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terça-feira, 4 de agosto de 2020

Correia Garção (1724 – 1772)

Pedro António Correia Garção, nasceu em Lisboa/Portugal em 13 de junho de 1724 e faleceu em 10 de novembro de 1772.

Estudou Literatura Clássica no Colégio dos Jesuítas, em Lisboa, e frequentou o curso de Direito na Universidade de Coimbra, não terminando-o. Em 1756, juntamente com Cruz e Silva, Teotónio Gomes de Carvalho e Manuel Nicolau Esteves Negrão, fundou a Arcádia Lusitana, utilizando como pseudônimo arcádico Coridon Erimanteu.

Foi escrivão na Casa da Índia e dirigiu a Gazeta de Lisboa de 1760 a 1762. Casado e apreciador da convivência social, manteve relações com estrangeiros, facilitadas pelo domínio do inglês, do francês e do italiano, e também com alguns portugueses das classes mais privilegiadas.

Devido a problemas financeiros, passou a viver na Quinta da Fonte Santa e em 1771 foi detido no Limoeiro, por razões não esclarecidas, onde veio a falecer.

Tentou a criação de um teatro nacional com a redação de alguns textos dramáticos (na comédia Assembleia insere-se a célebre Cantata de Dido) e também dedicou alguma atenção ao gênero epistolar e à poesia de circunstância. Esforçou-se sobretudo no sentido de cultivar os gêneros greco-latinos.

Admirador de Horácio, fundiu o horacianismo com a poesia do cotidiano e atingiu assim o melhor da sua obra. Para além do poeta latino, também seguiu os quinhentistas portugueses Sá de Miranda, António Ferreira, Camões e Diogo Bernardes.

Fonte:
Infopédia

sábado, 25 de julho de 2020

João Alphonsus (1901 – 1944)


João Alphonsus de Guimaraens nasceu em Conceição do Mato Dentro/MG, a 6 de abril de 1901, terceiro filho do grande poeta simbolista Alphonsus de Guimaraens.

Iniciou seus estudos em Mariana e, aos 17 anos, se mudou para Belo Horizonte, onde finalizou a graduação em Direito. Foi Promotor de Justiça e Procurador-Geral do Estado.

Publicou seus primeiros poemas na revista Fon-Fon, em 1918. Em 1925, fundou a revista Verde em parceria com Antônio Mendes e outros companheiros. Influenciado pelo simbolismo, inicialmente escrevia somente poemas. Em contato com o modernismo, passou a escrever romances e contos, incorporando a fala coloquial e neologismos.

Recebeu o prêmio Machado de Assis com o romance Totônio Pacheco, em 1934; o Prêmio da Academia Brasileira de Letras pelo romance Rola-Moça (1938); e o romance A Pesca da Baleia (1943).

João Alphonsus, na expressão do poeta e amigo Drummond, criou "uma literatura humana, terrivelmente humana, miudamente, dolorosamente humana". Foi um dos maiores nomes da nossa literatura. Sobre o autor diz Pedro Nava em suas memórias: "Esse poeta, filho de poeta, teve uma das mais brilhantes carreiras literárias de sua geração." "A linguagem de João Alphonsus é límpida, simples, cheia de equilíbrio, de valores estilísticos, da musicalidade de quem sabia admiravelmente o verso."

João Alphonsus faleceu em Belo Horizonte em 24 de maio de 1944, deixando sua esposa Esmeralda Vianna de Guimaraens e 3 filhos: João Alphonsus de Guimaraens Filho, Liliana Baeta Viana de Guimaraens e Fernão Baeta Vianna de Guimaraens.

Obras
1931 - Galinha Cega (contos); 1934 - Totônio Pacheco (romance); 1938 - Rola-Moça (romance); 1942 - A Pesca da Baleia (contos); 1943 - Eis a noite! (contos); 1965 - Contos e Novelas

Fontes:
Wikipedia
Imagem = http://www.rascunho.com.br

quarta-feira, 22 de julho de 2020

Nuno Júdice (1949)

Nuno Manuel Gonçalves Júdice Glória nasceu em Mexilhoeira Grande/Portugal, a 29 de abril de 1949.

Licenciou-se em Filologia Românica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e obteve o grau de Doutor pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, com uma dissertação sobre Literatura Medieval.

Professor do ensino secundário, desde 1992 até 1997, foi professor da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, até à sua aposentadoria, como professor associado, em 2015.

Foi diretor da revista literária Tabacaria (1996-2009), editada pela Casa Fernando Pessoa e Comissário para a área da Literatura da representação portuguesa à 49ª Feira do Livro de Frankfurt. Foi também Conselheiro Cultural da Embaixada de Portugal (1997-2004) e diretor do Instituto Camões em Paris. Organizou a Semana Europeia da Poesia, no âmbito da Lisboa '94 - Capital Europeia da Cultura. É atualmente diretor da Revista Colóquio-Letras da Fundação Calouste Gulbenkian.

Poeta e ficcionista, a sua estreia literária deu-se com A Noção de Poema (1972). Em 1985 receberia o Prêmio Pen Clube, o Prêmio D. Dinis da Casa de Mateus, em 1990. Em 1994 a Associação Portuguesa de Escritores, distinguiu-o pela publicação de Meditação sobre Ruínas, finalista do Prêmio Europeu de Literatura Aristeion. Assinou ainda obras para teatro e traduziu autores como Corneille e Emily Dickinson.

A sua obra inclui antologias, edições de crítica literária, estudos sobre Teoria da Literatura e Literatura Portuguesa. Mantém uma colaboração regular na imprensa. Lançou, em 1993, a antologia sobre literatura portuguesa do século XX, Voyage dans un siècle de Littérature Portugaise. Tem obras traduzidas em diversos países da Europa, Ásia e África.

Fonte:
Wikipedia

quarta-feira, 8 de julho de 2020

Antonio Lycério Pompeo de Barros (Devaneios Poéticos)


MANHÃ SEM SOL

Manhã sem sol! Manhã cinzenta e fria!
A brisa olente! O pássaro que trina!
Sinos que tangem! Tudo, enfim, combina,
Contrista o meu viver e me angustia...

Estranha sensação meu ser invade...
Vou sepultando indiferente, os sonhos
E, os dias meus passados, tão risonhos,
Vou divisando, além, numa saudade!

Manhã sem sol! Manhã cinzenta e fria!
Matando, embora, em mim minha alegria,
Eu te bendigo e te abençoo, ainda...

És para mim, manhã fria e sem sol,
A flor desabrochando no arrebol
Duma saudade muito terna e linda!…
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MEU ENTARDECER


Vai descambando o sol lá no poente!
O céu toldado está e chove agora.
Parece até que a natureza chora
A tarde que agoniza lentamente...

Caí no telhado a chuva e na vidraça,
Ou sobre o asfalto quente se estraçalha
E enquanto a noite tétrica gargalha,
A tarde, triste e agonizante, passa...

Enquanto a chuva cai e a tarde morre
E a noite avança e a solidão percorre
A vastidão do céu, sereno e escuro,

Penso no entardecer de minha vida!
O sol se pondo e a noite, enfim, caída,
Pesada e fria sobre o meu futuro...
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NÃO SEI POR QUÊ?!

Não sei dizer, nem lhe explicar, agora,
Por quê me atraí o céu e me fascina.
Por quê minh’alma triste e peregrina,
Subindo vai pelo infinito, afora...

Não sei dizer, nem lhe explicar deveras,
Por quê a solidão do mar a arrasta
E os horizontes e a planície vasta
Povoam-na de sonhos e quimeras!...

Apenas sei que fico só, vazio...
Perdido em meus pensares, me extasio
A solidão me invade e automatiza...

A tudo que me cerca fico alheio!
Sonhar! Subir! Voar! É meu anseio,
Fugindo a um mundo que me brutaliza…
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SE TE AMO!

Ainda me perguntas se te amo...
Se aceso tenho aquele sentimento,
Que me fez crer em teu amor profano,
Fonte de todo o meu padecimento...

Por mim responda minha mocidade,
Aos braços teus lançada, loucamente...
Buscando, aflito e a rir, felicidade,
Onde morava a ingratidão, somente.

Falem por mim o meu viver errante...
A ânsia que sinto em buscar distante,
O fim desta agonia prolongada...

Falem por mim os vícios que consomem,
Que martirizam este pobre homem,
Hoje sem fé, sem pão, sem Deus, sem nada…
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SOLIDÃO INTERIOR

Imensa é a solidão que vem das matas
E aquela que se estende nas planuras!
A que provém do céu, lá nas alturas,
Ou que murmura, além, entre cascatas!

Aquela que contorna e envolve os rios
E vai pousar, tranquila sobre os lagos!
Que a brisa traz às praias, entre afagos,
A nos tornar mais tristes, mais vazios...

Grande, demais, é a solidão do mar!
Da tarde que desmaia a soluçar,
Buscando no horizonte seu jazigo!

Mas, a maior, a solidão mais triste!
A mais profunda solidão que existe,
Não vaga por aí... Mora comigo!
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Antonio Lycério Pompeo de Barros nasceu em Cuiabá/MT, em 1922. No Liceu Cuiabano, nos idos de 1936, começou a desenvolver seus pendores para a literatura, ao descrever passeios, piqueniques e pequenas caçadas, dentre estas “Minha primeira caçada”, revista e ampliada posteriormente. Publicou em Ponta-Porã, em 1946, seu primeiro soneto, intitulado “Ainda perguntas se te amo?”. Viveu como funcionário do Banco do Brasil, em cidades do Mato Grosso, São Paulo, se aposentando em Brasília, como gerente da Agência do Congresso Nacional.

Em 2003 publicou pela Editora da Universidade Federal de Mato Grosso “Devaneio (Poesia & Prosa)”. Possui participação com sonetos de sua autoria, na Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos 54º volume; Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos 55º volume ; Livro de Ouro da Poesia Brasileira; e e-book “Devaneios”, com 12 sonetos, editado por Antonio Fernandes Dantas.

Fonte:
Celeiro de Escritores. Sonetos eternos. Santos/SP: Ed. Sucesso, 2009.

segunda-feira, 6 de julho de 2020

Adênis Bergamaschi (Poemas Avulsos)


ASPIRAÇÃO

Quero sorver a doçura do teu beijo
no cálice da minha angústia.
Quero beijar teu fugidio olhar
com os lábios sedentos de minha alma,
uma só vez,
de tal modo
que eu fique satisfeito para sempre.
Quero tragar tua alegria e tua tristeza,
no mesmo instante,
com o mesmo prazer
e com o mesmo dissabor.
Quero abraçar-te com os braços gigantescos
do meu amor imenso
e permanecer unido a ti
no deserto da vida
e na solidão da morte.
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O RELÓGIO

Soa a meia-hora.
Perdido no tempo,
quero certificar-me da hora exata.
Mas, quando ouço outras pancadas,
não consigo contá-las.
Apenas distingo a meia-hora.
Meu cérebro está confuso...
Quero apenas saber que existo,
independente do tempo.
O relógio bate desordenadamente.
Sei que o tempo não parou.
Basta-me distinguir a meia-hora,
o momento marcado
para a realização do meu sonho.
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PRIMEIRA NAMORADA

Após tantos anos,
vejo-te surgir no horizonte
da minha adolescência distante.
Vejo-te qual estrela perdida
na noite comprida
da minha lembrança.

Vejo-te bela, sorrindo,
singela, pedindo
o meu coração.
Imagem querida,
por que me persegues?

É de todo impossível
ver-te a meu lado
e reviver, satisfeito,
as horas saudosas
de um sonho desfeito..,
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ROSA ABERTA

A rosa abriu-se
para saudar tua passagem,
Teu pensamento perdido na distância
não percebeu a imensidão do gesto da rosa.
Mas a rosa aberta ficou,
e suas pétalas sorridentes
aclamaram tua passagem.
Seguias por um caminho imaginário,
num momento de luz,
sorrindo às estrelas
no azul do sonho.
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SAUDAÇÃO A PROFESSORA PRIMÁRIA

Salve, Mestra primária, doce amiga
do nosso filho, da gentil criança,
primavera de sonhos, esperança
que todo lar alegremente abriga.

Salve, missão que a tanto amor obriga,
traduzindo em renúncia e confiança
o que será talvez vaga lembrança,
quando não fores mais que a Mestra antiga.

Salve, Mestra — caminho do porvir!
Aclamada serás aonde fores,
porque o bem tu sabes transmitir.

E, percorrendo os ásperos caminhos,
levas nas mãos o bálsamo das flores,
com que aplacas a ira dos espinhos.
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SONETO DE ESPERANÇA

(À memória de minha querida sogra D. Maria Starling do Pinho)

Trilhando a longa senda da Esperança,
vergada à cruz pela existência afora,
com fé e tão sublime confiança,
buscaste sempre a nova e eterna aurora.

Teu doce e puro riso de criança,
iluminando o teu viver, agora
unido à Luz da bem-aventurança,
resplandece na eterna e doce aurora.

Morreste para a vida transitória,
porém na eternidade ressurgiste,
participando da suprema Glória.

E descansas na Paz do amor divino,
onde a ventura verdadeira existe,
rendendo graças num eterno hino.
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TROVA

Ao lado da namorada,
pescava com alegria,
embora sem pegar nada,
que peixão ele trazia!
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Adênis Bergamaschi nasceu em Ribeirão de Cima/ES, em 17 de janeiro de 1935. Filho de Emilio Bergamaschi e de D. Idália Gasir Bergamaschi, falecidos. Casado com Léa Angelo Bergamaschi, bacharel e Licenciado em Letras Neolatinas pela Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais. Lecionou em alguns colégios de Belo Horizonte, sendo professor de redação comercial no Centro de Teleducação do SENAC e professor de Língua Portuguesa e de Literatura Brasileira no Colégio Técnico do Sindicato dos Hidrelétricos de Belo Horizonte.

Ex-colaborador de A Gazeta de Vitória/ES. Co-autor do livro "Filigranas" (trovas), publicado pela União Brasileira de Trovadores, seção de Belo Horizonte, à qual pertence. Autor do livro "Janela Vazia" (poemas), publicado em 1974, em Belo Horizonte. Participou do livro "Poetas do Brasil", com o conjunto de poemas intitulado "Silêncio das Horas", publicado sob a direção de Aparício Fernandes, em 1975.


Fonte:
Aparício Fernandes (org.). Anuário de Poetas do Brasil – Volume 4. Rio de Janeiro: Folha Carioca, 1979.

segunda-feira, 15 de junho de 2020

Alaíde Lisboa (1904 – 2006)

Alaíde Lisboa de Oliveira nasce em Lambari, Minas Gerais, em 22 de abril de 1904, filha do farmacêutico João de Almeida Lisboa, político atuante e de Maria Rita Vilhena Lisboa.
Teve 13 irmãos.

Na década de 10, conclui os estudos básicos em Lambari, para continuar sua formação em Campanha (MG). Retorna a Lambari, onde leciona no curso primário.

Em 1924, com a eleição de seu pai a deputado federal, a família muda-se para o Rio de Janeiro, onde realiza estudos da reforma do ensino que lá se processava, solicitada pelo governo de Minas. Alaíde e seus irmãos, especialmente os poetas Henriqueta e José Carlos, passam a frequentar a cena cultural do Rio dos anos 20, que tinha na literatura uma forte alavanca.

Em 1934, em Belo Horizonte, Alaíde diploma-se no Curso Geral da Escola de Aperfeiçoamento Pedagógico da Secretaria da Educação e Saúde Pública de MG, embrião do futuro curso superior de Pedagogia. Em 1936, casa-se com José Lourenço de Oliveira, advogado, professor e escritor, com quem teve quatro filhos. De 1937 a 1957, leciona língua portuguesa. 

O ano de 1938 marca a estreia na literatura infantil com as primeiras edições dos clássicos "A Bonequinha Preta" e "O Bonequinho Doce".  Em 1939 ela lança seu primeiro livro didático, “A Poesia no Curso Primário”, em co-autoria com Marieta Leite e Zilá Frota.

Durante a década de 1940, Alaíde Lisboa elege-se presidente da Associação dos Professores Públicos de Minas Gerais. Em 1947 eleita primeira suplente na Câmara Municipal de Belo Horizonte, assumindo o cargo em 1949, tornando-se a primeira mulher a exercer a vereança em Minas Gerais, apenas 17 anos após a conquista do voto feminino. Jornalista mais intensa desde 1948, à frente do Suplemento infanto-juvenil  “O Diário do Pequeno Polegar”, do jornal “O Diário”, de Belo Horizonte. Nessa época, lança a “Cartilha brasileira para adultos e adolescentes”.

Em 1951, leciona Didática na graduação da Faculdade de Filosofia, depois Faculdade de Educação da UFMG. Em 1954 lança “Cirandinha”. Em 1957 conclui o Doutorado em Didática na Fafich/UFMG, assume a direção do Colégio de Aplicação (cargo exercido até 1971) e lança “Mimi Fugiu” e “Meu Coração”, e “Sugestões para divulgação do ensino primário no Brasil”, pela UFMG, além de traduzir e adaptar “Simbad, o Marujo”, para a coleção “As Mil e Uma Noites”.

Em 1959, ela obtém o primeiro lugar em concurso público de cátedra da Universidade de Minas Gerais, e exerce a cátedra de Didática Geral e Especial na Faculdade de Filosofia, depois Faculdade de Educação da UFMG.

Na década de 1960, torna-se representante da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil em Minas Gerais e integra o Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais. Em 1967 lança “Poesia na Escola” (antologia de poemas com orientação pedagógica), e em 1970 é homenageada pelo Colégio de Aplicação da UFMG, que tanta contribuição recebeu da mestra no período em que ela esteve à frente da instituição.

Em 1971, Alaíde organiza e coordena o Mestrado em Educação da UFMG, e lança o livro didático “Comunicação em Prosa e Verso”. Passa a lecionar Metodologia do Ensino Superior na pós-graduação das faculdades de Educação e Medicina da UFMG. Em 1975, ela assume o cargo de vice-diretora da Faculdade de Educação da UFMG. Em 1973, publica a tradução de “Invenção Dirigida – O Mecanismo Psicológico da Invenção”, de Edouard Claparède, pela Faculdade de Educação da UFMG em comemoração ao centenário do autor. Em 1976, sua atuação pública é reconhecida pela Câmara Municipal de Belo Horizonte, que concede à educadora o título de Cidadã Belo-Horizontina.

Em 1978, lança “Nova Didática”, e no ano seguinte recebe o título de Professora Emérita da Universidade Federal de Minas Gerais.

Na década de 80 lança “Edmar – esse menino vai longe” (1981) e “Gato que te quero gato” (1988), literatura infanto-juvenil; e tem re-editados “Ensino de língua e literatura” (1983), “Meu Coração” (1984) e “O Livro Didático” (1986).

Sua extensa e produtiva atuação como escritora, pedagoga, jornalista e política é bastante reconhecida durante essa década. Foram muitas as homenagens e condecorações, entre elas a Medalha do Mérito Educacional, ofertada pela Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais (1984), a Medalha Helena Antipoff, pela Prefeitura Municipal de Belo Horizonte (1985), a Medalha Santos Dumont, pelo Governo do Estado de Minas Gerais (1986) e a Medalha de Honra da Inconfidência Mineira, pelo Governo de Minas Gerais.

Em 1986, Alaíde é eleita membro da Academia Municipalista de Letras, e em 1988 da Academia Feminina Mineira de Letras.

Aos quase 90 anos, continua sua produção pedagógica. Em 1991, lança “Da alfabetização ao gosto pela leitura” pela Imprensa Oficial de Belo Horizonte. Em 1996 é a vez de “Impressões de Leitura”, vencedor do prêmio “Crítica e Interpretação” da União Brasileira de Escritores (1997), e “José Lourenço de Oliveira – Educador”.

Tanta atividade desperta mais homenagens: a Secretaria de Estado da Educação a homenageia com a Placa do Encontro Central de Alfabetização; o Governo de Minas, com a medalha “Centenário do Palácio da Liberdade”, a Fundação AMAE para Educação e Cultura, com a comenda “Lúcia Casassanta”; e a Federação das Indústrias de Minas Gerais, com a medalha “SESI 50 anos / Categoria Cultural”.

Em 1995 vem a consagração à sua atividade intelectual com a entrada para a Academia Mineira de Letras. São apenas quatro mulheres em quase 170 cadeiras, uma delas ocupada no passado por sua irmã, a poeta Henriqueta Lisboa.

Abre o novo milênio com o lançamento de seu livro de memórias: “Se bem me lembro...”, e recebe novas homenagens: a Medalha “Gustavo Capanema – Centenário”, pelo Governo de Minas Gerais, e a Medalha “Coronel Fulgêncio de Souza Santos”, Grau Prata, pela União do Pessoal da Policia Militar de Minas Gerais. Em 2001, a Editora Lê, de Belo Horizonte, lança novas edições de “A Bonequinha Preta”, “Ciranda”, “Cirandinha”, “Como se fosse gente”, “O Bonequinho Doce” e “Outras Fábulas”.

Em 2004, a Editora Peirópolis, de São Paulo, lança “Era uma vez um abacateiro” e “Histórias que ouvi contar”, textos selecionados do livro “Meu Coração”.

O centenário de Alaíde Lisboa vem sendo celebrado pelas mais diversas entidades, entre faculdades, escolas, bibliotecas, academias de letras e casas legislativas. Muitas delas, como a Faculdade de Educação da UFMG e a Academia Mineira de Letras, contaram com a atuação direta de Alaíde em sua vida institucional, enquanto outras se inspiraram em sua produção.

Falece em 4 de novembro de 2006, em Belo Horizonte com 102 anos.

Fonte:
http://alaidelisboa.fae.ufmg.br/conteudo.htm

terça-feira, 9 de junho de 2020

Basílio de Magalhães (1874 – 1957)

Basílio de Magalhães nasceu em Barroso, então distrito de Barbacena em 1º de junho de 1874. Segundo os dados obtidos no seu registro de batismo, era filho de Antônio Inácio Raposo e de Francisca de Jesus; e seus padrinhos de batismo foram Ladislau Artur de Magalhães e Prudenciana Augusta Meireles. Há indícios de que Basílio seria filho de Ladislau Artur de Magalhães, que foi seu padrinho de batismo e de Francisca de Jesus, sua serviçal na fazenda Venda Grande, assim como o seu marido, Antônio Inácio Raposo, que consta no registro como o pai de Basílio. Ladislau era casado com Belizandra Augusta de Meireles e se tal fato se tornasse público, haveria um “escândalo”, já que o casal pertencia à elite da cidade.

Ainda pequeno, mudou-se para a cidade de São João del-Rei. Em 1889, com 15 anos de idade, empregou-se como tipógrafo no jornal “Gazeta Mineira”, em São João del-Rei, no qual exercia também trabalhos de auxiliar de redação. Inconformado com a postura conservadora do “Gazeta Mineira”, transferiu-se para o “Pátria Mineira”, jornal com ideais republicanos. Neste jornal, Basílio foi tipógrafo, paginador, revisor e auxiliar de redação, até o ano de 1894. Paralelamente às atividades nesse último jornal, fundou e manteve o pequeno jornal “A Locomotiva” em parceria com Altivo Sette.

Formou-se em engenharia pela Escola de Minas de Ouro Preto. Mais tarde tornou-se professor de História, em São Paulo, depois no Rio de Janeiro, sendo o 27º diretor do então Instituto de Educação do Rio de Janeiro.

Em 1900 foi eleito membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, da Academia Paulista de Letras e Academia Mineira de Letras.

No biênio de 1917-1918, foi Diretor Interino da Biblioteca Nacional. No ano de 1919, voltou para São João del-Rei e se deparou com uma prática política conservadora e contrária à sua postura e a seus ideais liberais e lá se insurgiu contra a política dominante.

Ingressou na política em São João del-Rei, sendo eleito para o Senado Mineiro em 1922. Em 1923, Presidente da Câmara de Vereadores de São João del-Rei, exercendo cumulativamente o cargo de Agente Executivo Municipal, equivalente ao atual cargo de prefeito. Em 1924 elegeu-se Deputado Federal e foi reeleito para o mesmo cargo no ano de 1927. Dois de seus projetos foram as proposta de voto secreto e obrigatório e a extensão do direito de voto às mulheres.

Pouco antes da Revolução de 1930 opôs-se à candidatura de Getúlio Vargas à Presidência da República. Basílio fazia parte da corrente política liderada por Raul Soares e foi por ele apoiado nas eleições em que foi vitorioso. Com a morte de Raul Soares Basílio passou a ser apoiado por Artur Bernardes. Porém, este apoiou a candidatura de Getúlio Vargas, à qual Basílio fez oposição.

Sua trajetória política terminou com a Revolução de 1930, quando exilou-se no Rio de Janeiro. A partir de então dedicou-se ao magistério e ao jornalismo, tendo colaborado em publicações periódicas como a revista Atlântida. Reassumiu suas funções na Escola Normal do Distrito Federal e foi convidado pelo Ministério das Relações Exteriores a examinar candidatos à carreira diplomática no Instituto Rio Branco.

Em 1935 Basílio foi reconhecido como historiador emérito. Sua monografia foi vencedora do “Prêmio Pedro II”, ampliada e refundida, passando a se chamar “Expansão Geográfica do Brasil Colonial”. Foi ainda o primeiro autor a dar profundidade erudita nos estudos folclorísticos, com a obra Folk-lore no Brasil, de 1928.

Foi autor de cerca de cem obras, era poliglota e pertenceu a 26 associações culturais, sendo 17 brasileiras e 9 estrangeiras. Sua biblioteca chegou a possuir cerca de 27 mil volumes.

Em 1952 o então Governador Juscelino Kubitschek, sabedor do estado de penúria em que vivia o historiador, encaminhou uma mensagem à Assembleia Legislativa de Minas Gerais propondo uma pensão mensal de cinco mil cruzeiros ao escritor, como pagamento para que Basílio anotasse e comentasse as Efemérides Mineiras, de José Pedro Xavier da Veiga. Basílio não mais tinha força física para tal tarefa, e por isso não aceitou o encargo nem a pensão.

Faleceu aos 83 anos de idade, em 14 de dezembro de 1957 na cidade de Lambari, vítima de hemorragia cerebral.

Basílio é patrono da cadeira 20 do Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei, e patrono da cadeira 7 da Academia de Letras de São João del-Rei.

Além disso, Câmara Cascudo dedicou-lhe um verbete no Dicionário do Folclore Brasileiro. O Salão Nobre da Prefeitura de São João del-Rei foi nomeado em sua homenagem, local onde funcionou por muitos anos o plenário da Câmara Municipal do município e onde ele exerceu as funções de presidente.

Algumas Obras
Expansão geográfica do Brasil colonial
Viagem pelo Amazonas e rio Negro, 1939. (Prefácio da 1ª edição)
O café na história, no folclore e nas belas-artes, 1939.
Estudos de História do Brasil, 1940.

Fonte:
Wikipedia

terça-feira, 28 de abril de 2020

Carlos Ribeiro Rocha (1923 – 2011)


Um dos mais notáveis poetas do Brasil. Nascido na cidade de Ipupiara, Bahia, próximo à Chapada Diamantina, em 4 de novembro de 1923, faleceu em 27 de novembro de 2011, em Salvador, Bahia.

Carlos Ribeiro Rocha é no dizer do sociólogo e crítico literário, Mário Ribeiro Martins, “o poeta da natureza, para quem a oportunidade não sorriu, mas cuja poesia é um sorriso eterno.”

Filho de Manoel Ribeiro dos Santos e de Maria Ribeiro. Nascido em Ipupiara, foi registrado em Gentio do Ouro, Bahia. Foi criado pelo seu pai adotivo Herculano Rocha e dona Bibi. Durante muito tempo viveu em Santo Inácio, Bahia. Mudou-se para Xiquexique, tornando-se contador. Transferiu-se para Salvador e depois para Itamaraju, Bahia, onde um de seus filhos é Juiz do Trabalho. Em 2002, retornou a Xiquexique, residindo ao lado de suas filhas Maria Luiza e Eunice. Em 2010 foi residir em Salvador.

Autodidata, o poeta baiano, com o apoio da comunidade, fundou em Santo Inácio, o Ginásio Diamantino (CNEC), do qual foi professor de Português durante dois anos seguidos. No início de sua carreira também fora professor municipal e particular em Ibitunane, Ibipeba e Ipupiara.

Por concurso público, tornou-se Coletor Federal, tendo residido em Santo Inácio, Xique-Xique, Itamaraju e Salvador, mas foi no interior da Bahia, onde teceu a maioria dos seus versos.

Cronista, sonetista e trovador fluente, aprendeu com a natureza e com os livros, sem frequentar, contudo, as salas de um Colégio, como ele mesmo afirma em suas trovas:

Colégio sem endereço/é o que me fez bacharel…/Nas trovas que sempre teço/é que brilha o meu anel.” “Sem Colégio, encontro tudo/ no livro da Natureza,/e como não tive estudo,/sou ave no visgo presa.” “O nome do meu Colégio?/Ninguém suas letras soma:/Nunca tive o privilégio/de receber um diploma.

Editou alguns livros, entre outros: “Harpa Sertaneja”, “Pingos De Mim”, “Meditações, Lições”, “Café Requentado”, “28 Sons” e “Coroa De Sonetos”.

O poeta não se prendeu a formas e a nenhuma corrente literária, por isso sua poesia é gostosa de ser lida, é harmônica e livre, como ele mesmo diz: “Não sou parnasiano, não pertenço/a escola alguma da arte modernista,/porquanto escrevo como sinto e penso… Se anel não tenho, mesmo de ametista,/ nas maravilhas desse livro imenso/ hei de encontrar a glória da conquista.

Sensível aos problemas brasileiros, especialmente do trabalhador simples e desvalido do Nordeste, empunha sua pena e diz: “ Pega da enxada – seu fuzil sagrado, e as ervas más fulmina do roçado, cantando sempre a chula da vitória. Eu te amo, lavrador abandonado… Se não podes por mim ser amparado, quero, ao menos, contar a tua história!

Não esqueceu, porém, das crianças abandonadas: “Cheirando cola, sem comida, sem escola, sem um barraco ao menos como lar, dá pena ver meninos a cumprir duros destinos, só aprendendo a roubar!… Faz vergonha aos Presidentes ver meninos nas vielas, com as bocas cheias de dentes e sem nada nas panelas”…

Com um toque de mestre, ele fala dos garimpeiros: “Ousado e firme, o garimpeiro busca,/no seio virginal do solo amado,/ a gema rara, que deslumbra e ofusca,/apagando as agruras do passado… Aquela joia pondo sobre a palma,/o altivo garimpeiro sente na alma/a brisa da ventura, tão serena! Também o bardo, com valor e calma,/um verso vai buscar no fundo da alma,/coberto ainda de saudade e pena!

Muito mais se poderia dizer da poesia de Carlos Ribeiro Rocha, que, não obstante ter participado do Anuário de Poetas do Brasil, Rio de Janeiro, organizado pelo saudoso Aparício Fernandes, em 1978, volume 1 e 1979, volume 4, infelizmente só é conhecido na Bahia e nos meios alternativos, onde goza de prestígio e do merecido respeito, mas seu nome consta no Dicionário Bio-Bibliográfico Regional do Brasil, do escritor Mário Ribeiro Martins, no site usinadeletras.com.br em Ensaios.

Membro de diferentes entidades sociais, culturais e de classe, entre as quais, Academia Anapolina de Filosofia, Ciências e Letras, Ordem Brasileira de Poetas Sonetistas, Clube Baiano de Trovas, Academia Brasileira de Trova. Fundou, juntamente com outros confrades, a Academia de Letras de Xiquexique, onde ocupou a Cadeira 01, sendo seu Presidente.

Fonte:
Filemon F. Martins. Carlos Ribeiro Rocha e sua poesia. Disponível em Usina de Letras.

sexta-feira, 10 de abril de 2020

Célio Simões de Souza (1947)

Célio Simões de Souza nasceu em Óbidos/PA (berço de José Veríssimo e Inglêz de Souza, fundadores da Academia Brasileira de Letras), em 24.12.1947, único filho homem do fazendeiro, adjunto de promotor e fiscal da SEFA Sr. Francisco Lôbo de Souza e da professora Lady Simões de Souza.

Em sua cidade natal estudou no Grupo Escolar José Veríssimo e integrou a primeira turma do Ginásio São José. Em Belém (onde reside desde janeiro de 1966), foi aluno do “Paes de Carvalho” e da UFPa, onde graduou-se em Direito em Julho/1976.

Em Belém, constituiu família, casado com a Pedagoga Fátima Augusta Oliveira Simões, com quem tem três filhos: Célio Augusto, Francisco Cezar e Sérgio Guilherme, todos formados em Direito. Desenvolve as suas atividades profissionais e acadêmicas, sem prejuízo das viagens que faz anualmente para conhecer a cultura dos muitos países que já visitou.

Pós-graduado em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho pela Universidade Cândido Mendes (RJ) e em História Cultural, pela Universidade da Amazônia (UNAMA)

Foi professor-coordenador na primeira Diretoria da Escola Superior de Advocacia e professor-orientador na UNAMA.

Fundou a Associação dos Advogados Trabalhistas do Estado do Pará, da qual foi vice-presidente, conselheiro e secretário.

Conselheiro da OAB/PA de 1983 a 1986. Ainda na OAB/PA, fundou e presidiu a Comissão de Prevenção ao Trabalho Escravo.

Fundador e conselheiro titular da União dos Juristas Católicos de Belém, tendo recebido do Papa João Paulo II especial benção apostólica pela sua atuação como advogado da população carente.

Fundou também o Centro de Estudos dos Advogados do Banco do Brasil do Pará e Amapá, do qual foi o primeiro Diretor Geral.

Foi nomeado em 12.12.90 para o cargo de Procurador-Chefe da Procuradoria Trabalhista da Secretaria Municipal de Assuntos Jurídicos da Prefeitura Municipal de Belém. É membro vitalício fundador do Conselho de Mediação e Arbitragem do Estado do Pará. Integrou banca examinadora de concurso para Juiz Substituto da Justiça do Trabalho da 8.ª Região.

Juiz do Tribunal Regional Eleitoral do Pará de 2005 a 2010.

Membro da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra da qual foi também Consultor Jurídico da Delegacia do Pará.

Participa atualmente como professor e advogado, de seminários, congressos, encontros, mesas redondas e simpósios de estudos de temas jurídicos, corporativos e sociais como palestrante, debatedor ou expositor, em eventos locais, nacionais e internacionais.

Ensaísta e poeta, tendo algumas de suas poesias musicadas pelo Des. Vicente Fonseca, seu parceiro musical.

Como cronista recebeu medalha de prata em São Paulo, em concurso de âmbito nacional.

Comendador da Ordem do Mérito Advocatício e membro titular das seguintes instituições culturais: Instituto dos Advogados do Pará; Academia Paraense de Jornalismo (Cadeira n.º 20); Academia Paraense de Letras Jurídicas (Cadeira n.º 08); Academia Artística e Literária de Óbidos (Cadeira n.º 01) que idealizou, fundou e preside; Academia Paraense de Letras (Cadeira n.º 26); Academia Paraense Literária Interiorana (Cadeira n.o 30); Sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós.

Possui mais de cem crônicas publicadas e é co-autor do livro “Um Abraço Apertado” editado em 2009. Inserem-se ainda em seu currículo suas atividades como juiz do Tribunal de Ética e Disciplina da OAB/PA, juiz arbitral do Conselho de Mediação e Arbitragem do Estado do Pará e juiz do próprio Tribunal Regional Eleitoral que pela segunda vez o condecorou.

Livros publicados:
“UM ABRAÇO APERTADO” (obra histórica coletiva), 1969; “UM POUCO DE MUITAS HISTÓRIAS” (crônicas/contos), 2016;  “RECADOS DA MEMÓRIA” (crônicas/contos), 2017; “ENCONTROVERSOS” (poesias), 2017;  “UM RIO DE HISTÓRIAS” (crônicas), 2017; “CONTAR PARA NÃO ESQUECER” (textos premiados), 2017; “ATEP – 40 ANOS – CASOS E MEMÓRIAS” (obra coletiva), 2019.

Algumas letras de músicas de sua autoria (em parceria com o músico e compositor Desembargador Vicente Malheiros da Fonseca):
Hanna (valsa); Elbinha (valsa) ; Izabelle (valsa) ; Santarém de Outrora (samba); Serra da Escama (marcha-rancho); Hino Oficial da Academia Artística e Literária de Óbidos (Aalo); Hino Oficial do Instituto Histórico e Geográfico do Pará (IHGP), entre outras

Obras Premiadas:
A PESCARIA (Crônica) = Medalha de prata da Revista Troféu, São Paulo, em Abril de 1976.
RETRATOS E FATOS DA LITERATURA OBIDENSE (esboço histórico literário) = Troféu Personalidade concedido pela Universidade Federal do Oeste do Pará/UFOPA/Santarém/PA, no IV Festival de Cultura, Identidade e Memória Amazônica de 24 a 25.07.2015.
TROFÉU INDIO PAUXI – Edição 2019 (Manaus/AM) em 27.09.2019, outorgado pela Associação dos Obidenses Residentes em Manaus (ADORM), pelo conjunto da obra como cronista e escritor.

Fonte:
O Impacto 
Dados enviados pelo autor

terça-feira, 31 de março de 2020

Antônio Sales (1868 – 1940)


Antônio Ferreira Sales nasceu em Paracuru/CE, em 1868 e faleceu em Fortaleza/CE, em 1940. foi um romancista e poeta brasileiro que ocupou os cargos de secretário da justiça e do interior no tempo em que General Bezerril governou o estado do Ceará, além de deputado estadual.

É muito lembrado como uma das figuras mais marcantes da literatura cearense por ter fundado a Padaria Espiritual juntamente com Adolfo Caminha, Antônio Bezerra, Lívio Barreto, Henrique Jorge, Juvenal Galeno e vários outros jovens intelectuais que formavam o círculo cultural de Fortaleza do fim do século XIX. A Padaria Espiritual ganhou bastante visibilidade por sua forma irônica e irreverente de criticar a "provincianidade" fortalezense da época em busca de um resgate criativo dos espaços e dos meios de cultura no Ceará, movimento que influenciou a Semana de Arte Moderna . Foi redator do jornal "O Pão", através do qual se divulgavam as ideias da agremiação literária que participava, do qual exerceu o cargo de padeiro-mor. É conhecido também por ser amigo de Machado de Assis e por jamais ter aceitado aos inúmeros convites de compor a, então em fundação, Academia Brasileira de Letras. É o patrono da Academia Cearense de Letras e foi batizado por Rachel de Queiroz como "padrinho e figura suprema das letras no Ceará".

Foi nos cafés da praça do Ferreira que Antônio Sales idealizou a Padaria Espiritual com seus amigos.

Publicou apenas um romance de estética realista regional, com traços também naturalistas, chamado Aves de Arribação, inicialmente publicado em folhetins do Correio da Manhã do Rio de Janeiro onde residia o escritor. Viria a ser publicado em forma de livro apenas em 1913. Substituiu Arthur Azeredo na seção humorística de O País, no Rio. Escreveu, os sonetos humorísticos das Agulhas e Alfinetes, do jornal carioca O Tempo.

Até ser reconhecido como escritor, trabalhou no comércio de Fortaleza com a precoce idade de catorze anos. Anos depois, passaria pela vida de funcionário público, político e jornalista, inclusive no Rio de Janeiro. Mas voltara à capital cearense em 1920, onde vivera até seu falecimento, em 14 de novembro de 1940.

O escritor, amigo de Machado de Assis, ajudara este a fundar a Academia Brasileira de Letras, mas segundo ele, por não discursar bem, não quis dela fazer parte.

Em 1892 fundou um movimento de renascença literária no Ceará chamado de Padaria Espiritual, agremiação que marcou, entre 1892 e 1898, a vida da provinciana capital do Ceará naqueles primeiros dias de República e da qual fizeram parte vários grandes autores cearenses.

A Padaria Espiritual
Antônio Sales foi o responsável por escrever o programa de instalação da Padaria, composta por artigos que definiam o modo e a composição da agremiação.

1 – Fica organizada, nesta cidade de Fortaleza, capital da Terra da Luz, antigo Siará (sic) Grande, uma sociedade de rapazes de Letras e Artes denominada – Padaria Espiritual, cujo fim é fornecer pão de espírito aos sócios em particular e aos povos em geral”.

2 – A Padaria Espiritual se comporá de um Padeiro-mor (presidente), de dois Forneiros (secretários), de um Gaveta (tesoureiro), de um Guarda-Livros, na acepção intrínseca da palavra (bibliotecário), de um investigador das Coisas e das Gentes, que se chamava – Olho de Providência, e os demais amassadores (sócios). Todos os sócios terão a denominação geral de – Padeiros.

3 – Fica limitado em vinte o número de sócios, inclusive a Diretoria, podendo-se, porém, admitir sócios honorários que se denominaram Padeiros-livres. 4 – Depois da instalação da Padaria, só será admitido quem exibir uma peça literária ou qualquer outro trabalho artístico que for julgado decente pela maioria.

Um dos principais traços da Padaria Espiritual foi o regionalismo marcante. Além de todos os sócios ganharem o título de amassadores ou forneiros, dependendo das funções. Cada um tinha também o pseudônimo que sempre recebia um sobrenome de uma planta ou palavra indígena presentes na cultura cearense. O pseudônimo de Antônio Sales era Moacir Jurema.

Obras
    Versos Diversos, poesias (1890)
    Trovas do Norte, poesias (1895)
    Poesias (1902)
    Minha Terra, poesias (1919)
    Aves de Arribação, romance e novela (1914)

Fontes:
R. Magalhães Junior. Antologia de humorismo e sátira. RJ: Bloch, 1998.
Wikipedia

domingo, 29 de março de 2020

Solimar Braga de Oliveira (Baú de Trovas)


A mulher quando quer, manda,
mas quando manda não quer;
quando ela manda, desmanda.
- Quem entende o que é mulher?
- - - - - –

Anda a honra tão sem jeito,
neste mundo camuflada,
que, agora, qualquer sujeito
a exibe como fachada!
- - - - - –

As pessoas geralmente
deixam seu rastro no chão;
– o teu rastro unicamente
ficou no meu coração…
- - - - - –

As redondilhas que amamos,
e têm realce e frescor,
são sempre aquelas que armamos
com o cimento do amor…
- - - - - –

A verdade seja dita
numa trova sem valor:
– em cada mulher bonita
se encontra um verso de amor.
- - - - - –

Chegando ao fim da jornada,
sem passado e sem futuro,
no presente encontro o nada
porque nada mais procuro…
- - - - - –

Conhecerás pelos frutos
as plantas, boas ou más:
– vê que os homens dissolutos
não darão frutos de paz…
- - - - - –

Cultiva, amigo, a bondade,
E algum dia entenderás
que a maior felicidade
está no bem que se faz…
- - - - - –

Curvo-me ao fado perverso,
como te confesso assim:
-Sempre a buscar-te em meu verso,
sempre a fugires de mim!
- - - - - –

E aqui deixo a última nota
destas Trovas, coração:
– Eu, no amor, só vi derrota,
engano, nada, ilusão…
- - - - - –

Eu levo a vida cismando
no tempo todo perdido
do tempo em que andei sonhando
um tempo nunca vivido.
- - - - - –

Meu destino nesta vida
há de sempre ser assim:
– sempre a lembrar-te, querida,
sempre a fugires de mim…
- - - - - –

Não amo a felicidade,
que ninguém tem e não vê;
- amo a sombra da saudade
que me fala de você…
- - - - - –

Na velhice a gente vela,
talvez pensando, acordado:
– a vida não era aquela
que eu esbanjei no passado…
- - - - - –

Na vida, oceano inclemente,
de engano e tantos escolhos,
navega a infância inocente
tendo a esperança nos olhos.
- - - - - –

Nesta existência a alegria,
experimenta e verás,
está na doce poesia
de todo o bem que se faz…
- - - - - –

Promessas de amor! Inúteis
ilusões da humana lida!
– Assim, de coisinhas fúteis
vamos construindo a vida.
- - - - - –

Tenho o coração magoado,
não que me julgue infeliz,
mas por nunca ter amado
como devia e não quis…
- - - - - –

Tudo ilude, tudo mente,
na vida cheia de escolhos:
muita gente há descontente
com um sorriso nos olhos…
- - - - - –

Uma verdade parece
muita gente definir:
– quem muito sobe se esquece
que também pode cair…
______________________

Nasceu em Juiz de Fora, MG, em de 1913.  Filho do escritor e poeta Luiz J.de Oliveira e da educadora Ypoméia Braga de Oliveira.  Poeta, cronista, novelista, ensaísta, jornalista.   Iniciou os estudos no antigo grupo Escolar "Padre Anchieta" e depois no Colégio Nacional do Rio de Janeiro.  Em 1929, muda-se com os pais para Cachoeiro de Itapemirim (ES), onde deu continuidade a seus estudos no Ginásio "Pedro Palácios", depois Liceu "Muniz Freire".  Cursou Farmacologia na escola de Farmácia e Odontologia de Vitória.

A partir de 1930, dedica-se ao jornalismo e à literatura, tendo exercido a função de correspondente, diretor de sucursal, redator-chefe de jornais, revistas e emissoras de rádio de Cachoeiro de Itapemirim.  Fundou, organizou e tornou-se o 1º diretor do Departamento de Imprensa Oficial do Município de Cachoeiro de Itapemirim.  Integrou o quadro de colaboradores efetivos da "Revista Panamericana", editada no México e a "Revista Cachoeiro".  Foi membro correspondente da Academia Mineira de Letras, da Union Cultural Americana de Buenos Aires; do Grêmio Brasileiro de trovadores, de Salvador-BA.; da Academia Pedralva, de Campos-RJ.; do Centro de Los Insignidos de América, de Buenos Aires; da Liga Afetiva Portugal-Brasil, de Lisboa. Membro da Academia Híspano-Americana, de Costa Rica (Conselheiro n.º 76); da Academia Cachoeirense de Letras; da qual foi Presidente, ocupando a cadeira n.º 3; da Academia de Filosofia, Ciências e Letras de Anapolina-GO. Faleceu em Cachoeiro de Itapemirim/ES, em 1991.

Obras: "Ilha da Luz", 1947 (poesia); "A lágrima do Natal", 1949 (poesia); "Cidade Antiga", 1953 (poesia); "Ânfora Azul, 1956 (poesia); "Lamentação de Orfeu", 1957 (poesia); "Sangrando Mágoas", 1957 (poesia); "Paisagem Interior e outras paisagens, 1982.

Fontes:
Paulo Monteiro. A Trova no Espírito Santo.
Elmo Elton. Poetas do Espírito Santo.

quinta-feira, 26 de março de 2020

Gioconda Labecca

Gioconda do Carmo Labecca de Castro, nasceu em Campanha/MG, em 1931. Filha de Humberto Labecca e Iria de Resende Labecca, descendentes de italianos. Sua mãe foi professora na cidade de Campanha e aposentou-se por lá. Teve treze irmãos, todos falecidos.

Seus primeiros estudos foram feitos em Campanha e formou-se professora em Varginha/MG.

Desde muito cedo revelou um extraordinário talento para a composição de poesias. Seu primeiro poema foi publicado no "São Lourenço Jornal" quando contava apenas treze anos de idade.

Após a aposentadoria de sua mãe, a família mudou-se para o Rio de Janeiro, à procura de melhores condições de estudo para os filhos.

Tendo conhecido pessoalmente o Presidente Getúlio Vargas, foi nomeada como Investigadora no Departamento Federal de Segurança Pública, desde que era seu desejo trabalhar na Polícia.

Após dois anos como Investigadora, prestou concurso para o Ministério da Fazenda, no Depto. Administrativo do Serviço Público (DASP). Sendo transferida, posteriormente, para a Receita Federal, onde se aposentou.

Nessa época, ocupava suas noites ministrando aulas de dicção e oratória, conciliando o trabalho no Ministério da Fazenda com os estudos.

Noiva do Oficial da Aeronáutica Antônio Firizola, vivenciou a terrível tragédia de perdê-lo num desastre aéreo.

No rico ambiente cultural do Rio de Janeiro, envolveu-se com a intelectualidade, participando de vários grupos literários, notadamente, com o grande poeta general Arnaldo Damasceno Vieira, Presidente da Sociedade de Homens de Letras do Brasil, que a introduziu no meio literário, assim como com o poeta Manuel Bandeira, que a considerava a melhor declamadora de seus versos.

Fez cursos de Parapsicologia, Psicologia, Pirâmides, Radiestesia, Cromoterapia, na “Associação Mens Sana”. Curso de Parapsicologia no Hospital Santa Catarina SP. Curso Intensivo de Legislação Trabalhista no Palácio Tiradentes/RJ. Literatura na Academia Brasileira de Letras/RJ. História no Ateneu Paulista. Literatura na Academia Paulista de Letras, entre outros.

Sua estreia foi com o livro "Trinta Mensagens de Amor" lançado pela editora dos Irmãos Pongetti. O sucesso deste livro foi celebrado por muitos críticos literários que a comparavam a Olavo Bilac. Foi considerada a "Poetisa do Amor" pelo desassombro de seus versos. Após esse início auspicioso, seguiram-se mais vinte e um livros, ao longo dos anos, entre poesias, trovas, haicais e sonetos, evidenciando sua enorme energia criadora.

Membro da Academia de Brasileira de Trova/RJ (Cadeira de Teófilo Dias); Círculo de Cultura Luso-Brasileira e Luso-Espanhol – Portugal; Sociedade de Homens de Letras do Brasil/RJ; Academia Internacional Americana; Cenáculo Brasileiro de Letras e Artes/RJ; Instituto Histórico e Cultural Pêro Vaz de Caminha/SP; Sociedade Geográfica Brasileira/SP; Ateneu Angrense de Letras e Artes (Angra dos Reis/RJ); Academia de Letras e Artes de Paracambi/RJ; Pen Club de Curitiba/PR. Foi Presidente da Academia de Letras da Grande São Paulo (Cadeira de Augusto dos Anjos) nos Bienios 2009/2010, 2011/2012 e 2013/2014.

Algumas de suas obras:

Trinta Mensagens de Amor - 1954 ; Cânticos - 1956; Sonetos Escolhidos - 1970; A Estória do Zé Cachorro - 1973 ; Brasil dos Meus Sonhos - 1977; Ao Som de uma Flauta Doce - 1992 ; Conte Histórias Recitando - 1998 ; Voltando ao Passado - 2006 ; Trovas da Madrugada - 2010; Réquiem para a Saudade - 2011.

Fonte:
Wikipedia
Academia de Letras da Grande São Paulo

segunda-feira, 16 de março de 2020

Carlos Estevão de Oliveira (1880 – 1946)


Carlos Estevão de Oliveira, poeta pernambucano, nasceu em Recife, no dia 30 de abril de 1880 e faleceu em junho de 1946. Foi Diretor do Museu Goeldi, em Belém do Pará. Formado em Direito pela Faculdade do Recife. Carlos Estêvão foi, no início do século, um dos pioneiros do movimento trovadoresco no Brasil, iniciado em Recife com a publicação de uma coletânea de trovas intitulada "Descantes" em 1907. Nesse livrinho estavam reunidas trovas de Adelmar Tavares, que então tinha 19 anos,  amigo pessoal de Carlos Estevão e dos que promoveram tal coletânea como Carlos Estêvão, Manoel Monteiro, Moreira Cardoso e Silveira de Carvalho. Além da publicação mencionada, existe outra pequena publicação denominada "Cantigas", contendo novas trovas do Estevão. Esta obra está registrada no "Dicionário Literário Brasileiro Ilustrado" de Raimundo Menezes.

Depois de formado em Direito em 1907, Carlos Estêvão transferiu-se para Belém em princípios de 1908. O pai, que havia morrido em 1905, era  político militante e fora muito perseguido pelo Governador de Pernambuco. Esta situação de atrito e insegurança obrigou os dois irmãos, Luis e Carlos Estêvão, a abandonarem a terra natal. Parece que Carlos Estêvão ao fixar-se no Pará já estava com um emprego público garantido pelo Governador do Pará, foi nomeado Promotor de Justiça em Alenquer.

Em 1913, Carlos foi para Belém exercer a função de segundo prefeito de Segurança Pública do Estado, equivalente a Delegado de Polícia dos dias de hoje. Em 1914 foi nomeado Consultor Jurídico da Diretoria de Obras Públicas Terras e Viação, permanecendo nessa função até ser nomeado Diretor do Museu Paraense Emílio Goeldi, em 1930.

Além dessas funções de caráter oficial, Carlos Estêvão exerceu outras atividades ligadas à advocacia e ao comércio, bem como a de Fiscal de Bancos. Foi, também, um dos Diretores da Confederação das Colônias de Pescadores do Pará, entre os anos de 1930 e 1932.

Apesar disso, foi sempre um homem modesto, simples. Não tinha riqueza em moeda sonante; era honesto acima de tudo.

Carlos Estêvão morreu pobre, somente com a assistência da família, no Ceará. As suas preciosas coleções ele as doou ainda em vida para o governo de Pernambuco, que hoje as têm em exposição no Museu Estadual de Recife.

Nos últimos anos de sua vida em Belém, Carlos Estêvão morava com a esposa e a filha Lygia. Carlos Estêvão era casado com Maria Izabel Estêvão de Oliveira com quem teve três filhos

Além da cultura literária e científica de que era dotado, Carlos Estêvão possuía fina sensibilidade para a música. Conhecia bem os grandes compositores clássicos e tocava regularmente piano, tanto que, para usufruir desse deleite, havia em sua casa um desses instrumentos. Compunha também música sobre o folclore do Nordeste, das quais se destaca "Aquela canoa".
Não possuía predileção alguma pela política, tanto na Primeira República como após a Revolução de 30.

Dentre as grandes amizades de Carlos Estêvão sobressaíam os nomes do Presidente Getúlio Vargas, Magalhães Barata, D. Augusto Álvaro da Silva, na época Arcebispo Primaz da Bahia, D. Pedro de Orleans e Bragança, herdeiro do trono do Brasil, e inúmeras outras pessoas importantes como magistrados federais, ministros, militares, escritores, cientistas nacionais e estrangeiros.

Naturalista, deixou valiosos estudos inéditos sobre a fauna amazônica e a etnologia brasileira.

Desde 1930 foi um lutador ardente e realizador dos princípios na manutenção da flora e fauna em seus ambientes.

Desde muito novo, Carlos Estêvão foi um estudioso apaixonado dos índios brasileiros, Foi sempre um intransigente defensor desses povos , conheceu a fundo suas misérias e sofrimentos e em vão apelou para o bom senso dos compatriotas, em particular dos governantes da nação para que os socorressem com o mínimo necessário para evitar o    desaparecimento     irreversível    e brutal desses antigos donos da terra nativa. Quarenta anos de dedicados estudos ao problema indigenista brasileiro, notadamente sobre os índios antigos e em fase de quase desaparecimento de algumas áreas do Nordeste.

Carlos Estêvão de Oliveira viveu 37 anos no Pará. Irradiou sua simpatia por todos os cantos de Belém, transmitindo uma lição de esperança, de força de vontade, de trabalho e de confiança no futuro. Ninguém mais que Carlos Estêvão sabia impregnar-se e impregnar os circunstantes de otimismo com sua habilidade, espontaneidade e entusiasmo. Por isso deixou profundamente assinalada a sua trajetória na vida do Museu Goeldi.

Em fins de 1944 já se encontrava adoentado, e, sem mais energia. Algum tempo depois, sentindo-se mais abatido, viajou com a esposa para Fortaleza em busca de novos ares e melhoras.

Faleceu naquela cidade, a 5 de junho de 1946, tristemente esquecido e longe do calor do Pará, do Museu e dos amigos.

O jornal “Folha do Norte", de 6 de junho daquele ano, registrou: "Com o desaparecimento de Carlos Estêvão, o meio cultural e a sociedade sofrem imensa perda e o país um excelente cidadão. Seu maior desejo era morrer no Pará. Viveu pela Amazônia, mas o destino não lhe permitiu essa vontade de apaixonado pelos seus segredos".

Alguns dias depois, a Academia Brasileira de Letras prestou justa homenagem, com o elogio feito pelo seu velho amigo de faculdade, Dr. Adelmar Tavares.

Carlos Estevão faleceu como Diretor do Museu Paraense, pois o cargo era efetivo e não em comissão.

Fontes:
– Aparício Fernandes (org.). Trovadores do Brasil. 2. Volume. RJ: Ed. Minerva,
– Osvaldo Rodrigues da Cunha. Talento e atitude: Estudos Biográficos do Museu Emílio Goeldi. Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi, 1989.

terça-feira, 10 de março de 2020

Cândido Canela (1910 - 1993)

Cândido Simões Canela nasceu na cidade de Montes Claros/MG, no dia 22 de agosto de 1910 e faleceu em 07 de março de 1993. Filho de Antônio Canela e de D. Luiza Canela. Ele concluiu o curso primário na Escola Normal no ano de 1929. Atuante na vida política da cidade, foi vereador em diversos mandatos. Cândido tinha uma veia artística forte e era considerado pelo compositor e produtor Téo Azevedo como um dos maiores poetas brasileiros. 

Casado com Laurinda Prates de Souza Canela, com quem teve o filho, também poeta, Reivaldo Simões Canela. Na década de 40, editou o jornal humorístico O Gangorra. Nos anos 50, dirigia e apresentava o programa Alma Cabocla, na ZYD-7, onde também se apresentou com Antônio Rodrigues, com quem formou a dupla caipira Chico Pitomba e Mané Juca. Foi jornalista colaborando por muitos anos na Gazeta do Norte e no Jornal Montes Claros.
 
Em 1978 foi vencedor do 1º Festival Brasileiro da Música Caipira, promovido pela Rádio Record São Paulo, com a música “Temos pinga da saudade”, parceria com Téo Azevedo. Sua música “Saracurinha Três Pontes” foi gravada por Tonico e Tinoco e Pena Branca e Xavantinho. Cândido Canela também foi membro da Academia Montes-clarense de Letras. Ocasionalmente usou também o pseudônimo Chico Pitomba. 

Poeta, jornalista, compositor, radialista e trovador, tabelião em sua cidade natal do do Cartório do 1º Ofício por quase 50 anos. Integrou o teatro amador e era um apaixonado pelo palco. Teve suas obras “Lírica e humor no sertão” e “Rebenta boi” consagradas pelo público.

Fontes:
– Aparício Fernandes (org.). Trovadores do Brasil. 2. Volume. RJ: Minerva.
Prefeitura de Montes Claros. 

domingo, 8 de março de 2020

Antônio Assumpção (1922 – 1998)

Antônio Assumpção (Antônio de Castro Assumpção), filho de Arlindo Campos Assumpção e de D. Alda de Castro Assumpção, nasceu no Rio Grande (RS) em 28 de março de 1922 e faleceu no Rio de Janeiro, em 11 de novembro de 1998. Formou-se em Direito na tradicional Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (1946) e em Ciências Econômicas na Faculdade de Ciências Políticas e Econômicas do Rio de Janeiro (1973). Doutor em Direito e Livre-Docente de Teoria Geral, na Faculdade de Direito da Universidade Federal Fluminense (1962). Exerceu os cargos de Inspetor Federal do Ensino Secundário, Promotor Público e Juiz de Direito no Estado de São Paulo e, a partir de 1951, o de Juiz de Direito na cidade do Rio de Janeiro, sendo Desembargador do Tribunal de Justiça, depois de ter sido Juiz e Presidente do I Tribunal de Alçada do Estado do Rio de Janeiro. Após a aposentadoria, em 1992, voltou a exercer a advocacia. Dedicou-se, também, ao estudo da astrologia e da história de Portugal.

Portador do Colar do Mérito Judiciário, do Colar do Mérito Judiciário Militar, da Medalha do Mérito da Magistratura, da Medalha Estado da Guanabara, da Medalha Benjamin Constant, da Medalha da Ordem dos Velhos Jornalistas e da Medalha Cultural Pereira Coruja.

Em 1989 foi agraciado, pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, com o título de Cidadão do Estado do Rio de Janeiro.

Publicou "Estado Federal", "O Sentido do Direito" e "O Poder do Estado Contemporâneo", obra e escritos de doutrina jurídica, e *'Folhas do Outono", "Sol Noturno", "Novilúnio", “Seival”, “Perpétua Rosa”, “As Cinco Pontas da Estrela”, “A canção do africano”, obras poéticas.

Membro titular da Academia Brasileira de Ciências Morais e Políticas (Cadeira n.º 11); Academia Carioca de Letras (Cadeira n.º 6); Academia Rio-Grandense de Letras (Cadeira n.º 10).

Deixou para seus descendentes uma das maiores bibliotecas particulares do Brasil, com cerca de 25 mil volumes, repleta de relíquias como uma edição em latim do Corpus Juris Civilis (datada de 1825) e coleções completas de famosos juristas, economistas e poetas nacionais e estrangeiros.

Fontes:
Aparício Fernandes (org.). Anuário de Poetas do Brasil – 3. Volume. Rio de Janeiro: Folha Carioca, 1980.
Wikipedia.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Miguel Reale (1910 – 2006)


Miguel Reale, filho do médico italiano Biagio "Brás" Reale e de Felicidade Chiaradia, mineira de ascendência italiana nasceu em São Bento do Sapucaí/SP, a 6 de novembro de 1910. Brás Reale, que fora médico do Exército Italiano e clinicava em São Bento, resolve se mudar com a família para o Rio de Janeiro, então a Capital Federal. Lá, instalou farmácia e consultório. Certa noite, as ondas do mar invadiram a farmácia e destruiram tudo o que ali havia. Desanimado com o sucedido, Brás Reale se transferiu para a cidade de Itajubá, em Minas Gerais. Miguel Reale lá viveu até 1921. Em 1922, ingressou no Instituto Medio Dante Alighieri, em São Paulo, diplomando-se em 1929. Em 1930, Reale apoiou, como outros estudantes da Faculdade de Direito de São Paulo, o golpe de Estado que alçou Getúlio Vargas ao poder.

Foi casado com Filomena "Nuce" Pucci por 63 anos, com quem teve os filhos Ebe, Lívia Maria e Miguel Júnior.

Concorreu à Assembleia Nacional Constituinte para a Constituição de 1934 e fundou o jornal "Ação", em 1937. Formou-se pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (1934), onde foi professor catedrático (1941) e por duas vezes reitor eleito (1949 — 1950; 1969 — 1973).

Em 1969 foi nomeado pelo presidente Artur da Costa e Silva para a “Comissão de Alto Nível”, incumbida de rever a Constituição de 1967. Resultou desse trabalho parte do texto da Emenda Constitucional nº 1, de 17 de outubro de 1969, que consolidou o regime militar no Brasil.

Ocupou a cadeira 14 da Academia Brasileira de Letras, a partir de 16 de janeiro de 1975. Escreveu coluna quinzenal no jornal O Estado de S. Paulo, na qual tratou de questões filosóficas, jurídicas, políticas e sociais da atualidade.

Foi supervisor da comissão elaboradora do Código Civil brasileiro de 2002, cujo projeto foi posteriormente sancionado pelo presidente da República Fernando Henrique Cardoso, tornando-se a Lei nº 10.406 de 2002, novo Código Civil, que entrou em vigor em 11 de janeiro de 2003.

Miguel Reale teve atuação de relevo no campo da filosofia, tendo sido um dos fundadores da Academia Brasileira de Filosofia e do Instituto de Filosofia Brasileira de Lisboa, Portugal. Foi organizador de sete Congressos Brasileiros de Filosofia (1950 a 2002) e do VIII Congresso Interamericano de Filosofia (Brasília, 1972), relator especial nos XII, XIII e XIV Congressos Mundiais de Filosofia (Veneza, 1958; Cidade do México, 1963; e Viena, 1968), conferencista especialmente convidado pela Federação Internacional de Sociedades Filosóficas para os XVI e XVIII Congressos Mundiais (Düsseldorf, Alemanha, 1978; e Brighton, Reino Unido, 1988), e organizador e presidente do Congresso Brasileiro de Filosofia Jurídica e Social (São Paulo, 1986, João Pessoa, 1988 e Paraíba, 1990).

    Advogado militante de 1934 a 2006, com a publicação de dezenas de pareceres e razões forenses.
    Consultor Jurídico da Presidência da Light - Serviços de Eletricidade S.A., posteriormente Eletropaulo – Eletricidade de São Paulo S.A., de 1979 até 2006.
    Membro do Conselho de Administração da Eletropaulo – Eletricidade de São Paulo S.A., de abril de 1981 a abril de 1985.
    Ex-vice-presidente da Fundação Armando Álvares Penteado.
    Ex-presidente da Fundação Moinho Santista.
    Catedrático de filosofia do direito da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (1941); Professor Emérito da mesma Faculdade (1980)

Doutor honoris causa da Universidade de Gênova; Universidade de Coimbra; Universidade de Lisboa; Universidade Kennedy de Buenos Aires;Pontifícia Universidade Católica de Campinas (SP) e de Goiás; Universidade Federal do Paraná, Pernambuco, Goiás, Paraíba e Rio Grande do Sul; Universidade do Chile (Valparaíso); Faculdade de Direito de Caruaru (PE); Universidade de Lima (Peru); Professor honoris causa do Centro de Ensino Unificado de Brasília - UniCEUB

Conselheiro efetivo da Academia Interamericana de Direito Internacional e Comparado;     Do Conselho do Internationales Jahrbuch für Interdisciplinäre Forschung – Munique (Alemanha); Do Conselho Editorial dos Archives de Philosophie du Droit, Paris

Membro correspondente do Instituto de Derecho Parlamentario do Senado da República – Argentina; da Academia Interamericana de Direito Internacional e Comparado; da Academia Brasileira de Letras (Cadeira número 14); da Academia Brasileira de Letras Jurídicas; Membro Titular da Academia Paulista de Direito; da Academia Paulista de História; da Academia Paulista de Letras; da Associação Internacional de Direito Comparado, com sede em Paris; Membro de Honra da Associação Latino-americana de Estudos Germanísticos (ALEG); Presidente de Honra da Associação Brasileira de Filosofia do Direito e Sociologia do Direito (ABRAFI); Presidente do Instituto Brasileiro de Filosofia e Diretor da Revista Brasileira de Filosofia; Presidente honorário do Instituto de Filosofia Luso-Brasileira, com sede em Lisboa; Sócio correspondente da Academia das Ciências do Instituto de Bolonha; da Academia das Ciências de Lisboa; da Academia Nacional de Ciências de Buenos Aires; Sócio honorário da Sociedade Mexicana de Filosofia, etc.

Recebeu diversos diplomas e condecorações no Brasil e exterior.

Faleceu em São Paulo, a 14 de abril de 2006.

Algumas Obras

Atualidades de um Mundo Antigo (1936); Filosofia em São Paulo (1962); O Homem e seus Horizontes (1980); A Filosofia na Obra de Machado de Assis (1982); Introdução à Filosofia (1988); Filosofia do Direito (1953); O Direito como Experiência (1968); A Política Burguesa (1934); Teoria do Direito e do Estado (1940); Cem Anos de Ciência do Direito no Brasil (1993); Poemas do Amor e do Tempo (1965); Poemas da Noite (1980);     Sonetos da Verdade (1984); Vida Oculta (1990); De Tancredo a Collor (1992), etc.

Fonte:
Wikipedia

sábado, 8 de fevereiro de 2020

Rita Delamari (Cristais Poéticos)


A POESIA EM NÓS

No frio de nossos dias,
o calor da tua presença
aquece!

Das nossas bocas, 
palavras com veemência
e sintonia.

Tua voz rouca
e esse olhar em sorriso, 
minha tristeza fenece!

Em nossos ouvidos,
uma bela sinfonia
enlouquece!

É tudo tão preciso
Nesse nosso universo, 
sem ponto ou reticências.

Escrevemos os nossos versos, 
sem métrica, com ou sem rimas: 
é o nosso amor, fazendo poesia.
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CHUVA NO OUTONO

Nas folhas 
soltas a voar, 
ela demora a enxergar
que fora o vento,
e tão somente,
que levou consigo
uma lágrima de saudade 
na chuva de outono.
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ESCOMBROS

Meu peito inflama
com uma chama
que me invade 
de incertezas. 

A cada tombo 
me levanto
e organizo 
meus escombros.
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MÃE NATUREZA

Da natureza, tudo se extrai...   
Vida em meio a tanta devastação, 
um rio de poluição se vai 
e se abrupta na correnteza.

Uma mãe, no centro 
dessa imensidão,
os seus filhos
jamais abandona. 

Vida, vivos seres de tanta beleza,
Ela se consome em preocupação...
Observa o oceano: 
ainda rico em profundeza.
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ORVALHO

O orvalho da noite
chora testemunhando
tão profunda dor,
que dói como açoite.

Doida esta, a de amor...
Um choro que 
não é solitário,
ainda tenho sorte:

pelo orvalho
do choro que cai,
vem exalar seu perfume,
a flor!
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SEUS OLHOS

Os seus olhos são
como dois diamantes...
Parecem pedras preciosas,
que juntas estão

assim como nós,
na união de amantes,
nas horas gostosas
em que ficamos a sós...

E carregam um brilho
trazendo a sua beleza:
verdes e marcantes,
puros e fascinantes,
como a própria natureza.
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SOFREGUIDÃO

Ouço a voz do silêncio, 
a paz que acalenta a noite, 
a força do vento
que parece um açoite... 
Mas, não, é a magia
da minha feliz solidão, 
como um sussurro 
no infinito, na imensidão
de uma saga que, juro, 
não é angústia...  
É vida, é sofreguidão!
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Rita Delamari, nascida Rita do Rocio Alves dos Santos é graduada 1º Sargento da Reserva na Polícia Militar do Paraná  (PMPR). Começou seus escritos na adolescência. Cursou Redação Técnico-Científica com formação acadêmica em Pedagogia. A poesia se enraizou, durante o período em que seguiu a carreira militar: “meu encanto na poesia, minha centelha à posteridade.” É membro efetivo do Centro de Letras do Paraná, 2017.
Seus livros: Das pedras as flores, Ed. Íthala, 2011; Da janela do quarto, Ed. Blanche, 2015; Contornos e contrastes, Marianas Edições, 2018.
Participou de diversas antologias, dentre elas: Cronistas do Centro de Letras do Paraná (Coleção Literária de Autores Paranaenses, 2018), Histórias que vi, vivi e ouvi II (Associação Literária Lapeana, 2019) e Conexões Atlânticas IV (Ed. In-Finita Lisboa-Portugal/2019). Seu poema “Engrenagem” foi publicado em livro, com os vencedores do Concurso Literário Fazenda Rio Grande-PR/2018 (1º lugar, gênero poesia, categoria comunidade).

Fonte:
Poemas e Biografia enviados por Isabel Furini