quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Rosângela Boyd de Carvalho (O Negro na Literatura Brasileira: a necessidade de um novo paradigma de crítica social e literária)

A história da África e seus habitantes, especialmente os que foram trazidos para o Brasil como escravos e seus descendentes, ou seja, todos nós, transformou-se, ainda que tardiamente, em componente curricular obrigatório. Talvez não a obrigatoriedade mas o privilégio de saber sobre o continente africano devesse nos impulsionar a descobrir mais sobre uma terra tão íntima e ao mesmo tempo estranha, próxima e distanciada.

Há mesmo quem chegue a pensar que a África é um país e não um continente. E normalmente esse país é pensado como um lugar onde habitam povos “primitivos” que vivem em tribos em meio à floresta cheia de animais selvagens. (ADINOLFI, 2005: p.1)

Estes e outros estereótipos encontram-se amplamente divulgados pelos meios de comunicação e pelo próprio sistema educacional, ainda representando extensões do pensamento europeu do final do século XIX, até então considerado científico, mas que veiculou informações menos científicas do que ideológicas sobre o continente africano, a fim de justificar o sistema de dominação colonial.

Forjou-se um conceito de raças humanas pressupondo uma hierarquia em cujo topo estava, evidentemente, o branco (caucasiano). Na base estariam os povos africanos e outros de pele escura, como os aborígenes australianos, vistos como “incapazes”, “preguiçosos”, “atrasados”, “selvagens” que só poderiam ser salvos pela ação da colonização européia. (Idem, Ibdem)

O outro lado da moeda que estampa o africano incapaz e atrasado revela o branco superior e desenvolvido. A teia de conceitos confunde ciência com ideologia, individualidades com estereótipos, verdades com vontades, onde se tece uma outra forma de cativeiro: a escravidão simbólica que irá castigar incansavelmente a auto-estima dos afrodescendentes.

O texto literário do século XIX, ansioso por configurar nossa identidade nacional, deixa escapar as contradições de uma sociedade que deseja acompanhar os modelos da modernização européia, beneficiando-se ainda da herança nefasta da escravidão.(SCHWARZ, 1990) A literatura oficial brasileira, acompanhando o modelo social hierarquizado, teria desprestigiado as atuações das etnias diferenciadas até o início do século XX, à exceção de Lima Barreto e Solano Lopes que, mesmo assim, só bem mais tarde receberam algum reconhecimento. A representação dos negros na literatura ficaria restrita a alguns estereótipos, entre os quais, aqueles do negro dócil, castigado, submisso, ou, por outro lado, bestial, instintivo, carnal. Assim, ocorreu um processo que substituiu a invisibilidade por uma visibilidade estereotipada, que felizmente existiu para que pudesse ser desmentida, tal como aparece em Solano Trindade ao revelar o homem negro como um ser humano em sua complexidade, sujeito de uma escritura:

    Eu tenho orgulho de ser filho de escravo…
    Tronco, senzala, chicote,
    Gritos, choros, gemidos,
    Oh! que ritmos suaves,
    Oh! Como essas coisas soam bem
    nos meus ouvidos…
    Eu tenho orgulho em ser filho de escravo.


No entanto, a literatura encontra-se povoada por estereótipos de todas as cores: desde o Gaúcho de Alencar, que cavalgava pelos pampas sem subjetividade, à donzela pálida e assexuada, passando pelo índio homenageado por bom comportamento, o português rústico, o sertanejo jeca ou o nordestino retirante. Quanto à representação do negro, identificam-se dois grupos de autores: um deles representando os personagens negros a partir de estereótipos que apenas reproduziriam o modelo social hierarquizante; e um outro que busca subverter essa representação. Porém, talvez seja impróprio compará-los e, principalmente, cobrar dos primeiros o amadurecimento de uma consciência étnica e crítica que se construiu a partir de um processo histórico e estético que apenas o segundo grupo vivenciou.

Então, podemos indagar: Quando os negros participam da produção literária em forma de estereótipo, não seria possível encontrar do outro lado dessa moeda desvalorizada o branco também preso ao seu próprio estereótipo? Ah! Mas aí seria um estereótipo positivo, já que o europeu seria representado como o Senhor, como aquele que segura o cabo do chicote. No entanto, se compreendemos essa representação como “positiva”, não estaríamos compartilhando o mesmo ideário, a mesma concepção eurocêntrica que preparou tais dicotomias? Será que a concepção da negritude é uma capacidade epitelial?

Talvez esse sentimento dependa menos da origem do que da capacidade de duvidar de verdades construídas para proteger interesses, ou da vontade de verdade ocidental, que engendrou conceitos como raça, pureza, desenvolvimento etc. (NIETZSCHE, 1992) No entanto, reproduzir a ideologia dominante não caracterizaria necessariamente uma literatura não-negra, mas uma literatura não-crítica. Mas isso é igualmente uma classificação imprópria, principalmente se levarmos em consideração que os silêncios do texto também significam algo; que nós podemos detectar o que foi silenciado, como detectamos o silenciamento dos personagens negros, de seu aprisionamento em estereótipos, do mesmo modo que podemos observar o sacrifício e o sofrimento de Peri e Iracema, por mais que Alencar desejasse afirmar a harmonia do encontro entre o colonizador e o índio, ou tapar o sol com a peneira, como diz o ditado popular.

Uma outra personagem feminina, desta vez não uma índia mas uma mulata, teria recebido um tratamento inadequado pelo poeta Gregório de Matos. É em relação ao tratamento dispensado à mulher que o poeta estabelece uma nítida distinção entre as raças. Assim, ele retrata a mulher branca como um ser angelical – anjo no nome, angélica na cara – para deixar patente a sua inacessibilidade como ser superior, enquanto a visão que projeta da mulher negra corre em direção contrária, de modo que o rebaixamento no seu tratamento contrasta com a divinização emprestada à mulher branca. Daí, enquanto Maria é definida como santa, anjo ou deusa, à personagem Jelu não seria dispensado tratamento semelhante, restando-lhe os atributos que pertenceriam ao “sórdido”, “impuro” ou “bestial”

Assim, em contraste com a visão de amor platônico retratada no soneto que Gregório dedica a Maria, Jelu é transfigurada, sem a menor cerimônia, em gata dissoluta.(NASCIMENTO, 2006:p.59) Portanto, o poeta seiscentista ainda não transgride uma concepção de mundo baseada em dicotomias e hierarquias. No entanto, observando isso, poderíamos nos perguntar se tal paradigma classificativo é facilmente superável.

Afinal, quando um determinado paradigma de escolha nos incomoda – carnal em vez de espiritual, pureza em vez de luxúria, bestial em vez de humano, puta em vez de santa –, isso significa que ainda estamos operando nos termos de seu modelo dicotômico e hierarquizante, ou seja, que não superamos ainda a velha cartilha do pensamento ocidental que classificou os africanos como inferiores, incapazes e feios, enquanto ressaltava a inteligência, a beleza e a superioridade do europeu.

No fundo, o que efetivamente nos incomoda é a possibilidade de sermos identificados como pertencentes aos “impuros” ou “inferiores”, mas não propriamente a existência do modelo cultural que opera com dicotomias. Ora, pensando ou sentindo nesses termos, embora não conscientemente, o trabalho de crítica não está livre de reproduzir a mesma concepção de mundo daqueles que, antes de escravizarem os africanos, escravizaram os paradigmas de verdade e autoproclamaram-se modelos de excelência cultural, social ou racial.

Referências

ADINOLFI, Maria Paula Fernandes. “Africanidade: diversidade e unidade nas sociedades africanas”. In Cartilha do Museu Afro-brasileiro. Salvador: CEAO/UFBA, 2005. p.1

NASCIMENTO, Giselda Melo. O negro como objeto e sujeito de uma escrita. Londrina: UEL, 2006.

NIETZSCHE, Friedrich. Além do bem e do mal. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

SCHWARZ, Roberto. Um mestre na periferia do capitalismo. São Paulo: Duas cidades, 1990.
–––––––––––––
* ROSÂNGELA BOYD DE CARVALHO é Mestre em Literatura Brasileira pela UFF; Pós-Graduada em Cultura e Literatura Africana pela UCB; Profª. Titular de Literaturas na Faetec e Feuduc.

Fonte:
Artigo enviado poe Antonio Ozaí da Silva, da Revista Espaço Acadêmico, da Universidade Estadual de Maringá, n76, setembro de 2007, disponível em http://www.espacoacademico.com.br/076/76carvalho.htm

Cristovão Tezza (O Território do Escritor)

A língua é o espaço que forma o escritor. Tentar compreendê-la (essa tarefa impossível) será, portanto, um bom caminho para compreender a atividade da literatura. A questão é que há tantas línguas - e isso no universo do mesmo idioma - quanto há escritores. Quando falo de língua, não se trata apenas do simples depósito de palavras que circulam em uma comunidade, nem de um sistema gramatical normativo às vezes mais, às vezes menos estável numa sociedade, numa estação do ano, num sexo, numa região, numa família ou em parte dela, num lugarejo, numa classe social, naquela rua, num determinado dia, num livro - e quase nunca num país inteiro.

A língua em que circula o escritor jamais é uma entidade unitária. Não pode ser, em caso algum, uma ordem unida. Porque a matéria da literatura não é um sistema abstrato de regras e relações, uma análise combinatória de fonemas ou um conjunto de universais semânticos - como tem sido a língua para uma corrente considerável dos cientistas da língua. Justamente por serem abstratos, justamente por serem apenas fonemas e justamente por serem universais, esses elementos primeiros são desprovidos de significado - servindo a todos, não servem a ninguém. De fato, não chegam a se constituir em "língua", uma vez que deles se suprimiu a outra parte indispensável da palavra: o falante.
 
O falante - o homem que tem a palavra - é portanto o verdadeiro território do escritor: a língua real e concreta é ele. E em que sentido ele pode ser considerado uma entidade universal? Isso interessa, porque no exato momento em que uma palavra ganha vida, na voz do falante, ela ganha também o seu limite: o pé no chão, que não é qualquer chão, o espaço, que é esse espaço, e não outro, o ar que se respira, o tempo, o dia, a hora, toda a soma das intenções muito específicas convertidas no impulso da palavra; e, é claro, a ninguém interessa o que a palavra quer dizer de velha (isso até o dicionário sabe), mas o que ela quer dizer de nova, isto é, o que é novo e surpreendente no que se diz. Esse espetáculo das vozes que falam sem parar no mundo em torno, ou nesse mundo em torno, nesse exato momento, é a vida indispensável de quem escreve. É nessa diversidade imensa e imediata que se move quem escreve, o ouvido atento.

Mas há ainda um terceiro complicador na palavra, além da sua matéria mesma e além daquele que fala. Porque, se desdobramos a palavra, descobrimos que quem lhe dá vida não é exatamente o falante. Ninguém no mundo fala sozinho. Mesmo que, numa redução ao absurdo, isso fosse possível - ou seja, uma palavra que dispensasse os outros para fazer sentido - ela seria uma palavra natimorta, um objeto opaco à espera de um criptólogo que lhe rompesse o isolamento, como um Champollion diante de uma pedra no meio do caminho, mas então a suposta pureza original auto-suficiente estaria destruída.
 
Assim, surge outro território essencial de quem escreve: o território de quem ouve, a força da linguagem alheia, dos outros, num sentido duplo - interessa tanto o que os outros nos dizem (e somos nós que damos vida a essas palavras que vêm de lá, antes mesmo de se tornarem voz), quanto o que nós dizemos (e são eles, os outros, que dão vida ao que dizemos, antes mesmo de a gente abrir a boca). Para a palavra e para tudo que significa, os outros não são uma escolha, mas parte inseparável. Mesmo solitários, de olhos e ouvidos fechados, isolados na mais remota ilha do mais remoto oceano, no fundo de uma caverna escura e silenciosa, mesmo lá ouviríamos, em cada palavra apenas sonhada, a gritaria interminável dos que nos ouvem.

Enquanto isso, é sempre bom lembrar que nesse trançado infinito de vozes o que trocamos não são símbolos e códigos neutros; nem sinais de computador, nem mensagens unilaterais; a vida da linguagem está no fato de que não ouvimos ou lemos apenas sons ou letras, mas desejos, medos, ordens, confissões; de que não falamos ou escrevemos sinais, mas intenções, pontos de vista, sonhos, acusações, defesas, indiferenças. Ninguém entende a linguagem como certa ou errada (exceto nos cadernos escolares), mas como verdadeira, mentirosa, bela, nojenta, comovente, delirante, horrível, ofensiva, carinhosa... É exatamente nesse pântano inseguro dos valores que se move o escritor. E é apenas nesse terreno de valores que a forma da palavra pode ganhar seu estatuto estético, a sua dignidade poética, historicamente flutuante.

A língua do escritor é uma entidade necessariamente impura, contaminada, suja de intenções, povoada previamente de muitas outras línguas (do mesmo idioma ou fora dele), de milhões de vozes. Se nessa diversidade essencial está a riqueza de quem escreve, nela também está a sua fronteira necessária, e, em última instância, a sua ética. Para formar a minha palavra, eu preciso da palavra do outro compartilhando com ela a força e o valor de origem - esse o meu limite. A palavra que eu tomo em minhas mãos, como ensina Bakhtin, não é nunca um objeto inerte - há sempre um coração alheio batendo nela, uma outra intenção, uma vida diferente da minha vida, com a qual eu preciso me entender, se pretendo significar. Assim, a minha liberdade de criação, a minha palavra, tem na autonomia da voz do outro o seu limite. O que parece a natureza mesma da linguagem, o seu duplo, talvez possa se transformar, para o escritor, na sua ética.

Para encerrar, voltamos à questão primeira: se tudo que significa, significa aqui e agora, na urgência do tempo da vida e no limite do espaço dos nossos passos, em que sentido a língua é uma entidade universal? Entre a língua que falam os brasileiros e a que falam os franceses e os americanos e os nigerianos e os esquimós e os tupis, e dentro de cada uma delas, entre os que são a e os que são b, há uma relação universal de sinais ou uma relação muito específica de força? Só vejo uma resposta: de força, é claro, mas pode se tornar universal, desde que a universalidade se entenda como uma escolha, uma penosa construção da cultura e nunca como uma dádiva dos deuses, uma imposição política ou uma essência mesma da linguagem. O desejo da comunhão universal será sempre, também, matéria prima do escritor, porque a arte, ao contrário dos homens, ou é generosa ou não existe - mas isso, mais uma vez, é outra história.

Fonte:
coletânea Do músculo da Boca - Textos do Encontro "Galego no Mundo" - Santiago de Compostela, 2000. Disponível em http://www.cristovaotezza.com.br/textos/contos/p_territorio.htm

Nilton Manoel (Didática da Trova) Parte 6

2.2 ORIENTAÇÕES E CUIDADOS QUE AJUDAM

Acreditamos que, o texto a seguir seja oportuno para quem lê, recita ou declama um poema:

“Aprender a pontuar não é aprender um conjunto de regras transmitidas através de um discurso sobre o que são e para o que servem os sinais de pontuação.
Aprender a pontuar é aprender um conteúdo procedimental de natureza complexa. E como todo conhecimento procedimental, pontuar se aprende pelo uso.

O sistema de pontuação não é composto apenas pelos sinais que conhecemos – ponto final,dois pontos, travessão, virgulas etc.... Dele fazem parte os brancos que centralizam o título, o branco que indica parágrafo, a letra maiúscula, os sublinhados, negritos, itálicos etc.

A função da pontuação no texto escrito não é indicar pausas para respirar. Sua função é separar, traçar as “fronteiras que” vão indicar ao leitor como o texto deve ser lido.

A pontuação é um atributo do texto e recurso da textualidade e não um elemento da frase.

Textualidade é aqui entendida como conjunto de relações que se estabelecem à partir da coesão e coerência.
( CENP, Letra e Vida, 2005, Mod.III, M3U6T8, p.1-2)

É necessário e importante conhecer rimas; porém, não podemos empregar uma rima que não combine a mensagem que está sendo desenvolvida no poema.

Rima é a repetição de sons semelhantes no final de um verso. Pode ser consoante (mesmo som a partir da vogal  tônica) ou toante (rima com a vogal tônica do verso). Na trova, as rimas são. Esquema ABAB.

O poeta deve ser paciente; ler, reler, declamar e trabalhar o poema até que fique pronto. Não devemos nos preocupar com o tempo gasto na feitura de um poema, mas com o seu produto final. O trovador Adelmar Tavares deu-nos a avaliação de fácil e difícil e Olavo Bilac no poema Profissão de Fé. A construção do saber é constante. Começamos lendo com os olhos e depois com todos os órgãos dos sentidos. As conclusões ocorrem à medida que desenvolvemos a aprendizagem poético-literária. Nos dicionários modernos todas palavras estão separadas em sílabas. O verso é feito com sílabas  (poéticas) e, isto leva a aprofundar os conhecimentos. O alfabeto é composto de 5 vogais e as demais são consoantes. Lembremos que o H tem o som da vogal e junta-se na métrica com a sílaba anterior. Cada vez que abrimos a boca, falamos um pedacinho de uma palavra e isto recebe o nome de sílaba. Na forma fixa o poeta  tem que ser exímio metrificador. As silabas gramaticais são apresentadas nos dicionários modernos, facilitando professor e aluno na docência e na aprendizagem. Os encontros de vogais são chamados vocálicos e os encontros de consoantes, consonantais. A palavra dia tem um encontro vocálico, porém  num verso metrificado é separada por ser um hiato. Com relação aos encontros consonantais, devemos atentar-nos na ocorrência do “suarabact”.  Quanto a pronúncia da sílaba forte, oxítona,na última (boné), paroxítona, penúltima (telefone), proparoxítona, antepenúltima ( bombástico). O acento agudo, serve para indicar que a sílaba é tônica e que a vogal têm som aberto. O acento circunflexo, serve para indicar  que a sílaba é tônica e tem o som fechado. A sílaba tônica é  vida  na forma poética. Diversos poetas têm produções com rimas em sons abertos e fechados. Já assinalamos em trovas anteriores esta ocorrência.  Quanto a classificação das palavras quanto a sílabas tônicas, citamos boné,telefone e bombástico. Quanto aos ditongos (encontro de duas vogais pronunciadas em uma mesma sílaba) tem  força na escrita  de um verso. O Decálogo de Metrificação  exemplifica-nos a importância. O hiato tem deixado muita trova sem premiação. As palavras dissílabas – lua, rua, tua; as trissílabas – poeta, miolo, saúde; as polissílabas  são menos  freqüentes nos versos heptassílabos.

Convém não esquecer  que verso é cada linha de um poema. Em algumas regiões do Leste e do Nordeste, por verso, é conhecida a quadra  popular sob a  influência das cantigas de roda.

Luiz Vieira, trovador e cantor de sucesso, visitando o marco zero de Ribeirão Preto, lendo as trovas que contornavam a Fonte Luminosa da Praça XV, assim escreveu, em 17/5/85:

Quando eu pude aqui chegar,
vi tanto amor, tanta graça
que resolvi vir plantar
um verso meu nesta praça.

Luiz Vieira, hoje cidadão ribeirão-pretano, homenageia a capital do Interior paulista, com a Cantiga pra Ribeirão, de onde extraímos estes versos:
nas praças pardais trovadores...
minha Ribeirão da Poesia,
minha capital do saber

Na metrificação de um verso, as sílabas são contadas até a última sílaba tônica. O que vimos neste capítulo reforça a estrutura da Trova, revê os conceitos dicionarizados e prepara-nos para a prática pedagógica da trova.

Continua… prática da trova em sala de aula

Fonte:
Nilton Manoel. A Didática da Trova. Batatais, 2008.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Hermoclydes S. Franco (Album de Recordações) n.5


Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 638)

Uma Trova de Ademar 
Amores na mocidade
sempre deixam cicatrizes,
marcas de dor e saudade
no peito dos infelizes...
–Ademar Macedo/RN–

Uma Trova Nacional 


Fim de tarde, sol já posto...
Chega a noite enluarada,
satisfazendo o meu gosto,
consagrando a madrugada!
–Vânia Maria Souza Ennes/PR–

Uma Trova Potiguar 


Nas cortinas descerradas...
cada máscara aparente,
são cenas representadas
da própria vida da gente!
–Francisco Macedo/RN–

...E Suas Trovas Ficaram 


Das mensagens que mandaste
o tempo apagou as linhas,
mas lembranças que deixaste:
jamais se apagam, são minhas...
–Graziela Lydia Monteiro/MG–

Uma Trova Premiada 

2009  -  Nova Friburgo/RJ
Tema  -  SAUDADE  -  4º Lugar


Saudade é um velho barquinho
que vence o tempo e a distância
e recolhe, no caminho,
os pedacinhos da infância …
–Ercy Mª Marques de Faria/SP–

U m a P o e s i a 


Apesar de sabedor
do que fiz desde menino,
todo dia aos céus eu peço
a proteção do divino
pra seguir a diretriz
de ser eterno aprendiz
na busca do meu destino.
–Hélio Pedro/RN–

Soneto do Dia 
LAR.
–Héron Patrício/SP–


O meu lar, não me invejem os senhores
- e as senhoras desculpem-me, também -
é mais do que um castelo de esplendores,
maior do que um palácio...muito além!

O meu lar - onde estão os meus amores
e a espécie humana, a quem eu quero bem,
adorna-se de luzes e de cores
se a inspiração, de súbito, me vem.

Meu lar fica no imenso e azul diamante
que, iluminado, vai, nas noites quietas,
a vagar pelo cosmo, sempre adiante...

Meu lar - mundo de artistas e de estetas -
é todo este planeta azul, brilhante,
onde vivem e sonham os Poetas!

Fonte :
seleção e imagem por Ademar Macedo

Raquel Ordones/MG (Meu Mar de Amar)


Nilton Manoel (Didática da Trova) Parte 5

  2.1 SOBRE A DEFINIÇÃO DE TROVA

 “É uma composição monostrófica, formada de 4 versos que condensam todo o pensamento ou emoção. É a forma preferida pela lírica popular, mas também cultivada largamente por poetas de renome.
Mas o que é uma trova? É apenas um pequeno poema, de 4 versos, medindo cada verso 7 sílabas. Eis uma forma que se fixou pela consagração popular. Há quadras com qualquer número de sílabas, de 1 a 12. Não são trovas, entretanto. A trova é uma redondilha maior, ou seja, em versos de 7 sílabas. ( TAVARES,1974, p 309)
             
A definição está nos parâmetros da UBT, e não podemos  considerar trova, mas quadra, esta produção de Laurindo Rabelo:

Cabeça! Que desconsolo!
Cabeça! Força é dizê-lo:
- Por fora, não tem cabelo;
por dentro, não tem miolo.
(CRUZ,1966, p.369):


                 Exige-se que na moderna trova, as rimas estejam dispostas em ABAB. Essa “quadra” tem as rimas ABBA e, apesar da mensagem completa e de perfeição métrica, não é trova literária.Os exemplos que apresentamos se concorrentes a certames literários, seria na pré-seleção, excluída

Mal de amor raro se perde;
é como nódoa de amora:
Só com outra amora verde
A nódoa se vai embora.
Frederico Brito, português
-
Chamaste-me a tua vida;
E eu tua alma quero ser;
A vida acaba côa morte;
A alma não ode morrer.
Tomás Antônio Gonzaga  (CRUZ,1966,p.362)


Na primeira há,  as rimas “perde” - “verde”  e na segunda seu esquema é ABCB. Diversos outros fatores técnicos pesam na feitura de uma trova, como GOLDSTEIN  nos revela:

1- A Unidade do Poema - “Como  toda obra de arte, o poema tem uma unidade, fruto de características que lhe são próprias.

2  O Ritmo do Poema – “Toda atividade humana se desenvolve  dentro de certo ritmo.(...) O rítmo aparece também na produção artística do homem. De um modo especial, na poesia’. (...) ‘A poesia tem um caráter de oralidade muito importante: ela é feita para ser falada, recitada”.   

 3- O rítmo como criação do poeta:- “ As noções de “metro, verso e ritmo” estão estreitamente  ligadas em nossa tradição literária”. (GOLDSTEIN,1991, p.5-7-11)

O poeta J.G. de Araújo Jorge, na introdução de Trovas,  editado  pela Vecchi, dá conotação didática a  esta trova de Lilinha Fernandes:

É  a trova em seu natural
mordaz, alegre ou dolente,
lindo trecho musical
de quatro notas somente.

Os poetas J.G. de Araújo Jorge e Luiz Otávio implantaram os  Jogos Florais Brasileiros. O que são Jogos Florais?

 Os Jogos Florais não tiveram suas origens na Idade Média; em verdade, nasceram  na  Antiga Roma como grandes festas populares em homenagem a Flora, deusa das flores. Flora era mãe da Primavera e as festas acabaram se transformando em concursos poéticos onde os vencedores recebiam coroas de flores.
 
 Em 1323, na França, mais especificamente em Toulouse, sete  poetas organizaram a Academia dos Jogos Florais de Toulouse. O primeiro concurso poético deu como prêmio ao vencedor uma violeta de ouro, isto em 1º de maio de 1324. Estes Jogos Florais se tornaram anuais e os vencedores recebiam como prêmio jóias em forma de flores. 

Daí as duas versões sobre Jogos Florais:

-concursos poéticos em homenagem a Flora;

-concursos poéticos cujos prêmios tinham a forma de flores.
 
 Em 1363, D. João I  de Aragão criou, em Barcelona, um Consistório que realizou os I Jogos Florais de Barcelona,onde, pela primeira vez, foi escolhida a Rainha da Festa. 

Em 1964, os Jogos Florais, na França, tinham o patrocínio da Academia de Belas Artes.
 No Brasil houve os Jogos Florais de Santos (SP) em 1914,1915 e 3 1.916,promovidos pelo Liceu Feminino de Santista, com gêneros poéticos que não a Trova.
 
Em 1958, J.G. de Araújo Jorge e Luiz  Otávio foram vencedores de um concurso da Casa da Bahia,no Rio de Janeiro,tendo como prêmio uma viagem a Salvador. Na volta surgiu a idéia de realizar  Jogos Florais no Brasil,exclusivamente de Trovas, e que os primeiros seriam em Nova Friburgo. E foi assim em 1960, sob o tema Amor; e o primeiro lugar coube ao trovador Rodrigues Crespo.
 
Logo em seguida,em 1961, foi a vez de Pouso Alegre (MG) realizar seus primeiros Jogos Florais,com o tema Esperança e, o 1º lugar coube a José Maria Machado de Araújo , trovador de inúmeras premiações, falecido recentemente, no Rio de Janeiro (RJ) onde residia. (Texto do Boletim Informativo da UBT- Nacional,nº 440,2005,p.3)

Os Jogos Florais tem como sustentáculo a Trova e, as festividades são desenvolvidas com atividades variadas, durante três dias; palestras e premiação solene, a Missa em Trovas de A. A . Assis, são pontos referenciais. O papa João Paulo II prestou significativa homenagem ao autor que é de Maringá (PR)

 Os XXII Jogos Florais de Ribeirão Preto e Nova Friburgo têm já divulgados os temas para 2009.

A Câmara Municipal de Nova Lisboa, Serviços Culturais, editou o Boletim Cultural de Huambo, nº 29, agosto de 1974, onde à página 5, ressalta os XXV Jogos Florais de Nova Lisboa, na ocasião comemorando 62 anos de criação da cidade de Huambo, a partir de 1928 designada Nova Lisboa. Nas festividades comemorativas ao aniversário, os Jogos Florais que, anualmente, desde 1.948, realiza a aproximação dos povos irmãos de Angola, Portugal e Brasil. Neste evento, bastante concorrido tivemos  dez trovas premiadas dentro dos parâmetros internacionais da promoção. Vamos aqui nos prender a três delas que, de algum modo nos lembra outros trovadores aqui citados;                                                       

Ei-las,

Devido à gente apressada
quantas vidas se  consomem!
o homem constrói a estrada
e a estrada destrói o homem.
Dimas Lopes de Almeida

Em seu labor, a Vaidade
e o guarda-sol são iguais.
toda a sua actividade
é por na sombra os demais.
Luiz Santos Costa

 A  União Brasileira de Trovadores (U.B.T) foi fundada a 21 de agosto de 1966, na cidade do Rio de Janeiro, e teve três presidentes nacionais: Luiz Otávio,      (1967 -1969), Carlos Guimarães (1970-1995), João Freire Filho (1996-2003) e atualmente, em Pouso Alegre-MG., desde 2004, Eduardo Toledo.

São finalidades da UBT: o estudo, cultivo, divulgação da trova e congraçamento entre os trovadores. (artº 3º) no § 1º  Sem desconsiderar como trova “ a composição poética de quatro versos setissílabos rimando pelo menos, o 2º com o 4º e com sentido completo”, a UBT determina como trova, para Concursos,

 “a composição poética de quatro versos setissílabos rimando o 1º com o 3º, o 2º com o 4º e com sentido completo”; § 2º Para efeito no disposto neste artigo, considera-se trovador o autor da trova.
( Estatuto Nacional da UBT, 2005, p. 8)
                Os trovadores são afilhados de São Francisco e seu poema é a “oração do trovador”. O Hino dos Jogos Florais, letra e música de Luiz Otávio, em sua I parte é envolvente:

Salve os Jogos Florais Brasileiros!
a cidade se enfeita de flores!
corações batem forte, fagueiros,
a saudar meus irmãos trovadores!


               Os trovadores, têm, também, Hino do Trovador e o Hino da UBT, todos apresentados em reuniões administrativas ou festividades literárias. Os trovadores são irmãos na trova, inspirados em Meus Irmãos,os Trovadores.
             
 Na sua estrutura, a trova tem quatro versos de sete silabas poéticas que perfazem 28 silabas. O poeta-trovador deve conhecer versificação. Na internet, em sítios de busca, encontramos o Tratado de Versificação de Olavo Bilac e Guimarães Passos, RJ, 1905, considerado de primordial grandeza didático-histórica. As noções  primárias de versificação são encontradas em livros de língua portuguesa e as figuras de linguagem, na Minigramática de Cegalla, ofertada aos alunos pelo MEC-FNDE em 2005.
             
  A UBT realizou pesquisas sobre metrificação. O ensaio  de Luiz Otávio, consagra-se específico como forma de orientação técnica. A medida dos versos, preocupa os poetas através dos séculos. Na trova de Castilho, constatamos isto na escansão de cada  linha poética;

A/qui/, sim/, no/ meu/can/ti/nho,
1   2       3     4    5    6   7
ven/do/ rir/-me o /can/de/ei/ro,
1    2    3      4      5    6  7  
go/zo o / bem /de es/tar/ so/zi/nho
1    2       3        4     5    6  7
e es/que/cer/ o / mun/do in/tei/ro.
1      2    3    4     5      6    7
(FERREIRA, 1964, p.XXXI)

    O estudo de Luiz Otávio, confirma que as sílabas são contadas até a última tônica de cada  verso. As pontuações não impedem as junções silábicas. 
               
continua...

Fonte:
Nilton Manoel. A Didática da Trova. Batatais, 2008.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Hermoclydes S. Franco (Album de Recordações) n.4


Giuseppe Artidoro Ghiaroni (Poesias Escolhidas)

A MÁQUINA DE ESCREVER

Mãe, se eu morrer de um repentino mal,
vende meus bens a bem dos meus credores:
a fantasia de festivas cores
que usei no derradeiro Carnaval.

Vende esse rádio que ganhei de prêmio
por um concurso num jornal do povo,
e aquele terno novo, ou quase novo,
com poucas manchas de café boêmio.

Vende também meus óculos antigos
que me davam uns ares inocentes.
Já não precisarei de duas lentes
para enxergar os corações amigos.

Vende , além das gravatas, do chapéu,
meus sapatos rangentes. Sem ruído
é mais provável que eu alcance o Céu
e logre penetrar despercebido.

Vende meu dente de ouro. O Paraíso
requer apenas a expressão do olhar.
Já não precisarei do meu sorriso
para um outro sorriso me enganar.

Vende meus olhos a um judeu qualquer
que os guarde numa loja poeirenta,
reluzindo na sombra pardacenta,
refletindo um semblante de mulher !

Vende tudo, ao findar a minha sorte,
libertando minha alma pensativa
para ninguém chorar a minha morte
sem realmente desejar que eu viva !

Pode vender meu próprio leito e roupa
para pagar àqueles a quem devo.
Sim, vende tudo, minha mãe, mas poupa
esta caduca máquina em que escrevo!

Mas, poupa a minha amiga de horas mortas,
de teclas bambas, tique-taque incerto.
De ano em ano, manda-a ao conserto
e unta de azeite as suas peças tortas.

Vende todas as grandes pequenezas
que eram meu humílimo tesouro,
mas não! ainda que ofereçam ouro,
não venda o meu filtro de tristezas!

Quanta vez esta máquina afugenta
meus fantasmas da dúvida e do mal,
ela que é minha rude ferramenta,
o meu doce instrumento musical!

Bate rangendo, numa espécie de asma,
mas cada vez que bate é um grão de trigo.
Quando eu morrer, quem a levar consigo
há de levar consigo o meu fantasma!

Pois será para ela uma tortura
sentir nas bambas teclas solitárias
um bando de dez unhas usurárias
a datilografar uma fatura!

Deixa-a morrer também quando eu morrer;
deixa-a calar numa quietude extrema,
à espera do meu último poema
que as palavras não dão para fazer.

Conserva-a, minha mãe, no velho lar,
conservando os meus íntimos instantes,
e, nas noites de lua, não te espantes
quando as teclas baterem devagar!

AS ÁRVORES CORTADAS

Deceparam as árvores da rua!
Sem troncos hirtos na calcada fria,
a rua fica inexpressiva e nua;
fica uma rua sem fisionomia.

0 sol, com sua rústica bondade,
aquece até ferir, até matar.
E a rua, a rir sem personalidade,
não da mais sombras aos que não tem lar.

As árvores, ao vento desgrenhadas,
não lastimam a peia das raízes:
Olvidam sua, dores, concentradas
no sofrimento de outros infelizes.

Eu penso, quando à frente dos casais
vem sentar-se um mendigo meio-morto,
que uma fronde se inclina um pouco mais,
para lhe dar mais sombra e mais conforto.

Sem elas, fica a triste perspectiva
de uns muros esfolados, muito antigos,
que se unem na distância inexpressiva
como se unem dois trôpegos mendigos.

Quando vier com o seu farnel de lona,
arrimar-se à sua árvore querida,
o ceguinho de gaita e de sanfona
será capaz de maldizer a vida.

E aquela magra e tremula viuva
que anda a esmolar com filhos seminus,
quando o tempo mudar, chegando a chuva,
dirá que dela se esqueceu Jesus!...

Meu Deus, seja qual for o meu destino,
mesmo que a dor meu coração destrua,
não me faças traidor, nem assassino,
nem cortador de arvores da rua!

DENTRO DA NOITE

Dentro da noite, quando vem, de cima,
o ar que o espírito respira, o clima
que o Deus da Sombra esconde numa urna;
num silêncio de túmulo e de rocha,
a alma oculta dos homens desabrocha
como uma flor noturna.

Dentro da noite há todos os segredos:
pensamentos que são pontas de dedos
pousando em epidermes proibidas.
Corações que se vão, alados de ânsias,
errando além de todas as distâncias,
em busca de outras vidas.

Arrastam-se, morosos, os instantes;
batem sofrendo os corações amantes;
franzem-se as testas que ninguém afaga.
E a alma dos seres se volatiliza,
buscando o céu e o mar, tremendo à brisa
como uma ânsia vaga.

Passemos pelo bar. Estranha festa
de gente que ama e gente que detesta,
buscando alívio na noite impura.
O bar é um copo a transbordar de Vida!
Meus amigos, que cheiro de bebida!
Que cheiro de amargura!

Falai comigo quando, à luz da lua,
eu vou com minha sombra pela rua,
sou vagabundo e vivo!

A noite é a Pátria espiritual do triste,
do homem que insiste em ser maior, que insiste
em garimpar as margens da matéria.
Nela tudo trepida de incerteza.
O pobre tem um pouco de riqueza
    e o rico, de miséria!

Ambiciosos que gastam a existência
numa intrigante e cega concorrência,
quando anoitece, olham-se espantados.
E trocando seus sonhos e seus planos,
Sabem sorrir, subitamente humanos,
como ressuscitados!

Dentro da noite, os homens embuçados'
levam consigo os sonhos e os pecados,
levam consigo o mundo de amanhã.
E floresce o Ideal, forma impoluta;
floresce sobre tanta coisa bruta
e tanta coisa vã!

Conheço uma beldade mutilada
que so na noite lúgubre, gelada,
se aventura a sair com seu desgosto.
E sai, ligeira como um diabo astuto,
tendo o corpo de luto, a alma de luto
e um negro véu no rosto.

Essa figura fascinante e horrenda
é como tudo o mais que se desvenda
para vibrar no potencial da sombra.
Como a angustia do povo, o sonho, o estudo
a revolta dos mártires e tudo
que nos fascina e assombra!

Porque nas trevas tremem os tiranos
vendo marchar os corações humanos
como grandes exércitos de horror.
Vendo marchar milhoes de heróis sem nome,
unificados pela eterna fome
que é um eterno amor!

Oh, Noite! Oh, mãe das minhas tristes obras?
Vejo surgirem sois das negras dobras
do teu manto de dor gerando lutes?
És um ventre sem fim: quando te inclinas,
nascem impérios, nascem guilhotinas,
nascem Cristos a Cruzes?

O MENOR ESFORÇO
Ferreiro e filho de ferreiro,
um dia visitei meu vizinho carpinteiro.
E ao ver quanto a madeira era macia
em relação ao ferro que eu batia,
deixei de ser ferreiro.

Tornei-me carpinteiro e, vendo o oleiro
modelando o seu barro molemente,
cobicei seu oficio de indolente
e larguei meu formão de carpinteiro.

Mas fui depois a casa do barbeiro,
que alisava uns cabelos de menina.
E achando aquela profissão mais fina,
deixei de ser oleiro.

Um dia, em minha casa de barbeiro
entrou um poeta de cabelo ao vento.
E ao ver quanto era livre e sobranceiro,
troquei minha navalha e meu dinheiro
por sua profissão de encantamento...

Meu Deus! Por que deixei de ser ferreiro ?

Fonte:
JORGE, J. G. de Araújo.  Antologia da Nova Poesia Brasileira. Ed. Vecchi, 1948.

Giuseppe Artidoro Ghiaroni (1919 - 2008)

Giuseppe Artidoro Ghiaroni (Paraíba do Sul/RJ, 22 de fevereiro de 1919 — Rio de Janeiro, 21 de fevereiro de 2008)

De origem humilde, em sua juventude Ghiaroni foi aprendiz de ferreiro, caixeiro, ajudante de cozinha e office-boy. Ao mudar-se para a cidade do Rio de Janeiro, trabalhou como redator do "Suplemento Literário" e no jornal "A Noite", de onde passou para a Rádio Nacional (ambas as empresas ficavam no mesmo edifício, na Praça Mauá, centro do Rio) onde consagrou-se como cronista daquela emissora. Foi o autor de "Mãe", uma das novelas de maior sucesso da Rádio Nacional e que em 1948 foi transformada em filme (Mãe) com a direção de Teófilo de Barros Filho.

Radiofonizada por Giuseppe Ghiaroni e baseada no maior tema religioso e dramático da humanidade, 'A Vida de Nosso Senhor Jesus Cristo' foi ao ar pela primeira vez em 27 de março de 1959, pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro. A Vida de Nosso Senhor Jesus Cristo reuniu quase uma centena de artistas para fazer as vozes dos personagens bíblicos. O trabalho contava com a narração de Cesar Ladeira e a locução de Aurélio Andrade e Reinaldo Costa e participação de todo o então famoso cast de rádio-teatro da emissora. Anualmente era reproduzida em capítulos durante a Sexta-Feira da Semana Santa.

Ghiaroni foi ainda contratado da Rede Globo. Entre outros trabalhos, assessorou Chico Anysio na década de 1990, quando este produzia a "Escolinha do Professor Raimundo".

Suas novelas de maior expressão no rádio foram: MÃE, A Gloriosa Mentira, O Bom Irmão.
Seu programa de maior sucesso: ROMANCE

Obras (poesia)
O Dia da Existência (1941)
A Graça de Deus (1945)
Canção do Vagabundo (1948)
A Máquina de Escrever (1997)

Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Giuseppe_Artidoro_Ghiaroni
JORGE, J. G. de Araújo. Antologia da Nova Poesia Brasileira. Ed. Vecchi, 1948.

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 637)

Uma Trova de Ademar  

Muda-se a cor preferida,
troca-se a corda do sino,
muda-se tudo na vida...
Mas não se muda o destino.

–Ademar Macedo/RN–

Uma Trova Nacional


Sou, no retorno ao passado,
– meu teatro de deslizes,
um mero ator fracassado
no palco dos infelizes!

–José Valdez Moura/SP–

Uma Trova Potiguar


Luzes que foram clarão,
na estrada da meninice;
são sombras de solidão,
nos caminhos da velhice!!!

–Luiz Dutra/RN–

Uma Trova Premiada

1987 - Resende/RJ
Tema - ABANDONO - 2º Lugar


Abandonado e tristonho,
guri de rua, sombrio,
puxa as cobertas do sonho
pra agasalhar-se do frio.

–Paulo Cesar Ouverney/MG–

...E Suas Trovas Ficaram


Mostrando a força incontida
na teimosia e na fé.
Por mais que eu caia na vida
meus sonhos ficam de pé!

–Marisol/RJ–

Uma Poesia

SAUDADE...
–Antonio Roberto Fernandes/RJ–


...Quem diz que a saudade é roxa,
quem diz que a saudade é triste
e quem diz que não existe
quem a possa definir,
não sabe o que é saudade.
Saudade é mais do que isso.
Saudade é como um feitiço,
Saudade é falta de ti...

Soneto do Dia  

ASSIM SÃO MEUS VERSOS.
–Sônia Sobreira/RJ–


Assim são meus versos, enigmáticos,
como ventos que bailam nas andanças,
são mistérios, são fúlgidas lembranças,
luzeiros cintilantes, mas estáticos.

São girassóis altivos e fleumáticos,
são quimeras, retalhos de esperanças,
cantilenas que embalam as crianças,
fantasias dantescas de fanáticos.

Frágeis anseios a rimar cansaços,
que choram seus lamentos nos meus braços,
num desconsolo que jamais se acalma.

São espectros com dedos gigantescos,
desenhando nas pedras arabescos,
que entrelaçam pedaços de minh'alma.
Fonte:
Ademar Macedo

Murilo Rubião (A Casa do Girassol Vermelho)

No Brasil, Murilo Rubião é um dos pioneiros do conto fantástico, que se destacou na década de 70, por influência de alguns escritores latino-americanos. Mas a linhagem é clássica, machadiana, enveredando quase sempre pelo clima da fantasia. Em 1978, publicou o livro de contos A Casa do Girassol Vermelho.

A mais notável característica da obra de Murilo Rubião é o uso de epígrafes bíblicas que se desdobram num jogo intertextual: uma leitura inicial e isolada revela apenas o referente bíblico ou poético, já uma leitura mais atenta e crítica permite traçar uma profunda interdependência alegórica entre epígrafe e conto.

A contragosto, eis como os personagens de Murilo vivem ou narram os acontecimentos: gostariam de poder escapar da história em que foram lançados. E, além de viverem a contragosto, elaboram o discurso correspondente. Narram-se as descobertas pertencentes a um mundo não muito bom, e a condição de prisioneiro. A questão não interessa apenas aos personagens, atinge de cheio os leitores, que se sentem também prisioneiros.

Exemplo marcante do a contragosto é A casa do girassol vermelho. Os personagens movem-se dentro de um espaço fechado, um lugar atrasado, distante da civilização, em "imensos jardins longe da cidade e do mundo". O único espaço externo que nos damos conta é a vila onde anteriormente moravam os filhos adotivos de D. Belisária. Quando a história está para ser concluída, um trem passa lembrando aos membros da tribo que no mundo há mais alguém. Mas a lembrança nada traz. Naquele momento, coisa alguma poderia dar sentido aos acontecimentos.

A casa do girassol vermelho é o espaço onde se desenrolam os acontecimentos: campo, distante da vila, afastado da cidade. É ao mesmo tempo as pessoas que aí vivem, um tipo social. A brutalidade de Simeão e de Surubi parece ser própria do lugar.

O trem é o espaço em movimento. Não sabemos para de onde vem e nem quem são os passageiros. Ele é rápido e termina por captar alguma coisa da vida dos habitantes da casa de Simeão. O trem transporta ao menos o olhar do narrador: "Além de nós, havia no mundo mais alguém".

A casa do girassol vermelho se passa no meio rural. Seus personagens são seres do mundo agreste. Tudo neles é extremado, sem limites, refinamento e urbanidade. São incivilizados. São mais próximos da natureza. Um mundo de necessidade e escassez. Mundo ao mesmo tempo da orgia, da festa e da punição, da perversão sexual. O grupo é tribal: Simeão e Belisária são pais adotivos dos dois grupos de irmãos. O jogo da sexualidade oscila entre a mais completa repressão (Belisária morre virgem porque "o marido considerava pecado o ato sexual" e Xixiu mergulha na represa para aí desaparecer) e a mais completa permissividade (incestos etc.) Nesse universo, a morte dos pais significa libertação e é festejada.

Antes da passagem do trem, Xixiu mergulhara e desaparecera na represa: "...fora ao encontro de Simeão", o repressor, que morrera na véspera, para o último e verdadeiro combate. O mergulho também é uma forma de deslocamento, como o trem.

Após a morte de Simeão, os filhos comemoram dançando: a casa respirava uma alegria desvairada". Surubi, o narrador, afirma que "Todos os acontecimentos alegres da nossa existência eram comemorados com bailados coletivos".

É notável o determinismo natural a que estão submetidos os personagens. Para exercer o controle sobre os filhos, Simeão separa os homens das mulheres e vigia-os. Xixiu, o mais perseguido, é também o mais vigilante com relação à irmã. Simeão controla os instintos, a natureza interna do homem. Simeão é, assim, alguém que se considera responsável pela formação dos outros personagens, assim como o professor em Os dragões e o narrador de Teleco, o coelhinho.

Fonte:

Afonso Louzada (Fernão Dias Paes Leme)

A morte de Fernão Dias Paes Leme (Década de 40),
Raphael Gaspar Falco (1885-1967)
Óleo sobre tela

Varando as regiões desconhecidas,
entre matas e rios e montanhas,
no calor das audácias e façanhas,
buscando as pedrarias escondidas.

as “bandeiras” rasgavam as entranhas
da terra virgem; mil lutas renhidas,
desbravando paragens mal feridas,
no assombro das florestas mais estranhas.

Na braveza das serras misteriosas
atrás das esmeraldas, alma brava
que era de um povo o símbolo gigante,

as mãos crispadas apertando, ansiosas,
as suas pedras verdes, expirava
Fernão Dias Paes Leme, o bandeirante.

––––––––––––-
Fernão Dias Paes Leme (1608-1681) nasce provavelmente na vila de São Paulo do Piratininga, descendente dos primeiros povoadores da capitania de São Vicente. A partir de 1638 desbrava os sertões dos atuais estados do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, chegando ao Uruguai. Em 1661 fixa-se nas margens do rio Tietê, perto da vila de Parnaíba, e administra uma aldeia com cerca de 5 mil índios escravizados. Em julho de 1674 parte de São Paulo à frente da bandeira das esmeraldas, da qual Fazem parte o genro Manuel da Borba Gato e os filhos Garcia Rodrigues Pais e José Dias Pais. Este último conspira contra o pai, que manda enforcá-lo como exemplo. A expedição alcança o norte de Minas Gerais, e por mais de sete anos o bandeirante explora os vales dos rios das Mortes, Paraopeba, das Velhas, Aracuaí e Jequitinhonha. Encontra turmalinas, que pela cor verde confunde com esmeraldas. Morre de malária, ao retornar a São Paulo.

Fonte:
LOUZADA, Afonso. Templo Abandonado. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1945.

Nilton Manoel (Didática da Trova) Parte 4

CAPITULO II

A ESTRUTURA POÉTICA DA TROVA


Pelo tamanho não deves
medir valor de ninguém;
-Sendo quatro versos breves
como a trova nos faz bem”
.
(Luiz Otávio)

Nos dicionários, ainda, a antiga definição de trova:

1.Composição lírica ligeira e mais ou menos popular. 2. Quadra de tom popular.TROVADOR:-Designação dos poetas líricos dos séculos XII e XIII, do sul da França, especialmente da Provença.2. Designação dos poetas líricos portugueses que, nos últimos séculos da Idade Média, seguiam o estilo dos poetas provençais.3. Aquele que trova;poeta (1). 4. Poeta medieval; menestrel. (FERREIRA, 2001,p.690).

Como nas trovas apresentadas no capítulo I, todas têm a mesma forma, ou seja, a definição literária “composição poética de quatro versos com sete sílabas, rimando pelo menos o segundo com o quarto e tendo sentido completo”. A definição está em Meus Irmãos, os Trovadores, de Luiz Otávio, pág. 12, Vecchi,1956, considerado como o início do Movimento Literário de Trovadores. A trova é síntese; é um micro-poema que encanta tanto que, o trovador, com arte transforma célebres sonetos (dois quartetos e dois tercetos) em uma “quadrinha” apenas. Em Língua e Literatura-Luso Brasileira, Delson Gonçalves Ferreira, afirma;

“Djalma de Andrade escreve:
“Carlos Góis, grande professor de português que aqui viveu cerca de trinta anos,era, com muita razão,admirado e querido. (...) Quando colecionava cantigas populares para seu livro de mil trovas, acreditava que o “Mal Secreto” de Raimundo Correia fora inspirado na seguinte quadra sertaneja:

“De muita gente que existe
E que julgamos tão ditosa,
Toda ventura consiste
Em parecer venturosa”. (*)


Engano do mestre. A trova não é popular. Medeiros e Albuquerque a compôs, entre outras, quando quis sintetizar em poucos versos os sonetos de célebres poetas brasileiros.” ( Estado de Minas 5 - 6- 1959 ). (*) No rodapé da página, encontramos; 10 - C.Góis – Mil quadras populares brasileiras- RJ.1916.

Sonetos inesquecíveis são reduzidos a 28 sílabas de uma Trova.

Há quem me julgue perdido,
porque ando a ouvir estrelas...
Só quem ama tem ouvido
para ouvi-las e entendê-las.


Apresentamos aqui, o soneto XIII, de Olavo Bilac: Ouvir Estrelas, para que possamos verificar em cada verso, três sílabas a mais do que os setissilábicos da Trova. Este tipo de poema é composto de duas quadras e dois tercetos. Temos os sonetos heróicos com dez sílabas poéticas e os alexandrinos com doze sílabas poéticas. O soneto e a trova têm história secular. Na feitura, o poeta, precisa cuidar do entrelaçamento dos versos para fortalecer a oralidade da mensagem.

OUVIR ESTRELAS

Ora (direis)ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso! ” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las. Muita vez desperto
Abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do Sol, saudoso e em pranto
inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora:” Tresloucado amigo
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?

E eu vos direi: Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”


Nos concursos literários em geral, exigem-se rimas ABAB, ao estilo deste feliz achado de Adelmar Tavares

Que linda trova perfeita,
que nos dá tanto prazer;
-Tão fácil depois de feita.
-Tão difícil de fazer!


Sentimos na mensagem que a produção literária requer cuidados especiais de “ corpo (forma) e alma (fundo)”. Isto lembra Olavo Bilac em “Profissão de Fé”:

Quero que a estrofe cristalina,
dobrada ao jeito
do ourives, saia da oficina
sem um defeito.


Alguns trovadores, por vezes, descontentes com o produto final de seus textos, como justificativa, usam da mensagem de Somerset Maughan: “ eu não escrevo como quero; escrevo como posso”. (LOUREIRO, p.17,1976)

continua

Fonte:
Nilton Manoel. A Didática da Trova. Batatais, 2008.

UBT/Seção Curitiba (Convite para Eventos de 16 a 19 de Agosto)

DIA 18 DE AGOSTO DE 2012:
Reunião Mensal.

A União Brasileira de Trovadores - Seção de Curitiba, convida todos os Trovadores, Poetas e Amigos simpatizantes da Trova, para a reunião mensal da UBT - Curitiba, dia 18 de agosto de 2012, das 14h30m às 17h, no Centro de Letras do Paraná, Rua Fernando Moreira, nº 370, quase esquina com o SESC da esquina.

* Tema para o concurso interno do mês de agosto:

- PRANTO (Lírica/Filosófica) (O resultado será divulgado na reunião interna do mês de SETEMBRO).

* DENTRO DA PROGRAMAÇÃO:

- Entrega de homenagens aos trovadores Apollo Taborda França e Angelo Batista.

- Revoadas de trovas (Reunião dedicada a Trovas referentes aos temas de agosto, tais como: Pai, Soldado, Advogado, Exercito brasileiro, Folclore, Estudante, Selo Nacional, Nutricionista, etc.).

- Divulgação do Resultado dos concursos interno temas: Mulher e Cristal.

- Apresentações Musicais:

- Sorteio de Brindes

- Lanche

* Participe durante a reunião das revoadas, declamando trovas sobre os temas do mês de maio e também com temas de sua preferência.

SUA PRESENÇA RENOVA A TARDE DA TROVA!
==========
DIA 16 DE AGOSTO DE 2012:
Palestra comemorativa dos 10 anos da Oficina Permanente da Poesia.

A Academia Paranaense da Poesia convida para Palestra a ser proferida por Fabrício Carpinejar em comemoração aos 10 anos da Oficina Permanente da Poesia. O poeta Gaúcho virá a Curitiba a convite da Biblioteca Pública do Paraná. O Evento acontecerá no dia 16 de agosto de 2012 (quinta feira), no Auditório Paul Garfunkel, das 18h às 20h na BPP 2º andar. É aberto ao público em geral e tem entrada franca. Durante o evento também haverá um painel com fotos dos principais momentos da Oficina nestes 10 anos de existência.
==============
DIA 19 DE AGOSTO DE 2012:
Tertúlia e almoço em comemoração ao Centenário do Centro de Letras do Paraná.

09h00min: Saída em carros alegóricos, ocupantes vestidos a caráter, da sede do Cenáculo, até a Av. Luiz Xavier (Boca Maldita), em seguida para o Parque Barigui, estacionamento nas proximidades do Salão de Atos da Prefeitura no parque.

10h30min: Tertúlia Literária no Parque Barigui.

12h30min: Tertúlia no interior do apontado Salão de Atos. Almoço por adesão, ao valor de R$38,00 (trinta e oito reais), com água mineral e refrigerante.

Obs.: ingressos à venda na secretaria do Centro de Letras do Paraná, ou, entrar em contato com Vania Ennes.

Não deixe para a ultima hora, adquira já o seu ingresso!!!

Abraços,
Andréa Motta
Presidente da UBT-Curitiba


Fonte:
Andréa Motta

XXXII Concurso da Academia de Trovas do Rio Grande do Norte (Classificação Final)

CONCURSO PARA SÓCIOS EFETIVOS

Tema LAGO:


1º lugar: José Lucas de Barros,
2º lugar: Mara Melinni de Araújo Garcia,
3º lugar: Ubiratan Queiroz de Oliveira,
4º lugar: Ademar Macedo;
5º lugar: Francisco Garcia de Araújo,
6º lugar: Manoel Cavalcante Souto de Castro,
7º lugar: Francisco Garcia de Araújo,
8º lugar: José Lucas de Barros,
9º lugar: Hélio Pedro de Souza,
10º lugar: Ademar Macedo,
11º lugar: Manoel Cavalcante S. de Castro
12º lugar: Ivaniso Galhardo,
13º lugar: Antônio Rodrigues Neto,
14º lugar: Severino Campelo,
15º lugar: Hélio Pedro de Souza.

COMISSÃO JULGADORA:
Lisete Johnson,
Alba Christina Campos Neto
Geraldo Nogueira


CONCURSO PARA SÓCIOS CORRESPONDENTES

Tema ILHA:


1º lugar: Arlindo Tadeu Hagen/MG
2º lugar: Wanda de Paula Mourthé/MG
3º lugar: Arlindo Tadeu Hagen/MG
4º lugar : Therezinha Brisolla/SP
5º lugar: A. A. de Assis/PR
6º lugar: Maria Madalena Ferreira/RJ
7º lugar: Maria Madalena Ferreira/RJ
8º lugar: A. A. de Assis/PR
9º lugar: Wanda de Paula Mourthé/MG
10º lugar: Gislaine Canalles/SC
11º lugar: Delcy Canalles/RS
12º lugar: Gislaine Canalles/SC
13º lugar: Wandira Fagundes Queiróz/PR
14º lugar: Delcy Canalles/RS
15º lugar: Wandira Fagundes Queiróz/PR

COMISSÃO JULGADORA:
Antonio Colavite/SP
Darly O. Barros/SP
Newton Vieira/SP.


CONCURSO DE ÂMBITO ESTADUAL
Tema MELODIA:


1º lugar: Manoel Cavalcante de Souza Castro,
2º lugar: Paulo Roberto da Silva,
3º lugar: José Lucas de Barros,
4º lugar: Hélio Pedro Souza,
5º lugar: Ademar Macedo,
6º lugar: Paulo Roberto da Silva,
7º lugar: Fabiano de Castro Magalhães Wanderley,
8º lugar: Hélio Pedro Souza,
9º lugar: Francisco Garcia de Araujo (Prof. Garcia),
10º lugar: Ivaniso Galhardo,
11º lugar: Antônio Rodrigues Neto,
12º lugar: Ivaniso Galhardo
13º lugar: Ademar Macedo,
14º lugar: Israel Maria dos Santos Segundo,
15º lugar: Severino Campêlo.

COMISSÃO JULGADORA
Edna Gallo
Maria Nelsi Sales Dias
Antônio Colavite Filho
Todos da UBT de SANTOS/SP.


CONCURSO DE ÂMBITO NACIONAL
Tema SOM:


1º lugar: José Valdez de Castro Moura/Pindamonhagaba/SP
2º lugar: Ercy Maria M. de Faria/Bauru/SP,
3º lugar: Adilson Maia/Niterói/RJ,
4º lugar: Darly O. Barros/são Paulo/SP,
5º lugar: Ercy Maria M. de Faria/Bauru/SP,
6º lugar: Therezinha Diegues Brisolla/São Paulo/SP,
7º lugar: Renato Alves/Rio de Janeiro/RJ,
8º lugar: Almerinda F. Liporage/Rio de Janeiro/RJ,
9º lugar: Darly O. Barros/são Paulo/SP,
10º lugar: Wanda de Paula Mourthé/Belo Horizonte/MG,
11º lugar: J. B. Xavier/São Paulo/SP,
12º lugar: Simão Elane Marques Rangel/Rio de Janeiro/RJ,
13º lugar: Domitilla Beltrame/São Paulo/SP,
14º lugar: Antônio Claret Marques/Guaxupé/MG,
15º lugar: Therezinha Diegues Brisolla/São Paulo/SP,

COMISSÃO JULGADORA:
Marcos Antônio Medeiros
Hélio Pedro de Souza
Hélio Alexandre S. Souza


CONCURSO DE ÂMBITO NACIONAL
Tema BARULHO(H):


1º lugar: Sandro Pereira Rebel/Niterói/RJ,
2º lugar: Therezinha Diegues Brisolla/São Paulo/SP,
3º lugar: José Ouverney/Pindamonhangaba/SP,
4º lugar: Edmar Japiassú Maia/Nova Friburgo/RJ,
5º lugar: Manoel Cavalcante de Souza Castro/P.Ferros/RN,
6º lugar: Giva da Rocha/São Paulo/SP,
7º lugar: Elen de Novais Félix/Niterói/RJ,
8º lugar: Sandro Pereira Rebel/Niterói/RJ,
9º lugar: A.A. de Assis/Maringá/PR,
10º lugar: Flávio Roberto Stefanii/Porto Alegre/RS,
11º lugar: Arlindo Tadeu Hagen/Belo Horizonte/MG,
12º lugar: Francisco José Pessoa/Fortaleza/CE,
13º lugar: Therezinha Tavares/Nova Friburgo/RJ,
14º lugar: Maria Madalena Ferreira/Magé/RJ,
15º lugar: Therezinha Tavares/Nova Friburgo/RJ,

COMISSÃO JULGADORA:
Francisco Garcia de Araújo (Prof. Garcia),
Marcos Antônio Medeiros,
José Lucas de Barros.

-
Sinceros parabéns a todos os classificados, e convidamo-los a participarem da Festa de Premiação que ocorrerá em Natal/Parnamirim, nos dias 11 e 12/10/2012, e em Caicó, nos dias 13 e 14/10/2012.

Aos que vêm de outros Estados,encarecemos o obséquio de confirmarem sua participação até o dia 15/9/2012, indicando dia e hora de chegada, nº de voo, empresa aérea e número de pessoas.

Fraternalmente,

José Lucas de Barros,
presidente da Academia de Trovas do Rio Grande do Norte.


Fonte:
José Lucas de Barros

Concurso Literário Lucinerges Couto (Resultado Final)

CONTOS:

1º Lugar:
Nome: José Ronaldo Siqueira Mendes
Mutum/MG
Obra: Quando colher girassóis

2º Lugar:
Nome: Lázaro Sebastião de Oliveira Falcão
Marituba/PA
Obra: O foguete do Chico Torquato

1º Lugar abordando Marituba:
Nome: Orlando Tadeu Ataide Leite
Marituba/PA
Obra: Festança no Arimatéia

Menção Honrosa:
Nome: Gerson Augusto Gastaldi Leite
Jardim Caravelas/SP
Obra: As chamas sagradas

POESIAS:

1° Lugar:

Nome: Benedito José Almeida Falcão
Bauru/SP
Obra: Pacto de (in)fidelidade

2° Lugar:
Nome: Luís Hilário Ferreira da Silva
Ananindeua/PA
Obra: Para não esqueceres de mim

Menção Honrosa:
Nome: Solange Gonzaga Pena Passos
Recanto das Emas/D.F
Obra: Sensibilidade

ROMANCE:

Ainda sem resultado desta categoria.

COMISSÃO JULGADORA:

Cleide Rosana Gomes Araújo
Formação: letras (UFPA), pedagogia (IFPA);
Pós-Graduação: abordagem textual (UFPA).
João da Silva da Silva Rodrigues
Formação: letras (UFPA);
Pós-Graduação: linguística textual (UFPA).
Ruth Helena Leite de Souza Rodrigues
Professora Graduada em Letras (UNAMA).
Déo de Araujo Victor
Professor Graduado em Letras (UFPA).
Simone Carvalho Silva
Licenciatura: letras-habilitação em Língua Portuguesa (UFPA).


Fonte:
http://concursos-literarios.blogspot.com