sábado, 21 de julho de 2012

Literaturas Africanas de Expressão Portuguesa (Parte 1: Angola)

(foi mantida a grafia original)

DESCOBERTAS E EXPANSÃO

A literatura africana de expressão portuguesa nasce de uma situação histórica originada no século XV, época em que os portugueses iniciaram a rota da África, polarizada depois pela Ásia, Oceania, Américas. A historiografia e a literatura portuguesas, sob a óptica expansionista, testemunham o «esforço lusíada» da época renascentista. Cronistas, poetas, historiadores, escritores de viagem, homens de ciência, pensadores, missionários, viajantes, exploradores, enobreceram a cultura portuguesa e, em muitos aspectos, colocaram-na ao nível da ciência e das grandes literaturas europeias.

Gomes Eanes de Zurara, João de Barros, Diogo do Couto, Camões, Fernão Mendes Pinto, Damião de Gois, Garcia de Orta, Duarte Pacheco Pereira, são alguns dos nomes cujo discurso é alimentado do «saber de experiência feito» alcançado a partir do século XV, em declínio já no século XVI e esgotado no século XVII. A obra de um Gil Vicente ou, embora escassamente, a de poetas do Cancioneiro, ao lado das «coisas de folgar», foram marcadas pela Expansão ao longo dos «bárbaros reinos». Estamos, assim, a referir uma literatura feita por portugueses,   fruto   da   aventura   no   Além-Mar,   no período renascentista. Hernâni Cidade e outros glorificam-na no espírito da dilatação da «Fé e o Império» (A literatura portuguesa e a expansão ultramarina, 1963 e 1964, 2 vols). Chamemos-lhe a literatura das Descobertas e Expansão.

E evidente que esta literatura, nascida de uma experiência planetária, numa época em que o mundo cristão reconhecia o direito à dominação, à depredação e até à barbárie (a cruz numa mão, e a espada noutra) nada tem a ver com a literatura africana de expressão portuguesa. Este registo destina-se apenas ou, sobretudo, a retermos factos longinquamente relacionados com o quadro cultural e político que, séculos depois, havia de surgir, e é a razão primeira destas páginas.

Quando e como surgiu a literatura africana de expressão portuguesa? E como se desenvolveu?

Os portugueses chegaram à Foz do Zaire em 1482 e, em 1575 [1], fundaram a primeira povoação portuguesa, São Paulo de Assunção de Loanda, hoje capital de Angola. Dos primeiros contactos com o Reino do Congo dá-nos testemunho a correspondência trocada entre os reis do Congo e os reis de Portugal, além de documentos, como os relatórios dos padres jesuítas de Angola. Mas o aparecimento de uma actividade cultural regular na África associa-se intimamente à criação e desenvolvimento do ensino oficial e ao alargamento do ensino particular ou oficializado [2], à liberdade de expressão e à instalação do prelo, que se registam a partir dos anos quarenta do século XIX [3].

LITERATURA COLONIAL

Com efeito, quatro anos apenas após a instalação do prelo em Angola ocorre a publicação do livro Espontaneidades da minha alma (1849), do angolano, mestiço ao que parece, José da Silva Maia Ferreira, o primeiro livro impresso na África lusófona [4]. O primeiro livro impresso mas não a mais antiga obra literária de autor africano. Por pesquisas que recentemente levámos a cabo é anterior àquele, pelo menos, o poemeto da cabo-verdiana Antónia Gertrudes Pusich, Elegia à memória das infelizes vitimas assassinadas por Francisco de Mattos Lobo, na noute de 25 de Junho de 1844, publicado em Lisboa no mesmo ano. Entretanto não será deslocado citarmos o Tratado breve dos reinos (ou rios) da Guiné, escrito em 1594, da autoria do cabo-verdiano André Alvares de Almada; e de origem cabo-verdiana se supõe ser André Dornelas, autor do século XVI, que assina uma descrição da Guiné [5]. E até nós chegou, também, pela pena do historiador António Oliveira Cadornega, o eco de um poeta satírico, o capitão angolano António Dias Macedo, que «tinha sua veya de Poeta».

Se a Deos chamão por tu, e a el Rey chamão por vós, como chamaremos nós, a três que não fazem hum, que o povo indiscreto, e nú falto de experiência, fez em lugar de hum três que com toda a Cortezia tú, nem vós, nem Senhoria merecem suas mercês [6]

Tal, porém, não nos autoriza a remontarmos as origens da poesia angolana a tão recuados tempos, como já, com alguma intemperança, se quis insinuar. Repondo, por isso, a questão com certa objectividade pode afirmar-se que a literatura africana chama a si mais de um século de existência. Este longo período de mais de um século de actividade literária está, porém, contido em duas grandes linhas: a literatura colonial e a literatura africana de expressão portuguesa. A primeira, a literatura colonial, define-se essencialmente pelo facto de o centro do universo narrativo ou poético se vincular ao homem europeu e não ao homem africano. No contexto da literatura colonial, por décadas exaltada, o homem negro aparece como que por acidente, por vezes visto paternalisticamente e, quando tal acontece, é já um avanço, porque a norma é a sua animalização ou coisificação. O branco é elevado à categoria de herói mítico, o desbravador das terras inóspitas, o portador de uma cultura superior. Exemplo: «o único país que pode explorar seriamente a África, é Portugal» (prefácio de Manuel Pinheiro Chagas a Os sertões d'Africa, 1880, de Alfredo de Sarmento, onde aliás se pode ler sobre o negro: «É um homem na forma, mas os instintos são de fera», p. 87). Paradoxalmente, o branco é eleito como o grande sacrificado. A aplicação do ponto de vista colonialista tem no europeu o agente dinâmico e não o opressor: «Fiel aos nossos deveres de dominador, grata ao nosso orgulho, útil às populações», escrevia um homem anti-fascista, Augusto Casimiro (1929). Predominavam, então, as ideias da inferioridade do homem negro, que teóricos racistas, como Gobineau, haviam derramado e para as quais teria contribuido o filósofo Lévy-Bruhl com a sua tese da mentalidade pre-lógica, — sendo certo, embora, que a renunciou pouco antes de morrer.

Logo no último quartel do século XIX se encontram os pioneiros desta literatura. Mas é no período 20/30 do século XX que ela vai atingir o ponto maior: na quantidade, na marca colonialista, na aceitação do público que esgota algumas edições, com certeza motivado pelo exótico. Aí se destaca um naipe todo ele incapaz de apreender o homem africano no seu contexto real e na sua complexa personalidade. É certo que justo será destacar pela qualidade de sua escrita João de Lemos, Almas negras, 1937, porque nele, apesar de uma deficiente visão, se denota um meritório esforço de análise e intenção humanística. Mas, escritor português, manietado pela distanciação colonialista, por norma, dá ao seu discurso um sentido racista, hoje de inconcebível aceitação. Henrique Galvão: «A sua face negra, de beiçola carnuda, tinha reflexos demoníacos» (O vék d'oiro, 4.a ed., 1936, p. 122); ou: «Era um negro esguio» [o Mandobe] que «dava a impressão [...] dum excelente animal de corrida» (p. 34); Hipólito Raposo {Ana a Ka/unga, 1926) na glorificação mística imperial: «Queimados no ardor silencioso de Golfo, em todo o peito português vai estremecendo o marulhar heróico dos Lusíadas» (p. 21), e outros (muitos) como António Gonçalves Videira, João Teixeira das Neves, irmão de Teixeira de Pascoaes, Brito Camacho, Contos selvagens (1934). Prolonga-se este tipo de literatura até aos nossos dias, com tendência, no entanto, para refletir os efeitos de uma perspectiva humana ajustada à evolução das condições históricas e políticas, porventura o caso de Maria da Graça Freire (A primeira viagem, 1952) e, noutro aspecto, na actualização de uma linha que vem de Hipólito Raposo, citaríamos António Pires, (Sangue Cuanhama, 1949). Essa incapacidade de penetrar no mundo africano terminou por se instalar na consciência de um ou outro (poucos) mais atentos, mais apetrechados do ponto de vista teórico, como é o caso de José Osório de Oliveira, que se interroga a si próprio: «Conseguirei escutar nesta viagem, a voz da raça negra?» (Roteiro de África, 1936, p. 55).

O tempo histórico, o tempo cultural, para quem, ideologicamente, era incapaz de se furtar à insidiosa instauração do fascismo em Portugal e à inscrição legal do assimilacionismo (aí vinha já o célebre Acto Colonial, de 1930), não permitia ou não ajudava a uma tarefa de tal monta, que rejeita meros propósitos e exige uma reformulação da mentalidade do europeu. Hoje, não há lugar para dúvidas: muitas dessas obras estão condenadas ao esquecimento, salvando-se aquelas que, apesar de prejudicadas pelas contigências de uma época e de uma mentalidade coloniais, evidenciam contudo um certo esforço humanístico e uma real qualidade estética. Mas, no conjunto, a história vai ser de uma severidade implacável e arrumará a quase totalidade   desta   literatura   no    discurso    da   acção colonizadora ou no nacionalismo imperial, saudosista e deslumbrado [7].

SÉCULO XIX - SENTIMENTO NACIONAL

1.    ANGOLA


É interessante notar, porém, que já na segunda metade do século XIX, paralelamente a uma literatura colonial, surgem textos de alguns escritores que não poderão ser genericamente catalogados de autores de literatura colonial. Se, por um lado, na representação do universo africano lhes falece uma perspectiva real e coerente, por outro enjeitam a exaltação do homem branco, embora possam, como é natural no contexto da época, não assumir uma atitude de oposição, típica daquilo que viria a ser a autêntica literatura africana de expressão portuguesa. Mas irrealista seria exigir isso de homens que viveram num período em que a institucionalização do regime colonial dificultava uma consciência anti-colonialista ou outra atitude que não fosse a de aceitá-la como consequência fatal da história. Manifestar nessa época recuada um sentimento africano ou uma sensibilidade voltada já para os dados do mundo africano constitui hoje, a nossos olhos, um acto de novidade e de pioneirismo. Eles são, com efeito, e neste quadro, os antecessores de uma negritude ou de uma africanidade.

O mais remoto desses escritores, em Angola, é José da Silva Maia Ferreira, africano de nascimento e de cor, que em páginas anteriores já referimos. O seu livro de poemas Espontaneidades da minha alma (1849) marca assim o início da literatura angolana de língua portuguesa.

Tessitura poética frágil, é certo, mas que cumpre mesmo assim mencioná-lo, até porque de, um modo geral, a poesia angolana desse século acusa toda ela um certo rudimentarismo. A tónica deste discurso é o lirismo vasado sobretudo no amor, mas também na fraternidade, na gratidão, na recordação familiar, na amizade, no enlevo rústico ou paisagístico. E neste campo semântico variado e não muito complexo nem profundo, palpita ainda, e isto é importante, a ternura romântica de um sentimento pátrio:

Foi ali que por voz suave e santa Ouvi e cri em Deos! É minha pátria!,[8] subscreve José da Silva Maia Ferreira no poema «A minha terra», datado do Rio de Janeiro (1849).

Cerca de quinze anos depois outros poetas dão sinal de si em Luanda. Porém esta participação, com excepção para Cordeiro da Matta, deve-se a portugueses radicados. É o caso de Eduardo Neves (c. 1865 — séc. XX), apenas com obra dispersa. Ou o de J. Cândido Furtado (séc. XIX — 1905), também poeta, que viveu por largos anos em Angola. Parte da sua poesia (também dispersa) pode considerar-se, tal como a de outros, indiciadora de representação do tópico da cor:

Qu'importa a côr, se as graças, se a candura Se as formas divinaes do corpo teu Se escondem, se adivinhão, se apercebem Sob esse tão subtil, ligeiro véu? [9]

Ou, então, Ernesto Marecos (1836-1879), que viveu em Luanda desde 1850, um dos fundadores da revistai Aurora, adiante citada, terminando por falecer em Moçambique. Autor de Jucá, a Matumbolla (1865), o seu discurso é uma narração poética trabalhada sobre uma «lenda africana», que o autor situa na região da Lunda. O tema central é o crime que por amor se pratica e se redime também na morte heróica: «E buscou perdão na morte/Qual cumpria ao moço forte,/Ao leonino caçador»); e o «milagre do amor» vai assumir-se em ressurreição «junto ao triste cemitério/Que a bella Jucá escondeu» [10].

No domínio da narrativa impõe-se o nome de Alfredo Troni (1845-1904), em Luanda desde 1873, onde faleceu. Jornalista combativo e prestigiado assina o romancinho Nga Mutúri, publicado em folhetins nos jornais lisboetas Diário da Manhã e Jornal do Comércio e das Colónias, em 1882, e agora reeditado (1973). Centrada na área mestiça da cidade de Luanda da segunda metade do século XIX, os dons revelados em Nga Mutúri não são de somenos, antes pelo contrário. Desde o momento em que, sendo ainda criança, o tio é obrigado a vendê-la por força do quituxi (instituição jurídica africana), passando pela fase em que se transforma na mulher do branco que a comprou, depois pela viuvez (Nga Mutúri = Senhora Viúva), até ao momento em que o narrador dá o corte final da história, longo é o percurso da personagem principal. Através de vários sucessos e pequenas histórias encaixadas, o leque social de Luanda vai-se abrindo a nossos olhos: relações familiares, justiça, hábitos sociais, religiosos, culinária, tradições africanas de algum modo reelaboradas, conceitos de vida, conceitos morais, etc. Alfredo Troni, revelando um conhecimento concreto da sociedade luandense, numa linguagem depurada, cingida ao real, faz gala de uma segurança organizativa invulgar e cuidada utilização de um estilo que vai à ironia repousada, a uma certa malícia subtil buscar o tom geral da narração, mas com tal ciência que, salvo uma ou outra rara excepção, se defende de uma eventual distanciação que fatalmente empobreceria o texto. No toque de relevo da crítica de costumes sobressai a alienação trazida pela assimilação cultural e a transparência da coisificação do homem negro na estrutura instável colonizado/colonizador. Em resumo, texto de prazer e texto de conhecimento.

Já terá de se atribuir menos importância ao Romance íntimo (1892), 2.a ed. da série Scenas d'Ãfrica, de Pedro Félix Machado, ao que parece nascido em Angola (c. 1860 — séc. XX). Começamos por nos convencer de que a narrativa, cuja acção se reparte por Angola e Iisboa, só a muito custo se liberta do âmbito de uma literatura colonial, mau grado a manipulação de personagens da burguesia de duvidosa honorabilidade. Incluí-la aqui é um tanto pela meia dúzia de páginas que aludem a «um importante embarque de negros que interessava muitos dos principaes negociantes d'aquella praça» (p. 28) e tal «embarque projectado era de oito centas cabeças... de alcatrão — diziam os entendidos — as quaes n'essa épocha, deviam render, livres para os carregadores, uns seis centos contos.» (p. 30). Como quer que seja, para um juizo definitivo, seria necessário conhecermos a série completa [11].

O contributo de autores de origem africana, os «filhos do país», encontra em Joaquim Dias Cordeiro da Matta [faquim Ria Matta (1857 — 1894) uma fonte preciosa. Estimulado pelo missionário suiço Héli Chatelain, antropólogo ao serviço do governo americano, mais de uma vez desembarcado em Luanda, a quem se deve não só uma estimulante influência junto dos intelectuais angolanos, como também um trabalho importante no domínio da pesquisa linguística e etnográfica, de que se destaca Folk — Tales of Angola (1897), em edição portuguesa com o título Contos populares de Angola, 1964. J. Cordeiro da Matta, figura destacada da chamada geração de 1880 e um dos valores de maior evidência do século XIX, incitava os seus compatriotas a dedicarem «algumas horas de lazer para a fundação da nossa literatura» [o sublinhado é de quem assina este trabalho] (in Philosophia popular em provérbios angolenses, Lisboa, 1891). Filólogo, etnólogo, jornalista e poeta, parte da sua obra (alguns manuscritos, como os /14 contos angolanos) perdeu-se [12]. O seu livro de versos Delírios, 1857— 1887 (Luanda, 1887), que se considera também desaparecido, mas de que se conhecem algumas das suas poesias, avança na contribuição do tópico da cor, como no capítulo seguinte nos é dado comentar.

Outros mais se afirmam por essa época, como Jorge Eduardo Rosa e Lourenço do Carmo Ferreira, mas a maioria militando no jornalismo, em grande parte político e interveniente, não raro denunciador de prepotências e abusos da administração colonial ou de desmandos e repressões de sectores políticos e económicos. O Echo de Angola, por exemplo, (houve outros), fundado em 1881 era dirigido apenas por mestiços   e  negros   (os   «filhos   do   país»).   Inclusive assinala-se a existência, por regra efémera, de jornais e revistas como A Aurora (Luanda, 1856), O Sertão (1886), Ensaios Literários (Luanda, 1901), ao que parece todas desaparecidas, e Lu% e Crença (Luanda, 1902 — 1903), para além de outras não propriamente literárias — como é o caso d'0 Comércio de Luanda (1867) — mas que mantinham secções, pelo menos, literárias. E refira-se ainda a existência de associações literárias e culturais, havendo conhecimento concreto da Associação literária, Angolana [13]. É de igual modo um jornalismo daquele teor o que, em certa medida, existiu no arquipélago do Cabo Verde e em Moçambique [14].
––––––––––––
Notas:

1    A ordem de chegada dos portugueses  ao continente africano foi esta: Cabo Verde, 1460; S. Tomé e Príncipe, 1470;
Foz do Zaire, 1482; Moçambique, 1498.

2    As   primeiras   iniciativas   do   Governo   da   metrópole relacionadas   com   a   ensino   datam   de   1740.   Outras   se seguiram, mas ineficazes. Só a partir dos meados do século XIX o Governo Central procede a uma série de medidas tendentes ao desenvolvimento do ensino em Cabo Verde (Vide José Contado  Carlos  de Chelmichi,  Corografia cabo–verdiana ou Descripção Geografico-Historica da Provinda das Ilhas de Cabo-Verde e Guiné, 1841).
Compulsando os Boletins Oficiais de Cabo Verde, damos conta de várias providências ou diligências levadas a cabo nos fins do segundo quartel do século XIX sobre a instrução pública no Ultramar como, por exemplo, e além de outras:
Em   1845   se  procede  à  organização   da  instrução primária nas províncias ultramarinas, abrangendo as «escolas      principaes»;      «materiaes      de      ensino»; «provimento, vencimentos,  jubilação  e  aposentação dos professores»; «creação dos conselhos inspectores de instrução primária»; «sua composição e deveres» (Dec. de 14 agosto e P. R. 2 setembro 1845, o que pressupõe a existência de um ensino público em fase adiantada, pelo menos em Cabo Verde. Tanto assim que:
Em 1860 é «creado e estabelecido na cidade da Praia um liceu, com a denominação de Lyceu Nacional de Província de Cabo Verde» (P. circular n.° 313-A de 15 dezembro 1860. B. n.° 83). A título de exemplo, entre outras  importantes  medidas,  e  por  curiosidade,   se regista o seguinte:
Em  1875 efectuou-se a remessa de exemplares da Cartilha   Nacional   de    Caldas   Aulete   para    serem distribuídos pelas escolas de Cabo Verde, pedindo-se informação  aos responsáveis  pelo  ensino  sobre  os efeitos produzidos (P. R. n.° 32, 19 março 1878. B. n.° 16).
Em 1866 é «creado o Seminário eclesiástico da diocese de Cabo Verde» (Dec. 3 setembro 1866. B. n.° 44) cuja abertura ocorreu no ano de 1867 (Off. 18 janeiro 1967. B. n.° 9).
Na   segunda   metade   do   século   XIX   existiu   uma biblioteca e um museu nacional, cremos que na cidade da Praia (P. n.° 15,14 janeiro 1871. B. n.° 10).
Anteriormente a 1871 havia sido extinta a Sociedade Gabinete de Leitura cuja biblioteca transitou para a Biblioteca da cidade da Praia (P. n.° 157, 10 maio 1871).
Inclusivamente «a biblioteca foi mandada abrir ao público em todos os dias não santificados e feriados» das seis às oito horas da tarde» (P. n.° 45, 9 fevereiro
1893. B. 6).
No entanto, «por alvará de 12 de Janeiro de 1740 foi para S. Thiago um mestre de gramática, com 50$00 reis annuaes», segundo Christiano José de Sernna Barcellos in Subsídios para a história de Cabo Verde e Guiné. Parte n. Lisboa, Academia Real das Ciências de Lisboa, 1900, p. 281.

3 O prelo foi instalado nas ex-colónias portuguesas nas seguintes datas: Cabo Verde, 1842; Angola, 1845; Moçambique, 1854; S. Tomé e Príncipe, 1857; Guiné-Bissau, 1879.

4    Só recentemente se teve conhecimento da existência desta obra. Deve-se à descoberta, cerca de 1966, de um exemplar na New York Public Library, pelo lusófilo  americano  Prof. Gerald Moser. Um segundo exemplar encontra-se agora na posse da Biblioteca da Companhia de Diamantes de Angola (Lisboa).
Janheinz Jahn noticia que o dramaturgo português Afonso Álvares, mestiço, contemporâneo de Gil Vicente, nascido e educado no palácio de D. Afonso de Portugal, bispo de Évora, é «o primeiro escritor africano de uma língua europeia», embora os seus autos não tenham relação com a África (in Manuel de littérature neoafricaine, Paris, Editions Resma, 1969, pp. 7-8.)

5    A. Teixeira da Mota, Dois escritores quinhentistas de Cabo Verde — André Álvares de Almada e André Dornelas. Lisboa, Junta de Investigações do Ultramar, 1971, p. 39.

6    António de Oliveira Cadornega dá-nos notícia do facto nestes termos: «(...) succedeu ir hum dia o Capitão António Dias de Macedo neste tempo Sargento mór da guerra com huma sua petição sobre certo requerimento, e dizer-lhe o Secretário do Governo Sebastião Rodrigues que emendasse sua Mercê a petição, porque estando em Governo se lhe devia dar Senhoria; o Capitão tinha sua veya de Poeta, entrando ali perto em huma Caza pedio tinta e papel e escreveo o seguinte (segue-se a poesia que transcrevêramos) — in História geral das guerras angolanas «primeiro  tomo,  escrito, Anno  de  1968». Lisboa (edição fac-similada da edição de 1940), 1972, p. 515.

7    Constituída  por  um  volumoso  número   de  obras,  a literatura  colonial,   se  estudada  em  separado,   obrigaria  a subdivisões. Alguns autores ou certas obras de alguns autores pediriam  um  tratamento  especial.  Seriam  as  que  a  uma perspectiva europeizada juntam uma visão humanística, mas em que o travo paternalístico que as percorre impediria a sua inclusão na literatura africana de expressão portuguesa.
É evidente que as obras de Alexandre Cabral (Terra quente, 1953 e os contos de Histórias do Zaire, 1956), produto da sua experiência no Congo; ou os «Três pequenos contos» incluídos em Despedida breve, (1958) de José Augusto França; ou ainda o seu excelente romance Natureza morta (1949) de motivação angolana, por todas as razões, embora diferentes para cada um dos autores citados, estão para lá destes comentários.

8    José da Silva Maia Ferreira, Espontaneidades da minha alma, 1849, p. 17.

9    J. Cândido Furtado, «No álbum de uma africana» in Almanach de lembranças, 1864, p. 116; também in M. Ferreira, No reino de Caliban, 2° vol., 1976, pp. 24-25.

10    Ernesto Marecos, Jucá, aMatumbolla. Lisboa, 1865, pp. 40, 41, 42.

11    Pedro Félix Machado, autor de uma obra repartida pela ficção e pela poesia {Sorrisos e desalentos, colecção de sonetos; Uma teima, monólogo) e os romances da série Scenas d'África —?— Romance íntimo, 3." edição com uma carta de F. A. Pinto [isto  é Francisco António Pinto].  Lisboa,  Ferin,  1892;  2 volumes de 24+213 pp. & 146+1 pp. s/rosto. Cada vol. como uma parte independente.
Parte I — O Dr. Duprat, Parte
II — O Filho adulterino. O autor na 2." edição de O filho adulterino informa ainda que estava no prelo o 2.° vol. da II Parte — Antonias ou o caso do bairro Estephania e anunciava uma Hl Parte em preparação. Na Biblioteca Nacional, segundo as nossas buscas, apenas se encontra O filho adulterino, 2." edição. Carlos Ervendosa (in Itinerário da literatura angolana, 1972, pp. 34-35) afirma que Cenas dAfrica, numa 2." edição foi publicado em folhetins na Gaveta de Portugal.

12 Joaquim Dias Cordeiro da Matta (Jaquim Ria Matta) publicou ainda as seguintes obras: Ensaios de dicionário kimbundo — português; O luandense da alta e da baixa esfera — estudo crítico e analítico; Cartilha racional para se aprender o kimbundo escrito segundo a Cartilha Maternal do Dr. João de Deus; Cronologia de Angola [manuscrito].

13Teófilo José da Costa, «Augusto Silvério Ferreira — Perfil biográfico e alguns aspectos da sua vida». In Jornal de Angola, n.° 111. Luanda, 1961. Trata-se de um artigo de uma série que o autor publicou no citado Jornal de Angola, desde o n.° 108, 31.8.1961 ao n.° 119, agosto 1962, com bastante interesse para o conhecimento da actividade jornalística e cultural do século XIX em Angola.

14 Os primeiros periódicos não oficiais, excluindo, portanto, os Boletins Oficiais, foram: Angola, A Civilização da África Portuguesa, 1866; Moçambique, O Progresso, 1868; S. Tomé e Príncipe, O Equador, 1869; Cabo Verde, O Independente, 1877; Guiné-Bissau, Pró-Guiné, 1924.
Os primeiros Boletins Oficiais foram publicados nas seguintes datas: Cabo Verde, 1843; Angola, 1845; Moçambique, 1854; S. Tomé e Príncipe, 1857; Guiné-Bissau, 1880 (De 1843 a 1879 a Guiné-Bissau e Cabo Verde constituíam um todo administrativamente e por isso o Boletim Oficial era comum).
Vem ainda a propósito dizer que os Boletins Oficiais, para além da matéria governativa, mantinham secções de anúncios, avisos, denúncia de credores, etc, e ainda colaboração literária.


Fonte:
Literaturas Africanas de Expressão Portuguesa I Biblioteca Breve / Volume 6 – Instituto de Cultura Portuguesa – Secretaria de Estado da Investigação Científica Ministério da Educação e Investigação Científica – 1. edição — Portugal: Livraria Bertrand, Maio de 1977

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 613)

Observação: Desde o numero 596 as montagens das trovas são do Ademar. Feliz estou em dividir estas com um Mestre Maior.
Uma Trova de Ademar 

A mais triste solidão
que os seres humanos têm
é abrir o seu coração...
Olhar...e não ver ninguém!
Ademar Macedo/RN–


Uma Trova Nacional 

Se do mundo eu fosse o dono,
escreveria nas portas:
- Liquidação deste outono:
tapetes de folhas mortas !
–Antonio Colavite/SP–


Uma Trova Potiguar 

Toda tarde o passarinho
bate as asas, quando canta.
Quanto mais longe do ninho,
mais afinada a garganta!
–Prof. Garcia/RN–


Uma Trova Premiada 

2011  -  UBT-Natal/RN
Tema  -  SORTE  -  M/E

Se este amor, tão belo e forte,
começou de brincadeira,
quem me dera ter a sorte
de brincar... a vida inteira!...
–Newton Vieira/MG–


...E Suas Trovas Ficaram 

Meu coração, hoje em dia,
desfeito, cansado e mudo,
lembra uma feira vazia,
depois que venderam tudo!
–Pe. Celso de Carvalho/MG–


U m a    P o e s i a 

Eu lembro que antigamente
quando eu tinha pouca idade
pedia a benção de mãe
e ela, com sinceridade,
fazia a Deus uma prece
pedindo que ele me desse
saúde e felicidade.

Só depois de muito tempo
eu senti a amplitude
daquelas duas palavras
e aprendi na juventude
a mais sublime verdade:
para ter felicidade
é preciso ter saúde.

Não esqueça que a saúde
é um dos principais fatores
pra existir felicidade
e, pra ter esses valores,
ouça esse verso que diz:
"Ninguém no mundo é feliz
gemendo e sentindo dores".
–José Acaci/RN–


Soneto do Dia 


AMADA.
–Thalma Tavares/SP–

É tão doce, sutil, quase secreta,
tão gentil quanto a mais gentil donzela,
esta aura que faz de mim poeta
e me afaga ao entrar pela janela.

Vem da amada esta brisa e é por ela
que meu verso se faz canto de esteta,
e se alteia na estrofe que revela
que esta vida sem ela é incompleta.

Solidão era antes o meu nome
tão carente neste ermo que consome
a esperança, a certeza e o porvir.

Mas foi ela quem veio dissipar
meus temores e fez-me acreditar
que hoje tenho razões para sorrir.

Revista Guavira Letras - Chamada nº 15 (Prazo: 15 de outubro)

Revista Guavira segundo a Tabela Qualis da CAPES, é B5

E-mails:
guavira.cptl@ufms.br
guavira@posgraduacaoletras.com.br


GUAVIRA LETRAS, revista do Programa de Mestrado em Letras da UFMS, Câmpus de Três Lagoas, faz chamada para seu número do segundo semestre de 2012. O volume trará dossiê com a seguinte ementa:

Poéticas do conto

Os contistas paradigmáticos da literatura universal.
Teoria e prática do conto: o estado da arte no século XXI.
Revisão bibliográfica do gênero conto.
O conto brasileiro na interface com a história do conto.
Aspectos teóricos do conto, da fábula ao microconto.
O conto como instrumento pedagógico no ensino fundamental.
Os contos precursores em língua portuguesa.
O conto brasileiro pela análise de seus maiores contistas.
O conto como gênero e a história da literatura.
A contribuição latino-americana para a teoria do conto.
A forma literária do conto e as novas mídias

Os editores responsáveis pelo número 14 são os professores Rauer Ribeiro Rodrigues (UFMS) e Luiz Gonzaga Marchezan (UNESP). As contribuições devem ser enviadas para o e-mail guavira.cptl@ufms.br, com cópia para o e-mail guavira@posgraduacaoletras.com.br, até o dia 15 de outubro de 2012, conforme as normas abaixo (e em arquivo anexo).

A GUAVIRA também publica entrevistas, resenhas e uma sessão com artigos que não se enquadrem na temática geral.

Aguardamos sua colaboração. Agradecemos por divulgar esta chamada entre professores, posgraduandos, escritores, imprensa e demais interessados.

NORMAS PARA PUBLICAÇÃO — GUAVIRA LETRAS

1 – Arquivo apenas em extensão DOC.

2 – Os artigos deverão ter no mínimo 10 (dez) e no máximo 20 (vinte) páginas e as resenhas no mínimo de 03 (três) e no máximo de 08 (oito) páginas, respeitando-se a seguinte configuração, em papel A4: 1,25cm de margem para parágrafo, com margens esquerda e superior de 3,0cm e direita e inferior de 2,0cm, sem numeração de páginas.

3 – Os trabalhos de pós-graduandos, assim como os de Mestres e Doutores sem vínculo com instituições de ensino e pesquisa, só serão aceitos se apresentados em co-autoria com o Prof. Orientador.

4 – Os artigos, entrevistas ou resenhas devem ser enviados para o e-mail guavira.cptl@ufms.br, com cópia para o e-mail guavira@posgraduacaoletras.com.br, até o dia 15 de outubro de 2012, em programa Word for Windows 6.0 ou compatível, em um arquivo com o título do trabalho e com identificação do proponente e um arquivo com o título do trabalho e sem identificação do proponente.

5 – O Conselho Consultivo, ao qual serão submetidos os textos, poderá sugerir ao autor modificações de estrutura e de conteúdo. Serão devolvidos para correção os trabalhos para as modificações. Nenhuma modificação de conteúdo ou estilo será feita sem o prévio consentimento do autor. É do autor a inteira responsabilidade pelo conteúdo do material enviado.

6 – Os artigos deverão ter a seguinte estrutura:

6.1 – Elementos pré-textuais:

· Título e subtítulo: na primeira linha, centralizados, negrito. Fonte: Times New Roman, corpo 13, somente a primeira letra em maiúscula em ambos.
· Nome do(s) autor(es): duas linhas abaixo do título, alinhado à direita, com o último sobrenome em maiúscula. Chamar para nota de rodapé, onde deve informar: Sigla – Universidade. Faculdade/Instituto – Departamento. Cidade – Estado – País. CEP – e-mail.
· RESUMO: três linhas abaixo do nome do autor; em português. Colocar a palavra RESUMO em caixa alta, alinhado à esquerda, sem adentramento e seguida de dois pontos. Redigir o texto em parágrafo único, espaço simples, justificado, de, no mínimo, 150 palavras e, no máximo, 200. Fonte: Times New Roman, corpo 10, para todo o resumo. O resumo do artigo deve indicar objetivos, referencial teórico utilizado, resultados obtidos e conclusão.
· PALAVRAS-CHAVE: em número de 3 (três) a 5 (cinco), duas linhas abaixo do resumo, alinhado à esquerda, sem adentramento, em itálico e caixa alta. Fonte: Times New Roman, corpo 10. Cada palavra-chave somente com primeira letra maiúscula, separada por ponto. Para maior facilidade de localização do trabalho em consultas bibliográficas, o Conselho Editorial sugere que as palavras-chave correspondam a conceitos mais gerais da área do trabalho.

6.2 – Elementos textuais:

· Texto: O corpo do texto inicia-se duas linhas abaixo das palavras-chave.
· Fonte: Times New Roman, corpo 12, alinhamento justificado ao longo de todo o texto.
· Espaçamento: simples entre linhas e parágrafos, duplo entre partes do texto (tabelas, ilustrações, citações em destaque, etc.).
· Citações: no corpo do texto, serão de até 3 (três) linhas, entre aspas duplas. Fonte: Times New Roman, corpo 12. Quando maiores do que 3 (três) linhas, devem ser destacadas fora do corpo do texto. Fonte: Times New Roman, corpo 10, em espaço simples, com recuo de 4cm à esquerda. Todas as referências das citações ou menções a outros textos deverão ser indicadas, após a citação, com as seguintes informações entre parênteses: sobrenome do autor em caixa alta, vírgula, ano da publicação, abreviatura de página e o número desta. Exemplo: (CANDIDO, 1976, p. 73-88) (NBR 10520/03).
· Evitar a utilização de idem ou ibidem e Cf. Quando utilizar apud, colocar as mesmas informações solicitadas para o autor do texto da qual a citação foi retirada. Exemplo: (BOSI, 2003, p. 1-10 apud SILVA, 1998, p. 23). Informar em rodapé os dados da obra citada de segunda mão e colocar somente as obras consultadas diretamente nas Referências.
· Notas explicativas: se necessárias, devem ser colocadas no rodapé da página de ocorrência, numeradas sequencialmente, com algarismos arábicos, fonte Times New Roman, corpo 10, justificadas, mantendo espaço simples dentro da nota e entre as notas, no decorrer do texto.
· Títulos e subtítulos das seções: Referenciados a critério do autor, devem estar alinhados à esquerda, sem adentramento, em negrito, sem numeração, inclusive Introdução, Conclusão, Referências e elementos pós-textuais, com maiúscula somente para a primeira palavra da seção, fonte: Times New Roman, corpo 12.
· Elementos ilustrativos: tabelas, figuras, fotos, etc., devem ser inseridas no texto, logo após serem citadas, contendo a devida explicação na parte inferior da mesma, numeradas sequencialmente. Serão referidas, no corpo do texto, de forma abreviada. Exemplo: Fig. 1. Fig. 2, etc.

6.3 – Elementos pós-textuais:

Colocados logo após o término do artigo.
· Título: em inglês, centralizado, em itálico e caixa alta. Inserido duas linhas abaixo do final do texto. Recomenda-se procurar revisão por um especialista em língua inglesa.
· ABSTRACT: Duas linhas abaixo do título. Colocar a palavra ABSTRACT, alinhada à esquerda, sem adentramento, em itálico e caixa alta, fonte Times New Roman, corpo 10 para todo o texto, seguida de dois pontos. Texto em parágrafo único, espaço simples e justificado. Recomenda-se procurar revisão por um especialista em língua inglesa.
· KEYWORDS: em número de 3 (três) a 5 (cinco), duas linhas abaixo do abstract, em inglês, alinhado à esquerda, sem adentramento, em itálico e caixa alta. Colocar o termo Keywords em caixa baixa. Fonte: Times New Roman, corpo 10, somente com primeira letra maiúscula, separada por ponto. Recomenda-se procurar revisão por um especialista em língua inglesa.
· Referências: seguir as normas da ABNT em uso (NBR-6023/02). Duas linhas abaixo das palavras-chave em inglês, alinhada à esquerda, sem adentramento, em negrito e caixa alta, corpo 11. Usar espaçamento 1 entre as linhas da referência e uma linha em branco entre uma referência e outra, em ordem alfabética, alinhamento à esquerda, indicando-se as obras de autores citados no corpo do texto.
· Bibliografia: se considerada imprescindível, deve vir duas linhas abaixo das referências, alinhada à esquerda, sem adentramento, em negrito e caixa alta, corpo 11. Podem ser indicadas obras consultadas ou recomendadas, não referenciadas no texto. Usar espaçamento 1 entre as linhas da referência e uma linha em branco entre uma referência e outra, em ordem alfabética, alinhamento justificado.

7 – Exemplos de referências (NBR-6023/02):

AUTHIER-REVUZ, J. Palavras incertas: as não coincidências do dizer. Tradução de Cláudia Pfeiffer et al. Campinas: Ed. da UNICAMP, 1998.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia do trabalho científico. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1986.
CORACINI, M. J.; BERTOLDO, E. S. (Orgs.). O desejo da teoria e a contingência da prática. Campinas: Mercado das Letras, 2003.
Capítulo de livros:
PECHEUX, M. Ler o arquivo hoje. In: Orlandi, E. P. (Org). Gestos de leitura: da história no discurso. Tradução de Maria das Graças Lopes Morin do Amaral. Campinas: Ed. da UNICAMP, 1994. p.15-50.
Artigo em periódico:
SCLIAR-CABRAL, L.; RODRIGUES, B. B. Discrepâncias entre a pontuação e as pausas. Cadernos de Estudos Linguísticos, Campinas, n.26, p.63-77, 1994.
Artigo em periódicos on-line:
SOUZA, F. C. Formação de bibliotecários para uma sociedade livre. Revista de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Florianópolis, n.11, p.1-13, jun. 2001. Disponível em: ... . Acesso em: 30 jun. 2001.
Dissertações e teses:
BITENCOURT, C. M. F. Pátria, civilização e trabalho: o ensino nas escolas paulista (1917-1939). 1988. 256 f. Dissertação (Mestrado em História) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1998.
Artigo em jornal:
BURKE, Peter. Misturando os idiomas. Folha de S. Paulo, São Paulo, 13 abr. 2003. Mais!, p.3.
Documento eletrônico:
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA. Coordenadoria Geral de Bibliotecas. Grupo de Trabalho Normalização Documentária da UNESP. Normalização Documentária para a produção científica da UNESP: normas para apresentação de referências. São Paulo, 2003. Disponível em: ... . Acesso em: 15 jul. 2004.
Trabalho de congresso ou similar (publicado):
MARIN, A. J. Educação continuada. In: CONGRESSO ESTADUAL PAULISTA SOBRE FORMAÇÃO DE EDUCADORES, 1., 1990. Anais ... . São Paulo: UNESP, 1990. p.114-118.
CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFPe, 4., 1997, Recife. Anais ... . Receife: UFPe, 1997. Disponível em: ... . Acesso em: 21 jan. 1997.
CD-ROM:
KOOGAN, A.; HOUAISS, A. (Ed.) Enciclopédia e dicionário digital 98. Direção geral de André Koogan Breikman. São Paulo: Delta; Estadão, 1998. 5 CD-ROM. Produzida por Videolar Multimídia.

GUAVIRA LETRAS
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Fonte:
Http://concursos-literarios.blogspot.com 

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Ferdinando Fernandes (Caderno de Trovas)

Tempo que passa é saudade
De algo que fica chorando.
São sonhos da mocidade
Que ficam por nós chamando.

O pobre que nada tem
Que na vida não tem norte,
Não dá contas a ninguém
Quando lhe chegar a morte.

Fui à fonte para te ver
 E quando lá te encontrei,
Depois de tanto beber
 Com outra sede fiquei...

O trevo nasce no prado
Sem ninguém o semear,
A sorte não é mercado
Que se consiga comprar.

 Não dês esmola por vaidade
Inda que seja um vintém,
Podes ferir sem maldade
Aquele que nada tem...

A saudade é lenço branco
Que nos chama sem parar,
O sentimento mais franco
Que muito diz sem falar.

Ó meu amor teu dançar
Tem graça tem alegria,
Pode a roda cheia estar
Mas sem tí está vazia.

 Não procures viver só
Faz do pobre companheiro,
Pois que seria da mó
Se não tive-se o moleiro...

 Meu amor olha pra mim
Preciso do teu sorrir,
Como a rosa no jardim
Do sol para florir.

Dizes ser rico e nobre...
Esquece lá a fantasia,
Pois a fogueira do pobre
Dá mais calôr e alegria.

No mundo vivi sonhando
E a sonhar envelheci,
E a sonhar vou ficando
Pequeno como nasci.

Se a desgraça fosse pão
Que a todos fome mata-se,
Eu não teria um irmão
Que na vida mendigasse.

 O manjerico velhinho
Outra vez reverdeceu,
Mas está morto o teu carinho
Esse pra sempre morreu.

Se a fogueira se apagou
Não te importes meu amor,
Outro fogo começou
Que dá muito mais calôr.

Um português a cantar
Faz de uma trova canção,
Depois do verde provar
Canta por uma Nação.

Ao ver-te bailar contente
Com um filho no braçado,
Eu recordo docemente
Loucuras de ano passado...

Repara bem ao dançares
Que não te calquem os pés,
E se de par tú trocares
Podem te dar pontapés.

Olho na vida o passante
Meu irmão de cada hora,
Meu companheiro errante
Ferido com a mesma espora.

Se na vida não fui nada
Nada me deram pra ser,
Nasci de uma vida errada
Culpa teve o meu nascer.

Tudo lembro com saudade
Dos tempos que já lá vão,
Mas só vejo a bondade
Distante do coração.

Risonhos dias vivi
Na vida que me foi dada,
Mas hoje já tudo esqueci
Desse sonho que foi nada.

Cravos vermelhos à porta
Mangericos na sacada,
Mas se a fogueira está morta
Que vale a cinza apagada.

A sonhar juntos Maria
Fizemos o arraial,
E nos folguedos do dia
Fizemos fogueira igual.

Criança anjo sagrado
Sem rua sem lar nem pais,
Serve pro homem malvado
Em seus fins materias.

Se a lei tudo castiga
Eu não sei porque razão...
Ou tudo é canto ou cantiga
Pra todos comer o pão.

 Em cada dia que passa
Mais vergonha tenho eu,
De ser fruto desta massa
Que em mim encarneceu.

Alma de corpo franzino
Anjo ridente dos céus,
Sofres já de pequenino
Como sofrera teu Deus.

Primavera é sempre igual
Todos anos traz flores,
Mas a vida tem final
Leva consigo os amores.

Quero levar a saudade
Quando desta vida for...
É sonho da mocidade
Que sempre falou de amor.

 Sou filho que por desgraça
Nada tenho pra comer,
Se ás vezes riu por graça
Sou hipócrita sem querer.

Não venhas flores um dia
À minha campa depôr,
Pois tudo foi fantasia
Que me falava de Amor.

Por ti chorei, e afinal
Meu pranto nada valeu,
Que importa um amor leal
Se outro amor nunca nasceu.

Já basta o que tem por sina
A vida do pobrezinho...
O homem ainda lhe ensina
A ser trapo do caminho!

Foi nas urzes do caminho
Que eu vira o trevo feliz,
Não o quiz, fiquei sozinho
A sorte só eu a fiz...

É melhor comer o pão
Embora duro que seja,
Que ser na vida ladrão
E deitar fora o que sobeja.

Se algo sofri não sei quanto
E não sei quando nasci...
Pois tudo hoje é só pranto
Da mentira em que vivi.

Eu nascera só pra ti
Na vida que me foi dada!
Fogueira que eu revivi,
Com cinza quase apagada.

Sonhei contigo, e a sonhar
Corri distâncias sem fim...
Pois só sei que ao acordar,
Estavas pertinho de mim.

Eu vivi triste na vida
Destino que Deus me deu,
Foi de uma alma sentida
Que a alegria nasceu!

Porque nasci afinal...
Neste monturo sem vida,
Só vi choros, só vi mal
Só vi peitos sem guarida.

Ó belo trevo da sorte
Quem foi que te semeou?...
Talvez alma de má porte
E nunca mais te encontrou.

Se a saudade é letra morta
Não o posso afirmar...
Só sei que me bate à porta
Mesmo sem eu a chamar!

Cobrir crianças despidas
Tornar o mundo igual,
Cativar almas perdidas
Seria o meu ideal...

No teu regaço dormi...
Como em cama de jasmim
Foi no teu sonho que eu vi,
O quanto gostas de mim!

Proibir a mendicidade...
Faz o homem sem pensar,
Mas não proíbe a caridade
Nem a vontade de dar.

No parlamento da vida
É só mísera ilusão...
Depois da lista escolhida,
Ainda é maior o ladrão!

Possuir a felicidade
É um sonho tão profundo...
Que até penso com saudade
Que não existe no mundo.

Nesta dor feita alegria
Algo de estranho acontece,
Ante meus olhos é dia
Dentro em meu peito anoitece.

O poeta é mensageiro
Na luta pela igualdade...
Luta sempre companheiro
Em abraço de amizade.

Esta dor que atormenta
Este meu peito em saudade.
É choro que se lamenta
Dos tempos da mocidade...

O homem tanto promete
E nunca cumpre o que diz,
E dos erros que comete
Não quer ser ele o juiz.

Dizes te julgas perdida
Pra mim tens tanto valor,
Pois quem aquece outra vida
Tem que ter muito calor!

Quem me dera ser a lua
Num vaivém sempre a rodar,
Iluminar tua rua...
E no teu quarto espreitar.

No altar desse teu peito
É minha prisão de amor,
É capelinha que enfeito
Com somente uma flor.

Não posso gostar de alguém
Só porque gosta de mim.
A primavera não vem
Só porque existe um jardim.

O choro que existe em mim
Nem sempre é feito de dor,
Nem sempre a vida tem fim
Quando acaba um grande amor.

A chorar vivi cantando
Cantando vivo a chorar,
Se eu a cantar vou chorando
A chorar quero cantar...

Se o Sol tudo aquece
Só o comparo então;
Ao amor que se merece,
E aquece o coração.

Se a sorte nasce no prado
Sem ninguém a semear;
Triste sina este meu fado
Não consigo encontrar.

Meu amor de mim tem dó
Sou coração enjeitado...
Por fraca que seja a mó
Dá sempre o milho ralado.

Nessa noite de ilusão
A dançar te conheci,
E ao sentir teu coração
Logo fogueira acendi.

Não penses que não te amo
Porque te não presenteio,
Pois o amor é um ramo
Que vive no nosso meio.

Sonhando pela vida fora
Saudades feitas por mim...
Mas só me apercebo agora
Que este sonho está no fim.

Hoje estás abandonada
Só por loucuras de amor.
Mas a rosa por cheirada,
Nunca perde o seu valor!

Não escrevo para entreter
Mas escrevendo a dor acalma.
Nunca se pode esconder,
Tristezas que vem da alma.

Nunca te julgues vencida
És um anjo aos olhos meus.
Mesmo uma filha perdida,
É sempre filha de Deus.

Nunca te esqueço meu bem
Como mais terna donzela.
Primavera vai e vem,
E a rosa espera por ela!

Lágrima caída no rosto
Dos teus olhos côr do mar;
Lembra a vida em sol posto,
Saudade sempre a chamar...

Tú me deste a luz da alma
De um sonho quase acabado;
Hoje te oferto a vida calma,
Que abraçamos lado a lado.

Mentiras que o outro diz
Não acredites amor;
Pois planta sem raíz,
Não alimenta a flor.

Na farsa da ilusão
Tudo anseias com fervor;
Podes comprar a razão
Mas não compras o amor.

Não me olhes descontente
Pelos meus loucos folguedos;
O rio corre contente,
Sem dar contas aos rochedos.

Rosa branca que venero
Neste jardim de saudade;
És o amor mais sincero,
Que ficou da mocidade.

Prometes-te e não cumpris-te
Sofre alguém esse teu porte;
O coração que feris-te,
Te pede contas na morte.

Em quatro linhas ficou
Tantos sonhos e magias;
Que no teu peito moldou,
Aquilo que não sabias...

Olhei-te de olhos fechados
De olhos abertos fiquei;
Nesses teus lábios rosados,
Ficou o que desejei.

Nunca odeies meu amigo
Mesmo que tenhas razão;
Pois não é só o mendigo,
Que necessita de pão.

Ser bem pobre e não ter nada
É dom que Deus nos legou;
Quando a vida terminada,
Vai cantar o que chorou.

Não te julgues desgraçada
Se a má sorte te persegue;
Existe pior calçada,
Que aquela que agente segue.

Arranjei-te sem saber
Pensando a sorte encontrar;
Hoje mesmo sem te ver,
Fico cheio de te olhar.

Fui primavera ridente
E hoje que não sou nada;
Sou pobre que ri contente,
Na vida que me foi dada.

Ó rio de água serena
Que vais chorando pro mar;
Ao chorares a tua pena,
Chora também meu penar.

Olhei pra ti com desejo
E com desejo fiquei;
Pois nesse rosto que vejo,
Está o sonho que sonhei.

Morena que vais pra fonte
De cantarinha na mão;
Choras tristezas pelo monte,
Das saudades que lá vão.

Andorinha que partis-te
Pra terras de mais calor;
Leva minha alma triste,
Que anda à procura de amor.

Deves ouvir meu conselho
Quando te julgas um santo;
Olha-te bem ao espelho,
E depois despe o teu manto.

Quando eu um dia me for...
Não me chores minha querida;
Pois quem morre por amor
Fica sempre nesta vida!

Conta lá os teus segredos
Loucuras... horas a fio;
A água sai dos rochedos,
E vai cantando até ao rio.

No choro do meu olhar
Há risos em gargalhadas;
É a saudade a mostrar,
As saudosas madrugadas.

No parlamento da vida
Todos querem mandar mais...
Pois a seara perdida,
Faz tentar mais os pardais.

De pequeno desconheço
Maldades que a vida tem;
Agora que a conheço,
Vivo nela com desdém.

Nunca sonhei ilusões
Riquezas...luxos sem fim;
Pois os mais belos brasões,
São os teus olhos pra mim.

Nada há que determine
Os traços que a vida tem;
Nem há sol que ilumine,
O negrume do desdém.

 A boa fada da sorte
Te pôs um dia a meu lado;
Dizendo que só a morte,
Faz este amor acabado.

Esse beijo ainda gritante
Em quatro lábios ficado;
Ainda lembra constante,
As loucuras do passado...

Caminhemos mão em mão
Fulcro de amor e alegria;
Só assim no coração,
Há Natal em cada dia!!

Fonte:
http://www.fersi.de/html/trovas_bomdia.html

Laé de Souza (Dia do Escritor será comemorado com distribuição de livros na Praça da Sé)

Em 25 de julho comemora-se o Dia Nacional do Escritor, instituído em 1960, após o sucesso do I Festival do Escritor Brasileiro, promovido pela UBE – União Brasileira de Escritores, tendo, na época, como presidente João Peregrino Júnior e vice-presidente Jorge Amado.

Para celebrar esse dia tão especial, São Paulo terá o evento “Dia do Escritor”, na Praça da Sé, dia 25, quarta-feira, das 10h às 15h, com distribuição gratuita de obras de Laé de Souza. O evento é realizado pelo grupo “Projetos de Leitura”, com a participação de voluntários, em parceria com a Prefeitura Municipal de São Paulo e contará com a presença do escritor que fará sessão de autógrafos e conversará com os leitores.
Em uma tenda, montada na praça, serão distribuídos 5.000 exemplares da obra “Nos Bastidores do Cotidiano”, crônicas curtas que retratam o cotidiano das pessoas comuns e as complexidades das relações humanas, em linguagem coloquial e com abordagem bem-humorada, dirigida ao público juvenil e adulto.

Livros para professores

Além da distribuição de livros à população, os professores poderão retirar na tenda, gratuitamente, um kit com nove livros para serem utilizados na biblioteca de sua escola. No momento da retirada, o professor deverá preencher um formulário de identificação pessoal e da escola. Será disponibilizado um kit por escola.

O trabalho é realizado com a proposta de chamar a atenção para a importância da leitura e criar oportunidade de acesso ao livro. O autor da iniciativa, Laé de Souza, não acredita no estigma de que o brasileiro não gosta de ler, mas sim que faltam projetos de incentivo à leitura e que os preços dos livros dificultam a leitura.
Laé de Souza é autor e coordenador de diversos projetos de fomento à leitura, focados nas escolas da rede pública, parques, praças, hospitais, transportes coletivos, hipermercados e outros locais de grande acesso de público, com o intuito de formar leitores. “Ações como estas são caminhos para a formação de leitores”, acredita Laé de Souza.

Sobre o Grupo Projetos de Leitura

Com oito projetos de incentivo à leitura, o grupo iniciou seu trabalho em 1998 e conta com patrocínio da ZF do Brasil, Konica Minolta, Megatoc Cursos e GRUPO SEGURADOR BANCO DO BRASIL E MAPFRE.
Com sede em São Paulo e com o apoio do Ministério da Cultura e da Secretaria de Estado da Cultura, o grupo atua em todo território nacional desenvolvendo projetos sem fins lucrativos, com o objetivo de vencer um dos maiores desafios encontrados pelos professores e amantes da literatura: despertar o prazer da leitura.

Interessados poderão conhecer outros projetos de incentivo à leitura, de Laé de Souza, no site www.projetosdeleitura.com.br

Fonte:
Laé de Souza

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 612)

Uma Trova de Ademar 

Uma fábrica de poemas,
um galpão de fantasia...
Sou desbravador de temas,
um viciado em Poesia.
–Ademar Macedo/RN–

Uma Trova Nacional 


A vida tem fase certa
por todos é distinguida
tem sempre uma porta aberta
para o dia da partida.
–Rosa Silva/PRT–

Uma Trova Potiguar


A trova levou-me aos céus,
pois entre joios e trigos,
perdi pequenos troféus
mas ganhei grandes amigos.
–Manoel Cavalcante/RN–

Uma Trova Premiada
 

2010/11  -  Montes Claros/MG
Tema  -  RENÚNCIA  -  M/E


Uma lágrima dorida
nos olhos turvos, tristonhos,
no encontro da despedida,
a renúncia dos meus sonhos.
–Sônia Sobreira/RJ–

...E Suas Trovas Ficaram 


Na linha desta saudade,
que é tua e também é minha,
nós somos nós de verdade
nas duas pontas da linha!
–Aloísio Alves da Costa/CE–

U m a P o e s i a 


Pode parecer castigo
morte e dor da despedida,
mas Deus, ao céu, leva aquele
cuja missão foi cumprida
pra outra missão de porte,
pois, se a vida leva à morte,
a morte gera outra vida.
–Heliodoro Morais/RN–

Soneto do Dia 

EM ALGUMA PRAÇA...
–Darly O. Barros/SP–


A disfarçar, no olhar, um ar de enfado,
na velha praça, em meio a tanta gente,
não passo de outro velho, relegado
À solidão amarga do presente...

Falar, com quem? Se um jovem ao meu lado,
só fez por confirmar, infelizmente,
mais outra frustração, saiu calado,
como se fosse nada, inexistente...

“És jovem, hoje, mas o tempo passa
e, pode ser que, um dia, em outra praça,
sejas então, exatamente quem,

enquanto a tarde, longa, se anuncia,
só tendo a solidão por companhia,
se sentará num banco...sem ninguém...

Varal Antológico 3 (Seleção de Textos: Participe!)

Saiu o regulamento para seleção de textos para o livro Varal Antológico 3!

Peça pelo e-mail
varaldobrasil@gmail.com

Jacqueline Aisenman
Representante da REBRA na Suíça
Editora-Chefe
Varal do Brasil


http://rebra.org/escritora/escritora_ptbr.php?id=1675
http://www.varaldobrasil.com
http://varaldobrasil.blogspot.com

25º Concurso Internacional de Contos Cidade Araçatuba (Resultado Final)

CATEGORIA INTERNACIONAL - MUNDO LUSÓFONO

PRIMEIRO: LUGAR

328 - Conto: Intermezzo
Autora: Liliana S. Ribeiro
Leça da Palmeira - Portugal
Prêmio: R$2.000,00

SEGUNDO LUGAR

46 -Conto: Hamelin
Autor: Miguel José da Fontoura da Cruz Fernandes
Lisboa - Portugal
Prêmio: R$1.500,00

TERCEIRO LUGAR

15 - Conto: Morder-me os sonhos
Autora: Valentina Silva Ferreira
Funchal - Ilha da Madeira - Portugal
Prêmio: R$500,00

MENÇÕES HONROSAS

82 - O vale dos sentimentos
Autor: Umoi Melo de Souza
Parede - Portugal

156 - O saber
Autor: Dinis Reis Subtil Muacho
Avis - Portugal

160 - Uma dependência invulgar
Autor: António Manuel Gouveia Carloto
Lousã - Portugal

238 - O peixe encantado
Autor: Victor Manuel Capela Batista
Barreiro - Portugal

87 - A bola Lola
Autora: Ana Rita Santos Brandão
São João da Madeira - Portugal

CATEGORIA NACIONAL

PRIMEIRO LUGAR

Conto: A sesta
Suzana Maggioni Bertuol
Farroupilha - RS
Prêmio: R$2.000,00

SEGUNDO LUGAR

Conto: O amor no tempo da solidão
Autora: Cláudia Albers Avóglio
Pirassununga - SPPrêmio: R$1.500,00

TERCEIRO LUGAR

Conto: O ovo
Autora: Sara Meinard Begname
Mariana - MG
Prêmio:R$500,00

MENÇÕES HONROSAS

Conto: A árvore
Autor: Rafael Vieira da Cal
Cachambi - RJ

Conto: Passa azeite, se não racha!
Autor: Arnaldo Pereira da Silva Júnior
Sete Lagoas - MG

Conto: Duas cruzes
Autor: Cândido Adalbertol de Bastos Brasil
Cachoeirinha - RS

Conto: O lamento de Ingrid
Autor: Alex Sens Fuziy
Delfim Moreira - MG

Conto: Em braile
Autor: Éder Rodrigues
Belo Horizonte - MG

CATEGORIA REGIONAL

PRIMEIRO LUGAR

219 - Lussavira
Autor: Francisco Carlos Pereira
Araçatuba-SP
Prêmio: R$2.000,00

SEGUNDO LUGAR

453 - O beijo da serpente
Autora: Rita de Cássia Zuim Lavoyer
Araçatuba-SP
Prêmio: R$1.500,00

TERCEIRO LUGAR

550 - Conto: O loiro e o "Ouro Negro"
Autor: Larissa Firmo Alves Marzinek
Araçatuba - SP
Prêmio:R$500,00

MENÇÕES HONROSAS

431 - Conto: O milagre
Autor: Paulo Roberto Barros Coelho
Araçatuba-SP

503- Conto: Vidas Mortas
Autor: Marcelo Otávio de Souza
Birigui-SP

55- Conto: Uma história de grilagem
Autor: Ademir Bispo da Silva
Araçatuba-SP

553 - Iluminados
Deusdedt Viana da Cruz Júnior
Araçatuba-SP

272 - Conto: Incondicional
Autora: Laís Simone Sandrigo
Birigui-SP

Os contos premiados, inclusive os classificados com "menção honrosa", serão publicados na coletânea CONTOS SELECIONADOS que será entregue na solenidade de premiação: 12 de setembro de 2012.

Fonte:
Http://concursos-literarios.blogspot.com

quarta-feira, 18 de julho de 2012

18 de Julho - Dia Nacional do Trovador

Ialmar Pio Schneider (Soneto a Luiz Otávio)

– In Memoriam – Dia do Trovador –
Nascimento do trovador em 18 de julho de 1916 –

Luiz Otávio foi dos trovadores,
o Príncipe que divulgou a trova
e a revestiu de uma roupagem nova,
para que fosse a das mais belas flores…

Pois em cada ano sempre se renova
e vai angariando admiradores
que curtem os seus mágicos amores,
das ardentes paixões, vívida prova !

Em dezoito de julho é celebrado,
Dia do Trovador, sempre lembrado,
pois nasceu Luiz Otávio, nesse dia.

E todos aos que a trova têm paixão,
podem prestar-lhe em forma de oração,
a homenagem de sua nostalgia…

Porto Alegre – RS, 17 de julho de 2011-07-17

Olivaldo Junior (O Trovador e Sua Lira)

(Dia do Trovador, 18 de julho, de 2012)

Tanto carinho, tanta rosa
Roubada ao seio, à gruta fria
Onde sustém maravilhosa
Videira em flor... Ah! Poesia...
Anda sozinho, sem aurora,
Deixando ao vento a fantasia
Ornamental de todo agora.
Ri, mas não ri: melancolia.

Eis sua lira: seu amor...

Seu coração tem sete notas...
Um jeito seu de ser azul
Antes de ir “juntar as botas”.

Lirismo em flor, amor e mel...
Indo ou voltando, o trovador,
Roubando rosas, rouba o céu,
Abre a UBT e encontra amor.

Olivaldo Júnior
Moji Guaçu, SP


Fonte:
http://caeseubt.blogspot.com.br/2012/07/homenagem-ao-dia-do-trovador-2012.html

Olivaldo Junior (A Flor, a Noite e o Trovador que Eu Sou)

Todo trovador tem sua flor. Toda flor tem sua noite. A noite e a flor estão em mim, no trovador que eu sou. Posso não ser o melhor, nem o maior, mas inda escrevo. Volto à página e ponho ali a minha história, minha estrada, ainda que a ninguém mais interesse. Dia 18 de julho é Dia do Trovador, uma homenagem ao Príncipe dos Trovadores Brasileiros, Luiz Otávio, fundador da União Brasileira de Trovadores (UBT). A fundadora da UBT em Moji Guaçu é Maria Ignez Pereira, uma das flores que encontrei no mundo. O mundo de um poeta é muito estranho. Há sempre dois mundos onde quer que ele esteja. Desisti de entender o que é ser o que se é. Não sei se aceito, mas acato e cato flores à noite alta de mim, minha flor... A flor, a noite e o trovador que eu sou são como a voz de Nana, que nana os que se deixam seduzir pelo seu canto. Canto, mas ninguém mais ouve. Ouço, mas ninguém mais toca... Toco, e é a noite, em flor, em trova, redondilhas que torno minhas por estrela, ou fado. O trovador que eu sou suspira em versos pura ausência. Não sabe ainda ser santo como São Francisco, mas canta e assume o risco, arrisca e se deixa ser. Mesmo para poucos, mesmo sendo um cisco. A flor, a noite e o trovador que eu sou não são senão poesia, troviscos breves ao pé de vós.

Olivaldo Júnior
Moji Guaçu, SP, dezessete de julho de 2012.

Fonte:
http://caeseubt.blogspot.com.br/2012/07/homenagem-ao-dia-do-trovador-2012.html

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 611) – Dia do Trovador

Uma Trova de Ademar 

Quando a inspiração lhe acena,
o bom Trovador se expande.
Numa Trova tão pequena,
faz um Poema tão Grande!
–Ademar Macedo/RN–

Uma Trova Nacional


Desde o berço à sepultura
caminharei sem temor,
conduzindo esta ventura:
ter nascido Trovador.
–Gilson Maia/RJ–

Uma Trova Potiguar


Dia dezoito de Julho
desabrocha o verso em flor,
nasce o sol com muito orgulho
no dia do Trovador!...
–Luiz Xavier/RN–

Uma Trova Premiada


1977 - Cachoeiras de Macacu/RJ
Tema - JARDIM - 10º Lugar.


Cachoeiras, linda terra,
em cada casa, uma flor...
Um Jardim ao pé da serra,
inspirando o Trovador.
–Hedda de Moraes Carvalho/RJ–

...E Suas Trovas Ficaram


Trovador trova a alegria,
e se chora, trova a dor,
vive a trovar noite e dia,
porque nasceu Trovador.
–Edmilson F. Macedo/MG–

U m a P o e s i a


A Lua, barco risonho,
no seu posto ingênuo e belo,
era o mimoso castelo
da poesia e do sonho,
mas o astronauta medonho
lá chegou bastante cedo,
e, como no seu degredo
esperava um TROVADOR,
ao ver um explorador
a Lua tremeu de medo.
–José Lucas de Barros/RN–

Soneto do Dia

A     T R O V A.
–Adélia Victória Ferreira/SP–


Quatro versos, apenas, quatro versos!
Sete sílabas, cada. Belas rimas
revezadas. Os temas, os diversos
tesouros de uma língua: Eis obras primas!

Pelos confins deste Brasil, dispersos,
trovadores, versados nos esgrimas
que essa arte exige, em cisma sempre imersos,
apresentam fartíssimas vindimas!

Conhecendo a ciência da poesia,
modelando os versos à perfeição,
quanta beleza o Trovador desfia!

E quando ele se apura e se renova,
lá de cima sorri, com emoção,
Luiz Otávio – o Príncipe da Trova!

Sílvia Araújo Motta (Dia do Trovador)

001-Mês de julho! Joguem flores!
Lancem perfumes no ar,
a todos os Trovadores
muito honrada vim saudar.

002-Dia dezoito de Julho,
o Calendário comprova,
nasceu para nosso orgulho:
-Real Príncipe da Trova.

003-Gilson de Castro nasceu
na alegre Rua Uruguai,
no Andaraí conviveu,
mas da memória não sai.

004-Rio de Janeiro encena,
ano mil e novecentos
e dezesseis, julho acena:
-Gilson nasceu com talentos.

005-Filho de Octávio de Castro:
-Doutor,Primeiro (1º) Tenente...
Trovador Gilson de Castro
foi dentista eficiente.

006-Dona Antonieta Motta
de Castro, mãe da criança,
com pesar não lhe denota,
nem a maternal lembrança.

007-Mãe de Gilson faleceu
quando ele tinha dois anos,
pequenino já sofreu,
tristeza dos desenganos.

008-Mãe morena, meiga e linda,
quem a conheceu descreve:
-Gilson bem pequeno, ainda,
não se lembra, mas escreve.

009-Poeta e bom escritor
cursou Odontologia,
os versos de Trovador,
em trinta e seis, já os fazia.

010-Pseudônimo que usava
em (Luiz Otávio) escondia
talento que demonstrava
porque TROVA preferia.

011-Luiz escrevia TROVA
para Jornais das Cidades,
Adelmar Tavares, prova:
-Para todas as idades.

012-Nas Colunas Literárias,
para os fãs oferecia
TROVAS extraordinárias
e críticas de Poesia.

013-Luiz Otávio cantava,
compunha letras-canções
e Glauco, o acompanhava
na Amizade e nas lições.

014-Gilson de Castro casou-se
no ano de quarenta e dois,
com Elzy, apaixonou-se,
tiveram filhos, só dois.

015-Vinte e sete anos casados
“os silêncios dizem tanto”
daqueles tempos passados
felicidades ou pranto.

016-Luiz Otávio deixou
trovas lindas filosóficas,
a humorística ensinou,
mas gostava era das líricas.

017-Leia o que diz na TROVA
Gilson de Castro-o ator,
Luiz Otávio-Trovador:
neste verso tradutor:

018-(Duas vidas todos temos,
muitas vezes sem saber:
-a vida que nós vivemos,
e a que sonhamos viver...)

019-Pelo Rádio e pela Imprensa
fez TROVA até trinta e oito,
mas fez toda a diferença
no ano de cinquenta e oito.

20-A Coletânea famosa
“Meus Irmãos, os Trovadores”
tornou a TROVA HONROSA
entre os vários escritores.

021-Duas mil TROVAS mostrou
somente em cinquenta e seis,
a edição logo esgotou
por ditar normas e leis.

022-Veja a curiosidade
das duas mil, quem diria:
-Bela lição de humildade
não pôs de sua autoria.

023-O GTB da Bahia
era o GRÊMIO Trovador
que no Brasil se expandia
com Mestres plenos de amor.

024-Deve-se a Rofolpho Coelho
Cavalcante, Trovador,
do Cordelista, o espelho,
do GTB-Fundador.

025-Luiz Otávio e Jota Gê
de Araújo Jorge, então,
fundaram... o que se vê
do GTB, uma Seção.

026-No Estado da Guanabara,
lá no Rio de Janeiro,
a nenhum lugar compara,
o que o LUIZ, fez primeiro.

027-Escreveu Regulamento,
Manuais de Orientações,
Decálogo, Juramento
para o Trovador: lições.

028-Em prol da Trova lutou!
Concursos, Premiações
nos Estados divulgou
e despertou emoções.

029-E no ano de sessenta,
o Congresso Brasileiro,
em São Paulo apresenta:
-Trovadores Violeiros.

030-Sete de setembro, conta(1960)
que Adelmar foi REI da TROVA,
Lilinha, RAINHA apronta,
o que o PRÍNCIPE aprova.

031-Deputado Gama Lima
do Estado da Guanabara,
pôs o Trovador lá em cima
por que seu DIA aprovara.

032-Luiz Otávio queria
que o DIA do TROVADOR,
do São Francisco escolhia,
por merecido valor.

033-Quatro de outubro queria,
mas um Trovador não quis:
-O dia já pertencia
a São Francisco de Assis.

034-São Francisco, com certeza,
PATRONO dos Trovadores
põe simplicidade à mesa,
versos de todas as cores.

035-Apesar da decisão
desde o ano de sessenta,
na Assembléia, a votação,
o Deputado sustenta.

036-Dezoito de julho, enfim
é o DIA DO TROVADOR,
Deputado Gama e Lima
enxertou Rosa ao Amor.

037-Luiz Otávio deixou
trovas lindas filosóficas,
a humorística ensinou,
mas gostava era das líricas.

38-Leia o que diz na TROVA
Gilson de Castro-um ator,
Luiz Otávio-Trovador:
neste verso tradutor:

39-(Duas vidas todos temos,
muitas vezes sem saber:
-a vida que nós vivemos,
e a que sonhamos viver...)

040-Gilson de Castro encontrou
o seu amor verdadeiro;
com Carolina colheu
Ramos, flores, o ano inteiro.

041-Em Santos, berço paulista,
o casal soube provar
ao mundo mais realista,
o quanto foi bom amar.

042-Carolina é Trovadora
brasileira, bem famosa,
e da TROVA vencedora
tem o perfume da rosa.

043-Luis Otávio pôs nos versos
belas notas musicais,
belas canções e carversos,
Hino dos Jogos Florais.

044-O Hino dos Trovadores,
o Natal do Trovador
belo Hino da UBT,
Valsa das Musas do Amor.

045-Luis Otávio é imortal,
da TROVA, o divulgador;
no Brasil não teve igual,
trabalho feito de amor.

046-Gilson de Castro dá o nome
à Rua, Praça, Avenida,
e deixou seu sobrenome
aos filhos por toda a vida.

047-Cláudio e Márcio aprenderam
com o Trovador a Lição:
-As trovas se enriqueceram
com Luiz Otávio, paizão.

048-Luiz Otávio, ainda vive
em Troféus de Premiações,
por muitas horas estive
a estudar suas lições.

049-Ó TROVADOR meu irmão
quando fizeres POESIA,
proclama sempre a UNIÃO
razão de toda a alegria.

050-Há UBT nas Capitais!
Sempre haverá TROVADORES
nas Cidades principais
ou mesmo nos interiores.

051-Perdemos o TROVADOR!
Na tristeza, com certeza,
ficamos órfãos do AMOR,
herdamos toda a beleza.

052-Toda TROVA tem beleza
sementeira de união,
é sempre uma vela acesa,
que ilumina a inspiração.

053-E o nosso Príncipe passa
em São Paulo, na UTI...
no Hospital da Santa Casa
de Misericórdia, sim!

054-A ROSA ficou mais triste,
nos quatro versos tristonhos,
no regulamento existe
e faz renascer os sonhos.

055-Por ciúmes, desavenças,
o GRÊMIO do Trovador!
Brasileiro, já sem crenças
trouxe ao (Gilson) muita dor!

056-Várias NORMAS registraram
a diferença da TROVA,
Regulamentos mostraram
o que a QUADRA não aprova.

057- A inveja somente encerra,
em mágoas, desunião
e termina sempre em guerra
sem a ROSA da União.

058-O mundo foi sempre assim,
a história pode contar:
-Quando Abel matou Caim
a inveja só fez chorar.

059-Nos séculos XII e XIII,
começou o Trovadorismo
e até mesmo no XXI,
Portugal põs seu lirismo.

060-O movimento Poético
trouxe o bom Compositor,
que trazia dons artísticos
do excelente TROVADOR.

061-Trovadorismo, em verdade,
as Cantigas produziam,
para o JOGRAL, que em verdade,
sons do instrumento trazia.

062-Viola, Flauta, Alaúde,
instrumentos indicados
brindavam paz e saúde,
com TROVAS para os amados.

063-O Centro irradiador,
na Península Ibérica,
pôs no canto TROVADOR
Portugal/Espanha, ética.

064-Ao Norte de Portugal,
onde o Trovador cantava,
era linda a Catedral
que Galiza apresentava.

065-Santiago de Compostela,
em mil e setenta e cinco
atraía toda aquela
turma da TROVA, pressinto.

066-Iniciada a construção,
contratados os JOGRAIS,
levavam a animação,
cantada nas Catedrais.

067-Trovadores ambulantes,
sempre em festas das cidades
mostravam TROVAS cantantes
nos Castelos, de verdade.

068-Hoje JOGRAIS Trovadores
animam muitos torneios,
com viola, cantadores
cuidam dos tantos anseios.

069-Mas na França é que nasceu
lirismo...Século XI,
que até hoje floresceu...
pleno Século XXI.

070-Gênero Lírico, sim
mostrava o valor no Amigo,
no Escárnio ficava assim
a maldizer o inimigo.

071-Novela de Cavalaria,
tinham Colonizadores,
sempre exigia POESIA
escrita por TROVADORES.

072-Repercussão Nacional
chegou à Literatura:
-Cordel é mesmo real,
no Nordeste faz cultura.

073-Influência TROVADORA
de cultura popular,
no Cordel, turma cantora
toca, alegra sem parar.

074-Na idade Média, a data
não se tem com precisão,
só sei que a TROVA resgata
a emoção e a concisão.

075-Tipos de Poeta havia:
TROVADORES-da nobreza,
SEGRÉIS-que sobreviviam
da poesia, com certeza.

076-Os JOGRAIS- sempre cantavam
poemas dos TROVADORES,
dançarinas contratavam,
mulheres e homens atores.

077-A TROVA, o Planeta invade,
D. Pedro, sobremaneira,
Camões, Manuel de Andrade,
C. Meireles, Manuel Bandeira.

078-Na ABL, há uma Cadeira
só para o REI TROVADOR,
para nós, sempre a primeira,
para Adelmar, o louvor.

079-Adelmar Tavares quis
fazer TROVA e ensinar
que numa estrofe feliz
cabe o céu, a terra e o mar.

080-Quisera ter conhecido
o Acadêmico Adelmar,
o Brasil ficou sentido,
quando morreu a reinar.

081-Quisera ser a Rainha
do excelente Trovador,
mas sou apenas Madrinha
do poeta sonhador.

082-A TROVA é bem popular,
no tamanho é pequenina,
no coração faz o lar,
um universo, nos ensina.

083-A TROVA é originária
da Quadra de Portugal,
No Brasil é extraordinária,
tem aceitação total.

084-A ACADEMIA de TROVAS
fundada em Minas Gerais(AMT)
aos TRÊS de agosto, tem provas,
no Estatuto exige mais.

085-Cândido Ubaldo Gonzalez
o primeiro Presidente,
na AMT, por sua vez,
Diretoria eficiente.

086-Valeriano Rodrigues,
(22)tantos anos Presidente,
na AMT, também divide
liderança competente.

087-Dos Dez Membros Fundadores
temos apenas dois vivos,
dos quarenta Trovadores,
um Presidente cativo.

088-A AMT é considerada
de Pública Utilidade
Estadual, aprovada
desde 63, na verdade.

089-Os Trovadores congregam
as Cadeiras Efetivas,
são quarenta que segredam
as TROVAS mais seletivas.

090-A AMT cultua a trova
no discurso Trovador,
que é obrigatório e comprova
na Posse, a Festa de Amor.

091-A AMT tem na Bandeira
a ROSA, a coroa e a cruz
traz na tríade mineira
o vermelho, verde e luz.

092-E a União dos Trovadores
por UBT, conhecida
teve de organizadores
a gestação concebida.

093-Ano de sessenta e seis
foi só de organização
e Gilson de Castro fez
da Trova, a eterna lição.

094-Trovadores, finalmente
comprovam a Fundação,
no ano de sessenta e sete
a UBT, entrou em ação.

095-Dia oito de janeiro
de sessenta e sete, então,
A UBT fez o primeiro
encontro da solução.

096-Fundadas oficialmente,
Delegações e Seções,
trabalhando seriamente,
concursos e premiações.

097-Tem a UBT Nacional
mais de três mil Trovadores,
na Regional, Estadual,
somos todos vencedores.

098-O Brasil tem Trovadores,
mais de duzentas cidades,
Estados organizadores
são dezesseis, na verdade.

099-Promovem Jogos Florais,
Trovadores Nacionais,
50 Concursos anuais
e outros internacionais.

100-Cantemos felicidade
da magia Trovadora,
conservemos a amizade
porque a pauta é promissora.

101-Nunca deixe o sentimento
ficar triste, Trovador,
mas se houver falecimento
não enterre o seu AMOR.

102-Bem sei que o bom TROVADOR
verseja sobre a PAIXÃO,
canta na dor e no amor
sente o calor de um vulcão.

103-Por que choras toda hora,
excelente Trovadora?
Já podes sorrir, agora
já tens TROVA vencedora!

104-Tantas TROVAS desfraldamos
no barco Desilusão,
junto às velas, naufragamos
sem âncoras da ilusão.

105-Sem pesadelos descansas...
ao acordar põe na TROVA
todas as suas lembranças,
verás o que o tempo aprova.

106-Trovas de AMOR tem da ROSA
o perfume enevitável,
faz a vida cor-de-rosa
e a PESSOA? Mais amável!

107- Descrença, dor, decepção,
na vida, quem não as tem?
Fazem sofrer! Coração:
-Se bate mal, não faz bem.

108-São Paulo, em proposição,
Dep. Sólon Borges Reis,
aprovado na eleição,
TROVADOR chegou às Leis.

109-DEZOITO de Julho! Amém!
Os TROVADOIRES Paulistas
fazem a festa também,
rezam com TROVAS benquistas.

110-Nossa Empresa Brasileira
de Correios e Telégrafos
fez divulgação certeira:
-Pôs na data, seus carimbos.

111-Se hoje, vivo estivesse
Luiz Otávio brindaria
noventa anos, e em prece
sua TROVA encantaria.

112-Cantemos ao TROVADOR
que na TROVA põe beleza
e ao mostrar somente AMOR
espanta nossa tristeza.

113-Cante comigo a canção:
-Parabéns ao Trovador
e agradeça em Oração,
o esquecimento da dor.

114-Meu querido Trovador:
-Vamos dar as nossas mãos,
cirandar somente AMOR,
para sermos mais irmãos.

115-Conta para nós o sonho
que em vida já realizou,
ponha na TROVA, proponho
tudo o que já o alegrou.

116-Cante o Hino Trovador,
aperte bem, junte mãos,
Poetas vivem AMOR
por que são todos irmãos.

117-Cante e esqueça cicatrizes,
faça como os TROVADORES:
-Sabem viver mais felizes.
porque despertam amores.

118-Dezoito, no mês de JULHO,
faça TROVAS! Faça AMOR
e cante com todo orgulho:
-PARABÉNS AO TROVADOR.

119-Agora vou terminar.
Falaria muito mais...
porque a TROVA sei amar
sem esquecê-la jamais.

120-Sou a Sílvia Professora
bem feliz aposentada,
na UBT, sou TROVADORA
e na AMT, empossada.

Fonte:
http://www.recantodasletras.com.br/acrosticos/195536

terça-feira, 17 de julho de 2012

Machado de Assis (Badaladas – 1.º de Setembro de 1872)

Agora prepara-se tudo para a segunda eleição, e não sei porque este sistema parece-me uma cópia das corridas de cavalos. Correm primeiramente todos os cavalos; a última corrida é a dos vencedores das primeiras.

Há, como no Jóquei Clube, um prêmio, que não é relógio, nem bolsa, mas uma cadeira na câmara. Na segunda corrida já as coisas vão ser mais sossegadas; a cidade voltou aos seus eixos e o capanga a seus moutons . . até daqui a quatro anos, porque o capanga é imortal.

Ide, anjos velozes, a uma gente arrancada e despedaçada, — clamava o profeta Isaías, e querem alguns que se referisse à América.

Referia-se evidentemente ao Brasil. Aquela gente arrancada e despedaçada, o que é senão este povo em tempos eleitorais, arrancando de suas casas pelo subdelegado e despedaçado na igreja pelos capangas?

Se me objetarem que Isaías escrevia antes das nossas eleições, responderei que este profeta, podia adivinhar o subdelegado, sem grandes milagres. O que o terrível hebreu não adivinhou é que vamos changer tout cela por efeito de uma folha de papel.

Daqui em diante todas as corridas serão como esta próxima de 18 de setembro; haverá o perigo de cair do cavalo abaixo, como nas festas do Jóquei Clube, mas ao menos não se encontrará no chão uma navalha de capoeira. Quem não cai do cavalo, — aludo ao Pégaso — é o poeta das Nuvens da América, o Sr. Martins Guimarães, cuja lira tem para mim uma particularidade altamente apreciável: não canta assuntos rasteiros.

O Sr. Martins Guimarães é antes de tudo poeta filósofo.

Nefandas instituições, sacrílegas, potentes
Sabiamente num poder equilibrado;
Que o tempo levou em suas rotações,
À luz benéfica dos astros derrotados.

Mas, apesar da “luz benéfica dos astros derrotados”, ele bem sabe o poder dessas

Tremendas legiões de nefandas eras,
Os povos na ignorância aferrolhando,
Entre os claustros contendores da aristocracia,
E entre altura do seu poder de mando!...

Nem ignora também que

Presa o mundo de suas tecidas redes,
Morria asfixiado no fanatismo;
Infiltrado dentre úmidas paredes
Do claustro saído com maquiavelismo.

Tudo isto era verdade; o quadro é verdadeiro, pintado com as suas cores próprias. O despotismo e o fanatismo reinavam assim; porém...

Porém, caiu a árvore do despotismo,
Nefando da ciência dentre nós;
Jaz sumido através dos séculos,
Proscrito dentre as eras dos avós.

Não podiam medrar os troncos rugosos,
Das carcomidas instituições vergadas
Que as nações traziam presas,
Às cadeiras da ciência subjugadas.

Nem eram só os troncos rugosos que não podiam medrar; a hipocrisia também não
podia medrar:

Não podia medrar a hipocrisia,
E preciso era acabar as crenças dos povos;
Engolfando nos prejuízos das idéias,
Até estes nossos brilhantes séculos novos.

Mas se isto é assim, dirá algum crítico mais superficial, se tudo acabou, e se estamos nos séculos brilhantes, que mais quer o poeta?

Vem cá, meu crítico atabalhoado; o poeta quer que se torne impossível a volta das eras dos avós. Reconhece que este século é outro, mas não desconhece a possibilidade de voltarmos ao passado.

Que faz ele então?

Pinta-nos primeiramente o que fomos; depois indica-nos o que devemos ser. Esta segunda parte esta toda resumida nas duas quadras com que fecha a obra:

Preciso é educar o povo e instruí-lo,
Longe da crença supersticiosa dos conventos;
Despindo a velha igreja de suas galas,
Enfeitá-la d'outros modernos paramentos.

E apresentá-la em sua pureza de verdade,
Qual noiva trajando novas galas;
Do ouropel da falsidade despojá-la. . .
Apresentando-a com seu brilho nas salas.

Como viu o leitor, não é o Sr. Martins Guimarães um poeta de luares e nevoeiros; não voa de noite, apegado aos raios das estrelas.

Seus assuntos são humanitários e filosóficos. Assim tem lido até hoje; assim o será,
creio eu, até morrer.

Dr. Semana.

Fonte:
Obra Completa, Machado de Assis, Rio de Janeiro: Edições W. M. Jackson,1938. Publicado originalmente na. Semana Ilustrada, Rio de Janeiro, de 22/10/1871 a 02/02/1873.

Lucan (Lucas Candelária) /SP (Caderno de Sonetos)

Lucan é de Salesópolis/SP

CHORA O POETA

(...) e o poeta chorava suas mágoas
Sentado à sombra de árvore gigante,
Tinha nos olhos um dilúvio de águas
E tinha o coração qual retirante.

Sua alma não saía do lugar
Ficava remoendo a sua dor atroz.
Por que chora o poeta sem parar?
Todos perguntavam à meia voz.

Mas, se olhassem à beira do caminho
Uma trevosa cruz em desalinho
Diria toda a história do cantor.

Pobre poeta! Nada o consolava...
Não se consola uma paixão escrava,
Não se consola um poeta sem amor!

SUPLÍCIO DE TÂNTALO

Por que eu vivo poetando em fantasia?
Por que? Se minha amada me deixou?
Nem tricotamos mais... Só nostalgia!
Só tristeza comigo então ficou.

Enquanto ela sorri com alegria,
Sem saber como dói o que restou
Num coração que viveu de utopia,
Eu pago caro o amor que me cegou.

Conheço outras pessoas formidáveis
Que têm o coração e a alma notáveis
E me amparam nesta hora de abandono.

Mas a forte afeição é incompreensível:
Não há como extirpá-la... É impossível!
Eu vivo nesta dor, e ela? Em seu trono.

QUEM É ELA

Ela é a luz que ilumina o meu caminho,
É a Rainha de um mundo hospitaleiro.
É uma deusa do amor e do carinho,
Estrela que ilumina o mundo inteiro.

Por ela pulsa o pobre coração
Que no meu peito, em minha trêmula esperança,
Espera, em ritmo de feliz paixão,
Voto de afeto e muita confiança.

Mas, como pode a estrela vir ao chão?
A ave viver nos vagalhões do mar?
Só do poeta na doce inspiração.

À Rainha, o poeta pode amar
Alegrando o seu pobre coração,
Na louca fantasia de poetar!

OS AGENTES

Línguas que tecem colchas de discórdia,
Por que não se acomodam no palato
E silenciam - por misericórdia -,
Com bons princípios e feliz recasto?

Mãos que se espalmam só para ferir,
Por que não acalmar a rude sanha
E abençoar, pensando no porvir,
Quando a bondade é a única façanha?

Neurônios que maquinam pra magoar
Por que não se aquietam no lugar
Como bons elos do sistema humano?

Não podem responder... São os agentes
Como o espinho é da flor; são as serpentes,
Que picam do vassalo ao soberano!

VOCÊ

Na viagem que eu fazia ao fim do mundo
-Descalço sobre as pedras do caminho -,
Via gente feliz, de olhar profundo,
Trocando doces beijos e carinho.

Eu já na escuridão do poço fundo,
Andrajoso de fé e amor, sozinho,
Chorava a falta de esperança, oriundo
Da dor, exausto, um mudo passarinho.

Depois... vi uma estrela luminosa
Brilhando à minha frente. Era uma rosa
Do jardim celestial... não sei por que

Acabou minha dor, fiquei contente,
Sorri, cantei, alegre e reverente.
Daí que eu vi... a luz era Você!

LIÇÃO DE PAI

-Que folgança é essa, meu querido filho,
Essa explosão de fogos pelo espaço?
Minhalma assim se imbui de enorme brilho
E corre-me um tremor pelo espinhaço.

-Ah, meu pai, é a vitória do caudilho
Comemorada com estardalhaço.
-Então ele venceu, sem empecilho,
Com seu rompante e seu clamor devasso?

-Sim, pai, venceu, venceu a votação.
-Pois é, meu filho, aceite esta lição:
Bom ou mau, pra vencer tem que lutar;

Os pusilânimes, os fracos, frios,
Perdem a guerra e tremem de arrepios
Antes mesmo de a guerra começar!…

OS INFELIZES DO MUNDO

-Você pode sair de minha vida,
Mas uma coisa não pode negar:
Que eu guarde essa beleza tão querida
Do seu sorriso e do seu lindo olhar.

Pode levar as jóias, o Jaguar
E a nossa rica moto colorida.
Mas, uma coisa não pode levar:
Minh´alma desprezada e tão sofrida.

Chega um senhor e diz: -O brutamonte
Enlouqueceu vivendo sob a ponte
Onde passava fome e só dormia.

E eu disse nesse instante: Não senhor,
Esse homem enlouquece por amor,
Esquecido na rua da agonia.

UTOPIA

Pudesse eu dominar o vento forte,
E a chuva dominar também pudesse,
Pudesse comandar também a sorte
E fosse humilde pra manter-me em prece...

Eu exterminaria a dor e a morte,
O sofrimento e o mal a quem padece;
Espalharia o amor em grande porte
E a alegria que a todos apetece.

E de Você? Faria uma princesa,
Que dominasse toda a humanidade
Que lhe servisse com total presteza.

Mas... seria de minha propriedade
Seu corpo e seu carinho - com certeza -
Para vivermos toda a eternidade.

A GOTA D´ÁGUA

Vinha da imensidão... do seio escuro
Da nuvem, balouçando pelo espaço,
No extravasar mais tímido e mais puro
Em refração de luz, de brilho lasso.

Vinha caindo, com frescor e apuro
Como um cristal - dos deuses, estilhaço -,
Tão pequenina, em seu mister mais duro
De visitar a terra, num abraço.

Chegou, de par em par, com as convivas,
Como lindas princesas fugitivas
De negra nuven túmida de mágoa.

E foi assim que terminou a história
Da que caiu do céu com toda a glória
De fria e cristalina gota d´agua!

METEMPSICOSE

Da anipnia escravo e sem remédio,
Auscultando o silêncio em fantasia,
Explode o peito em amargoso tédio
E acaba por compor uma poesia.

Da rigorosa métrica um assédio
Vem queimar seus neurônios em porfia,
E as rimas para o fúnebre epicédio
São escolhidas por analogia.

O homenageado, amigo extraordinário,
Já se perdia no galpão do ossário
Naquele pódium de materialistas.

E o vate arranca-o desse cemitério
- Na metempsicose sem mistério -
Levando-o a outro pódium de conquistas!..

A BRIGA DAS FLORES

O lírio branco, um dia, contundente,
Gritou à força plena dos pulmões:
- A rosa é vil, escrava, inconseqüente,
Cheia de espinhos, cheia de ambições!

E a rosa, do seu trono, descontente,
Retribui às tolas agressões:
- Lírio, você parece puro e ausente
Mas traz n’alma um brejal de podridões.

E a violeta, que ouvira toda a briga,
Meiga como é, calada, humilde e amiga,
Deitou nos ares os dulcíssimos olores.

O lírio e a rosa, nobres, decantados,
Percebendo o vexame, envergonhados,
Esconderam-se, então, das outras flores!

Fonte:
Sonetos
.com 

Teresa Lopes (O Sol e a Lua)

ilustração de Sara Costa
Nunca ninguém diria, quando o Sol e a Lua se conheceram, que seria um caso de amor à primeira vista. Mas a verdade é que assim foi.

Ainda o mundo não era mundo e já os dois trocavam olhares de enlevo, já os dois se iluminavam como candeias acesas na escuridão do universo.

Quando, de uma enorme explosão cósmica, a Terra surgiu, logo o Sol e a Lua decidiram velar por aquele pedaço de matéria, que não era mais do que uma massa disforme e sem vida.

O Sol encarregou-se de tratar dos solos. E não tardou que altas montanhas se erguessem, que árvores frondosas enfeitassem os vales e que planícies infindáveis se fizessem perder no olhar.

Depois nasceram as pedras e sempre soube o Sol colocá-las no local preciso: ora no cimo dos montes escarpados, ora dispersas, salpicando o solo fértil das terras planas, até se tornarem areia fina, escondida sob os leitos silenciosos dos rios.

À Lua coube a tarefa de criar as águas. Águas profundas que dividiram grandes pedaços da Terra e águas mais serenas que desciam das montanhas e se alongavam pelas planícies.

Tudo perfeito. Mas acharam, o Sol e a Lua, que alguma coisa faltava naquele mundo à medida. E como sempre se haviam entendido, a novas tarefas se propuseram.

Assim surgiram animais de toda a espécie: grandes, pequenos, uns mais dóceis, outros mais atrevidos, uns que caminhavam pelo chão, outros que se aventuravam pelos ares e ainda outros que só habitavam o reino das águas.

Agora, sim. Todos viviam em harmonia: o mundo do Sol e o mundo da Lua. E eles continuavam cada vez mais enamorados.

O Sol aquecia a Terra e dava-lhe a vida. A Lua embalava-a e dava-lhe sonhos repousantes e noites lindas, tão claras que até pareciam dia.

Mas todas as histórias têm um se não. A certa altura em que Sol e Lua andavam entretidos nas suas tarefas, vislumbraram, bem lá no meio de uma planície, uma espécie de animal que não se lembravam de ter colocado onde quer que fosse.

Não voava, não nadava, nem andava de quatro patas. Pelo contrário, erguia-se como o pescoço de uma girafa e parecia querer ser o rei dos animais.

Decidiram vigiá-lo, não fosse ele perturbar o encanto daquele mundo.

Vigiaram dia e noite, noite e dia, sem interferir. E, ao longo dos séculos, no correr dos milénios, não gostaram do que viram.

– Então que faz ele às árvores que eu ergui? – interrogava-se o Sol.

-E que faz ele das águas que eu pus a correr? – indignava-se a Lua.

De comum acordo combinaram assustá-lo. Mandaram fortes raios de luz sobre a Terra, mas o animal protegeu-se em quantas sombras havia. Mandaram trombas de água infindáveis, mas ele fechou-se no seu covil e de lá não saiu enquanto os rios não voltaram ao normal.

E tudo o que Sol e Lua puderam fazer não foi suficiente para parar aquela espécie, que ainda hoje habita um planeta chamado Terra e de quem diz ser seu legítimo dono.

Vocês já ouviram falar dele?

Pois nunca esse bichinho reparou no trabalho do Sol, nem no labor da Lua. Nem em quanto eles são apaixonados um pelo outro. Nem em quanto eles querem bem a esse planeta perdido na imensidão do Universo.

E é por tudo isto que vos contei, acreditem, que a Lua tem aquele ar sempre tão triste, quando, nas noites em que está cheia, ela nos olha sempre como num queixume.

E é também por causa disso que o Sol por vezes se esconde atrás de nuvens sombrias: vai buscar conforto à Lua e lembrar-lhe, sim, que nunca é de mais lembrar, o quanto ele é apaixonado por ela.

Fonte:
LOPES, Maria Teresa. Histórias Que Acabam Aqui (ilustrações de Sara Costa). Edições ArcosOnline.com (www.arcosonline.com), abril de 2005.

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 610)


Uma Trova de Ademar  

Eu já velho, semimorto,
para me manter de pé,
fiz de Deus meu próprio porto
onde ancorei minha fé!
–Ademar Macedo/RN–

Uma Trova Nacional


Eu saio, crio coragem,
nem sei mais o que fazer:
meus olhos dão a mensagem
mas os teus... não sabem ler…
–Élbea Priscila de Souza/SP–

Uma Trova Potiguar


A vida que Deus me deu
se tornou bem mais completa
quando em mim resplandeceu
esse dom de ser poeta.
–Tarcísio Fernandes Lopes/RN–

Uma Trova Premiada

1992 - Amparo/SP
Tema - TREVAS - 1º Lugar


Céu triste, negro.. pesado...
Na cruz, Cristo, em agonia...
E tinham cor de pecado
as trevas daquele dia!...
–Carolina Ramos/SP–

...E Suas Trovas Ficaram


Sou, na vida, uma jangada,
que vence o mar e os abrolhos;
mas naufraga na enseada
do verde mar dos teus olhos!
–Alberto Fernando Bastos/RJ–

Uma Poesia


Não há quem pinte ou construa,
embora seja perito,
um quadro fiel que mostre
lua cheia no infinito;
Catulo tinha razão,
quando é vista do sertão,
não há nada mais bonito.
–Hélio Pedro/RN–

Soneto do Dia

FRASCO DE PERFUME.
–Reginaldo Albuquerque/MS–


Guardo em meu quarto, sobre a penteadeira,
e, de cartões-postais de amor em meio,
um frasco de perfume ainda cheio
que me traz alegria passageira.

“Quem dá mais?...” Num impulso arrematei-o
no leilão. “Contém notas de madeira
do oriente...” Truques da ilusão fagueira
de esperar pela dama que pranteio.

“Doação, senhores, de gentil sultana!...
Dou-lhe uma...” Um só borrifo me conforta!
“Bebam do aroma especial que emana...”

Então ouvi teus passos pela escada...
O coração pulsar atrás da porta...
“Vendido ao cavalheiro ali na entrada!...”