Marcadores
- Dicas de escrita (25)
- Florilégio de Trovas (2111)
- Panaceia de Textos (5792)
- Sopa de Letras (1546)
- Versejando (121)
Marcadores
- Canções Antigas (175)
- Vereda da Poesia (149)
- Trovas em preto & branco (23)
Marcadores
- Contos e Lendas do Mundo (848)
- Estante de Livros (783)
- mensagem na garrafa (136)
- Universos Di Versos (3784)
- Varal de Trovas (543)
sábado, 26 de outubro de 2024
José Feldman (Os caçadores das compras perdidas)
Era uma manhã ensolarada quando Epitáfio de Carvalho Troncoso, um homem de meia-idade, decidiu que era hora de fazer compras no supermercado. Sua esposa, Dona Etelvina, uma mulher de coração grande e paciência infinita, concordou em acompanhá-lo. Afinal, a última vez que Epitáfio foi ao mercado sozinho, ele trouxe para casa uma caixa de chá de hibisco, um item que ninguém lembrava de ter pedido.
Assim, armados com uma lista de compras que, segundo Dona Etelvina, era "um pouco mais longa do que o habitual", eles adentraram no supermercado. A atmosfera estava cheia de aromas de pão fresco e frutas maduras, e Epitáfio, que por anos havia se considerado um expert em compras, estava confiante.
"Vamos começar pela seção de frutas", sugeriu Dona Etelvina, já mirando as maçãs.
Epitáfio, no entanto, estava mais interessado em fazer uma competição com ele mesmo: quantas maçãs conseguiria pegar de uma vez? Ele se agachou, esticou os braços e, no meio da sua acrobacia, acabou derrubando uma maçã que rolou para longe.
"Uma já foi", ele disse, rindo.
Mas a coisa não ficou por ali. Enquanto tentava pegar a maçã perdida, ele se distraiu e, sem querer, esbarrou em uma prateleira de latas de molho de tomate, que começou a desabar como uma cascata descontrolada. Latas rolavam para todos os lados, e Epitáfio ficou paralisado por um momento, tentando avaliar a situação.
"Querido, você não acha que está exagerando?", perguntou Dona Etelvina. "Isso é um supermercado, não um circo!"
Epitáfio, em sua defesa, apenas deu de ombros e continuou a coleta das latas caídas. Ao menos algumas delas estavam intactas.
Após o "incidente do molho de tomate", eles prosseguiram para a seção de cereais. Dona Etelvina sempre dizia que era a parte mais tranquila, mas Epitáfio, que não conseguia resistir a um bom desafio, decidiu que era hora de testar a resistência dos pacotes de cereal. Ele começou a empilhar os pacotes um sobre o outro, como se estivesse construindo uma torre de Babel.
"Se essa torre cair, vai ser um desastre", alertou Dona Etelvina.
No entanto Epitáfio estava determinado. "Confie em mim, vai dar certo!"
Naquele momento, tudo parecia tranquilo, até que, em uma fração de segundo, um pacote de cereal escorregou e, como um efeito dominó, derrubou todos os outros. Cereais voaram para todos os lados, e Epitáfio estava, mais uma vez, cercado por uma cena digna de comédia pastelão.
"Você é mesmo um talento para desorganizar tudo, Epitáfio!", comentou uma senhora que passava, rindo da situação.
Epitáfio, com um sorriso amarelo, começou a juntar os pacotes, enquanto Dona Etelvina tentava ajudar. Mas na tentativa de recolher os cereais, Epitáfio começou a se irritar.
"Por que sempre eu?", ele resmungou, olhando ao redor, como se estivesse no centro de um espetáculo de teatro. "Todo mundo aqui é tão calmo, e eu sou o único que parece um maluco!"
Dona Etelvina, tentando aliviar a tensão, disse: "Querido, relaxe! Isso é só um dia de compras. Não vale a pena perder a paciência."
Finalmente, após o que parecia uma eternidade, Epitáfio e Dona Etelvina conseguiram completar a lista. Mas, ao se dirigirem para o caixa, a carrinho de compras, já cheio de itens, parecia um verdadeiro campo de batalha: frutas, cereais, e uma quantidade razoável de latas de molho de tomate estavam misturados, parecendo uma obra de arte moderna.
Assim que passaram pelo caixa, Epitáfio se distraiu novamente, olhando para uma promoção de biscoitos. E, claro, foi o suficiente para que o carrinho, que já estava em estado de colapso, cedesse. Tudo se espalhou pelo chão: biscoitos, frutas, e até um pacote de arroz que, por alguma razão, decidiu se juntar à festa.
"Não, não, não!" gritou Epitáfio, em um momento de desespero. Ele se agachou para pegar as coisas, enquanto outros clientes olhavam, divertidos.
Algum tempo depois, ele se levantou, tentando manter a dignidade, mas a cena era insustentável.
"Eu não aguento mais!", ele exclamou, olhando ao redor. "O que eu fiz para merecer isso? Até o arroz está me olhando com desprezo!"
Dona Etelvina, rindo, colocou a mão no ombro dele. "Amor, acho que precisamos de mais do que apenas compras. Precisamos de uma boa dose de calma! Vamos para casa e esquecer isso tudo."
Epitáfio, ainda um pouco frustrado, concordou.
"Ok, mas da próxima vez que você me acompanhar para o mercado, prometo não fazer mais malabarismos com as maçãs!"
E assim, com o recolhendo as compras espalhadas pelo chão, Epitáfio e Dona Etelvina deixaram o supermercado, prontos para enfrentar a próxima batalha da vida a dois: a cozinha.
Retornando para casa, foram organizar a cozinha.
Epitáfio: (segurando um pacote de arroz aberto) Olha, Etelvina, acho que esse arroz decidiu se rebelar contra nós. Está mais espalhado do que dentro da embalagem!
Dona Etelvina: (rindo) É, parece que ele queria ver o mundo. Ao menos, agora temos um "arroz à la chão".
Epitáfio: (suspirando) Se eu soubesse que ia ser assim, teria me limitado a comprar um pão e um queijo.
Dona Etelvina: Ah, vai! Você sabe que as compras nunca são só pão e queijo com você. Sempre tem uma aventura à vista!
Epitáfio: (brincando) Aventura é uma coisa. Mas eu não assinei para ser o protagonista de um filme de comédia!
Dona Etelvina: (com um sorriso) E você está se saindo muito bem na sua atuação. Olha só essa cena do arroz!
Epitáfio: (começando a rir) Verdade. Vou me candidatar ao Oscar de “Melhor Desastre em Supermercado”.
Dona Etelvina: (começando a juntar os biscoitos) A gente poderia fazer um filme sobre isso. “Os Caçadores de Compras Perdidas”!
Epitáfio: (fazendo pose) E eu seria o herói que sempre acaba se metendo em encrenca!
Dona Etelvina: (com um olhar divertido) E eu seria a heroína que tenta salvar o dia, mas acaba rindo da situação.
Epitáfio: (abrindo um armário para guardar as coisas) E o vilão? Quem seria o vilão da nossa história?
Dona Etelvina: (pensativa) Acho que seria o molho de tomate. Sempre pronto para causar uma explosão!
Epitáfio: (apontando para o chão) Ou o arroz, que decidiu se espalhar como um exército rebelde!
Dona Etelvina: (rindo) Isso! Precisamos de um grande final, com todos os ingredientes se unindo para fazer um jantar épico.
Epitáfio: (sorrindo) Que tal um arroz carreteiro? Assim, o arroz rebelde se redime!
Gato (Bolota): (entrando com um ar de desdém) E eu aqui, esperando um pouco de respeito. Esse chão não é um buffet, sabia?
Epitáfio: (surpreso) Olha quem apareceu! O nosso crítico gastronômico felino! O que você acha do nosso “arroz à la chão”, Bolota?
Bolota: (lambendo as patas) Precisamos conversar sobre a apresentação. Não é assim que se serve um prato!
Dona Etelvina: (com um sorriso) E você, o que sugere, senhor gourmet? Um prato sem arroz?
Bolota: (com um olhar arrogante) Bem, um pouco de atum na receita não faria mal. Mas, por favor, nada de bagunça!
Epitáfio: (brincando) Atum? Você não foi ao supermercado, foi? Se fosse, teria visto o que aconteceu lá!
Bolota: (com um olhar cético) Isso não é desculpa. A organização é fundamental, mesmo em meio ao caos.
Dona Etelvina: (começando a juntar os biscoitos) E você, o que vai fazer? Ficar sentado enquanto nós limpamos a cozinha?
Bolota: (dando um salto para uma prateleira) Eu estou aqui para garantir que nada do que vocês preparam venha a me incomodar. E se sobrar algum atum, eu aceito!
Epitáfio: (abrindo um armário para guardar as coisas) Olha, Bolota, se você nos ajudar, prometo que vou procurar um atum especial na próxima compra.
Bolota: (sorrindo com um ar de superioridade) Isso é um bom começo. Mas não se esqueçam da apresentação!
Dona Etelvina: (brincando) Claro! Atum em um prato bem decorado, com um toque de arroz do chão!
Epitáfio: (fazendo pose) E eu seria o herói que sempre acaba se metendo em encrenca, enquanto o gato dá as ordens!
Bolota: (com um olhar de aprovação) Finalmente, você entendeu seu papel.
Dona Etelvina: (rindo) Vamos lá, então! Com as nossas forças e a ajuda do nosso crítico felino, faremos um jantar épico.
Epitáfio: (sorrindo) Combinado! E que venha o próximo supermercado, porque com você e o Bolota, sempre há histórias para contar!
Bolota: (com um ar de sabedoria) E lembrem-se: a próxima vez, menos bagunça, mais atum!
Dona Etelvina: Perfeito! Vamos juntar nossas forças na cozinha e fazer isso acontecer. E, claro, sem mais malabarismos!
Epitáfio: (com um olhar determinado) Combinado! Agora vamos fazer esse jantar e deixar as aventuras para o próximo dia de compras!
Dona Etelvina: (com um sorriso) Isso! E que venha o próximo supermercado, porque com vocês haverão histórias para contar!
Fonte: José Feldman. Peripécias de um jornalista de fofocas & outros contos. Maringá/PR: IA Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul, 2024.
Marcadores:
Meus manuscritos,
Panaceia de Textos
Vereda da Poesia = 142 =
DANIEL MAURÍCIO
Curitiba/PR
Ciumenta
Embevecido
curti as musas
de outros
Poetas,
a minha
tão ciumenta
levantou-se
da mesa
sem brindar,
me deixando
com a taça
no ar.
= = = = = =
Trova de
IZO GOLDMAN
Porto Alegre/RS, 1932 – 2013, São Paulo/SP
Castro Alves, teu valor
está na contradição
do eterno escravo do amor
lutar contra a escravidão.
= = = = = =
Poema de
LUIZ POETA
Rio de Janeiro/RJ
Artilheiros da cultura
A cada vez que comprimimos o gatilho
da emoção, a nossa arte se projeta,
não temos alvo, pois na mira de um poeta
Está o amor que a emoção chama de filho.
As nossas fardas se confundem, os paisanos
e os militares se diluem na vontade
de abençoar a sua sensibilidade,
com os mesmos sonhos de aprendizes e decanos.
O Forte é sempre um coração dentro da história,
a inspiração é uma sutil onda de mar
que acaricia a solidão de cada olhar,
criando imagens que borbulham na memória...
Nossos canhões não silenciam... o festim
dos seus disparos sobre nossa antologia
são ecos soltos que declamam poesia,
de todo amor que vive em ti e existe em mim.
Nossas palavras são registros de ternura,
somos iguais com rara sensibilidade,
e por criarmos a poesia em liberdade
é que nos chamam de Artilheiros da Cultura.
= = = = = =
Trova Premiada em Irati/PR, 2023
MARA MELINNI
Caicó / RN
Tropeço e, na caminhada,
se os meus pés querem parar,
não mudo as pedras da estrada;
mudo o meu jeito de andar!…
= = = = = =
Poema de
VANICE ZIMERMAN
Curitiba/PR
Tempo líquido
O espelho
Que me envolve
Transmuta - se
Em tempo líquido -
Um portal,
Pinceladas de nanquim
Acariciam a Lua...
= = = = = =
Fábula em Versos
adaptada dos Contos e Lendas da África
JOSÉ FELDMAN
Campo Mourão/PR
A Princesa Guerreira e o Dragão
No reino de Zambeze, uma princesa destemida,
Kwezi, a guerreira, com espada erguida,
protegendo seu povo de um dragão feroz,
com coragem no peito, ela ergueu sua voz.
“Não temerei monstros, lutarei até o fim,
pela paz e justiça, eu farei, para isso vim!”
Com armadura brilhante, avançou sem temor,
o dragão rugia, mas Kwezi era puro fervor,
em batalha feroz, sua força brilhou,
com um golpe preciso, o dragão tombou.
O povo a aplaudiu, sua heroína é,
e a paz foi restaurada, como uma bela maré.
Coragem e força podem vencer a escuridão,
Uma princesa guerreira traz luz à nação.
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = = =
Trova Popular de
Ouro Fino/MG
Você diz que sabe muito,
borboleta sabe mais:
anda de perna pra cima,
coisa que você não faz.
= = = = = =
Soneto de
JERSON BRITO
Porto Velho/RO
Tuas marcas
Nas lágrimas que verto inconsolado
Repousam minha dor, meu sofrimento
No sal dessa torrente há desalento:
Escombros do meu sonho estilhaçado.
Aflitas, vozes d'alma, em seu lamento
Num canto lacrimoso, emocionado
Do adeus farto em pungência têm lembrado
Registro lancinante... Ah, que tormento!
Conserva o coração saudade imensa
Não vejo essa paixão esmaecida
Em mim é natural tua presença,
Embora com loucura parecida
Vivaz, noto luzir sem par querença
Marcaste a ferro e fogo minha vida.
= = = = = =
Trova de
YEDDA RAMOS PATRÍCIO
São Paulo/SP
A esperar que regressasse,
postei-me à porta, rezando...
E, se ele nunca voltasse
continuaria esperando...
= = = = = =
Poema de
DALILA TELES VERAS
Funchal/ Ilha da Madeira/ Portugal
Do amor e seus silêncios
No destempero e ardências
da fúria inaugural
a palavra sem proveito
(verbalização de corpos)
No rito já maturado
do caminho reconhecido
a muda comunhão
(frêmito de carne e espírito)
Urgências mitigadas
os silêncios primordiais
já agora interpretáveis
(epifania outonal)
= = = = = =
Trova de
LUIZ CLÁUDIO COSTA DA SILVA
Parnamirim/RN
A imponente arte conserva,
os traços e a singeleza
da bela deusa Minerva:
- musa da mãe natureza!
= = = = = =
Soneto de
AMILTON MACIEL MONTEIRO
São José dos Campos/SP
Amor e perdão
Se de verdade alguém quiser amar,
terá uma condição a ser cumprida:
há de aprender depressa a perdoar
e depois persistir por toda a vida!
Sem o perdão, não para de sangrar
qualquer amor; tal qual mortal ferida
que obriga o coração logo a parar,
à míngua do que o pode dar guarida...
Perdão e amor nos lembram “siameses”,
como nos mostra a vida tantas vezes:
se um dos irmãos padece, é sempre horrível,
pois sofrerá o outro igualmente...
E se o perdão morrer, isto é infalível,
a morte para o amor será evidente!
= = = = = =
Trova do
Príncipe dos Trovadores
LUIZ OTÁVIO
Rio de Janeiro/RJ, 1916 – 1977, Santos/SP
Retrato de tua sorte
podes nisto contemplar:
todo rio, por mais forte,
encontra a morte no mar...
= = = = = =
Soneto de
FLORBELA ESPANCA
Vila Viçosa, 1894 – 1930, Matosinhos
Os versos que te fiz
Deixa dizer-te os lindos versos raros
que a minha boca tem pra te dizer
são talhados em mármores de Paros
cinzelados por mim pra te oferecer
Tem dolência de veludos caros,
são como sedas pálidas a arder...
deixa dizer-te os lindos versos raros
que foram feitos pra te endoidecer!
Mas, meu amor, eu não vos digo ainda...
que a boca da mulher é sempre linda
se dentro guarda um verso que não diz!
Amo-te tanto! E nunca te beijei...
e nesse beijo, amor, que eu não te dei
guardo os versos mais lindos que te fiz!
= = = = = =
Trova Funerária Cigana
Às vezes pareço crer
quando a terra flores dá,
serem as cópias fiéis
das flores que existem lá.
= = = = = =
Spina de
SOLANGE COLOMBARA
São Paulo / SP
Fragmentos
Fagulha em tormento
de calma, transforma
o instante, ultrapassa
qualquer tipo de sensação gasta.
A alma flutua, leve, permitindo-se
ser desfaçatez de forma devassa.
Com discernimento grita no vazio
da ideação, dá-se feição escassa.
= = = = = =
Trova Humorística de
HÉRON PATRÍCIO
Ouro Fino/MG, 1931 – 2018, Pouso Alegre/MG
"Adeus, meu sonho perdido,
belo, imponente, palpável!",
disse a mulher ao marido
e ao seu "lixo reciclável"!
= = = = = =
Poema de
SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESSEN
Lisboa (1919 – 2004) Porto
Cantar
Tão longo caminho
E todas as portas
Tão longo o caminho
Sua sombra errante
Sob o sol a pino
A água de exílio
Por estradas brancas
Quanto passo andado
País ocupado
Num quarto fechado.
As portas se fecham
Fecham-se janelas
Os gestos se escondem
Ninguém lhe responde
Solidão vindima
E não querem vê-lo
Encontra silêncio
Que em sombra tornados
Naquela cidade.
Quanto passo andado
Encontrou fechadas
Como vai sozinho
Desenha as paredes
Sob as luas verdes
É brilhante e fria
Ou por negras ruas
Por amor da terra
Onde o medo impera.
Os olhos se fecham
As bocas se calam
Quando ele pergunta
Só insultos colhe
O rosto lhe viram
Seu longo combate
Silêncio daqueles
Em monstros se tornam
Tão poucos os homens.
= = = = = =
Trova de
A. A. DE ASSIS
Maringá/PR
Luxo é bom, porém não muda
a verdade da pessoa.
– Garfo de ouro em nada ajuda,
se a comida não é boa…
= = = = = =
Soneto de
VICENTE DE CARVALHO
Santos/SP (1866 – 1924)
Soneto da defensiva
Enganei-me supondo que, de altiva,
Desdenhosa, tu vias sem receio
Desabrochar de um simples galanteio
A agreste flor desta paixão tão viva.
Era segredo teu? Adivinhei-o;
Hoje sei tudo: alerta, em defensiva,
O coração que eu tento e se me esquiva
Treme, treme de susto no teu seio.
Errou quem disse que as paixões são cegas;
Veem... Deixam-se ver... Debalde insistes;
Que mais defendes, se tu'alma entregas?
Bem vejo (vejo-o nos teus olhos tristes)
Que tu, negando o amor que em vão me negas,
Mais a ti mesma do que a mim resistes.
= = = = = =
Poetrix de
ROSEANE FERREIRA
Belém/PA
cortinas…
Ao vento, serpenteiam,
Abrigar segredos
Mistérios além da seda.
= = = = = =
Soneto de
JOSÉ XAVIER BORGES JUNIOR
São Paulo/SP
O mar e o vento
Ouço o bramido deste mar - tormento triste,
Vociferando na alameda da ilusão,
Tecendo espumas desde o dia em que partiste,
Na tentativa de alegrar meu coração!
O vento brando vai mentindo que ainda existe
- Em melodia de gentil diapasão –
As alegrias, e soprando ele persiste
Em transformar tua lembrança em emoção.
Então me calo ante o bramido do oceano;
Tento reter a espumarada em minhas mãos,
E outra lembrança, então de ti, eu acalento.
Mas segurar a espumarada é ledo engano,
É só mais um dos pensamentos, tolos, vãos,
Tal como foi tentar, por ti, parar o vento!
= = = = = =
Trova Humorística de
THEREZINHA DIEGUEZ BRISOLLA
São Paulo/ SP
Deram sumiço ao rateio
do mensalão!... e, por zelo,
o ladrão, lá do correio,
diz que não aceita... sê-lo!
= = = = = =
Poema de
FERNANDO PESSOA
Lisboa/Portugal, 1888 – 1935
Se tudo o que há é mentira
Se tudo o que há é mentira
É mentira tudo o que há.
De nada nada se tira,
A nada nada se dá.
Se tanto faz que eu suponha
Uma coisa ou não com fé,
Suponho-a se ela é risonha,
Se não é, suponho que é.
Que o grande jeito da vida
É pôr a vida com jeito.
Fana a rosa não colhida
Como a rosa posta ao peito.
Mais vale é o mais valer,
Que o resto ortigas o cobrem
E só se cumpra o dever
Para que as palavras sobrem.
= = = = = =
Trova da
Princesa dos Trovadores
CAROLINA RAMOS
Santos/SP
A pele negra retrata
a dor de uma triste saga,
pois o estigma da chibata
nem mesmo a alforria apaga!
= = = = = =
Hino de
Batayporã/MS
Tu és... de tantas lindas,
De tantas terras que já vi
A mais bonita e a mais bem-vinda
Meu doce berço de dormir.
Batayporã... que lindo nome...
De água boa que é Yporã
Jan Antonin Bata... e seu sobrenome...
Se fez assim Batayporã.
Do Vale... Cidade Amizade
Do Estado... um exemplo de viver
Batayporã... céu mais azul
Tu és o orgulho do Mato Grosso do Sul.
Bandeira... exibe o vermelho
Das terras de outrora lindas matas
E no teu branco a nossa paz
A esperança o verde traz.
Teus rios... casal perfeito
O Samambaia e o Paraná
Em tuas matas, faunas e floras
Grande tesouro, há de guardar.
Pecuária... tão altaneira
Leva o teu nome... Oh! Mãe gentil
És conhecida... muitas fronteiras
Que atravessam o Brasil.
Cidade... pequeno paraíso
Que Deus deixou aqui na terra
E o teu solo... sempre em sorriso
Vem germinando a semente que se enterra.
De um povo gentil e acolhedor
Que canta o teu nome com respeito
Batayporã... és puro amor
Rincão querido e eterno leito.
= = = = = =
Trova de
EVA YANNI DE ARAÚJO GARCIA
Caicó/RN
Cultura é vida, é história;
outra forma de viver;
que vem guardar na memória
o que o tempo fez morrer.
= = = = = =
Sonetilho de
IALMAR PIO SCHNEIDER
Porto Alegre/RS
No além
Quando eu partir para o Além,
com certeza irei sozinho
e não mais terei carinho
como aqui tive de alguém...
Nós temos o nosso ninho,
que nem todos os que têm
o privilégio de um bem
para alegrar seu caminho.
Assim vivemos os dois,
nem pensando que depois
devemos nos separar.
É melhor esta confiança,
do que não ter esperança
de viver n´outro lugar !
= = = = = =
Trova Premiada de
RITA MARCIANO MOURÃO
Ribeirão Preto/SP
Queres chamar-me de amigo,
mas teu olhar traidor
é a frase que eu mais bendigo
das frases mudas do amor.
Marcadores:
Universos Di Versos,
Vereda da Poesia
Assinar:
Postagens (Atom)