sábado, 17 de abril de 2021

Adega de Versos 13: A. A. de Assis

 


Célio Simões (O Estranho Casal do Sofá)

Dentre os muitos endereços que tive em Belém ainda na fase áurea da solteirice, um deles muito me marcou pelas boas lembranças e grandes amizades que fiz, durante os anos de 1973 a 1975 em que lá morei. Falo da CEUP - Casa do Estudante Universitário do Pará, antigo feudo da tradicional família Lobato e desde 26.05.1957 quando foi fundada, acolhedor albergue de estudantes vindos do interior do Pará ou de outros estados, principalmente Amazonas, Maranhão, Piauí e Goiás, que não tinham família em Belém.

Quando lá ingressei, por especial convite do saudoso amigo e presidente à época José Gumercindo Rebelo (que tão precocemente nos deixou), a entrada principal do casarão de dois andares, de belíssima e clássica arquitetura, era pela Av. 16 de Novembro, tendo um enorme terreno vazio aos fundos, tão extenso que chegava até à Tv. São Francisco.

Nesse vasto espaço depois foi erguido um segundo prédio de três andares, depois dele uma quadra de esportes, ambos fazendo frente para a Tv. São Francisco, naquele tempo uma rua de terra esburacada, contendo no trecho que vai da Av. Almirante Tamandaré até a Rua Veiga Cabral muitas áreas sem qualquer edificação, cheias de mato, com solo alagadiço que submergiam no período chuvoso de Belém entre Fevereiro e Abril, hoje totalmente urbanizado, com mansões, edifícios residenciais de luxo e asfalto de primeira qualidade.

Éramos mais de setenta estudantes e para não dizer que inexistiam mulheres naquele grupo heterogêneo, eram elas representadas pelas bondosas Paula e Jacira, incumbidas dos serviços de limpeza, lavagem da roupa e do preparo dos alimentos, que elas davam conta com a prestimosa ajuda do Edir, responsável pela manutenção e eventuais reparos nas instalações da casa.

Além dos quartos onde moravam os estudantes, a CEUP dispunha de outros espaços comuns como a sala de estudos, a sala de TV e o refeitório, onde a cada dia era servido bem cedo o desjejum, um prosaico café com leite e pão careca, o suficiente para impedir que saíssemos com o estômago roncando rumo à UFPa, única instituição de ensino superior pública existente. Também no refeitório era servido o almoço, um composto de picadinho de carne bovina misturado com arroz quebradiço, encimado por um invariável ovo de galinha cozido colocado, que pela aparência ganhou da turma o mimoso apelido de “Ninho de Japiim”. Não havia jantar e o pessoal se defendia da broca nas lanchonetes próximas.

Para manter tudo funcionando, havia uma Diretoria muito atuante, tendo o Gumercindo como presidente e o Antônio “Padre” como seu vice e braço direito na gestão administrava, fazendo sabe Deus como render os escassos recursos oriundos de convênios firmados com instituições públicas, a principal delas a própria UFPa, renda essa complementada pela módica taxa mensal que era cobrada dos moradores. Quando a situação apertava, o que não era raro, promovíamos na quadra esportiva animadas festas dançantes com entrada paga, que faziam o regalo dos jovens do Bairro do Jurunas, que ali encontravam ambiente mais concessório capaz de burlar os rígidos padrões de conduta daqueles bons tempos, desde que, naturalmente, a coisa não descambasse para atitudes mais ousadas, principalmente quando corriam soltos e generosos a cerveja e o rum e afloravam indômitos os instintos reprimidos pela moral e os bons costumes, na busca ávida dos caminhos de Eros.

Quando de lá me retirei em 20 de Dezembro de 1975 diretamente para o altar da Igreja da Trindade onde casei, a entrada principal continuava sendo pela Av. 16 de Novembro, vizinha ao convento dos religiosos franciscanos, onde residia meu antigo e estimado professor Frei Prudêncio Kalinowski, incumbido da capelania do Presídio São José, na Praça Amazonas, transformado anos depois no Polo Joalheiro, um dos pontos mais visitados pelos turistas que demandam Belém. O portão da Tv. São Francisco era pouco utilizado, dadas as sofríveis condições da via, com parca iluminação noturna, porém utilizada por mim com frequência por dois motivos: meu quarto era no térreo do prédio novo, portanto, mais próximo de ser alcançado por lá, além do que, eu e Orlando Santos éramos os únicos universitários que tínhamos carro e eles ficavam estacionados à noite num terreno baldio e elevado situado em frente ao dito portão, para fugir aos alagamentos comuns no inverno.

Aquela casa regurgitava de vida, de esperança, de sonhos, com perspectivas de ascensão social e profissional daquela juventude na flor da idade, objetivos comuns que amenizavam as eventuais divergências surgidas no relacionamento diário entre seres de origem distintas, afeitos porém à sadia camaradagem nos momentos de lazer, principalmente nas ferrenhas disputas de futebol de salão com os times da vizinhança ou nos amistosos da tarde entre os próprios moradores, onde quase ninguém brigava.

Dali saíram para a vida personalidades que brilharam em suas atividades como médicos, engenheiros, advogados, executivos, políticos, professores, artistas, enfim, gente forjada na luta dura e honesta, porquanto ali nenhum havia nascido em berço de ouro. Sobre a bem-amada CEUP ter a fama de mal assombrada, como em outra oportunidade já tive oportunidade de escrever, me ocorreu contar aqui, 45 anos depois da minha saída de lá, um fato que realmente me deixou intrigado.

As noites das sextas-feiras eram para os estudantes uma espécie de libertação de tudo o que ficara contido durante a semana. Não tínhamos nem aula nem trabalho aos sábados e assim era possível avançar sem peias nas festas e confraternizações da cidade, como convidados ou furões, principalmente se a mesa fosse farta, quando podíamos tirar a barriga da miséria. O cardápio generoso e gratuito dos aniversários e bodas era a nossa suprema e gloriosa vingança contra o insípido “Ninho de Japiim”. Pois foi numa madrugada de sábado que tudo aconteceu, depois de um fantástico arrasta-pé na Cidade Velha, quando lá para as duas da madrugada decidi voltar, alma refeita dos prazeres mundanos que os vinte e cinco anos nos propicia.

Estacionei o Fusca no local de sempre e driblando as crateras da rua e a escuridão empurrei o portão e caminhei tranquilo para o interior do prédio, atravessando todo o espaço que correspondia à quadra de esportes, até chegar no pátio interno situado antes dos quartos, oportunidade em que avistei o casal refestelado no estropiado sofá que alguém colocou ali para dar ao local um aspecto de sala de visita, onde eram recebidos amigos e parentes dos moradores.

Em silêncio cheguei bem próximo deles e notei que estavam dormindo meio abraçados. Fiquei ali parado imaginando como eles tinham conseguido entrar, pois as regras de acesso eram rígidas a estranhos, justamente para preservar a segurança e evitar que aos cômodos tivessem acesso gente desconhecida ou de conduta duvidosa. Já passava um pouco das duas da madrugada quando de repente ele despertou, olhando-me com expressão de espanto. Procurando acalmá-lo, indaguei quem os autorizara a entrar e utilizar o sofá como cama. Respondeu-me o rapaz, um tipo magro, pele clara, barba por fazer, falando um portunhol que viabilizou em parte o entendimento. Mencionou a palavra “padre” e aí eu fiquei sem saber se a licença partira do Antônio “Padre” (nosso vice-presidente) ou se o seráfico Frei Prudêncio, vizinho de parede, resolvera de repente mandar gente estranha dormir na casa dos outros...

Com a conversa em voz alta, a moça acordou também. Bela e diáfana, cabelos alourados cor de violão velho, tinha aquele olhar lânguido de cabra morta e trajava uma saia de tecido indiano enrugado parecendo que havia saído do bico de um bule, aspecto em tudo comparável ao de “Jenny”, a namorada hippie de Forrest Gump, personagens do filme americano rodado em 1994, verdadeiro sucesso de bilheteria. Foi dela que partiu, também em portunhol, a informação de que “estavam viajando pela América”, o que me deixou ainda mais cabreiro, pois não vislumbrei nenhuma bagagem por perto, nem mesmo uma singela mochila, apetrecho inseparável dos andarilhos.

Desconfiado, pensei em chamar alguém da Diretoria, mas mudei de ideia e num gesto amistoso e humanitário, lhes ofereci o meu quarto, guarnecido apenas com a cama, uma pequena mesa de estudo e a mala com documentos e pertences pessoais, que eu mantinha no cadeado. Disse-lhes que o aposento, embora modesto, seria um pouco mais adequado para dormir do que aquele sofá roto e já com as molas de fora, mas eles recusaram, dizendo que iriam embora de manhã bem cedo. Mesmo entretido na conversa, notei que pelo portão da São Francisco entrou o Edir quase corendo, fugindo da chuva persistente que começara a cair; quando passou por nós, fez um gesto vago e disse algo como se indagando alguma coisa. Enveredou no rumo do prédio antigo, xingando o aguaceiro com todas as objurgatórias que deve ter aprendido nas suas andanças pelo Ver-O-Peso.

Continuamos a conversa. Ratifiquei a oferta do quarto e em face de nova recusa, pedi licença, fui lá dentro, peguei meia folha de papel almaço e escrevi o seguinte bilhete: “Jacira, entrega o meu café da manhã ao casal portador deste bilhete. Eles dormiram no sofá do prédio novo e devem estar com fome. Amanhã no almoço eu falo contigo. Muito obrigado”.

Voltei na mesma pisada e entreguei-lhes o papel, explicando do que se tratava e indicando o caminho para o refeitório. Sem qualquer emoção pela suposta nobreza do gesto, o jovem depois de cuidadosamente dobrá-lo o guardou no bolso, quando novamente o Edir passou por nós, dizendo em voz alta que esquecera de fechar o cadeado do portão. Ato contínuo sumiu na escuridão, regressando logo depois quando, dirigindo-se a mim, falou algo que dessa vez ouvi muito bem, ao mesmo tempo em que rodava o indicador em torno da têmpora, no clássico gesto que simboliza que alguém está ficando "gira": - Tu vai ficar falando só a noite inteira? E foi embora pela tétrica alameda de acesso ao sobrado.

Eu também já estava cansado e por isso resolvi encerrar aquele papo furado com aquela dupla. Dando boa noite ao moço, estendi a mão para apertar a dele e ao tocar a sua pele gelada e úmida igual sapinho do pote, senti os ossos estalando sem qualquer consistência e a custo consegui disfarçar a súbita repugnância que experimentei. Aproximando-me da sua companheira, dei-lhe um educado e universal beijo de despedida e levei novo susto. Foi encostar o meu rosto no dela e minha incipiente barba arrepiou todinha, dando-me a recorrente sensação que sentimos quando aproximamos o braço de um televisor recém-desligado e os pelos ficam eriçados pela energia estática dos elétrons ainda não completamente dissipados. Depois disso fui me deitar em busca do sono reparador, porém pensando com meus botões:

– Arre égua, essa mulher dá choque parece poraquê do Laguinho...

Dia seguinte, à hora do almoço, encontrei a Jacira na azáfama de sempre. Com seu jeito de índia caiapó, me fitou com seus olhos orientais quase sumidos no rosto largo e risonho, perguntando se já podia servir o meu almoço. Antes da resposta, resolvi matar a curiosidade:

– E o casal do bilhete, tomou hoje o café da manhã?

– Que casal?

– Um casal de gringos, para quem eu doei meu café com pão.

– Por aqui não apareceram... limitou-se a dizer, quase monossilábica.

Nisso entrou o Edir no refeitório, cumprimentou todo mundo e me olhando de esguelha, falou com jeito gozador:

– Agora tu deu pra falar sozinho?

– Como é que é? Ficou doido cara?

– Eu doido? Quando cheguei ontem de madrugada, passei por ti fugindo da chuva e te vi conversando animado com o sofá. Voltei depois pra fechar o portão e novamente tu falavas sozinho. Quando retornei de vez pra dormir tu tava ensaiando dar um beijo no vento e depois disso tudo o doido sou eu? E caiu na gargalhada...

Ficou claro para mim que, por alguma razão, só eu vira o romântico par com quem conversei. Perdendo por completo a fome retornei ao quarto, reconstituindo de memória os fatos, tentando entender todo aquele imbróglio protagonizado pelo estranho e misterioso casal. Parei em frente ao velho sofá e o que vi me convenceu que algo inusitado acontecera naquela chuvosa madrugada. No lugar onde sentara a moça, restava abandonado o mesmo bilhete que escrevi para a Jacira e que na minha frente foi dobrado com esmero e colocado no bolso da surrada calça jeans usada por aquela esquisita criatura.

Fonte:
Obidos

Ronnaldo de Andrade (Caderno de Trovas) – 2 –

Após fazermos amor,
nos meus braços adormece,
e eu, com bastante fervor,
beijo-a e lhe faço uma prece.
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As lágrimas que derramo,
quando me encontro ao seu lado,
são, meu Amor, porque lhe amo
muito além do desejado
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Às vezes eu sinto um tédio,
meu coração quer falhar.
O meu único remédio
é você,  seu lindo olhar!
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É mentira quando falo
que mais feliz estou eu.
E na mentira me embalo
depois que ela me esqueceu.
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É triste ficar distante
de você, ó minha amada.
Vejo em tudo o seu semblante;
sem você não valho nada!
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Eu sinto que estou amando.
Adeus maldita desgraça,
o seu fim está chegando,
o amor agora me abraça.
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Eu sinto que estou amando
como nunca amei alguém.
Parece que estou sonhando,
pois esse amor me faz bem.
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Eu sinto que estou amando,
– desta vez é de verdade –
e aos poucos me abandonando
a tal infelicidade.
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Eu sinto que estou amando
e este amor é tão perfeito,
que aos poucos vai ocupando
mais espaço no meu peito.
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Fiz dela minha rainha,
tornando-me escravo seu,
Mas hoje, linda andorinha,
sei que ela já me esqueceu.
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Hoje quem sofre sou eu,
e sofrer me desconforta.
Sei que ela já me esqueceu
e por isso a quero morta.
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Mate-me em sua memória,
convença-se que morri.
Não deixemos para história,
os versos que lhe escrevi.
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Neste peito, um coração
que muitos chamam de pedra,
se debate com unção:
é o amor que nele medra.
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Ninguém nunca vai a amar
nem igual nem melhor que eu.
Tristonho chorei um mar
depois que ela me esqueceu.
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Nosso amor... Os nossos medos...
Nossas novas esperanças...
Nossas mãos... Os nossos dedos...
Nossas vidas... Alianças...
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Olha-me com tanta pena,
que chego a pensar... Confesso.
O seu olhar me envenena...
Não me olhe assim, eu lhe peço.
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Penso, às vezes, que sou louco,
me entregar dessa maneira.
Pra você pode ser pouco,
ou uma grande besteira.
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Perdoe-me, mas tenho pressa:
você se casa comigo?
Sabe que lhe amo, confessa!
Dar-lhe-ei amor e abrigo.
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Quando a vejo não disfarço,
sua beleza me encanta.
Diz-me, Senhor, o que faço
pra conquistar essa santa?
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Quando você põe em mim,
esses olhos cor de mel
e esses lábios de carmim,
eu deliro, vou-me ao céu.
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Sei que ela já me esqueceu
e que rasgou cada poema
que lhe fiz. Amá-la é meu,
entre outros, maior problema.
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Sei que ela já me esqueceu,
mas a amo. Isso me aborrece.
Lhe escrevi, não respondeu,
finge que não me conhece
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Tornei-me um senhor ateu.
O meu ego ficou ferido,
depois que ela me esqueceu
por um amor proibido.
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Trago solto aqui no peito
batendo descompassado
este coração, sujeito
misterioso e apaixonado.
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Trago solto aqui no peito,
na mais penosa mazela,
o coração, que assim feito
eu, vive a chorar por ela.
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Trago solto aqui no peito,
se contorcendo de dor,
grande, débil e imperfeito,
um coração sofredor.
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Trago solto aqui no peito
um coração melancólico
que diz assim, deste jeito,
“ah! Deus nunca foi católico”.
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Um dia ela foi a minha
companheira e eu fui o seu.
Só fui ver que era mesquinha
depois que ela me esqueceu.
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Vejo-me em pleno abandono,
faminto e jogado ao léu,
feito um cachorro sem dono,
e uma estrela, só, no céu.
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Você não sabe do que
eu sofro quando estou só,
e nem mesmo do porquê
qual me faz me sentir pó.
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Você quer ver-me em ruína,
quer ver a minha desgraça.
Mas eu não tenho essa sina,
e vou vivendo com graça.

Fonte:
Trovas enviadas pelo autor.

Marcelo Spalding (Dica de Escrita) 6 clichês a serem evitados no texto


O clichê é uma forma gasta pelo excesso de uso ao longo do tempo. O conceito é muito produtivo porque é a antítese da criatividade, ou seja, quanto mais um texto for repleto de clichês, menos criativo e menos marcante para o leitor ele será. Ainda que, por vezes, se torne um sucesso comercial, já que muitos buscam apenas entretenimento.

Para o escritor de literatura, o cuidado com o clichê deve ser constante, pois ele pode surgir de diversas formas no texto. Lembrando, é claro, que o escritor criativo muitas vezes utiliza o clichê no seu texto para torná-lo cômico, para marcar a fala de um personagem ou até para tornar o texto mais próximo de um determinado público. Este uso, porém, deve ser intencional e consciente, pois o escritor assumirá também os riscos inerentes ao clichê.

Confira os seis clichês mais comuns da literatura:

1) Clichê na estrutura narrativa

Nada pior do que uma história que mal começa e nós sabemos como vai terminar. É aquela história de que o mordomo sempre é o culpado ou de que a mocinha pobre sempre vai acabar ficando com o galã rico e solitário na novela das seis.

Quando se escreve com o objetivo de emocionar o leitor, surpreendê-lo, é muito importante fugir dos clichês narrativos, já tão desgastados pelo uso. E tenha cuidado redobrado com o final clichê: dá vontade de chorar quando um ótimo conto de suspense no final o narrador revela que tudo aquilo não passava de um sonho…

2) Clichê no início do texto


Começar um texto é extremamente difícil, e talvez por isso haja alguns começos repetidos à exaustão. O personagem acordar é um dos maiores clichês, especialmente se for cedo e ele for acordado por um despertador. Outro clichê é começar pelo clima: "era uma noite escura e fria"... Lembre-se: o leitor começa a ler seu texto porque você o divulgou bem e tem um bom título, mas ele não continua a ler se o começo for ruim.

3) Metáforas e construções clichês

Aqui estão os clichês mais engraçados e repetidos. "Coração partido", por exemplo. A metáfora até é bonita e razoavelmente precisa, mas de tanto ser usada tornou-se um belo exemplo de clichê. Assim também expressões como "chorou copiosamente", "azul da cor do mar", "linda de morrer"...

4) Cenas clichês


Há algumas cenas que já se tornaram clichês nas narrativas contemporâneas. A maior delas é fumar depois do sexo. Ou o personagem chorar (embora o choro seja importante, não precisa ter alguém chorando em todas as histórias do mundo!). Outra cena que se repete muito é o personagem olhar para alguma fotografia e lembrar de algo. Ou o personagem ir até a janela. Parece que quando o autor não sabe o que fazer com o personagem, leva-o para a janela…

Claro que é nossa experiência de leitura que irá determinar o que soa mais ou menos clichê para nós. Procure, porém, evitar o óbvio, especialmente o péssimo hábito que hoje muitos autores têm de repetir fórmulas consagradas no cinema blockbuster ou nas novelas de televisão.

5) Clichês nos diálogos

O diálogo precisa ser suficiente e necessário para se justificar, então nada de diálogos do tipo "Oi", "Oi", "Tudo bem?", "Tudo", "Calor hoje, né?", "É". O narrador só deve abrir espaço para as personagens quando a fala delas for essencial. A não ser, é claro, que esses clichês ditos pelas personagens sejam importantes para a narrativa, demonstrem, por exemplo, a insegurança dos dois.

6) Clichês na pontuação


Há dois sinais que são muito importantes, mas não devem ser usados com exagero sob pena de descambarem para o clichê. Trata-se da exclamação e das reticências. A rigor, quase todas as frases em literatura têm algo além do que está escrito, então não precisa terminar todas as frases com três pontinhos! Quanto à exclamação, que acabei de usar, guarde-o para momentos em que a personagem realmente esteja dando ênfase, e não a cada frase afirmativa, pois isso faz com que perca a força quando utilizado.

A. A. De Assis (Maringá Gota a Gota) A primeira revista de Maringá


“A redação era a casa de cada um de nós”

Criador da primeira revista de Maringá, Antonio Augusto Assis, viveu os entraves do início dos impressos do interior. Mais conhecido por assinar seus textos como A. A. de Assis, o professor aposentado pelo departamento de Letras da UEM (Universidade Estadual de Maringá), jornalista e escritor por paixão, Antonio Augusto de Assis, idealizou a Maringá Ilustrada, primeira revista de Maringá.

Nasceu em São Fidélis, interior do Rio de Janeiro, 285 km da capital carioca. Migrou em direção ao Sul ainda jovem, passando, primeiro, por Bauru (SP) e só em janeiro de 1955 Assis mudou-se para Maringá. Seu primeiro contato com o jornalismo foi aos 16 anos, quando escreveu um artigo para o jornal O Fidelense. Ele já passou por diversos periódicos maringaenses, entre os quais A Hora, O Jornal de Maringá, A Tribuna de Maringá, A Folha do Norte do Paraná e na primeira revista, a Maringá Ilustrada, que depois se chamou Norte do Paraná. Também trabalhou na Rádio Cultura.

Assis conversou com a equipe do jornal Matéria Prima. Contou como foi fazer a primeira revista de Maringá e as “aventuras” de noticiar os fatos da cidade e do interior do Paraná.

Confira abaixo:

1) A Maringá Ilustrada foi uma revista comemorativa. Como surgiu a ideia de fazer o que viria a ser a primeira revista da cidade?

- Aristeu Brandespim era um colega e contador de Maringá e resolveu me chamar para criar a revista. Ele era sonhador e quis fazer a revista para comemorar os dez anos de Maringá. Convidou a mim e Ary de Lima, a primeira safra do jornalismo da cidade. Primeiro, Aristeu começou a vender anúncios, para garantir que a publicação fosse para as ruas. E a gráfica era em São Paulo, porque aqui não tinha. Enquanto ele vendia publicidade, a gente [Assis e Ary de Lima] escrevia a história dos primeiros dez anos de Maringá, registrando a vida dos pioneiros que fundaram o município. Posso dizer que fizemos o primeiro registro histórico da cidade.

2) E a cidade tinha potencial jornalístico nessa época?


- A cidade tinha cerca de 30 mil habitantes. Não tinha potencial. Ela tinha mais peito do que potencial. As pessoas que vieram, arriscavam tudo para fazer de Maringá uma boa cidade para se viver. Na revista a gente se reservou a escrever mais a história do que realmente notícias, porque aqui não acontecia muita coisa. Eu ajudei a publicar, no que pode se chamar a primeira grande notícia de impacto da cidade. Foi a queda de um dos aviões da Esquadrilha da Fumaça, no aniversário de Maringá, que bateu num mastro do centro da cidade e caiu na caixa d’água da estação ferroviária. Eu e o Taborianski [Edgar Taborianski, fotógrafo da revista] estávamos lá e publicamos a foto dos destroços do avião, um grande furo jornalístico.

3) Depois do sucesso da Maringá Ilustrada, Aristeu Brandespim e o senhor deram continuidade à produção de revistas. A seguinte foi a Norte do Paraná em Revista (NP). Como era a produção?

- Como ela agradou tanto, Aristeu resolveu criar uma revista permanente. E como ele queria mais do que Maringá, mudou o nome da revista para Norte do Paraná. Mas depois da 4ª ou 5ª edição ela repercutiu para todo o Estado e mudamos o nome para Nôvo Paraná. E o escritório era na casa de cada um de nós. Nos reuníamos na casa do Aristeu para discutir o que seria publicado, não existia um local [uma sede] da revista. A gente tinha um Jeep e cobríamos todo o norte do Paraná. Depois de um tempo ela ganhou expressão e criamos escritórios em Curitiba e Londrina. A equipe, composta [no começo] por mim, Frank [Franklin Vieira] Silva, Ademar Schiavone e Ademaro Barreiros, viajava de avião, carro, ônibus e trem para atender o Estado inteiro.

4) A revista durou cerca de duas décadas. A que se deve o sucesso desse impresso?

- A revista teve sucesso pelo jeito que a escrevíamos. A gente escrevia o que interessava ao povo do interior do Paraná, que era sobre eles mesmos. Não era fofoca, publicávamos notícias diferentes. Nós corríamos por diversas cidades para fazer matérias que não fossem apenas desastres ou crimes, sempre procuramos achar algum detalhe do cotidiano do cidadão. Além disso, ela era impressa com um ótimo papel e também ótima fotografia. Os fotógrafos eram Jasson Figueredo e Edgar Taborianski. A revista fazia o estilo da cidade. A cabeça do jornalista era a cabeça da cidade. Ela só acabou quando Aristeu morreu, ele levou a revista com ele para o túmulo. E como já estávamos dispersos em outros trabalhos resolvemos deixar [de lado] a publicação.

5) Não era tão fácil ser jornalista em Maringá na época. Quais eram os maiores problemas enfrentados?

- Na verdade as dificuldades eram superadas pelo sonho. Eu e os companheiros pagávamos pelo sonho. Existiam problemas que a gente enfrentava, como escrever em máquinas de escrever, mandar publicar em São Paulo, que demorava quase dois meses para voltar impressa para Maringá. Esses eram os maiores problemas da revista, porque o resto… a gente era sonhador, não importava o problema, a gente estava realizando um sonho.

6) Como o senhor disse, a revista publicava algo diferente. Conte uma curiosidade da revista.

- Uma das reportagens mais marcantes eu fiz junto com Frank Silva. A gente contou a história das primeiras damas das cidades do interior, entre Londrina e Paranavaí. Em vez de mostrar o prefeito, mostrávamos suas mulheres, que ninguém conhecia. Convencemos os prefeitos a fazer isso, já que eles estavam sempre na mídia. Ficou uma reportagem muito bonita, que mostrava a importância das mulheres dos políticos, que conviviam com a vida agitada dos maridos políticos. Aproveitamos para mostrar a importância da família no trabalho desses prefeitos.

(Matéria extraída do site "Jornal Matéria Prima")

sexta-feira, 16 de abril de 2021

Varal de Trovas 493

 


Arthur de Azevedo (Ardil)


A Raul Pompéia.


— A que devo o prazer de uma visita a estas horas? perguntou a viscondessa ao entrar na sala, onde havia quinze minutos, a baronesa castigava o tapete com um pé pequenino e admiravelmente calçado.

Ergueu-se a formosa visitante, e suspirou, aliviada pela presença da amiga íntima. Depois dos beijinhos consuetudinários, sentaram-se ambas.

— O visconde ainda dorme?

— Ainda, e não acordará tão cedo: são apenas sete horas.

— Posso falar sem receio?

— Estamos completamente sós.

Houve uma pequena pausa.

— Temos então algum mistério? interrogou a dona da casa, consertando as dobras da sua magnífica bata de rendas brancas. Histórias do coração, aposto?

— Do coração? Não sei. Há quem diga que estas coisas nada tem a ver com ele, mas com a cabeça... Em todo caso, fazem padecer.

— A quem o dizes!

— Não durmo há duas noites... há três dias não abro o piano... Amor? - sei lá! Despeito, raiva, talvez...

— Conta-me tudo, disse a viscondessa, enxugando com os lábios duas lágrimas que tremeluziam nos olhos da amiga; conta-me tudo. Os meus trinta e nove outonos estão, como sempre, às ordens das tuas vinte e cinco primaveras. Adivinho que se trata do Bittencourt.

— Fale mais baixo.

— Não tenhas medo.

— Sim, venho ainda uma vez ao encontro dos seus conselhos... Há oito meses a senhora ensinou-me a subjugá-los, a escravizá-lo aos meus caprichos, aos meus ímpetos, ao meu amor; hoje, que ele se mostra arredio, farto e insolente, só a senhora, com a sua experiência, a sua calma, o seu bom senso e, sobretudo, a sua amizade, me indicará os meios de reconquistá-lo sem triunfo para ele nem humilhação para mim. A senhora teve quatro amantes...

— Três, interrompeu serenamente a viscondessa; ao quarto não se pode ainda aplicar o pretérito mais que perfeito: está no pleno gozo da sua conquista.

— Pois bem, três, e nenhum deles a desprezou; no momento oportuno a senhora desfez-se habilmente de todos três, sem deixar a nenhum o direito de dizer, ao vê-la passar pelo braço do visconde: Fui eu que não quis mais...

Houve outra pausa.

— Imagine, prosseguiu a baronesa, imagine que há mês e meio só tenho estado com ele no Lírico, durante os espetáculos. Procura, para cumprimentar-me, justamente as ocasiões que o meu marido está no camarote. Escrevi-lhe duas cartas e um bilhete postal; não tive resposta!

— Que horror! murmurou a viscondessa, profundamente impressionada.

— Vamos... diga-me... aconselhe-me! Que devo fazer?... Estou irresoluta... a senhora bem sabe... é o meu primeiro amante...

— Deixa-me pensar, filhinha, deixa-me pensar. Estas coisas não se decidem assim, num abrir e fechar de olhos!

E, depois de refletir alguns segundos, tamborilando com os dedos nos braços da poltrona, a viscondessa inquiriu com a seriedade de um velho advogado, comprometido a defender causa importante.

— Vejamos: o Bittencourt, segundo me consta, contraiu ultimamente uma dívida de gratidão com teu marido...

— Sim, creio que sim... O barão, ao que parece, interveio com muito empenho para que lhe dessem aquele belo emprego...

— Uma verdadeira sinecura.

— Mas... que tem isso?

— Tem tudo, filhinha; a moral fácil desses senhores proíbe-lhes que sejam amantes da mulher, desde que devam favores ao marido.

— Quer isso dizer que tais favores são pagos à custa do nosso amor próprio?

— E do nosso próprio amor: o sacrifício é todo nosso! Podem limpar a mão à parede com sua moral!

— Mas, por fim das contas, que devo fazer?

— Guerrear e vencer os escrúpulos tolos do teu amante! Para isso é indispensável que ele te escreva. Verba volant, scripta moment.

— Não sei latim.

— Quero dizer que nenhum homem, por mais inteligente, soube até hoje redigir uma epístola de amor sem se comprometer. Na sua carta o Bittencourt fatalmente renovará promessas, e o seu cavalheirismo — o seu cavalheirismo pelo menos — o obrigará a cumpri-las. E quando o vires de novo rendido a teus pés, manda-o passear; não nos convém esses amantes que fazem pose da sua falsa dignidade.

— Mas por amor de Deus, viscondessa! Não lhe acabo de dizer que as minhas cartas tem ficado sem resposta?

— A que lhes vai escrever agora não ficará sem ela. Tenho um ardil que há tempos empreguei com ótimo resultado. Vem cá, acompanha-me.

A doutora levantou-se e dirigiu-se para um gabinete contíguo. A baronesa acompanhou-a.

— Senta-te, e escreve o te vou ditar.

No dia seguinte o Bittencourt recebia este bilhete:

“Tenho-lhe escrito três cartas, e de nenhuma recebi resposta. Não me queixo, perdoo: o senhor deve andar muito preocupado com o seu novo emprego, e há momentos, parece, em que todo o homem honesto é obrigado a sacrificar os seus afetos aos deveres e às responsabilidades da vida prática. Paciência. Entretanto, como o senhor agora já deve estar mais folgado, tem por fim esta carta pedir-lhe a resposta das outras. — Sua quand même, L.

Post-scriptum — Há aqui no meu bairro grande dificuldade de obter selos do Correio, e, para evitar suspeitas, não quero mandar buscá-los à cidade. Peço-lhe que, com os cinco mil réis que inclusos encontrarás, compre cinquenta selos de tostão, e nos remeta dentro da sua carta quando me responder. — Sua L.”

E ali está como o Bittencourt voltou, forçado por uma nota de cinco mil réis!

Fonte:
Arthur de Azevedo. Contos fora da moda. 1901.

Fagundes Varela (Poemas avulsos)

À LUCÍLIA
 
Se eu pudesse ao luar, Lucília bela,
Queimar-te a fronte de insensatos beijos,
Dobrar-te ao colo, minha flor singela,
Ao fogo insano de eternais desejos;

Ai! se eu pudesse de minh’alma aos elos
Prender tu’alma enfebrecida e cálida,
Erguer na vida os festivais castelos
Que tantas noites planejaste, pálida;

Ai! se eu pudesse nos teus olhos turvos
Beber a vida da volúpia ao véu,
Bem como os juncos sobre as ondas curvos
A chuva bebem que derrama o céu,

Talvez que as mágoas que meu peito ralam
Em cinzas frias se perdessem logo,
Como as violas que ao verão trescalam
Somem-se aos raios de celeste fogo!

Oh! vem Lucília! é tão formosa a aurora
Quando uma fada lhe batiza o alvor,
E a madressilva, que ao frescor vapora
Os ares peja de lascivo amor...

Sou moço ainda; de meu seio aos ermos
Posso-te louco arrebatar comigo...
De um mundo novo na solidão sem termos
Deitar-te à sombra de amoroso abrigo!

Tenho um dilúvio de ilusões na fronte,
Um mundo inteiro de esperanças n’alma,
Ergue-te acima de azulado monte,
Terás dos gênios do infinito a palma!...
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TRISTEZA

Eu amo a noite com seu manto escuro
De tristes goivos coroada a fronte
Amo a neblina que pairando ondeia
Sobre o fastígio de elevado monte.
Amo nas plantas, que na tumba crescem,
De errante brisa o funeral cicio:
Porque minh’alma, como a sombra, é triste,
Porque meu seio é de ilusões vazio.

Amo a desoras sob um céu de chumbo,
No cemitério de sombria serra,
O fogo-fátuo que a tremer doideja
Das sepulturas na revolta terra.
Amo ao silêncio do ervaçal partido
De ave noturna o funerário pio,
Porque minh’alma, como a noite, é triste,
Porque meu seio é de ilusões vazio.

Amo do templo, nas soberbas naves,
De tristes salmos o troar profundo;
Amo a torrente que na rocha espuma
E vai do abismo repousar no fundo.

Amo a tormenta, o perpassar dos ventos,
A voz da morte no fatal parcel,
Porque minh’alma só traduz tristeza,
Porque meu seio se abreviou de fel.

Amo o corisco que deixando a nuvem
O cedro parte da montanha, erguido,
Amo do sino, que por morto soa,
O triste dobre na amplidão perdido.

Amo na vida de miséria e lodo,
Das desventuras o maldito seio,
Porque minh’alma se manchou de escárnios,
Porque meu seio se cobriu de gelo.

Amo o furor do vendaval que ruge,
Das asas negras sacudindo o estrago;
Amo as metralhas, o bulcão de fumo,
De corvo as tribos em sangrento lago.

Amo do nauta o doloroso grito
Em frágil prancha sobre mar de horrores,
Porque meu seio se tornou de pedra,
Porque minha’alma descorou de dores.

O céu de anil, a viração fagueira,
O lago azul que os passarinhos beijam,
A pobre choça do pastor no vale,
Chorosas flores que ao sertão vicejam,

A paz, o amor, a quietação e o riso
A meus olhares não têm mais encanto,
Porque minh’alma se despiu de crenças,
E do sarcasmo se embuçou no manto.
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O EXILADO

O exilado está só por toda a parte!
Passei tristonho dos salões no meio,
Atravessei as turbulentas praças
Curvado ao peso de uma sina escura;
As turbas contemplaram-me sorrindo,
Mas ninguém divisou a dor sem termos
Que as fibras de meu peito espedaçava.
O exilado está só por toda a parte!

Quando, à tardinha, dos floridos vales
Eu via o fumo se elevar tardio
Por entre o colmo de tranquilo albergue,
Murmurava a chorar: - Feliz aquele
Que à luz amiga do fogão doméstico,
Rodeado dos seus, à noite, senta-se.
O exilado está só por toda a parte!

Onde vão estes flocos de neblina
Que o euro arrasta nas geladas asas?
Onde vão essas tribos forasteiras
Que à tempestade se esquivar procuram?
Ah! que me importa?... também eu doidejo,
E onde irei, Deus o sabe, Deus somente.
O exilado está só por toda a parte!

Desta campina as árvores são belas,
São belas estas flores que se vergam
Das auras estivais ao débil sopro;
Mas nem a sombra que no chão se alonga,
Nem o perfume que o ambiente inunda
São dessa gleba divinal que adoro.
O exilado está só por toda a parte!

Mole e lascivo no tapiz da selva
Serpeia o arroio, e o deslizar queixoso
Peja de amor as solidões dormentes;
Mas nunca o rosto refletiu-me um dia,
Nem foi seu burburinho enlanguescido
Que embalou minha infância a descuidosa.
O exilado está só por toda a parte!

- Por que chorais? me perguntou o mundo;
Contai-nos vossa dor, talvez possamos
Saná-la às gotas de elixir suave;
Mas, quando eu suspendi a lousa escura
Que o túmulo cobria-me da vida,
Riram-se pasmos sem sondar-lhe o fundo.
O exilado está só por toda a parte!
 
Vi o ancião da prole rodeado
Sorrir-se calmo e bendizer a Deus,
Vi junto à porta da nativa choça
As crianças beijarem-se abraçadas;
Mas de filho ou de irmão o santo nome
Ninguém me deu, e eu fui passando triste.
O exilado está só por toda a parte!

Quando verei essas montanhas altas
Que o sol dourava nas manhãs de agosto?
Quando, junto à lareira, as folhas lívidas
Deslembrarei de meu sombrio drama?
Doida esperança! as estações sucedem-se
E sem um gozo vou descendo à campa.
O exilado está só por toda a parte!

Brandas aragens, que roçais fagueiras
Das maravilhas nas cheirosas frontes,
Aves sem pátria, que cortais os ares,
Irmãs na sorte do infeliz romeiro,
Ah! levai um suspiro à pátria amada,
Último alento de cansado peito.
O exilado está só por toda a parte!

Quando nas folhas de lustrosos plátanos
Novos luares descansarem gratos,
Já sobre a estrada de meus pés os traços
O pegureiro não verá, que passa!
Mísero! ao leito de final descanso
Ninguém meu sono velará chorando.
O exilado está só por toda a parte!
 
Fonte:
Fagundes Varela. Vozes da América. Publicado em 1864.

Luís Fernando Veríssimo (Trapezista)

Querida, eu juro que não era eu. Que coisa ridícula! Se você estivesse aqui — Alô? Alô? — olha, se você estivesse aqui ia ver a minha cara, inocente como o Diabo. O quê? Mas como, ironia? "Como o Diabo" é força de expressão, que diabo. Você acha que eu ia brincar numa hora desta? Alô! Eu juro, pelo que há de mais sagrado, pelo túmulo de minha mãe, pela nossa conta no banco, pela cabeça dos nossos filhos que não era eu naquela foto de carnaval no Cascalho que saiu na Folha da Manhã. O quê? Alô! Alô! Como é que eu sei qual é a foto? Mas você não acaba de dizer... Ah, você não chegou a dizer... ah, você não chegou a dizer qual era o jornal. Bom, bem. Você não vai acreditar mas acontece que eu também vi a foto. Não desliga! Eu também vi a foto e tive a mesma reação. Que sujeito parecido comigo, pensei. Podia ser gêmeo. Agora, querida, nunca, em nenhum momento, está ouvindo? Em nenhum momento me passou pela cabeça a idéia de que você fosse pensar — querida, eu estou até começando a achar graça — que você fosse pensar que aquele era eu. Por amor de Deus. Pra começo de conversa você pode me imaginar de pareô vermelho e colar havaiano, pulando no Cascalho com uma bandida em cada braço? Não, faça-me o favor. E a cara das bandidas! Francamente, já que você não confia na minha fidelidade, que confiasse no meu bom gosto, poxa! O quê? Querida, eu não disse "pareô vermelho". Tenho a mais absoluta, a mais tranquila, a mais inabalável certeza que eu disse apenas "pareô". Como é que eu podia saber que era vermelho se a fotografia não era em cores, certo? Alô? Alô? Não desliga! Não... Olha, se você desligar está tudo acabado. Tudo acabado. Você não precisa nem voltar da praia. Fica aí com as crianças e funda uma colônia de pescadores. Não, estou falando sério.

Perdi a paciência. Afinal, se você não confia em mim não adianta nada a gente continuar. Um casamento deve se... se... como é mesmo a palavra?... se alicerçar na confiança mútua. O casamento é como um número de trapézio, um precisa confiar no outro até de olhos fechados. É isso mesmo. E sabe de outra coisa? Eu não precisava ficar na cidade durante o carnaval. Foi tudo mentira. Eu não tinha trabalho acumulado no escritório coisíssima nenhuma. Eu fiquei sabe para quê? Para testar você. Ficar na cidade foi como dar um salto mortal, sem rede, só para saber se você me pegaria no ar. Um teste do nosso amor. E você falhou. Você me decepcionou. Não vou nem gritar por socorro. Não, não me interrompa.

Desculpas não adiantam mais. O próximo som que você ouvir será do meu corpo se estatelando, com o baque surdo da desilusão, no duro chão da realidade. Alô? Eu disse que o próximo som... que... O quê? Você não estava ouvindo nada? Qual foi a última coisa que você ouviu, coração?

Pois sim, eu não falei — tenho certeza absoluta que não falei — em "pareô vermelho". Sei lá que cor era o pareô daquele cretino na foto. Você precisa acreditar em mim, querida. O casamento é como um número de...

Sim. Não. Claro. Como? Não. Certo. Quando você voltar pode perguntar para o... Você quer que eu jure? De novo? Pois eu juro. Passei sábado, domingo, segunda e terça no escritório. Não vi carnaval nem pela janela. Só vim em casa tomar um banho e comer um sanduíche e vou logo voltar para lá. Como? Você telefonou para o escritório. Meu bem, é claro que a telefonista não estava trabalhando, não é, bem. Ha, ha, você é demais. Olha, querida? Alô? Sábado eu estou aí. Beijo nas crianças. Socorro. Eu disse, um beijo.

Fonte:
Luís Fernando Veríssimo. As mentiras que os homens contam. 
Publicado em 2000.

quinta-feira, 15 de abril de 2021

Adega de Versos 12: Olivaldo Júnior

 

Sammis Reachers (Andrezinho e o batismo de fogo)


Nota do blog:

Sammis Reachers, que adotou o pseudônimo de Ron Letta neste livro, conta sobre histórias divertidas da vida dos Rodoviários, profissão que o autor exerceu em Niterói. Veja mais sobre Sammis após a história.

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André foi por muitos anos cobrador na Ingá, linha 21 (Fonseca x Centro). Trabalhou com o velho Godá, de saudosa memória, Godá que por si só daria um livro como este, de tão grande trapalhão que era. Mas nosso herói de hoje é o André.

Com o passar dos anos e o acúmulo de filhos, o pequeno André passou a considerar que o salário de cobrador estava pequeno para alimentar a tropa. Resolveu então seguir o único caminho que lhe parecia viável: partir para a manobra (escolinha) no objetivo de tornar-se um motorista.

Meses se passaram, e André lá, esforçando-se ao máximo. Por fim, chegou o grande dia de André ter sua "estreia" como motorista. Seria no sereno (horário da madrugada), e sem cobrador: naquela época a empresa havia adquirido os primeiros micro-ônibus. André, como seria natural, estava bastante nervoso. Tudo era motivo de preocupação: o primeiro dia ao volante, o fato de estar sozinho, sem a ajuda de um cobrador, e ainda por cima o horário, em que ele nunca trabalhara: a madrugada. Mas não tinha jeito; eram muitas bocas pra alimentar e todos contavam com ele. E lá foi André pro seu batismo.

Mas todos que já foram ou são rodoviários sabem de uma coisa, que aprenderam provavelmente bem rápido: a rua é o lugar da incerteza. Tudo é possível, e o rodoviário logo aprende que "se está na chuva, é pra se molhar".

Logo em sua segunda viagem, linha 23 (Teixeira de Freitas x Terminal), sai André do terminal rodoviário João Goulart, com o ônibus cheio, em lotação de bancos. Chegando defronte à rodoviária de Niterói, algumas centenas de metros após o terminal, o escaldado André nota uma estranha movimentação próxima ao ponto da rodoviária e a entrada da rua Barão de Amazonas, que fica ao lado da mesma. Para quem não conhece Niterói, fique sabendo: aquela região por trás da rodoviária e ruas adjacentes torna-se, durante a madrugada, uma imensa zona de baixo meretrício, de prostituição.

Ao aproximar-se mais daquele imenso furdunço, André não percebeu que o sinal fechara-se, entretido que estava observando o que ele entendeu serem as "primas". Por sinal, eram muitas delas. André freou em cima da faixa, de forma um pouco brusca. Imediatamente, as meninas (e "meninos" também, pois havia travestis naquela manada) avançaram sobre o veículo.

- Abre aí, seu motorista, me dá uma carona aí!

- Ei gostoso, olha pra mim - disse outra, levantando o curto vestido e mostrando suas "partes".

Ao mesmo tempo, outras foram para a frente do ônibus e começaram a dançar e rebolar. André já estava tenso, e tudo piorou quando alguns dos passageiros, nervosos com aquela bagunça na rua, passaram a incitá-lo:

- Como é que é, seu motorista! Eu tô com minha família aqui!

E um outro berrou:

- Avança o sinal, amigo, vamos sair daqui, olha essa bagunça aí!

O falatório era geral e nada do sinal abrir. Do lado de fora, as primas e travecos só faltavam voar de tão fogosas, rebolando e mostrando suas partes, cismadas com a cara do sofrido André. E nosso herói, encurralado entre a zona de fora e a gritaria de dentro, não sabia o que fazer. Não podia avançar o sinal, não no seu primeiro dia ao volante. Se causasse um acidente, por menor que fosse, estaria na rua.

Aquele breve minuto em que o sinal demorou para reabrir foi o minuto mais longo da vida do pequeno André, que suava frio...

Quando finalmente o sinal abriu, foi com imenso alívio que André conseguiu mover o veículo dali. Respirando fundo, acreditou que o pesadelo ficara somente naquilo, mas estava enganado: Um  dos passageiros ainda teve o desfrute de ligar para a garagem e falar que o bom André "estava dando carona para piranhas e zoando com elas num ônibus cheio de famílias".

No dia seguinte André estava "pegado" (suspenso do trabalho), LOGO EM SEU PRIMEIRO DIA DE MOTORISTA, e teve que ir na garagem da empresa prestar esclarecimentos.

É o que chamamos de batismo de fogo!!!
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SOBRE O AUTOR
Sammis Reachers nasceu em 1978, em Niterói, mas desde sempre morador de São Gonçalo, ambos municípios fluminenses. É poeta, escritor e editor. Autor de nove livros de poesia e três de contos/crônicas, organizador de mais de quarenta antologias e professor de Geografia no tempo que lhe resta - ou vice-versa.

Como autor, publicou:
POESIA
Uma Abertura na Noite (2006).
A Blindagem Azul (2007).
CONTÉM: ARMAS PESADAS (2012).
Poemas da Guerra de Inverno (2012, 2021).
Deus Amanhecer (2013).
PULSÁTIL - Poemas canhestros & prosas ambidestras (2014).
GRÃNADAS (2015).
Poemas de Amor em Trânsito (2018).
Cartas & Retornos (2021).
 
CONTOS/CRÔNICAS
O Pequeno Livro dos Mortos (Letras e Versos, 2015).
RODORISOS - Histórias hilariantes do dia-a-dia dos Rodoviários (2017, 2021).
Renato Cascão e Samy Maluco - Uma dupla do balacobaco (2021).

Leia mais textos do autor (e baixe alguns e-books gratuitos) em:
O Poema Sem Fim - www.opoemasemfim.blogspot.com
Azul Caudal - www.azulcaudal.blogspot.com
Jornal Dafa'- www.jornaldaki.com.br/blog/categorÍes/sammis-reachers
Recanto das Letras: www.recantodasletras.com.br/autores/reachers
Diversas,    das    antologias    gratuitas    que    organizou:
www.linktr.ee/sammisreachers


Fonte:
Ron Letta. Rodorisos: histórias hilariantes do dia-a-dia dos Rodoviários. 
São Gonçalo: Ed. do Autor, 2021.
Livro enviado pelo autor.

José Lucas de Barros (Caderno Poético) V, pantuns

ECLOSÃO DO AMOR


Trova-tema:

Eu vi o amor eclodindo
Na mensagem de um chamado:
o mar, despido, sorrindo...
O Sol se pondo, apressado.
(Mara Melinni)


Na mensagem de um chamado,
vinha um toque de magia:
O Sol se pondo, apressado,
visto que a noite caía.

Vinha um toque de magia
naquele doce arrebol,
visto que a noite caía,
logo após o adeus do Sol.

Naquele doce arrebol,
quase fiquei de alma nua,
logo após o adeus do Sol,
ao primeiro olhar da Lua.

Quase fiquei de alma nua,
e, num êxtase tão lindo,
ao primeiro olhar da Lua,
eu vi o amor eclodindo.
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ESPERANÇA DISFARÇADA

Trova-tema:

– De ilusões eu fui vivendo...
E a esperança, disfarçada,
viu os meus sonhos morrendo,
mas nunca me disse nada.
(Maria Lúcia Daloce)


E a esperança, disfarçada,
viu que meu mundo caía,
mas nunca me disse nada.
Desprezou-me à revelia.

Viu que meu mundo caía,
não deu nenhuma atenção;
desprezou-me à revelia
(Pobre do meu coração!).

Não deu nenhuma atenção,
e eu, sem perder a esperança,
(Pobre do meu coração!)
como faz toda criança.

E eu, sem perder a esperança,
outros sonhos fui tecendo...
Como faz toda criança,
de ilusões eu fui vivendo.

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MULHER FORMOSA

Trova-tema:

Mulher, joia primorosa,
sinal de vida e de amor,
tens o perfume da rosa
e a formosura da flor.
(Djalma Mota)


Sinal de vida e de amor,
tens no ventre feminino,
e a formosura da flor
marca-te o rosto divino.

Tens no ventre feminino
o dom da humana esperança;
Marca-te o rosto divino
um sorriso de criança.

O dom da humana esperança,
em ti, é santo reflexo:
Um sorriso de criança.
És, de fato, o belo sexo.

Em ti, é santo reflexo
essa fragrância de rosa.
És, de fato, o belo sexo,
mulher, joia primorosa!

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PERSISTÊNCIA NO AMOR

Trova-tema:

Não desista sem tentar,
mesmo se você sofrer;
Liberte a alma pra amar,
não deixe esse amor morrer!
(Eva Yanni)


Mesmo se você sofrer,
na estrada longa e dorida,
não deixe esse amor morrer!
Ele faz parte da vida.

Na longa estrada dorida,
só o amor é essencial.
Ele faz parte da vida;
É a luz do bem contra o mal.

Só o amor é essencial
entre os dons que a gente almeja,
é a luz do bem contra o mal,
por mais difícil que seja.

Entre os dons que a gente almeja
ele é, de fato, sem par...
Por mais difícil que seja,
não desista sem tentar!

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VONTADE DE AMAR

Trova-tema:

Gotas de orvalho na mata,
um cheiro de terra no ar,
o branco véu da cascata,
me dá vontade de amar.
(Carmen Pio)


Um cheiro de terra no ar,
depois de uma noite linda,
me dá vontade de amar
como ninguém viu ainda.

Depois de uma noite linda,
a natureza desperta
como ninguém viu ainda...
Nasce o amor na fonte aberta.

A natureza desperta
sob um sol que Deus conduz;
Nasce o amor na fonte aberta,
surge um bordado de luz.

Sob um sol que Deus conduz,
a flor do sonho desata;
Surge um bordado de luz:
Gotas de orvalho na mata.


Fonte:
José Lucas de Barros. Pelas trilhas do meu chão. 
Natal/RN: CJA Ed., 2014

Contos e Lendas do Mundo (A Quiromante e a Centopeia)

Um dia a centopeia foi consultar uma quiromante. A centopeia queria saber se o seu namorado gostava dela. Na verdade, ela queria saber se o namorado casaria com ela, mas achava que se ele gostasse dela, já era meio caminho andado para o casório.

Daí então a centopeia deu um susto na quiromante, porque a quiromante já tinha lido o futuro em muitas mãos, Já havia visto as linhas do coração, da cabeça e da vida, em centenas de palmas. Mas nunca tinha topado antes com tantas mãos para ler de uma só vez. E muito menos tantas mãos em um só ser.

A quiromante arregaçou as mangas e enfrentou o maior desafio de sua carreira de profissional leitora das linhas das mãos, onde está escrito a verdade.

E leu a primeira mão da centopeia. E viu que o namorado dela casaria com ela sim.

E leu a segunda mão da centopeia. E viu que o namorado da centopeia não casaria com ela.

Acontece que a centopeia chega a ter 170 mãos.

E deu empate. 85 mãos diziam que sim, 85 mãos diziam que não.

Mas a centopeia saiu contente. Preferia acreditar que a metade dos sins era mais forte que a metade dos nãos.

E a quiromante também ficou feliz. Tinha acertado na leitura de todas as mãos da centopeia.

Afinal o futuro é isso mesmo: Metade certezas, metade dúvidas.

Moral da Estória:

Você é quem deve decidir em que acreditar. Por isso acredite sempre mais que vai dar certo.

Academia Formiguense de Letras (Inscrição para novas cadeiras)

EDITAL DE SELEÇÃO PARA COMPOSIÇÃO DE CADEIRAS DA ACADEMIA FORMIGUENSE DE LETRAS (AFL)

Pelo presente Edital de Seleção, a Academia Formiguense de Letras (AFL), em consonância com seu Estatuto Social, torna público e convida todos(as) os(as) interessados(as) em candidatar-se a ocupar uma das suas Cadeiras, nos seguintes termos e condições básicas:

A) 05 Vagas para Acadêmico(a) Efetivo(a)
Requisito: ser residente a no mínimo 5 anos na cidade de Formiga/MG;

B) 03 Vagas para Acadêmico(a) Formiguense Ausente
Requisitos: ser formiguense nato e residir fora de Formiga/MG;

C) 03 Vagas para Acadêmico[a) Correspondente Nacional
Requisitos: ser brasileiro nato ou residente a no mínimo 5 anos no Brasil;

D) 02 Vagas para Acadêmico(a) Correspondente Internacional  Requisitos: Ser estrangeiro nato e residir fora do Brasil;

E) A todos é imprescindível, enviar pelos Correios entre 20/03/2021 e 20/05/2021, conforme abaixo (A/C de Dr. Wilson Figueira, Rua Eni Antonia Ferreira, n. 11, bairro Areias Brancas, CEP: 35570-000, Formiga/MG, Brasil), registrado e/ou via sedex:

1 - Currículo completo, contendo dados, RG, CPF, passaporte [se houver], comprovante de endereço atualizado, profissão, e portfólio com certificados, documentos, foto 3x4, foto de meio corpo, livros publicados, cópias de publicações em mídias, etc,;

2 - Carta de apresentação assinada por no mínimo dois Acadêmicos efetivos da AFL (modelo a ser solicitado por email: pajo121@yahoo.com.br ou afl.presidência@yahoo.com);

3 - Aos agraciados com a aprovação, registramos que os mesmos serão convidados e enviarem um texto de sua autoria para compor a nova Antologia da AFL.

IMPORTANTE: A AFL salienta que aos interessados em ocupar as Cadeiras, há uma joia de posse e mensalidades posteriores, conforme o estatuto.

Observação: A Solenidade de Posse dos selecionados será agendada assim que a situação da Pandemia da C0VID19 assim permitir, ou de forma virtual se necessário.

Formiga/MG, 18 de março de 2021
Paulo José de Oliveira - Diretor Presidente

Maiores informações: Cel/zap: 055 XX (37) 99923.3122 - pajo121@yahho.com.br ou afl.presidência@yahoo.com

Conheça os membros e trabalhos na página do Facebook: https://www.facebook.com/academiaformiguensedeletras/