ANÍBAL BEÇA
Manaus/ AM, 1946 – 2009
Manhã
A manhã nasce das muitas janelas
deste sereno corpo fatigado,
sede dos meus caminhos sem cancelas,
na luz de muitos astros albergados.
Casa em que me recolho das mazelas,
dos louros, derroteiros, lado a lado,
para de mim ouvir franca sequela:
Ecce Homo! Eis o triste camuflado.
Essa tristeza antiga em residência,
às vezes se constrói em face alegre,
máscara sem eu mesmo em aparência
num carnaval insólito em seu frege.
O que me salva a cor nessa vivência
é saber que a poesia é quem me rege.
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Soneto de
MARIA SANTOS NASCIMENTO
Rio de Janeiro/RJ
Dilema
Eu que pensei ser livre como o vento,
não fraquejar em cada despedida,
aceitar meus fracassos sem lamento
e nunca me queixar das leis da vida…
Eu que pensei domar meu sentimento,
e ser, na luta, justa e destemida,
agora, com você no pensamento,
pouco importa vencer ou ser vencida…
O nosso bem-querer gera perigos,
mas, como só podemos ser amigos,
é fácil controlar as emoções…
Difícil é lutar contra a saudade
e acreditar que os elos da amizade
têm mais poder que a fúria das paixões!…
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Trova de
NEMÉSIO PRATA
Fortaleza/CE
Foi a força do migrante
com seu braço varonil
que moldou este gigante,
hoje, chamado Brasil!
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Poema de
DANIEL MAURÍCIO
Curitiba / PR
Ausência...
O tempo
Descolore
A janela
Mas a esperança
Da tua chegada,
Ainda mantém
Um fio
De brilho
No meu
Olhar.
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Poema de
DOMINGOS FREIRE CARDOSO
Ilhavo/ Portugal
Eu sei que voarei, na imensidade
(João Baptista Coelho, in "Um outro livro de Job", p. 75.)
Eu sei que voarei, na imensidade
Do reino da palavra que é magia
Se as brancas asas gráceis da Poesia
Me derem essa pura caridade.
Com alma solta em franca liberdade
Planarei sobre o mar e a maresia
E tudo o que até aqui não entendia
Verei na limpidez de uma verdade.
Nesse dia em que a treva se dilui
Serei mais do que algum dia já fui
Numa grandeza de alma sem ter fim.
E este mundo será meu por completo
Que no imenso infinito eu me projeto
E já não caibo inteiramente em mim.
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Trova de
DOROTHY JANSSON MORETTI
Três Barras/SC, 1926 – 2017, Sorocaba/SP
Eu me faço de blindado.
Amor? Bobagem... Pieguice...
Meu medo é que, apaixonado,
eu me envolva na tolice.
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Soneto de
OLAVO BILAC
Rio de Janeiro/RJ, 1865 – 1918
Vita nuova
Se ao mesmo gozo antigo me convidas,
Com esses mesmos olhos abrasados,
Mata a recordação das horas idas,
Das horas que vivemos apartados!
Não me fales das lágrimas perdidas,
Não me fales dos beijos dissipados!
Há numa vida humana cem mil vidas,
Cabem num coração cem mil pecados!
Amo-te! A febre, que supunhas morta,
Revive. Esquece o meu passado, louca!
Que importa a vida que passou? Que importa,
Se ainda te amo, depois de amores tantos,
E inda tenho, nos olhos e na boca,
Novas fontes de beijos e de prantos?!
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Trova de
IZO GOLDMAN
Porto Alegre/RS, 1932 – 2013, São Paulo/SP
Eu sou príncipe tristonho
porque, na história real,
não há, na escada do sonho,
sapatinhos de cristal!...
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Poema de
ROBERTO PINHEIRO ACRUCHE
São Francisco de Itabapoana/RJ
Exaltação a São Francisco de Itabapoana
São Francisco de Itabapoana
Como eu gosto de você.
Sua beleza encantadora
Há de sempre resplandecer.
Suas praias, sua grandeza,
Seus campos e floração colorida,
Obra prima da natureza
Eu me orgulho de ter nascido aqui.
Salve seu povo hospitaleiro,
Bom, amigo e trabalhador;
Salve terra abençoada
De São Francisco nosso senhor…
Abraçada pelos rios,
Beijada pelo mar,
Ornada com lagoas
Você é linda, sempre vou lhe amar.
São Francisco de Itabapoana
Onde o sol brilha mais o ano inteiro,
Estrela de grandeza reluzente
Do Estado do Rio de Janeiro.
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Trova de
JOÃO BATISTA XAVIER OLIVEIRA
Bauru/SP
Ontem, família reunida...
Cantos, abraços, folias.
Hoje, em telas entretida
no silêncio de mãos frias!
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Poetrix de
SUELY BRAGA
Osório/RS
O pensamento voa
ao sabor do vento
com o pássaro que revoa.
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Glosa de
GISLAINE CANALES
Herval/RS, 1938 – 2018, Porto Alegre/RS
Estrela do mar
Mote:
Perguntei para uma estrela
que encontrei à beira-mar:
- O que faço para tê-la
se você pertence ao mar?
(Sarah Rodrigues)
Glosa:
Perguntei para uma estrela
num passeio matinal,
pela praia, logo ao vê-la:
Você é mesmo real?
Era a estrela da alegria,
que encontrei à beira-mar,
que ao enfeitar o meu dia,
enfeitiçou meu olhar!
Como posso não querê-la
se é tão linda e me fascina?
– O que faço para tê-la,
bela estrela pequenina?
Mas fico só no desejo...
Sei que é esse o seu lugar,
só posso lhe dar meu beijo,
se você pertence ao mar!
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Trova de
APARÍCIO FERNANDES
Acari/RN, 1934 – 1996, Rio de Janeiro/RJ
Foi sempre assim! Escondida
no engodo que a desvirtua,
a Verdade anda vestida
quando a Miséria está nua!
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Hino de
CIANORTE/PR
Cianorte de viva esperança
de uma luz reluzente de paz
Óh cidade de encantos perenes
és abrigo de um verde eficaz
Cianorte de braços abertos
que enaltece o mundo feliz
és o fruto de um grande progresso
A grandeza que o povo bem quis
Cianorte, Cianorte
és a fonte de um grande valor
Cianorte de paz e eterno fulgor
que aquece com a chama do amor
Óh que terra celeira e farta
verdejante de intenso vigor
Óh cidade de campos e flores
construída com paz e amor
Cianorte de famas e glórias
és a honra de um povo gentil
por ser capital do vestuário
o orgulho do nosso Brasil
Cianorte, Cianorte
és a fonte de um grande valor
Cianorte de paz e eterno fulgor
que aquece com a chama do amor
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Soneto de
BENEDITA AZEVEDO
Magé/ RJ
Somente o amor constrói
O amor universal é o limite
para infinitas dores e alegria.
Nada o arrefecerá, só acredite
nas bênçãos que do céu Ele te envia.
És a mãe amorosa para os filhos
que são três para só, orientares.
Não é tarefa fácil, mas com brilhos
tens enfrentado lutas aos milhares.
Para quem tem o amor como alimento
e a caridade ao próximo, não julga
atitudes alheias, se o acalento,
que tem a oferecer não é de ajuda;
portanto não dês bola a quem divulga
opiniões vazias , Deus, acuda!
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Uma Lengalenga de Portugal
OS ESCRAVOS DE JÓ
“Os escravos de Jó” é uma cantilena cuja origem, significado e letra é motivo de controvérsia. Presume-se que fazem alusão aos escravos que em África juntavam caxangá (uma espécie de crustáceo). É usada num jogo infantil que remota ao século XVIII. Para se jogar, forma-se uma roda de jogadores e, ao ritmo da lengalenga, inicia-se o jogo passando um objeto que têm na mão direita para o vizinho da direita, ao mesmo tempo que recebem com a mão esquerda o objeto do vizinho da esquerda, trocando-o rapidamente de mão. O que se enganar e deixar cair o objeto, perde e sai da roda.
Os escravos de Jó,
Jogam caxangá.
Tira, põe, deixa ficar.
Guerreiros com guerreiros,
Fazem zigui, zigui, zagui. (repete)
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Quadra Popular de
AUTOR ANÔNIMO
Tigelinha d’água morna,
o que faz na prateleira?
Esperando o meu benzinho,
que chega segunda-feira.
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Poema de
VANICE ZIMERMAN
Curitiba/PR
Tecendo o destino
De dia ela tece,
E a noite, ponto por ponto
Ela destece...
À espera do seu Amor,
Tecendo o Destino…
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Cordel de
GUIBSON MEDEIROS
Cabedelo/PB
Cordel de novelas
Belíssima Despedida de solteiro
A próxima vítima O rei do gado
O profeta Roque santeiro
Sassaricando O bem amado
Cabocla Da cor do pecado
A favorita Estrela guia
O astro Cordel encantado
A padroeira Eterna magia
Alma gêmea As três Marias
A sucessora Vereda tropical
Mulheres de areia Maria Maria
Selva de pedra Lua de cristal
Olho no olho Pecado Capital
O amor está no ar
Salomé Fera radical
Escrava Isaura Livre para voar
Aquele beijo Toma lá da cá
Carinhoso Sabor da paixão
Corpo a corpo Direito de amar
Final feliz Explode coração
Pedra sobre pedra O casarão
Terra nostra O mapa da mina
Dancin days A próxima atração
Cambalacho Negócio da China
Feijão maravilha Gina
A gata comeu Marrom glacê
Anjo mau gente fina
Tiêta Voltei pra você
Roda de fogo Bambolê
Laços de família Esplendor
Começar de novo Renascer
Amor eterno amor
Mandala Vila Madalena
Torre de babel Escalada
Deus nos acuda Helena
Minha doce namorada
Eu prometo A viagem
Viver a vida Um sonho a mais
Vida nova Irmãos coragem
A sombra dos laranjais
América Pátria minha
Paraíso Tropicaliente
Gabriela a Moreninha
Por amor A vida da gente
Chega mais cama de gato
Beleza pura felicidade
Mico preto Bicho do mato
O dono do mundo celebridade
Um anjo que caiu do céu
Fina estampa sete pecados
Dona Xepa Barriga de aluguel
De corpo e alma Coração alado
Baila comigo Estúpido cupido
O amor é nosso Passione
O noviço O homem proibido
Tempos modernos O clone
Quatro por quatro Locomotivas
Louco amor Pecado rasgado
Como uma onda Água viva
Sol de verão corpo dourado
Sinhá moça Meu bem querer
Perigosas peruas Vira lata
Senhora do destino Quem é você
Zazá Rainha da sucata
Fogo sobre terra Bang bang
Porto dos milagres Araguaia
Jogo da vida Pacto de sangue
Era uma vez Saramandaia
De quina pra lua Brilhante
Marina Meu bem meu mal
Pai herói Coração de estudante
Cubanacan Paraíso tropical
Sinhazinha Flô Desejo proibido
O primeiro amor Hipertensão
Partido alto Sétimo sentido
Vale tudo insensato coração
O outro Anjo de mim
Morde e assopra Padre Tião
Pé na jaca terras do sem fim
Meu pedacinho de chão
O cravo e a Rosa Duas vidas
Te contei Que Rei sou eu
O semideus fera ferida
As três irmãs Sonho meu.
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