domingo, 25 de novembro de 2012

Walmir Cardoso (Lenda Grega Recontada: Pégaso e Andrômeda, a princesa acorrentada)


Diz a lenda que muito tempo atrás, num distante país do Oriente, havia um rei chamado Cefeu, casado com a linda rainha Cassiopéia. Tal era a fama de sua beleza, que as pessoas vinham em caravana dos lugares mais remotos apenas para contemplá-la. Com o passar do tempo, a rainha começou a se considerar a mulher mais bonita do mundo. Foi nessa época que cometeu um grande erro. Diante de uma multidão que a aclamava, ousou dizer que era mais bela que as Nereidas. Estas ninfas, para infelicidade da rainha, eram protegidas pelo poderoso deus dos mares — Posêidon —, que ficou irado com a comparação. Num acesso de fúria, ergueu-se das águas segurando o tridente, seu enorme cetro de três pontas, e lançou uma maldição sobre o reino. O nível do mar subiu rapidamente e inundou grande parte do país. Ainda insatisfeito, o deus dos oceanos enviou um monstro marinho para devorar qualquer criatura que se aproximasse do reino pela região costeira. 

Os pescadores não se atreviam mais a sair de casa. Os navios estrangeiros que costumavam trazer preciosas mercadorias, não podendo atracar, nem saíam mais de seus portos. E o rei Cefeu foi aconselhado a realizar um sacrifício para aplacar a ira do deus ofendido. A vítima escolhida foi a princesa Andrômeda, sua filha. Deveriam amarrá-la aos rochedos para ser devorada por Cetus, o monstro que aterrorizava a costa. Andrômeda, que além de linda era muito corajosa, resolveu apresentar-se ao sacrifício para salvar o reino. E assim foi amarrada aos rochedos e ficou esperando o monstro.

Enquanto isso, longe dali, um jovem herói cumpria certa profecia. O belo Perseu, filho de Zeus — deus da terra e do céu, que habitava o monte Olimpo — e da princesa Danae, havia recebido três presentes muito especiais: o manto da invisibilidade, sandálias com asas e um escudo de metal, tão polido que mais parecia um espelho. Sua incumbência era matar a Medusa, um monstro em forma de mulher, cujos cabelos eram serpentes vivas. Todos os seres que a Medusa olhava se transformavam imediatamente em pedra. Usando seu manto e voando com as sandálias mágicas, Perseu conseguiu se aproximar da Medusa enquanto esta dormia. Quando ela pressentiu a presença de alguém, despertou, mas viu apenas sua própria imagem refletida no escudo polido do nosso herói. Antes que petrificasse, ele cortou-lhe a cabeça e colocou-a dentro de uma bolsa mágica de couro. 

Quando voltava dessa arriscada missão, o jovem encontrou Andrômeda acorrentada nos rochedos e ambos ficaram perdidamente apaixonados. Mas, no exato instante em que eles se olharam, o monstro Cetus apareceu. Foi só então que Perseu se lembrou que trazia consigo a cabeça da Medusa. E não pestanejou. Aproximou-se o mais que pôde e mostrou os olhos petrificantes da Medusa para Cetus, que imediatamente se transformou em pedra e caiu no fundo do oceano. Quando tudo parecia terminado, Perseu aproximou-se de Andrômeda para soltá-la, mas nesse exato instante uma gota de sangue da Medusa, que restara na bolsa, caiu no mar. Posêidon era apaixonado pela Medusa mas nunca tinha conseguido tocá-la. Esta única gota de sangue em contato com a água provocou um estrondo e uma abundante espuma branca, da qual emergiu um belíssimo cavalo alado chamado Pégaso. E assim, ao ver o filho de sua amada, Posêidon abandonou a idéia de vingança.

Muitas lutas o herói Perseu precisou vencer para chegar à felicidade e casar-se com Andrômeda. E propagou essa vitória ao mundo, mostrando a todos a cabeça decepada da inimiga. Por fim livrou-se dela ofertando-a à deusa Atena, sua protetora.

Segundo a lenda, Pégaso foi recebido no monte Olimpo, morada dos deuses gregos e, tempos depois, transformou-se numa das constelações mais representativas da primavera — estação do ano que começa em 23 de setembro no hemisfério Sul. 

Fonte:
Revista Nova Escola

Jornais e Revistas do Brasil (Cinearte)


Período disponível: 1926 a 1932 
Local: Rio de Janeiro, RJ 

Em busca da modernidade, uma das palavras de ordem que marcaram as grandes cidades ocidentais no início do século XX, o Rio de Janeiro também foi palco, na mesma época, de profundas mudanças em sua paisagem urbana. Capitaneadas pelo prefeito Francisco Pereira Passos, com apoio decisivo do presidente da República, Rodrigues Alves, as reformas modernizadoras tinham por objetivo transformar a então capital federal numa cidade que pudesse rivalizar, pelo menos em matéria de bom gosto arquitetônico e estética urbana, com as melhores urbes européias. 

Foi parte significativa dessa modernização a verdadeira revolução no mundo audiovisual operada pelo “cinematógrafo”, ou melhor, “cinemathographo”, logo chamado de cinema. Em 1905, inaugurava-se a Avenida Central (hoje Rio Branco) e logo depois o Teatro Municipal. a Biblioteca Nacional e o novo prédio do Museu Nacional de Belas Artes, e também os primeiros cinematógrafos cariocas. Anos depois, a Cinelândia, como ficou conhecida posteriormente a Praça Floriano, se converteria num complexo de lazer tendo o cinema e os bares como principais atrações. Foi nesse último contexto histórico que surgiu, em 1926, Cinearte, uma das mais importantes revistas sobre o tema que circularam no país.

Referência obrigatória para quem deseja conhecer a história do cinema, Cinearte apareceu no momento em que a mídia assumia importante papel na formação cultural da sociedade. O interesse pelo cinema havia crescido, e a imprensa não poderia ficar indiferente ao fenômeno. A seção de cinema da revista Para Todos fazia tanto sucesso entre os leitores que surgiu a idéia de transformá-la numa publicação independente... Nascia assim Cinearte.

Criada por Mário Behring e Adhemar Gonzaga, a nova revista oferecia aos leitores informes sobre produções hollywoodianas, mas também dava destaque às incipientes produções nacionais da época e ao mercado cinematográfico, em seções que tratavam de temas variados. Entre essas seções, uma em especial, a crítica de cinema, que logo se tornaria indispensável nos grandes periódicos do país. 

Cinearte era feita por intelectuais, cineastas, advogados, literatos, educadores, críticos de arte e até advogados. Publicação quinzenal desde 1933, tornou-se depois bimensal e, em sua última fase, mensal. A tiragem chegou à notável marca de 250 mil exemplares por edição. 

Impressa em papel jornal, era inspirada na revista americana Photoplay. Seus padrões de papel e formato pouco mudaram até a última edição, que foi o número 561, de julho de 1942. Media 31cm x 23cm. As cores das imagens variavam entre o azul, verde, marrom, vermelho. Algumas edições tinham páginas em papel especial,contendo apenas anúncios publicitários. A Biblioteca Nacional possui em seu acervo 569 edições referentes aos anos 1926 a 1942, todas digitalizadas e disponíveis neste site.

Fonte:
http://hemerotecadigital.bn.br/artigos/cinearte

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 737)



Uma Trova de Ademar 

Com sua língua de trapo 
disse, ao ser mandado embora: 
– É moleza engolir sapo, 
o duro é botar pra fora! 
–Ademar Macedo/RN– 

Uma Trova Nacional 

Cuidado, minha querida!
Teu marido é um belo gato
que deixa a tua comida
e vem comer do meu prato...
–Almira Guaracy Rebêlo/MG– 

Uma Trova Potiguar 

Virgindade, com certeza
tornou-se coisa banal;
existe enquanto está presa
no cordão umbilical. 
–Heliodoro Morais/RN– 

Uma Trova Premiada 

2009  - Nova Friburgo/RJ 
Tema  - CINQUENTÃO  - 1º Lugar 

Diz o cinquentão vaidoso:
- “Eu sou madeira de lei!”
E, a mulher, em tom jocoso:
- “Então deu cupim…que eu sei !”
–Marta Paes de Barros/SP–

...E Suas Trovas Ficaram 

Não sei se cometo um erro 
fugindo de quem morreu, 
jamais acompanho enterro 
de quem nunca irá no meu. 
–Hildemar de Araújo/BA– 

Soneto do Dia 

O FANTASMA. 
–Orlando Brito/MA– 

O armário, numa alcova, junto à cama, 
é o último refúgio de um sabido, 
quando, nos braços quentes de quem ama, 
ouve, na escada, os passos do marido. 

Não sou desses vilões que o povo chama 
de “pé-de-pano” ou nome parecido. 
Outro seria o fim do mesmo drama, 
se eu fosse em tal colóquio surpreendido. 

Eu sinto falta de ar, eu sofro de asma, 
por isso, em vez de entrar no guarda-roupa, 
pego o lençol, dou uma de fantasma, 

e faço – ú ú – num passo de balé. 
O marido, assustado, grita: - Opa! 
recua, ganha a porta, e dá no pé!

Geraldo Majela Bernardino Silva (Funções da Mensagem Literária) Parte 4


3. FUNÇÃO CONATIVA, APELATIVA ou IMPRESSIVA:

A palavra como “apelo”.

Bühler atribui às palavras a função de “apelo”, na medida em que o emissor pretenda, com sua mensagem verbal, agir sobre o interlocutor, convidando-o a realizar algo.

De natureza volitiva ou coercitiva. Centrada no destinatário, visa a influenciar seu comportamento. É representada pelo vocativo ou pelo imperativo nas ordens, nas propagandas, nas admoestações, nas persuasões. Tem em vista provocar um resultado.

Em situações do cotidiano, empregando a língua oral, é muito comum utilizar-se a palavra como “apelo”... Imagine, por exemplo, que você encontre na rua um amigo de quem goste muito. Há algum tempo vocês dois não se vêem. Conversam sobre vários assuntos e então você se despede, fazendo-lhe um convite:

“Aparece lá em casa sábado, prá gente papear mais e ouvir uns discos novos que comprei.”

Alguns linguistas denominam essa função de “impressiva”. A função “impressiva” (ou “apelativa”) é observada não só na linguagem cotidiana, mas também na literatura e sobretudo na propaganda, já que, nesse caso, o objetivo é agir sobre o “recebedor”, induzindo-o a consumir o produto anunciado. Procure observar os anúncios que você vê na televisão, em revistas, jornais e nos “out-doors” espalhados pela cidade. Você vai perceber que o “apelo” às vezes não se faz lingüisticamente de maneira explícita, direta, mas sempre vem implícito, subentendido nos recursos visuais, utilizados para impressionar o recebedor, possível consumidor do produto.

Os recursos lingüísticos que possibilitam ao recebedor o reconhecimento da função “impressiva” na mensagem enunciada são os seguintes:

= na língua oral:       
 - emprego do verbo no imperativo (afirmativo ou negativo),
                                   - tom de ordem, pedido ou súplica, observado na enunciação da mensagem,
                                   - emprego do vocativo;

= na língua escrita:  
- emprego do verbo no imperativo (afirmativo ou negativo),
                                   - pontuação,
                                   - emprego do vocativo.

Um exemplo literário para a função impressiva da linguagem:

Brisa  (BANDEIRA, Manuel)
Vamos viver no Nordeste, Anarina.
Deixarei aqui meus livros, meus amigos, minhas riquezas, minha vergonha.
Deixarás aqui tua filha, tua avó, teu marido, teu amante.
Aqui faz calor.
No Nordeste faz calor também.
Mas lá tem brisa:
Vamos viver de brisa, Anarina.

Observamos a função impressiva sobretudo no primeiro, terceiro e último versos do poema.
É possível encontrar a função impressiva também em letras de música:
“Ëspere por mim, morena, espere, que eu chego lá,
  o amor por você, morena, faz a saudade me apressar.”
  (Gonzaga Jr. - “Espere por mim, morena”).
Considerando as observações feitas e os exemplos dados, podemos concluir que:
a função da linguagem será IMPRESSIVA, quando as palavras forem utilizadas como APELO  ao RECEBEDOR, atuando sobre este, no sentido de o influenciar, convidando-o a tomar uma atitude qualquer.

Continua…

José de Alencar (Ao Correr da Pena) Rio, ,21 de janeiro: Ecos do Passado


Sexta-feira, era tarde da noite. Pensava, não me lembra a que propósito.

Se há coisa que dê asas ao pensamento, que solte o vôo à fantasia, é uma dessas mudas contemplações pelo silêncio da noite, quando num momento de tédio o espírito se revolta contra as misérias do presente, e procura além no futuro, ou nos tempos que passaram, um novo elemento de força e de atividade.

A imaginação se lança no espaço, percorre mundos desconhecidos, atravessa o tempo e a distância, e vai muitas vezes acordar os ecos do passado, revolver as cinzas das gerações extintas, ou contemplar as ruínas de uma cidade opulenta, de um vasto império abatido.

A história se desenha então como um grande monumento. Ao volver-lhe as páginas, volvem-se os séculos. Os anos correm por minutos. As raças que desapareceram da face da terra se levantam do pó, e passam como sombras fugitivas. Cada folha do grande livro, é o berço de um povo, ou o túmulo de uma religião, um episódio na vida da humanidade.

Era tarde da noite.

Ao redor tudo estava tranqüilo. A cidade dormia; o silêncio pairava nos ares. Apenas algumas luzes suspensas na frente de uma ou outra casa, e perdidas no clarão do gás, faziam reviver do esquecimento uma grande recordação da nossa história.

Havia apenas vinte dias que começara o novo ano; e esses dias, que agora corriam tão calmos e tranqüilos, há mais de três séculos passavam e repassavam sobre esta cidade adormecida, deixando-lhe sempre uma data memorável, escrevendo-lhe o período mais brilhante dos seus anais.

O tempo, por uma coincidência notável, parece ter confiado ao mês de janeiro os maiores acontecimentos, os destinos mesmos desta grande cidade que dele recebeu o seu nome, que com ele surgiu do seio dos mares aos olhos dos navegantes portugueses, e neles recebeu o primeiro influxo da civilização e ergueu-se das entranhas da terra para um dia talvez vir a ser a rainha da América.

E todas essas recordações se traçavam no meu espírito vivas e brilhantes. As sombras se animavam, os mortos se erguiam, o passado renascia.

Aquela massa negra da cidade que se destacava no meio da escuridão da noite levantava-se aos meus olhos como um pedestal gigantesco, onde de momento  a momento vinha colocar-se uma grande figura de nossa história, que se desenhava no fundo luminoso de um quadro fantástico.

Era uma visão como o sonho de Byron, como a cena da gruta no Mackbeth de Shakespeare.

Vi ao longe os mares que se alisavam , as montanhas que se erguiam, as florestas virgens que se balouçavam ao sopro da aragem, sob um céu límpido e sereno.

Tudo estava deserto. A obra de Deus não tinha sido tocada pela mão dos homens. Apenas a piroga do índio cortava as ondas, e a cabana selvagem suspendia-se na escarpa da montanha.

A bela virgem da Guanabara dormia ainda no seio desta natureza rica e majestosa, como uma fada encantada por algum condão das lendas de nossos pais.

A aurora de um novo ano – de 1531 – surgia dentre as águas, e começava a iluminar  esta terra inculta. Algumas velas brancas singravam ao longe sobre o vasto estendal dos mares.

Passou um momento. A figura de Martim Afonso destacou-se em relevo no fundo desta cena brilhante, e tudo desapareceu como um sonho que era.

Mas um novo quadro se desenhou no meu espírito.

No meio de um povo em lágrimas, ergue-se o vulto imponente de um fidalgo português. Sua vida lia-se no dístico  gravado sob o pedestal em letras de ouro:

Arte regit populos, bello proecepta ministrat;
Mavortem cernit milite, pace Numam

Ergueu-se. Era o Conde de Bobadela. Contemplou um instante esta cidade que havia governado vinte e nove anos e cinco meses, esta cidade que tinha aformoseado e engrandecido. Depois deitou-se no seu túmulo e passou. Um grande préstito fúnebre o seguiu.

Novo quadro ainda se desenhou no meu espírito.

Vi um combate naval.. Vi o assalto de uma fortaleza – de  Villegaignon. A fumaça envolve os combatentes; ronca a artilharia; a de flecha voa com o pelouro; a piroga do selvagem lança-se no ataque..

Um cavalheiro desconhecido atira-se ao mais forte da peleja e anima os combatentes portugueses. Seu corpo é invulnerável, suas palavras excitam o entusiasmo e a coragem. Dir-se-ia que uma auréola cinge a sua cabeça.

Mais longe o general português expira, e seus soldados redobram de esforço e de valor para vingar a sua morte, e para ganhar enfim uma vitória tão valentemente disputada pelos franceses.

Terminou o combate. Aquele soldado, que com a ponta de sua espada, ainda tinta do sangue do inimigo, traça sobre o campo da batalha a planta de uma nova cidade – é Estácio de Sá, o fundador do Rio de Janeiro.

A pequena colônia começou a estender-se pelas ribeiras da baía, e cresceu no meio desta terra cheia de força e de vigor. De simples governo passou a vice-reinado; depois à capital de um reino unido; e por fim tornou-se a corte de um grande Império. 

Mas que vulto é este que assoma no meio do entusiasmo e  da exaltação patriótica do povo agradecido? Não tem ainda a coroa, nem o manto; mas há nele o tipo de um grande imperador, de um herói.

É D. Pedro I, que, em resposta à representação do senado, da câmara e do povo da cidade, profere essa palavra memorável, que decidiu do futuro do Brasil, e que, firmando as primeiras bases da nossa independência política, concorreu igualmente para elevar o Rio de Janeiro a capital do novo Império.

Contemplei por muito tempo, tomado de santo respeito, esse tipo simpático de um monarca cavalheiro, que deixou na nossa história os mais brilhantes traços de sua vida.

Lançando os olhos sobre esta cidade, que ele tanto amara seu rosto expandiu-se. Viu o comércio e a indústria florescerem, criando esses grandes capitais que alimentam as empresas úteis para o país. Viu o amor e a dedicação nos degraus daquele trono em que se sentara. Viu por toda a parte a paz e a prosperidade.

Volveu ainda um último olhar, e sumiu-se de novo nas sombras do passado.
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O que acabais de ler é uma página perdida, é uma folha arrancada a um livro desconhecido, que talvez daqui a algum tempo vos passará pelos olhos, se não tiver o destino de tantos outros, que, antes de nascidos, vão morrer entre as chamas.

A história do Rio de Janeiro tem algumas páginas, como essa, tão belas, tão poéticas que às vezes dá tentações de arranca-las das velhas crônicas, onde jazem esquecidas para orna-las com algumas flores deste tempo.

Hoje não aparecem mais desses fatos brilhantes de coragem e heroísmo. A época mudou: aos feitos de armas sucederam as conquistas da civilização e da indústria. O comércio se desenvolve; o espírito de empresa, servindo-se dos grandes capitais e das pequenas fortunas, promove o engrandecimento do pais, e prepara um futuro cheio de riqueza e de prosperidade.

Ide à Praça. Vereis que agitação, que atividade espantosa preside às transações mercantis, às operações de crédito, e sobretudo às negociações sobre os fundos de diversas empresas. Todo o mundo quer ações de companhias; quem as tem vende-as, quem não as tem compra-as. As cotações variam a cada momento, e sempre apresentando uma nova alta no preço.

Não se conversa mais sobre outra coisa. Os agiotas farejam a criação de uma companhia; os especuladores estudam profundamente a idéia de alguma empresa gigantesca. Enfim, hoje já não se pensa em casamento rico, nem em sinecuras; assinam-se ações, vendem-se antes das prestações e ganha-se dinheiro por ter tido o trabalho de escrever o seu nome.

Este espírito da empresa e esta atividade comercial prometem sem dúvida alguma grandes resultados para o país; porém é necessário que o governo saiba dirigi-lo e aplica-lo convenientemente; do contrário, em vez de benefícios, teremos de sofrer males incalculáveis.

É preciso não conceder autorização para incorporação de companhias que não revertam em bem do país, que não tenham todas as condições de bom êxito. Não procedendo desta maneira, se falseará o espírito da lei e a natureza das sociedades anônimas, e se perderá indubitavelmente o concurso deste poderoso elemento de riqueza e de engrandecimento.

Companhias que, como algumas que já existem, não forem criadas no pensamento de uma necessidade pública, ou de uma grande vantagem do país, não só esgotarão os capitais que podem servir para outras obras de maior alcance, como desacreditarão o espírito de empresa, desde que, como é natural, os seus lucros não corresponderem às esperanças do comércio.

Cumpre também – já falamos em companhias – que o governo trate de examinar se algumas empresas privilegiadas que existem nesta corte, principalmente navegação do costeio, têm satisfeito as condições de sua incorporação. Fala-se em tantos abusos, em tantas negligências, que é provável haver um fundo de verdade nas exagerações que costumam envolver certas censuras.

E sobre isto me parece que é tempo de quebrar-se esse círculo de ferro do exclusivismo e do monopólio, que tanto mal começa a fazer à nossa navegação de costeio. O privilégio é um agente aproveitável nos países novos; mas convém que seja empregado com muita reserva, e unicamente no período em que a indústria que se quer proteger ainda não tem o desenvolvimento necessário.

Atualmente que nos nossos estaleiros e na Ponta da Areia, já se constroem tantos vapores próprios para a navegação do interior, qual é a vantagem que resulta das empresas privilegiadas? Não é isto matar a concorrência, e impedir que uma indústria útil se desenvolva e se aperfeiçoe?

Repetimos. O governo deve examinar escrupulosamente este objeto; e não só abster-se de conceder incorporações de companhias privilegiadas desta natureza, como desautorizar, na forma do código comercial, a existência daquelas que não tiveram cumprido as condições da sua organização.

É porque desejamos unicamente o bem do país que tememos esses desvios no espírito de empresa que se está desenvolvendo tão poderosamente no Império, e sobretudo na praça do Rio de Janeiro.

Entretanto há algumas companhias, como por exemplo a da Rua do Cano, que se incorporou ultimamente com o nome de Reformadora, a qual deve merecer do governo toda a proteção, por isso que para o futuro ela pode vir a realizar grandes melhoramentos urbanos, e criar um sistema de arquitetura de casa muito necessário ao aformoseamento da cidade e à higiene pública.

É inconveniente, porém, a demora que tem havido no regulamento da companhia, principalmente aparecendo na praça algumas apreensões (que julgo infundadas) a respeito de condições rigorosas que se supõe seriam impostas à sociedade. O objeto me parece maduramente estudado, esclarecido por uma luminosa discussão nas câmaras e pelos planos e dados estatísticos coligidos na municipalidade pelo Dr. Haddock Lobo. Não enxergamos, pois, uma razão plausível para essa tardança do regulamento, aliás tão prejudicial ao público e aos proprietários da Rua do Cano.

Depois da empresa Reformadora, organizou-se a companhia de colonização agrícola do Rio Novo, com um capital de quinhentos contos de réis, representado por 2.500 ações. Foi o Major Caetano Dias da Silva, fazendeiro na Província do Espírito Santo, Município de Itapemirim, quem teve a idéia da criação desta sociedade.

A importância do seu objeto, a inteligência e a longa prática do seu diretor, junta à fertilidade, a um clima salubre e à facilidade de comunicações com as grandes praças de comércio, asseguram a esta companhia grandes vantagens, que reverterão todas em proveito do país, e particularmente da Província do Espírito Santo.

A colonização para um novo e de vasto território, como o nosso, é a primeira condição de riqueza e de engrandecimento. O estrangeiro que procura o nosso país não nos traz unicamente braços e forças para o trabalho material; não é somente um número de mais que se aumenta ao recenseamento da população.

É uma inteligência prática que melhora a indústria do país e um grande elemento de atividade que desenvolve as forças produtivas da terra; é finalmente uma nova seiva que vigora, uma nova raça que vem identificar-se com a raça antiga aperfeiçoando-se uma pela outra. O nosso governo tem compreendido o grande alcance da colonização, e, o que é mais, tem-se empenhado em promove-la eficazmente.

Depois que o Sr. Conselheiro Euzébio de Queirós travou a última luta contra o tráfico, e conseguiu esmagar essa hidra de Lerna, cujas cabeças renascem do seu próprio sangue, o nosso governo tratou de aproveitar o favorável ensejo que lhe oferecia a crise proveniente da deficiência dos braços para a agricultura.

Começou-se então a olhar com mais atenção para as nossas pequenas colônias do Sul; e animou-se a Sociedade Hamburgo, à qual devemos neste ponto grandes serviços pela exatidão com que tem cumprido as suas obrigações e pelo zelo com que constantemente na Alemanha defende a nossa causa, contra os ridículos inventos de alguns detratores.

Consta-nos agora que o nosso governo acaba de tomar suas medidas, que são da maior importância, para o futuro da colonização.

A 1.ª é a autorização mandada ao nosso ministro em Londres a fim de promover a emigração de Chins para o Brasil segundo as bases e instruções que já lhe foram remetidas. Os bons resultados que se têm conseguido desta emigração nas colônias inglesas nalguns lugares da América Meridional nos deve dar boas esperanças para a nossa cultura do chá e do café.

A outra deliberação do governo que nos consta, que se deduz de alguns atos ultimamente praticados – é a da subvenção de 30$000 concedida por cada colono maior de dez anos e menor de  45, honesto e lavrador, sendo estabelecidos em colônias ou fazendas pertencentes a empresas agrícolas. O governo reservou-se muito prudentemente em que convém conceder o favor.

Esta medida inesquecivelmente é um poderoso auxílio para as companhias agrícolas, ao mesmo tempo que corta certas empresas mercantis muito prejudiciais, e que previne, de alguma maneira, a introdução de colonos que não tenham boa moral e uma vida honesta.

Depois destas rápidas observações, creio que se pode dizer com toda a franqueza de uma opinião sincera que o governo cumpriu o seu dever e faz mais do que se podia exigir dos poucos recursos de que dispõe.

Estamos, porém, em tempo de tratar, não de pequenas colônias, mas de uma colonização em vasta escala, de uma emigração regular que todos os anos venha aumentar a nossa população.

O governo, pois, que chame a atenção do corpo legislativo sobre este assunto e que inicie um projeto de lei, no qual se adotem as medidas tomadas pelos Estados Unidos para promover a emigração. Eu lembraria neste caso a conveniência de limitar os favores concedidos unicamente àquelas nações cuja população desejaríamos chamar ao nosso país.

Não temos nada a invejar à América Inglesa em recursos naturais, em fertilidade do solo, em elementos de riqueza. O nosso clima é mais salubre; desde o sul ao norte temos no alto das nossas serras uma temperatura quase européia. . Como país ainda inculto, oferecemos muito maior interesse ao colono agrícola que quiser explorar a terra.

Por que razão, pois, não havemos de ter a mesma emigração?

Porque temos ciúme do estrangeiro, porque guardamos como um avaro este título de cidadão brasileiro, e o consideramos como uma espécie de quinhão hereditário que se amesquinha à proporção que se divide. É por isso que vemos no estrangeiro um intruso, um herdeiro bastardo, que nos quer disputar a herança paterna, isto é, os empregos, os cargos eleitorais e as sinecuras.

Sacrifiquemos esses prejuízos ao interesse público, e pensemos ao contrário, que é levando por toda parte este título de cidadão brasileiro, que é recebendo na nossa comunhão todos os irmãos que nos estendem a mão, que um dia faremos aquele nome grande e poderoso, respeitado da Europa e do mundo.

Voltai! Voltai depressa esta folha, minha mimosa leitora! São coisas sérias que não vos interessam. Não lestes?... Ah! fizestes bem!

Com efeito, que vos importa a vós estas espécies de companhias, se tendes as vossas à noite, junto do piano, a ensaiar com alguma amiga um belo trecho da música, a cantar alguma ária, algum dueto de Trovador? Que vos importa nestes momentos saber o que vai algures, se as ações baixam, ou se uma pobre cabeça atordoada de pensar já não pode de tanto que lhe corre a pena?

Era melhor que tivesse tomado a boa resolução de ir fazer um giro pelo Passeio Público.

A aceitação dessas de outras idéias que temos lembrado nos anima ainda a dizer alguma coisa sobre os melhoramentos do Passeio Público, principalmente quando o Sr. Ministro do Império, como homem de bom gosto que é, se tem mostrado tão desejoso de embelezar este lugar e torna-lo um agradável ponto de reunião.

Para isso a primeira coisa a fazer é o asseio e a limpeza. As árvores ainda estão muito maltratadas; os dois tanques naturais sobre os quais se elevam as duas agulhas de pedra estão tão bem fingidos que são naturais de mais; pelo menos, têm  lodo e limo como qualquer charneca de pântano. A arte deve imitar a natureza, mas nem tanto. Há também uma palhoça a um dos lados do passeio, que, a não estar ali como coisa exótica, não lhe compreendo a utilidade. Não digo que a deitem abaixo como uma parasita; mas é bom cuidar em faze-la seguir o destino das coisas velhas e feias.

Outro dia me disseram que o Sr. Conselheiro Pedreira tencionava renovar as grades das alamedas, e substituir o muro exterior por gradeados de ferro, para o que já se havia feito o orçamento.

A primeira idéia é muito acertada; todos sentem a necessidade, e nós mesmos já a lembramos. Quanto à segunda, não acreditamos. É impossível que o Sr. Ministro do Império tenha tido esta lembrança. Para que servem nos jardins as grades exteriores? Para descobrir a beleza das alamedas e abrir um lanço de vista agradável.

No Passeio Público, porém, servirão para mostrar árvores velhas, ruas estragadas, e finalmente o tal Nestor das casinhas velhas de que já falamos. Tratemos, pois, primeiro do interior.

Assim parece-nos que seria muito agradável e muito fácil, fazer correr veios de água límpida ao longo das alamedas, e construir-se nos quadros alguns repuxos e jets d’’eau...

Ai! lá me caiu a palavra do bico da pena. Nada; vamos tratar de nacionalizar a língua; um correspondente do Correiro Mercantil de segunda-feira reclama de nós este importante serviço.

Mas que quer dizer nacionalizar a língua portuguesa? Será mistura-la com o tupi? Ou será dizer em português aquilo que é intraduzível, e que tem um cunho particular nas línguas estrangeiras?

Há de ser isso. Mãos à obra. Daqui em diante, em vez de se dizer passei num coupé, se dirá andei num cortado. Um homem incumbirá a algum sujeito que lhe compre entradas, e ele lhe trará bilhetes de teatro em vez de étrennes. E assim tudo o mais.

Quanto a termos de teatro, fica proibido o uso das palavrinhas italianas, porque enfim é preciso nacionalizar a língua.

E é bom que os dilettanti (perdão – amantes de música) fiquem desde já prevenidos disto, porque breve, parece que vamos ter uma excelente companhia.

A nova empresa de que vos falei há quinze dias organizou-se e nomeou a sua diretoria. Pelo Maria 2.ª, partem para a Europa duas pessoas encarregadas de contratar os artistas necessários, entre os quais virão quatro primeiras partes, escolhidas no que houver de mais notável na Europa. Levam ordem de oferecer honorários dignos das melhores reputações européias.

A empresa pode já contar com 2:500$000 por noite, de assinaturas tomadas até hoje; e espera aumentar esta soma. A primeira estação de quarenta récitas começará a 12 de julho deste ano e terminará a 12 de dezembro de 1856.

Basta. Vamos agora desfolhar algumas flores, e derramar uma lágrima de saudade sobre a lousa de um grande poeta.

Enquanto seus irmãos na inspiração e na poesia vão acordar os ecos da morte com um cântico sentido, seja-me permitido a mim, humilde prosador, misturar um goivo às flores perfumadas da saudade, e derramar uma lágrima sobre o fogo sagrado.

A beira desse túmulo, onde o poeta dos grandes amores, das paixões ardentes, o poeta do coração, talvez que venha pender uma cabeça pálida, e que os ecos da tarde murmurem às brisas que passarem, aquela endeixa repassada de tanta mágoa: 

Correi sobre estas flores desbotadas,
Lágrimas tristes minhas, orvalhai-as,
Que a aridez do sepulcro as tem queimado.

Mas erguei os olhos! Nesses versos que aí vedes é um irmão que fala. Silêncio, pois! Deixemos ao poeta dizer as saudades da poesia. Lede a bela poesia do Sr. Andrada Machado sobre a morte de Garrett.

À MORTE DO INSIGNE POETA PORTUGUES
VISCONDE DE ALMEIDA GARRETT

Morrer! Porqu’extinguir-se assim tão rápida
A centelha vivaz que alumiava
Por entre os véus da noite a turba varia?
Morrer! E além perder-se fenecida
A fronte poderosa que abrigava
A vontade de Deus! – Nem mais seus olhos 
Lerão nos astros a marcada rota
       Que o mundo há de seguir.
De Lísia a musa – joelho em terra – pára
Junto da campa que entre a noite alveja!
    Treme-lhe o corpo, como sacudido
Por ventania rija, e os olhos turvos
Em vão se esforçam por verter um pranto –
Consolo que lhe adoce a dor cruenta.
E as lágrimas enxutas se derramam
Por sobre a face em convulsivos traços
Do sangue coagulado que nas veias
                De súbito estancou.

Que maldição, Senhor, açoita o século!
A morte hedionda, entrechocando os ossos,
Tripudia de júbilo, espreitando
A vítima infeliz. Seu peito cavo
Anseia de alegria. Os que mais alto
Erguem a fronte refulgindo glórias.
- Decrépita manceba – ela escolhe;
E tenta remoçar o amor adusto,
Chupando o sangue que mais puro gira
              Em coração de homem.

E assim de um só ímpeto se apaga
Uma vida que rútila brilhara,
Seus raios desferindo a acalentaram
Com seu almo calor as mós do povo!
E assim resvala na solidão perdida
A voz que descantara em lira d’oiro,
Com coração pungido de amarguras,
A cruenta desgraça do poeta
              Que morreu com a pátria.

Oh! Que sina tão negra a do poeta!
Escolhido da dor, perlustra a vida,
Rasgando o seio que a desgraça oprime,
A derramar nos cantos inspirados
Essa de vida seiva tão possante
Que pródigo oferece às multidões.
E por trôco o sofrer angustiado
Do maldito de Deus que vaga incerto
          No caminhar contínuo.

Nenhum consolo sobre a terra ao pobre!
E quando era sentado sobre o marco,
Pendida à frente a descantar às auras
A dulia inefável de seu seio,
A morte lhe interrompe o canto suave,
Que ele vai terminar na eternidade
            Junto ao trono de Deus.

Que plácido repouse nas alturas – 
No remanso da paz – entre os arcanjos,
Que em seus braços o acolhem pressuroso!
E unindo sua lira em nota amena
Às harpas divinais, ufano entoe
          Os hinos do Senhor.

Feliz, despiu a túnica poenta;
E, se prostrado jaz na loiza frígida
Estanguido seu corpo pela morte,
Eternos viverão seus divos cantos,
Que não há esquecer obras que o gênio
           Com seu sopro inspirou.

Antônio Carlos Ribeiro de Andrada Machado

Fonte:
José de Alencar. Ao Correr da Pena. SP: Martins Fontes, 2004.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Contos Africanos (Os Griots)


Depois de um bom jantar, com a lua brilhando, as pessoas de uma aldeia na África antiga podem ouvir o som de um tambor, chocalho, e uma voz que gritava: "Vamos ouvir, vamos ouvir!" Esses foram os sons do griot, o contador de histórias.

Quando eles ouviram o chamado, as crianças sabiam que estavam indo para ouvir uma história maravilhosa, com música e dança e música! Talvez hoje a história seria sobre Anansi, a aranha. Todo mundo adorava Anansi. Anansi podia tecer as teias mais bonitas. Ele foi quem ensinou o povo de Gana como tecer o pano de lama bonito. Anansi teve uma boa esposa, filhos fortes, e muitos amigos. Ele entrou em muita confusão, e usou sua inteligência e poder do humor de escapar.

Houve outras histórias que o povo gostava de ouvir mais e mais. Algumas histórias eram sobre a história da tribo. Alguns eram grandes guerras e batalhas. Algumas eram sobre a vida cotidiana. Não havia linguagem escrita na África antiga. Os narradores acompanhavam a história do povo.

Havia geralmente apenas um contador de histórias por aldeia. Se uma vila tentava roubar um contador de histórias de outra aldeia, era motivo de guerra! Os contadores de histórias foram importantes. Os griots não eram as únicas pessoas que podiam contar uma história. Qualquer um poderia gritar: "Vamos ouvir, vamos ouvir!" Mas os griots eram os "oficiais" contadores de histórias. O griot aldeia não tem que trabalhar nos campos. Sua tarefa era contar histórias.

Mil anos mais tarde, novas histórias sobre novos triunfos e novas aventuras ainda estão sendo informados pela aldeia pelos Griots.

Fonte: 
http://africa.mrdonn.org/fables.html 

1º Prêmio de Trovas Chico Anísio – 2012 – UBT/Maranguape (Nacional/Internacional e Estadual) Parte 3 – Líricas/Filosóficas – Tema: Maranguape


ÂMBITO: NACIONAL/INTERNACIONAL
(trovas em língua portuguesa)

VENCEDORES (1º ao 5º lugares):

1º. Lugar:

 Encantando o visitante,
 com belezas tão divinas,
 Maranguape é a mais brilhante
 dessas musas nordestinas:
 Ederson Cardoso de Lima – 
Niterói/RJ.

2º. Lugar:

 Maranguape...o rio.. a serra...
 Quanta imagem na distância!
 Mundo evocado que encerra
 o mundo da minha infância!
José Valdez de Castro Moura – 
Pindamonhangaba/SP

3º. Lugar:

 Maranguape vai andando
 sempre com passo seguro.
 Com carinho, vai bordando
 os caminhos do futuro...
 Milton Souza – 
Porto Alegre/RS

4º. Lugar:

 Maranguape... em teu reduto
 louva o amor que se concentre...
 Chico Anísio foi um fruto
 que acalentaste em teu ventre!
 Edmar Japiassú Maia – 
Nova Friburgo/RJ

5º. Lugar:

 Maranguape entristeceu,
 pois já foi “cidade encanto”
 e assim que "Chico" morreu
 o riso tornou-se pranto.
 Ademar Macedo - Natal/RN

MENÇÕES HONROSAS (6º ao 10º lugares):

6º. Lugar:

 Digo, insisto e justifico,
 pois é o que pensa a nação:
 Maranguape e o grande Chico
 pulsam num só coração.
 Antônio Augusto de Assis – 
Maringá/PR

7º. Lugar:

 Bordada em sopé de serra,
 com flores em profusão,
 Maranguape é bela terra
 onde encanta a tradição.
 Eliana Ruiz Jimenez – 
Balneário Camboriú/SC

8º. Lugar:

 Do seu mais ilustre filho
 Maranguape honra a glória,
 inscrevendo-o com seu brilho
 para sempre em sua História!
 Renato Alves – 
Rio de Janeiro/RJ

9º. Lugar:

 Maranguape, este seu filho
 trouxe o nordeste até nós,
 espalhou talento e brilho,
 do Ceará, fez-se a voz!
 Alba Helena Corrêa – 
Niterói/RJ

10º. Lugar:

 Quem tem a beleza viva
 e os valores que ela tem?
 Maranguape, além de diva,
 é trovadora também:
 Ederson Cardoso de Lima – 
Niterói/RJ.

MENÇÕES ESPECIAIS (11º ao 15º lugares):

11º. Lugar:

 Quis o imprevisto destino,
 que a Maranguape das flores,
 fosse em solo nordestino
 a terra dos trovadores.
 Dulcídio de Barros Moreira Sobrinho – 
Juiz de Fora/MG

12º. Lugar:

 Maranguape está saudosa,
 pois seu artista partiu;
 mas logo vai, orgulhosa,
 sorrir tal qual Chico riu.
 Carlos Alberto de Assis Cavalcanti – 
Arcoverde/PE

13º. Lugar:

 Maranguape, é este o nome
 de uma cidade encantada
 onde artista de renome
 teve ali sua morada.
 Eduardo Bottallo – 
São Paulo/SP

14º. Lugar:

 Eu vivo ganhando flores
 que de Maranguape vêm:
 são versos de trovadores
 que um doce perfume têm.
 Maria Ignez Pereira – 
Moji Guaçu/SP

15º. Lugar:

 Disse em verso o repentista:
 Maranguape foi feliz...
 Deu berço e lar ao humorista
 mais famoso do País!
 Ademar Macedo – 
Natal/RN

DESTAQUES (16º ao 20º lugares):

16º. Lugar:

 Num leque de sons e cores
 que lhe conferem beleza,
 Maranguape tem valores
 esculpidos na nobreza.
 Danilo Dos Santos Pereira – 
Belo Horizonte/MG

17º. Lugar:

 Maranguape terra boa
 possuis o mais belo porte,
 por ti o poeta entoa
 toda poesia do norte.
 Eduardo Lazaro de Barros – 
Bauru/SP

18º. Lugar:

 Maranguape o teu “luar”
 que “Catulo” enalteceu,
 multiplicou seu brilhar
 depois que o “Chico” nasceu.
 Wandira Fagundes Queiroz – 
Curitiba/PR

19º. Lugar:

 Maranguape ensolarada,
 igualando pobre e rico
 é sempre muito lembrada:
 ali nasceu nosso Chico.
 Eduardo Bottallo – 
São Paulo/SP

20º. Lugar:

 Com exuberante flora,
 junto ao Pico da Rajada,
 onde a natureza aflora,
 Maranguape faz morada.
 Dulcídio de Barros Moreira Sobrinho – 
Juiz de Fora/MG

ÂMBITO ESTADUAL

VENCEDORES (1º ao 5º lugares):

1º. Lugar:

 Maranguape que beleza
 é teu lindo céu de anil
 Deus te fez com a certeza
 de encantares o Brasil.
 João Osvaldo Soares (Vaval) – 
Maranguape/CE

2º. Lugar:

 Tuas serras são serpentes
 deitadas na imensidão
 tens cristalinas vertentes
 Maranguape, meu rincão.
 Maria Ruth Bastos de Abreu Brandão – 
Maranguape/CE

3º. Lugar:

 És Maranguape querida
 terra do riso e do amor;
 Por ti daremos a vida
 se um dia preciso for.
 Deusdedit Rocha – 
Fortaleza/CE

4º. Lugar:

 Terra de gente importante
 que em Maranguape nasceu:
 do Chico, comediante;
 d’um Capistrano de Abreu.
 Haroldo Lyra – 
Fortaleza/CE

5º. Lugar:

 Chora, Maranguape, chora
 o humorista excepcional:
 Chico Anísio foi-se embora;
 não mais terás outro igual!
 José Pereira de Albuquerque – 
Fortaleza/CE

MENÇÕES HONROSAS (6º ao 10º lugares):

6º. Lugar:

 Maranguape, minha terra
 é meu prazer confessar
 que dentro do peito encerra
 do mundo o melhor lugar.
 José Aureilson Cordeiro Abreu – 
Maranguape/CE

7º. Lugar:

 De Maranguape o sorriso
 não é o mesmo de outrora,
 desde que o Rei do improviso
 despediu-se e foi embora.
 José Pereira de Albuquerque – 
Fortaleza/CE.

8º. Lugar:

 Maranguape não faz conta
 da natureza que a afeta,
 porém quando o sol tramonta
 mexe com todo poeta.
 Deusdedit Rocha – 
Fortaleza/CE

9º. Lugar:

 Maranguape é altaneira
 em toda sua vertente
 e também hospitaleira
 por abrigar boa gente.
 Ana Maria Nascimento – 
Aracoiaba/CE

10º. Lugar:

 Maranguape, Alto da Vila,
 Outra Banda vem depressa,
 no verde da clorofila,
 dorme a cidade em promessa.
 Sonia Nogueira – 
Fortaleza/CE

MENÇÕES ESPECIAIS (11º ao 15º lugares):

11º. Lugar:

 Maranguape eu gostaria
 de manter no coração;
 Assim peço à Mãe Maria
 para lhe dar proteção.
 Ana Maria Nascimento – 
Aracoiaba/CE

12º. Lugar:

 Maranguape a tua glória
 são teus filhos de valor;
 foi Capistrano, na História,
 e Chico Anísio, no Humor!
 Nemésio Prata Crisóstomo – 
Fortaleza/CE

13º. Lugar:

 Maranguape envolto em sonhos
 desde o tempo de criança,
 vive momentos risonhos
 no progresso na bonança.
 Raimundo Rodrigues de Araújo – 
Maranguape/CE

14º. Lugar:

 És vaidosa e altaneira
 és meu torrão, meu lugar
 Maranguape, companheira
 onde sempre vou morar.
 Luiz Carlos de Abreu Brandão – 
Maranguape/CE

15º. Lugar:

 Maranguape boa terra
 de Chico, de Capistrano.
 Maranguape ao pé da serra
 bem pertinho do oceano.
 Raimundo Rodrigues de Araújo – 
Maranguape/CE

DESTAQUES (16º ao 20º lugares):

16º. Lugar:

 Gosto de me divertir
 nas belas praias do Iguape,
 mas acho melhor curtir
 a serra de Maranguape.
 Haroldo Lyra – 
Fortaleza/CE

17º. Lugar:

 Dentre as terras fascinantes
 Maranguape está no rol,
 pois até seus visitantes
 são de puríssimo escol.
 Deusdedit Rocha – 
Fortaleza/CE

18º. Lugar:

 Maranguape inebriante
 atrativos naturais
 a serra nobilitante
 Cascatinha e cabedais.
 Maria Luciene da Silva – 
Fortaleza/CE.

19º. Lugar:

 Para o carinho colher,
 por Maranguape eu passava,
 subia a serra a rever
 a noiva que ali morava.
 Haroldo Lyra – 
Fortaleza/CE

20º. Lugar:

 Ilustres são os seus filhos.
 O clima bom e fecundo
 exportando sobre trilhos
 Maranguape para o mundo
 Artemiza Correia – 
Ocara/CE

Fonte:
UBT/ Maranguape – Moreira Lopes

Dyonelio Machado (Entrevista:: “Escrevi Os Ratos em 20 noites”)


(Esta entrevista foi organizada a partir do depoimento de Dyonelio Machado a Fernando Paixão e Nelson dos Reis, em 1981, e está publicada na 20º edição nas primeiras páginas do livro “Os Ratos”, da editora Ática.)

Quando o senhor começou a se dedicar à literatura?

Eu já estava na Escola de Medicina quando isso aconteceu. E aconteceu como um relâmpago: Escrevi um livro polêmico (A política contemporânea, publicado em 1923), onde eu metia o pau no governo de então. Mas com base, porque eu nunca fiz nada que não tivesse base. Alguns, inclusive, reconhecem essa qualidade em mim. Eu tiro do ar a poesia, a imaginação, mas tudo tem base real, e isso eu creio muito importante em termos de literatura.

E como nasceu “Os ratos”, seu livro mais famoso?

A história se passa em um dia. Eu o escrevi em vinte noites - num dezembro, durante um verão maravilhoso -, após terminar meu trabalho como médico. O que eu escrevia de noite ia passando para a minha mulher ler. Todo o livro estava muito claro pra mim, porque eu havia passado nove anos pensando nesse livrinho. Então eu saía para atender os doentes, no hospício onde eu era médico e nos dois hospitais onde também trabalhava, e, após tudo isso, ia pra casa e começava a escrever. Uma mocinha que era empregada da Livraria Globo, a principal de Porto Alegre, me foi indicada pelo Érico Veríssimo para datilografar o trabalho. Num dia, eu levava uma folha manuscrita e pegava uma datilografada, e assim o trabalho ia avançando. Numa dessas vezes ela perguntou: “Escute, doutor, o Naziazeno vai ser feliz?” – O Naziazeno é o personagem central . Eu lhe respondi: “Leia tudo, que você vai ver”. Foi assim que descobri que “Os Ratos” era um romance.

Em 1935, o senhor recebeu o prêmio Machado de Assis, como foi isso?

Quando eu escrevi “Os Ratos”, hesitei em mandar para o concurso da Academia, mas acabei mandando. Eu soube da premiação, quando estava preso, incomunicável, no porão de um navio estacionado no porto de Santos. Apesar disso, teve um sujeito que conseguiu me avisar do prêmio.

O senhor foi político, psiquiatra, escritor: em quais destes papéis mais se realizou?

Eu não me considero realizado em nada.

Qual dos seus livros lhe agrada mais?

Primeiramente, eu vou para qualquer um dos meus livros negaceando – vocês conhecem esse termo gaúcho? Eu vou perguntando: “Será que eu leio?”. Aí, eu vou lendo, lendo, e no final digo para a pobre da minha esposa: “Olha, esse livro é bom!”. E ela agüenta essa minha opinião sobre meu livro! Agora veja bem: Pra mim, ou tudo presta ou tudo não presta. É muito melhor que o leitor faça a escolha.

E a crítica, como o senhor a vê?

A crítica entende como quer. Não há crítica boa ou má. A crítica é um momento às vezes do próprio ledor, outras vezes do que está vigorando como escola, etc. A crítica é tremendamente subjetiva. Veja só: Camões fez aquela coisa maravilhosa que é “Os Lusíadas”, e depois vieram uns alunos de Coimbra e fizeram modificações, fizeram alterações sem sentido. De modo que a crítica pra mim só tem um valor: polemizar. Mas a crítica é boa quando aponta coisas.

Até 1970, o senhor era pouco conhecido no Brasil todo. Mas, a partir daí, todo mundo tomou conhecimento de Dyonelio Machado. Como o senhor vê isso?

Eu temo que essa coisa fique muito grande e depois caia. Isso tem que vir devagar, às colheradas. Um cidadão, que havia ido a um sebo comprar um livro antigo, certa vez me perguntou: “Mas por que os seus livros estão sendo procurados?”. Eu respondi: “Foi porque eu morri.” Então ele me disse: “Ah, deixe disso!”. Eu retornei: “Foi morte, sim,porque somente depois de morto o escritor foi reconhecido”. Há várias mortes, e me pegaram para uma delas.

E essa morte é boa?

Não há morte boa. Mas veja, eu falo de coisas simbólicas. Existem muitas coisas estranhas que têm o valor de coisas reais. Toda a vida se fez assim, não é? Eu acho que todos nós somos simbolistas: nós não somos nós, somos uma imagem de nós. Toda poesia é fundamental, mesmo na prosa mais prosaica.

Fonte:
Escritores do Sul – www.escritoresdosul.com.br
(este site está desativado)

Tatiana Belinky (Lenda Indiana Recontada: A Lebre na Lua)


Segundo alguns povos do Oriente, as manchas que aparecem na face da lua cheia se assemelham à figura de uma lebre. E diz a lenda que isto aconteceu assim...

Há muitos milênios, viviam, à margem do rio Ganges, quatro bichos diferentes que eram amigos e companheiros: um macaco, uma lontra, um pequeno chacal e uma lebre, a mais virtuosa dos quatro. 

Um dia ela reuniu os amigos e lhes disse: "Amanhã será lua cheia, o dia que nós reservamos para meditar e fazer jejum. Não precisamos, pois, de comida, mas sugiro que cada um de nós saia à procura de alimentos necessários para dar de esmola caso alguém nos venha pedir".

Os bichos concordaram e cada um foi se recolher para passar a noite, e no dia seguinte sair em busca de comida. O chacal subtraiu o almoço de um pastor distraído, que era uma gamela de coalhada com arroz. O macaco tirou algumas mangas maduras de uma mangueira próxima. A lontra apanhou alguns peixinhos esquecidos por um pescador. E a lebre, que passara a noite em profunda meditação, pensou consigo mesma: "Não vou preparar nada. Se algum necessitado vier pedir comida, darei meu próprio corpo para ele se alimentar".

Essa idéia tão generosa chamou a atenção dos mundos superiores, e um dos espíritos, o deus Sekra, decidiu descer até a terra, encarnado no corpo de um brâmane, para conferir em pessoa as dádivas dos quatro amigos animais. Primeiro, ele apresentou-se à lontra: "Minha filha lontra, estou com fome, desde ontem não como nada. Será que você poderia ceder-me algum alimento? Em troca, eu lhe darei as minhas bênçãos." A lontra entregou-lhe os peixinhos, e ele agradeceu, dizendo que voltaria logo mais para buscá-los. E foi falar com o pequeno chacal: "Amigo chacal, você não teria algum alimento para dar a um pobre faminto?" O chacal ofereceu-lhe a coalhada com arroz, e o brâmane agradeceu e disse que voltaria logo para buscar a comida. Então, foi procurar o macaco pendurado pelo rabo num galho de árvore e fez o mesmo pedido. O macaco ofereceu-lhe as mangas maduras. O brâmane agradeceu, dizendo que voltaria logo para buscá-las.

Por último, o deus Sakra disfarçado em brâmane foi procurar a lebre que continuava a meditar à beira da sua toca, e tornou a fazer a mesma pergunta, à qual a lebre respondeu: "Meu santo homem, vou oferecer-lhe um lauto almoço. É um pedaço de carne fresca, que você só terá de assar numa pequena fogueira. Prepare o braseiro. Quando o fogo estiver alto, eu trarei a carne para o seu almoço."

O brâmane juntou alguns gravetos, acendeu uma alegre fogueira ao lado da toca da lebre e perguntou então qual seria a carne que lhe serviria de almoço. "É o meu corpo", respondeu a lebre, e no mesmo instante pulou para o meio do fogo. Mas o fogo ardia e não queimava a lebre, que até reclamou: "Ó santo homem, o seu fogo não queima. Você vai ter de aumentá-lo, pois do jeito que está, chego a sentir frio".

Em vez de responder, o brâmane desapareceu e no seu lugar surgiu um belíssimo e luminoso jovem, que se apresentou como o deus Sakra encarnado e disse: "Um ato tão nobre e generoso como este tem de ficar para sempre na memória dos homens." E, crescendo desmesuradamente, ele arrancou com a mão o cume de uma montanha próxima, amassou-o dentro do punho, e com essa massa lambuzou a face da lua cheia que acabava de surgir no céu, formando uma figura na forma de lebre. Esta figura apareceria aos homens a cada lua cheia para lembrar-lhes a bela ação daquela pequena lebre, que mostrou que quem dá uma esmola deve dá-la de todo o coração, dando tudo, e às vezes até o próprio corpo. 

Fonte:
Revista Nova Escola

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 736)



Uma Trova de Ademar  

Sempre quando a noite nasce, 
traz, na escuridão dos campos, 
a luz que Deus pôs na face 
dos pequenos pirilampos... 
–Ademar Macedo/RN– 

Uma Trova Nacional  

Se navegar é preciso
e viver nem tanto assim,
vou partir com teu sorriso,
em busca do mar sem fim!
–Luiz Carlos Abritta/BH– 

Uma Trova Potiguar  

Caminhante, aonde vais, 
neste caminhar fremente, 
não vês que o mundo não trás 
quietude à nossa mente? 
–Gonzaga da Silva/RN– 

...E Suas Trovas Ficaram  

Discórdia gera o dilema 
nunca faz bem ao cristão; 
ninguém resolve um problema 
com uma pedra na mão.. 
–Ernesto Tavares de Souza/SP– 

Uma Trova Premiada  

2012   -   Cantagalo/RJ 
Tema   -   ESPAÇO   -   11º Lugar 

Se a inspiração vem chegando,
eu me vejo em pleno espaço,
vendo Deus metrificando
todos os versos que eu faço! 
–Ademar Macedo/RN– 

U m a P o e s i a  

Sou apenas carioca,
mas se eu fosse do Nordeste,
seria um cabra da peste
desses que ninguém provoca,
pois quando o cabra se invoca,
faz você se arrepender.
Quem dera poder dizer
agradecendo ao Divino:
quanto mais sou nordestino
mais sinto orgulho de ser!
Gilson Faustino Maia/RJ– 

Soneto do Dia  

AS PEGADAS DE JESUS. 
–Raymundo de Salles Brasil/BA–

De boa vontade tem gente que aceita, 
de logo, a Palavra e se entrega a Jesus, 
tem gente que não, que reluta e rejeita, 
até ficar cega, sem paz e sem luz. 

E assim como Saulo, também se deleita, 
se curva à presença do Marte da cruz; 
mas gente há de pedra, que dura foi feita, 
jamais se converte jamais se conduz. 

Por passos deixados na terra por Cristo, 
se prego, se falo, me canso, desisto, 
são pérolas postas e aos porcos jogadas. 

Me resta ter pena por tanta loucura, 
tem gente não sabe que a alma tem cura, 
é só de Jesus ir seguindo as pegadas.