentos no inverno, apesar da reprovação do anarquista Pepe e de seu positivista amigo, o Tenente Rubim.

No plano romântico Rodrigo se enamora de Flora e corteja-a do modo tradicional, muito a contragosto. Sua carne é fraca, no entanto, e ele acaba por se deitar algumas vezes com uma jovem Caré tal qual o pai e outras jovens. Mas ainda assim continua pensando em sua Flora, filha de um arruinado estancieiro, Aderbal Quadros. Também deve se destacar que Santa Fé está toda preocupada com a passagem do cometa Halley, já que diziam que este destruiria a Terra ou envenenaria a todos com sua cauda. O título deste segmento, Chantecler, deve-se ao personagem de uma peça de Rostand que estréia em Paris durante esta época, no qual o personagem principal é um galo imponente que se ilude achando que o sol não nasce sem o seu cantar, tal qual Rodrigo se vê como uma figura capaz de corrigir todos os males de Santa Fé.

A sombra do anjo conta a história de Rodrigo já casado e com dois filhos em 1914-15, numa Santa Fé sem Pepe e com adversários inertes. Rodrigo continua fazendo clínica e morando na cidade, enquanto o pai e o irmão passam a maior parte do tempo no Angico, a fazenda da família. O que move a história é, no plano político, a candidatura ao Senado do Marechal Hermes da Fonseca, seu desafeto, e no plano pessoal a paixão que Rodrigo sente por Toni Weber. A família Weber é uma família de músicos austríacos que chegam a Santa Fé, com quem Rodrigo primeiro não simpatiza por serem da pátria aliada a Alemanha a quem odeia em tempos de guerra. Mas após ouvi-la passa a simpatizar com ela e se apaixona por Toni. Quando estes são roubados por seu empresário, Rodrigo arranja que possam permanecer na cidade, trabalhando no cinema às custas de Rodrigo. Numa das visitas ao Sobrado ele finalmente conquista Toni, que também o ama. Eles passam a se encontrar, pouco mas intensamente na casa dela.

Um dia ela vai ao hospital de Rodrigo (ele clinicava lá e o doutor Carbone operava) e conta a ele que está grávida. Rodrigo pensa em aborto, em casa-la, em tudo. Mas nada adianta, pois quando ela está para se casar com um colono, ela se mata. Rodrigo confessa ao irmão e ao padre, que cuidam dele. Quando ele vai para o Angico, tenta disfarçar mas acaba contando ao pai, que se desaponta com ele. Rodrigo fica então em sua cama, quase enlouquecido, pensando, delirando, com o mal que fizera àquela que ama. Uma vela para o Negrinho conta já em 1945 sobre os filhos de Rodrigo Cambará reagindo a conjuntura político-familiar do momento. Floriano está a visitar o cemitério e vê a tumba de Toni Weber sem conhecer a história por trás da moça, pensando numa história para escrever. Fala com Pepe no bar, que diz que Rodrigo o traiu e traiu o Retrato. Depois começa a inventariar a família e a pensar no irmão mais novo, o comunista Eduardo. Eduardo está enquanto isto a fazer um discurso comunista na praça a frente do Sobrado enquanto Rodrigo convalesce. Após o discurso Floriano e Eduardo discutem e Rodrigo chama Eduardo para conversar. Floriano vai até o pátio com Maria Valéria, que acende uma vela para o Negrinho do Pastoreio (reza a tradição que ele acha o que foi perdido) para que os Terra Cambará encontrem o que perderam.

O Arquipélago

O Arquipélago continua coma história da família Terra Cambará com o Dr. Rodrigo. Entrelaçada por Reunião de Família, a história da família se reunindo após a queda de Vargas, com Rodrigo a beira da morte em 1945 continua a história de Rodrigo e Toríbio. Depois de dois infartos e sofrendo de edema pulmonar, Rodrigo passa ao tempo todo acamado, com a amante num hotel da cidade (ela veio do Rio de Janeiro por conta própria), e os filhos desentendidos.

Floriano, o intelectual passivo está apaixonado por Sílvia, mulher de seu irmão Jango, um homem simples. Eduardo milita o comunismo e ataca o pai até em praça pública, enquanto Bibi simplesmente se sente deslocada em Santa Fé, com o segundo marido. Maria Valéria está cega e Flora mantém um casamento apenas de fachada com Rodrigo. A maioria do tempo vêem-se discussões políticas entre Rodrigo, Tio Bicho (amigo da família e confessor de Floriano), Irmão Zeca (filho bastardo de Toríbio que se tornou irmão marista), Terêncio Prates (sociólogo formado pela Sorbonne e estancieiro), acabando sempre na figura de Getúlio Vargas que Rodrigo tanto defende. Rodrigo enquanto isto também desobedece às ordens de Dante Camerino, seu médico (ele chegou a ter um encontro com a amante) e Floriano confessa a Tio Bicho o que sente por Rodrigo.

As anotações (Caderno de Pauta Simples) de seu filho mais velho, o escritor Floriano, também intercalam a história. Elas são um preenchimento de lacunas sobre acontecimentos menores da história; reminiscências de infância e adolescência, onde se lembra como se sentia por Rodrigo, o colégio interno onde era um dos amantes da mulher do diretor (eram ambos pederastas); impressões sobre o dia-a-dia daquela reunião; memórias de quando era professor universitário de Literatura Brasileira em São Francisco, onde reencontra Mandy Patterson, a americana que namorara no RJ e o afastou de Sílvia. E aparece também um germe para o romance que pretende escrever, fechando duzentos anos de história, que é na verdade a história da própria família Terra Cambará, dando caráter autobiográfico ao personagem (ele vai afinal, escrever o livro que agora lemos), começando pela história de Pedro Missioneiro, uma que ele não chegou a conhecer já que Ana Terra nunca revelou.

Essas duas últimas citações dão caráter autobiográfico a Floriano, já que o autor foi professor de Literatura Brasileira e, bem, escreveu esta história. A primeira parte é O deputado, que conta sobre Rodrigo em 1922, deputado estadual chimango. Mas a desilusão com o partido que ele e seu pai passam a sofrer leva ele a renunciar ao cargo com um discurso inflamado na assembléia municipal. Passa então mais uma noitada no Rio e volta para Santa Fé e discute política com os amigos e se prepara psicologicamente com o irmão para a revolução que eles temem que virá. Lenço encarnado conta sobre a revolução de 23 e a participação dos Cambarás.

Por causa das fraudes nas eleições estaduais, começas uma luta entre os borgistas (chimangos, situação, inimigos dos Cambarás) e assisitas (maragatos, oposição, derrotados pela fraude, ironicamente com a participação dos ex-inimigos jurados dos Cambarás) A revolução começa em janeiro e as tropas dos maragatos se reúnem, mas só partem com o consentimento e sob o comando de Licurgo quando Alvarino Amaral decide lutar separado. É um sinal das cicatrizes que ficaram da revolução de 95, quando a filha de Licurgo, seu sogro e um agregado morreram. A coluna dos Cambará leva Miguel Ruas, o promotor que nem sequer gaúcho era; Liroca, quixotesco; a Cacique Fagundes e Juquinha Macedo, dois chefes tradicionais (o primeiro morre); caboclos pegos no meio do caminho (vários dos quais morrem); Rodrigo, Toríbio e Licurgo. Eles marcham pelo estado, andando mais que lutando, e por estas batalhas caem uns e tomam-se munição e outras coisas. Ruas morre na tomada de Santa Fé e Licurgo numa das últimas batalhas, com Rodrigo ao seu lado gritando por um médico, esquecido que ele mesmo era um.

Por todo este tempo as mulheres e crianças ficam no Sobrado, Flora desesperada (este capítulo revela que Flora conhece as escapadas do marido, a de Toni Weber em especial) e Maria Valéria cuidando de tudo. A revolução acaba em outubro, com vários mortos e uma paz que manda que o governador reeleito Borges de Medeiros não o seja mais e outras concessões. Um certo Major Toríbio é a parte que relata sobre os três anos seguintes, as revoltas contra Artur Bernardes, presidente na maioria do tempo em que isto se passa (Washington Luís toma posse mais para o fim). Toríbio se junta, contra a vontade de Rodrigo, a Coluna Prestes. Mas ele só é visto mais ao final da história, que se passa a volta de Rodrigo, chocado pela morte da filha (ele leva um ano para se recuperar, ainda assim nem muito) e ainda perturbado com a do pai. Mostra também a partida do quieto Floriano, já com jeito para letras, para estudar em Porto Alegre. Quando finalmente recebe notícias de seu irmão, vindas do já tenente-coronel Rubim, Rodrigo parte para o Rio e Toríbio é liberto da prisão.

Chegando ao Sobrado, Toríbio conta de sua experiência com a Coluna Prestes aos mais chegados e como só se salvara de morrer porque um militar cujo a vida Rodrigo salvou era o responsável pela execução. Mas foi preso ainda assim. É importante dizer também que, desiludido com a medicina após a morte de Alicinha, Rodrigo vende a farmácia e a Casa de Saúde aos médicos que o ajudavam, Dante Camerino e Carlo Carbone, fecha o consultório e entrega a administração do Angico ao sogro. O cavalo e o obelisco é a história da Revolução de 1930, mostrada desde poucos meses antes até poucos dias depois. A medida que a tensão cresce vai mostrando-se a confusão de sentimentos sobre o Getúlio Vargas que Rodrigo esgosta e vem a admirar tanto mais tarde.

Como o pai, Rodrigo é obrigado a se aliar com os antigos inimigos (Laco Madruga dessa vez) relutantemente. Floriano, já mais velho, parasitando de modo ainda mais relutante em Rodrigo e sentindo-se mal por isso é obrigado pelo pai. Homem de paz, quando durante a tomada da guarnição federal de Santa Fé o pai é ameaçado de morte por um homem que era amigo, Floriano não o mata em defesa do pai, mesmo depois que este já havia sido alvejado pelo Tenente no ombro. Floriano foge então sendo chamado de covarde pelo pai. O homem, Tenente Bernardo Quaresma, estava acuado no escritório, não tendo sentido a explosão das granadas por estar acompanhado de um cachorro, que depois assombrou Santa Fé. Rodrigo acaba por dar o primeiro dos tiros que mata este Tenente, que era apaixonado pela mulher com quem Rodrigo estava traindo Flora na época, uma poetisa. Rodrigo passa a se atormentar pela morte de Quaresma a partir daquele dia. Depois ele se encontra com Getúlio Vargas na estação, faz um discurso dramático e parte para o Rio de Janeiro.

Noite de Ano-Bom mostra um único dia: 31/12/1937. Começando com o enterro da mãe de Arão Stein, que se encontra na Guerra Civil na Espanha, financiado por Rodrigo. Eduardo, influenciado por Stein, já principia a militar o comunismo. Floriano se sente um covarde por não ter revelado à Sílvia seus sentimentos, que agora percebe o quanto eram profundos ao vê-la, no dia de seu noivado com Jango. Então se lembra do relacionamento com a americana no RJ que o afastou de Sílvia. Já aqui a história se foca mais em Floriano que Rodrigo e mostra o quão corrompida foi a família desde 1930.

O noivado realiza-se sob um clima pesado com Rodrigo defendendo, apesar de ainda não ter digerido, o Estado Novo de todos, inclusive seu irmão Toríbio. Escala também o nazi-fascismo em Santa Fé. Corre tudo relativamente bem, exceto pelo desentendimento entre Toríbio e Rodrigo, até que alguém propõem um brinde à Getúlio Vargas e ao Estado Novo. Toríbio se revolta, faz um pequeno escândalo e sai com Floriano para um baile numa das favelas de Santa Fé. Tentando seduzir uma jovem mulata, mete-se numa briga com o outro pretendente. Floriano ainda ataca um de seus inimigos com uma garrafada (gesto que não pode realizar em prol do pai), mas muita tarde. Toríbio é ferido na virilha e se esvai em sangue, chegando morto ao hospital, suas últimas palavras sendo "Um piazinho de merda..".

Do diário de Sílvia vem o preenchimento dos anos seguintes à tragédia, com impressões sobre seus sentimentos em relação a Floriano, quase idênticos aos que este sentia; o casamento infeliz e sem amor com Jango; as dúvidas quanto a sua religiosidade; a correspondência com Floriano; as confidências com e de Arão Stein (de volta da Espanha. Mais tarde expulso do PC, começa a enlouquecer) e Zeca (já usando o nome de Irmão Toríbio). Lembra-se também da infância infeliz e como idolatrava a "gente do Sobrado", sentindo-se em incesto quando dorme com Jango. E registra as reações em relação à guerra, a volta de Pepe Garcia e o que Floriano lhe escreve dos EUA. Encruzilhada, a última parte, tem um título que define a situação em que a família, p país se encontra naquele final de 1945: estão numa encruzilhada da vida.

Começa a história com Arão Stein, enlouquecido pela expulsão do PC se matando, enforcado na figueira na paraça central de Santa Fé. Em seguida passa-se seu funeral e enterro (Rodrigo não fica sabendo), onde Rodrigo, Zeca e Roque Bandeira discutem mais uma vez. Stein é enterrado sem ter a alma encomendada, como todo suicida. No Sobrado, Floriano se cruza com Sílvia, abraça-a e beija-a, mas ambos se separam e ela foge. Depois ele e Sílvia tem uma conversa séria e ela lhe entrega para ler seu diário. Antes de lê-lo, Floriano tem a conversa definitiva no qual desabafa tudo o que pensava e sentia sobre sua relação com o pai, cortando definitivamente o cordão umbilical que os prendia, reconciliando-se com ele e consigo mesmo. Rodrigo, já liberado por Dante para voltar ao Rio, manda Sônia, sua amante de volta antes e planeja romper com ela. Floriano sobe até seu refúgio no sótão e lê o diário de Sílvia, sente-se afinado, inveja Zeca por ter com ela uma intimidade que ele nunca terá e finalmente lê a última frase onde ela revela estar grávida. Rodrigo e Flora ouvem isto e ficam felizes. Rodrigo prepara-se então para voltar ao RJ, mas morre antes.

Seu funeral se processa como era de se esperar. Na noite de Ano-Bom acontece a festa tradicional, morre Laco Madruga, vê-se todos os personagens por uma última vez e muito é revelado. Floriano planeja construir as pontes que ligarão sua ilha a este Arquipélago de pessoas. E ao final, enquanto o neto de Alvarino Amaral, admirador do escritor e conterrâneo Floriano Cambará, compõem seu primeiro poema e pensa em se aconselhar com ele, Floriano escreve as primeiras linhas de seu romance catártico que contará a história de sua família: as primeiras palavras de O Tempo e O Vento.

Fonte:
http://www.coladaweb.com/resumos/tempovento.htm