domingo, 4 de fevereiro de 2024

1º Concurso de Minicontos da Revista Literária Inversos ISSN 2527-1857 (Inscrições até 20 de Fevereiro)


Miniconto, ou microconto, ou nanoconto, é uma espécie de conto muito pequeno, produção esta que tem sido associada ao minimalismo. A ideia é que no mínimo de palavras possíveis, seja apresentado todo um contexto e uma ação em torno do pouco que é revelado por aquelas palavras. No miniconto muito mais importante que mostrar é sugerir, deixando ao leitor a tarefa de "preencher" as elipses narrativas e entender a história por trás da história escrita. O guatemalteco Augusto Monterroso é apontado como autor do mais famoso miniconto, escrito com apenas trinta e sete letras: “Quando acordou o dinossauro ainda estava lá”. O miniconto pode apresentar um panorama, como o de Ernest Hemingway: "Vende-se: sapatos de bebê, sem uso". Aqui está subentendida a esfera do dano, em que há a perda de um filho recém-nascido.

Sendo assim, no intuito de valorizar a Literatura Brasileira Contemporânea, estimular a formação leitora e a escrita e reconhecer os talentos literários, é lançado o 1º Concurso de Minicontos da Revista Literária Inversos – ISSN 2527-1857.

A Revista Inversos é um periódico digital trimestral de Literatura fundado em 10/08/2017, pelo escritor, poeta e psicólogo Maroel Bispo, sendo um espaço cultural totalmente gratuito, criado com o objetivo de fomentar a cultura, as letras e as artes, além de incentivar escritores e poetas nacionais e internacionais.

Inscrições

1. As inscrições são gratuitas. Basta produzir e enviar um miniconto de sua autoria, de até 200 caracteres (incluindo o título), com espaços, de temática livre, para o e-mail: revistainversos@gmail.com

2. Informar no corpo do e-mail os seguintes dados: nome completo e/ou nome artístico, se tiver, cidade, número celular/WhatsApp, e seu Instagram; além do envio do miniconto e dos dados, é preciso seguir a página oficial do Instagram da Revista Literária Inversos – ISSN 2527-1857 - https://www.instagram.com/revistainversos/ -  curtir o post do concurso de minicontos e marcar um amigo.

3. O miniconto não precisa ser inédito.

4. Podem participar do concurso quaisquer pessoas maiores de 18 anos, do Brasil ou exterior. Menores de idade, apenas com envio de autorização assinada pelos pais ou responsáveis.

5. Será permitido apenas uma inscrição por participante.

Avaliação

1. As obras inscritas serão avaliadas pelo Conselho Editorial da Revista Literária Inversos – ISSN 2527-1857 e da decisão não caberá recurso.

Premiação

1. Publicação na Revista Literária Inversos – ISSN 2527-1857, formato E-book (PDF),  a título de valorização e reconhecimento cultural, dos 10 melhores minicontos.

2. Os três primeiros classificados terão direito a um livro da Editora Mandacaru, uma entrevista e publicação dos textos selecionados em página de destaque do Jornal Maria Quitéria.

3. Haverá entrega de Certificado digital a todos os 10 (dez) selecionados, através e-mail.  

Prazos

Inscrições: 06 de janeiro a 20 de fevereiro de 2024.

Divulgação do resultado com os autores e textos selecionados na Revista Inversos: 11 de março de 2024, através do site oficial: https://www.revistainversos.com/

Disposições Gerais

Ao realizar a inscrição, os autores cedem o direito de publicação e reprodução dos textos para a Revista Literária Inversos, sem ônus, apenas para os propósitos definidos neste edital e para promoção desta iniciativa. Plágio é crime (Lei 9.610/88) e quem fizer será responsável por isso. Não pagamos direitos autorais. Os direitos autorais das obras enviadas são dos respectivos autores e permanecem com os mesmos. Os textos enviados poderão ser submetidos a outros editais e publicados em outras revistas ou livros, sem óbices por parte da Revista Literária Inversos. Não haverá ônus aos participantes ou à revista. Ao enviar sua inscrição, o autor atesta que concorda com as presentes normas. Quaisquer dúvidas, entre em contato com a organização do concurso através do e-mail: revistainversos@gmail.com

4. Prêmio Literário Máquina de Contos (inscrições até 24 de abril de 2024)


Três autores inéditos ganharão um prêmio de R$ 2 mil e farão parte de um livro que reunirá os contos vencedores e as menções honrosas

Estão abertas as inscrições para a quarta edição do Prêmio Literário Máquina de Contos até 24 de abril de 2024. Três autores inéditos terão seus contos publicados na plataforma Máquina de Contos e ganharão um prêmio de R$ 2 mil. Além disso, os vencedores farão parte de um livro, que trará também os 10 contos laureados com menção honrosa. O resultado será divulgado em 4 de junho de 2024.

O tema dos contos é livre, e serão aceitos textos inéditos de autores maiores de 18 anos, brasileiros, que não tenham livros publicados de forma comercial, em mídia eletrônica ou impressa, admitindo ainda autores que tenham autopublicações e/ou participado de coletâneas. 

As inscrições gratuitas estão disponíveis no site https://www.maquinadecontos.com.br/premio2024, assim como todo o regulamento.

O livro contendo os 13 contos selecionados, entre vencedores e menções honrosas, terá uma versão impressa e outra digital, que estará disponível para download gratuito no site do prêmio. Cada autor receberá três exemplares do livro físico, que será lançado até o fim de 2024. O livro com os vencedores da terceira edição, lançado durante a Flip, pode ser baixado aqui: https://www.maquinadecontos.com.br/premio2023.

A comissão julgadora será formada por Tiago Velasco, escritor e doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade, e por Sérgio Tavares, escritor, jornalista e crítico literário.

Em três edições, o prêmio teve 3.437 contos inscritos de autores de todo o Brasil. Os vencedores do terceiro ano foram Douglas Luiz de Oliveira Santos, da Paraíba; Marianna Borges, do Distrito Federal; e Gedimar Pereira Barbosa, de São Paulo.

A premiação tem como proposta estimular a cultura brasileira por meio da revelação de novos talentos da literatura. Os autores vencedores farão parte de um catálogo composto por escritores de renome e premiados da literatura contemporânea brasileira, dentro de uma plataforma com o potencial de centenas de milhares de leitores.

A Máquina de Contos é um serviço que entrega, todo mês, um conto brasileiro e contemporâneo, em formato de e-book, aos clientes de empresas de telefonia e de banda larga como Sumicity, Conexão, Click, Giga+, Ligue, Mob, Multiplay, Niu Fibra, Outcenter, Univox, VIP e Viasat. O leitor pode fazer a leitura on-line ou por meio de download, e ter a posse definitiva do texto.

O catálogo de 2024 contará com nomes como Vanessa Passos, Bruno Ribeiro e Bethânia Pires Amaro. Entre os autores que já publicaram na Máquina de Contos, estão nomes consagrados da literatura contemporânea brasileira como Itamar Vieira Júnior, Eliana Alves Cruz, Jarid Arraes, Geovani Martins, Natalia Borges Polesso, Carlos Eduardo Pereira, Rafael Gallo, Cristhiano Aguiar, Adriana Lisboa, Sérgio Rodrigues e Andréa del Fuego.

Mais informações: premioliterario@maquinadecontos.com.br. Durante o período de inscrições, o perfil do Instagram da Graviola Digital: @gravioladigital_oficial trará dicas dos jurados sobre como aprimorar os textos para aumentar a chance na avaliação e na seleção final dos contos.

sábado, 3 de fevereiro de 2024

Varal de Trovas n. 594

 

Mensagem na Garrafa = 96 =

Vicente de Carvalho
Santos/SP, 1866 – 1924

A FLOR E A FONTE

“Deixa-me, fonte!” Dizia
A flor, tonta de terror.
E a fonte, sonora e fria
Cantava, levando a flor.

“Deixa-me, deixa-me, fonte!”
Dizia a flor a chorar:
“Eu fui nascida no monte...
Não me leves para o mar.”

E a fonte, rápida e fria,
Com um sussurro zombador,
Por sobre a areia corria,
Corria levando a flor.

“Ai, balanços do meu galho,
Balanços do berço meu;
Ai, claras gotas de orvalho
Caídas do azul do céu!...”

Chorava a flor, e gemia,
Branca, branca de terror.
E a fonte, sonora e fria,
Rolava, levando a flor.

“Adeus, sombra das ramadas,
Cantigas do rouxinol;
Ai, festa das madrugadas,
Doçuras do pôr do sol;

Carícias das brisas leves
Que abrem rasgões de luar...
Fonte, fonte, não me leves,
Não me leves para o mar!”
* * 

As correntezas da vida
E os restos do meu amor
Resvalam numa descida
Como a da fonte e da flor...

Cantiga Infantil de Roda (Oh! Que belas laranjas!)


É uma roda de meninas, cantando:

Oh! Que belas laranjas, 
Ó maninha
De que cor são elas? 

Oh! Que belas laranjas, 
Ó maninha
De que cor são elas? 

Elas são 
Verde, amarelas 
Vira, Maninha
Cor de canela 

Elas são 
Verde, amarelas 
Vira, Maninha
Cor de canela 

Todas as vezes que cantam — Vira Maninha — uma das meninas se volta para fora da roda, conservando-se de mãos dadas. A ronda termina quando a última criança se volta para fora, ficando todas de costas, umas para as outras, sem soltar as mãos

Fonte: Veríssimo de Melo. Rondas infantis brasileiras. São Paulo, Departamento de Cultura, 1953.

Laé de Souza (Os dois amigos)

O Zé e o Tião eram amigos de infância. O Tião virou Dr. Sebastião e o Zé continua Zé. Mas era coisa previsível. Desde criança o Tião estudava enquanto o Zé não queria saber de nada. Com o passar do tempo o Sebastião continuava estudando e trabalhando e o Zé só em zoeira, bagunça, peladas, serestas e bebedeiras. O Tião comprou seu primeiro carro Aero Willys, depois trocou por outro e outro e hoje tem um quase zerinho e o Zé continua andando, de vez em quando, em bicicleta emprestada dos amigos. O Tião noivou e no casamento endividou-se para fazer uma festa de arromba. O Zé continua namorando e todas elas sabem que ele namora com todo mundo e nunca vai levar um caso a sério. O Tião anda com uns probleminhas com a sogra, mas acha que dá para desenrolar, principalmente depois que a mulher reclamou e ameaçou que se ele não acabar com as besteiras ela vai fazer o mesmo com a mãe dele. Sinceramente, o Zé nunca viveu isso e nunca teve sogra por muito tempo.

O Tião se preocupa com a bolsa, queda do dólar, preço dos imóveis, reclamações do caseiro, aumento na mensalidade da escola dos filhos, o acréscimo de despesa com o inglês do Juquinha, com a escola de computação e o tratamento dos dentes da Leninha. E o Zé desconfia que tem alguns filhos por aí, mas nem se liga e só fica fulo quando percebe que a sua Schincariol gelada subiu de preço. O Dr. Sebastião mede seus atos e palavras e tem, quer queira ou não, mesmo inconscientemente, que dar uma puxadinha de saco no chefe e participar de todas as festas e comemorações da empresa, mesmo não se sentindo bem com a companhia de certos colegas. Enquanto o Zé fala o que lhe der na telha e só vai em festas quando a pinga rola solta, o forró é bom e tem mulher bonita. O Dr. Sebastião torce pela estabilização da economia e para o aumento das vendas da companhia, para garantia do seu emprego, sendo que o Zé não está nem aí com a vida, nem com o desemprego. Pra ele qualquer coisinha é coisa e como diz: "Pra quem nasceu pelado, tanga é uma grande vestimenta."

A cada ano, nas férias do Dr. Sebastião, eles se cruzam na praia. O Tião sabe que o Zé sempre estará por lá, não é à toa que ele tem aquela cor queimadinha. Batem papos descontraídos e o Zé ainda o chama de Tião (até a mãe deixou de chamá-lo pelo apelido), ensina-o outra vez como comer siri, a simpatia para não se embebedar com a caipirinha e já alto o leva na mesa do lado para apresentar-lhe umas amigas (por sinal lindas e charmosas). Tião até ameaça cantarolar junto um samba batucado na caixa de fósforos, enquanto a sua mulher, já alta, continua lá na mesa e o olha com rabo-de-olho, ele sabe que como sempre ela vai ficar uns dias de ovo virado. 

De novo, na volta para casa, vai pensando, por que diabos quis levar a vida tão a sério e sente inveja e uma vontade imensa de ser o Zé. Nunca conseguiu dominar esse sentimento e em todo final de férias precisa voltar ao psicanalista, para se convencer de que o anormal é o Zé.

Fonte> Laé de Souza. Acredite se quiser. SP: Ecoarte, 2000. Enviado pelo autor.

Professor Garcia (Reflexões em Trovas) LXIV


A chuva em seu acalanto,
não causa ofensa ao sertão!
Mata a sede e acaba o pranto
dos olhos tristes do chão!
= = = = = = = = = 

Ainda espero o teu regresso,
se é que ainda esperas por mim;
pedir que voltes, não peço,
mas te espero até o fim!
= = = = = = = = = 

Andando não sei por onde,
nas asas da soledade,
toda tarde o sol se esconde
pintando o céu de saudade!
= = = = = = = = = 

Ao lembrar dos tempos idos,
na vida, quanta lembrança!...
Contando os sonhos perdidos,
vi meus sonhos de criança!
= = = = = = = = =

Busco a esmo, mundo afora,
rastros de um velho andarilho,
que se fez raio de aurora
no coração de seu filho!
= = = = = = = = = 

Busquei, na fonte de um templo,
a paz de um novo horizonte;
e achei essa paz no exemplo
que há no silêncio da fonte!...
= = = = = = = = = 

Cercada de lenda e encanto,
teu poço nunca secou...
Meu Caicó canta o canto
que o Seridó lhe ensinou!
= = = = = = = = = 

Dentre as estrelas brilhantes,
no céu, repletas de luz...
Cinco estrelas faiscantes
lembram-me o sinal da cruz!
= = = = = = = = =
Eis que esse gesto de amor,
comparo às forças do além.
Que a planta que oferta a flor
perfuma as mãos de outro alguém!
= = = = = = = = = 

Esse dia me distrai,
e enche-me de amor, de afetos;
dos afetos, por ser pai
das filhas e dos meus netos!
= = = = = = = = = 

Esses teus lábios, menina,
lembram-me os lábios da flor,
na cor rubra mais divina
da embriaguez de um terno amor!
= = = = = = = = = 

Grita poeta, e o medo vence-o,
que a tua voz, que é teu grito...
Rompe os grilhões do silêncio
e abre as portas do infinito!
= = = = = = = = =

Levem-me tudo, no entanto,
não levem minha viola;
que essa voz dela, é meu canto
e esse canto me consola!
= = = = = = = = = 

Não quero o bem que se alcança
com fama e falsos lauréis;
mas manter viva a esperança
ó Pai, que tenho aos teus pés!
= = = = = = = = = 

Na solidão da clausura
reza um monge solitário,
buscando a paz, na ternura
das contas do seu rosário!
= = = = = = = = = 

No sacrário dos meus dias,
cópias de antigas andanças,
são faixas das alegrias,
das verdadeiras lembranças!
= = = = = = = = = 

Num mosteiro, entre os aflitos,
que exemplo de gratidão...
Um monge pede em seus ritos
pelos sem teto e sem pão!
= = = = = = = = = 

Quando a lua arranca as vendas
e sobre as ondas vagueia,
ficam mais lindas as rendas
que as ondas bordam na areia!
= = = = = = = = = 

Quando escuto as tuas palmas
meus sonhos, são sonhos vãos,
por sentir que há duas almas
presas, às mãos de outras mãos!
= = = = = = = = = 

Quando o entardecer persiste
sem querer dizer adeus...
Deixa a tarde menos triste
no ocaso dos olhos meus!
= = = = = = = = = 

Reguei meu jardim com calma,
à espera que ele florisse,
para perfumar minha alma,
na solidão da velhice!
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Se a saudade é um mal sem cura
e, à solidão, nos conduz...
Entre a saudade e a ternura,
há sinais de treva e luz!
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Se a velhice é um bem sem dono,
não me sinto entre os sozinhos!...
Sei que os caminhos do outono,
são sempre os mesmos caminhos!
= = = = = = = = =  

Se o teu olhar, não me acalma,
nem prendo mais tua voz...
Sinto que há mãos em minha alma
puxando os laços dos nós!
= = = = = = = = =

Velha fonte, o vosso canto,
desvenda bem quem sois vós;
Maestrina do acalanto
do pranto que há entre nós!
= = = = = = = = = 

Velhice, se não te importas,
permite-me outras saídas...
Um outono sem folhas mortas,
mas só com folhas caídas!
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Fonte> Professor Garcia. Poemas do meu cantar. Natal/RN: Trairy, 2020. Enviado pelo autor.

Contos e Lendas do Paraná – 20 (Palmeira – Pontal do Paraná – Palmas)

PALMEIRA

A lenda da araucária

Era uma vez duas tribos de índios inimigos. Um certo dia o caçador da tribo foi caçar e encontrou uma onça; ali também estava a curandeira da tribo inimiga, pela qual havia se apaixonado. O índio matou a onça e se aproximou da índia, que se assustou e acabou desmaiando.

Os índios da tribo inimiga encontraram os dois ali, o índio à beira do rio com a índia nos braços, pensaram mal do que viram e o mataram a flechadas. Ele morreu cheio de flechas pelo corpo.

Diz a lenda que ele se transformou numa araucária e a índia numa gralha azul e as gotas de sangue que pingaram eram os pinhões que a gralha azul enterra. As flechas eram os espinhos e o índio, a árvore.
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PONTAL DO PARANÁ

Figueira do corpo seco 

Caro leitor preste atenção 
Na história que vou contar 
Este fato ocorreu no litoral 
Do Estado do Paraná

Há muitos anos passados
Na época da escravidão
Os negros trabalhavam duro
Em troca de um pedaço de pão

Na localidade ribeirinha
Chamada de Guaraguaçu
Havia um patrão temido
Por todos os negros do sul

Os negros não tinham direitos
O patrão era um carrasco cruel
Mandava escravo para o tronco
Depois deixava ao léu

Um dia um escravo fujão
Ao ser capturado pelo capataz
Foi colocado no tronco
Sendo espancado até demais

O local da execução
Foi num mato fechado
Ficando o corpo do escravo
Naquela árvore amarrado

O negro não resistiu
A tamanha agressão
Vindo o pobre a falecer
Sem receber extrema unção

A figueira com os anos
Foi sua casca fechando
Ficando o corpo do negro
Ao tronco preso secando

Hoje quem visitar o Guaraguaçu
Deve aproveitar para conhecer
A figueira do corpo seco
Que lá está para quem quiser ver.
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PALMAS

História manchada de sangue

Existiam em Palmas três grandes aldeias indígenas. Uma do Cacique Viri, outra do Cacique Condá e uma terceira do Cacique Vaiton. Cacique Viri, possuído pelas influências dos bandeirantes, que pensavam em tomar essas terras, começou assim a transferir poderes aos bandeirantes, agora fazendeiros.

O cacique, encantado com viagens ganhas para Curitiba e Caçador junto com os fazendeiros, começou a ceder as terras. O cacique Condá, porém, orientava o cacique Viri a não fazer essas trocas, até que foi corrompido para levar toda sua tribo a Chapecó, deixando livres as terras que habitavam.

Enquanto isso, o cacique Vaiton preparava um ataque à tribo do cacique Viri. Este protegeu-se com os fazendeiros, que com armas de fogo e armas brancas esperaram numa tocaia toda a tribo do cacique Vaiton. O local do ataque foi o atual Parque da Gruta. 

Numa vala, cheia de pedras e água, morreram todos os indígenas da tribo do cacique Vaiton. Hoje em dia, ainda se ouvem gritos desses indígenas no parque.

Fonte> Renato Augusto Carneiro Jr (coordenador). Lendas e Contos Populares do Paraná. Curitiba : Secretaria de Estado da Cultura , 2005.

Hinos de Cidades Brasileiras (Santana do Matos/RN)


Letra: Expedito Fernandes de Souza

Nossa terra é Santana do Matos,
Que da Serra se estende ao Sertão.
Santanenses provemos com atos,
Nosso amor tem igual extensão.

Na fazenda ao redor da capela,
Consagrada a Senhora Santana,
Foi crescendo a cidade singela
De que um povo sofrido se ufana.

Coração do Rio Grande do Norte.
Município querido entre mil,
Nós te amamos com amor terno e forte,
Um amor com sabor de Brasil.

O começo do inverno aguardando,
Como é bom escutar o trovão!
Ver depois os açudes sangrando,
Pasto verde, fartura, algodão.

Os minérios guardados na terra,
A coragem guardada no povo,
Garantia serão que não erra
Quem contar com o amanhã sempre novo.

Ana Soares (Às vezes o amor pode esperar)

Seria um dia normal, como qualquer outro, não fosse o encontro casual com uma garotinha ousada, falante e   linda num dia frio e chuvoso.

Na verdade fui eu quem a provoquei...

Cheguei ao ponto de ônibus como de costume e constatei que não encontrei as mesmas pessoas e acho que pelo próprio costume, me vi sentindo falta delas... Estava ali: eu, um garoto e a garotinha ousada, falante e linda, quando quase acidentalmente, perguntei a ela: - Onde foi parar todo mundo hoje? E ela com um sorriso largo no rosto, desembestadamente começou a falar:

- Acho que não saíram de casa por causa da chuva, eu mesma não deveria estar aqui se não fosse a minha prova de português, pois tenho sinusite e minha mãe me deixa em casa toda vez que o tempo muda assim...

Achei-a no primeiro momento falante demais, mas não parou por aí, logo continuou: – Você conhece um menino que se chama Rafael Sato?

- Não, respondi a ela... 

E logo ela respondeu: - Você tem cara de quem é amiga do Rafael Sato, por isto perguntei... Por que você conhece outro garoto que conhece ele, pois te vi conversando com ele dia destes aqui.

Pude perceber neste momento então, que estava sendo observada por ela há alguns dias e nem tinha me dado conta disto... Eu, parada ali, olhando atentamente aquele rostinho dócil, meigo e astuto, pensei: Não me lembro...

Mas ela prosseguiu insistindo, até que minha memória me revelou o tal menino: Era o Mateus, meu sobrinho... Após minha revelação a tal garota, presenciei um suspiro seguido de um: – Eu amo o Mateus! (Esta frase parecia representar a ela, uma revelação bombástica, algo sério, temível, que ela entregara ali a mim, assim: de bandeja e com algum acréscimo: – Sou muito nova pra ele e ele nem sabe que eu gosto dele, na verdade, ele conhece mesmo a minha irmã, que é a namorada do Rafael Sato...

Aquele desabafo tão sério, tão importante, tão revelador de uma menina de nove anos, me fez segurar um riso que estava pronto a explodir, não por chacota, nem por desprezo, pelo contrário, pois eu senti a seriedade do assunto...  

Prestando muita atenção, depois de ouvi-la com toda seriedade e respeito, eu a encorajei: –                        Hoje você só tem nove anos, são seis anos de diferença que se faz grande agora, daqui algum tempo não mais, já que as meninas amadurecem muito mais cedo dos que os meninos, logo, logo, esta diferença de idade não representará nenhum problema, mas isto, só daqui alguns anos e quem sabe, se daqui alguns anos você não será minha nova sobrinha?

Neste exato momento ela soltou um riso largo e grato e o meu ônibus chegou...

A vida é assim!

E o amor, quem sabe? Às vezes o amor espera, não na tentativa branda de esperar, mas se guarda, congela, simplesmente para reacender depois, quando tiver que ser! É eu acho que assim o amor pode esperar!

Ah! Queria amar sempre assim... Feito uma criança!   Sem reservas, sem pressa, sem vergonha, simplesmente amando do melhor jeito, sob o melhor ângulo: um amor inocente e inofensivo!   Amor de criança é assim...

Quanto a menininha: ousada, falante e linda? Vou guardar a coragem, a seriedade e a inocência dela em relação ao amor... Quem foi que disse que criança não sabe amar? Pra ela, isto sim, é amor!

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

Daniel Maurício (Poética) 63

 

Mensagem na Garrafa = 95 =

Legião Urbana:
Eduardo Dutra Villa Lobos 
Marcelo Augusto Bonfa 
Renato Manfredini Junior

VENTO NO LITORAL

De tarde eu quero descansar
Chegar até a praia e ver
Se o vento ainda está forte, vai
Ser bom subir nas pedras, sei
Que faço isso pra esquecer
Eu deixo a onda me acertar
E o vento vai levando tudo embora

Agora está tão longe, vê
A linha do horizonte me distrai
Dos nossos planos é que tenho mais saudade
Quando olhávamos juntos na mesma direção
Aonde está você agora
Além de aqui dentro de mim?

Agimos certo sem querer
Foi só o tempo que errou
Vai ser difícil eu sem você
Porque você está comigo o tempo todo
E quando vejo o mar
Existe algo que diz
Que a vida continua e se entregar é uma bobagem

Já que você não está aqui
O que posso fazer é cuidar de mim

Quero ser feliz ao menos
Lembra que o plano era ficarmos bem?

Ei, olha só o que eu achei, hmm
Cavalos-marinhos

Sei que faço isso pra esquecer
Eu deixo a onda me acertar
E o vento vai levando tudo embora

Cantiga Infantil de Roda (Festa dos insetos)


A pulga e o percevejo
Fizeram combinação.
Fizeram serenata
Debaixo do meu colchão.

Torce, retorce,
Procuro mas não vejo
Não sei se era a pulga
Ou se era o percevejo

A Pulga toca flauta,
O Percevejo violão;
E o danado do Piolho
Também toca rabecão.

Torce, retorce,
Procuro mas não vejo
Não sei se era a pulga
Ou se era o percevejo

A Pulga mora em cima,
O Percevejo mora ao lado.
O danado do Piolho
Também tem o seu sobrado.

Torce, retorce,
Procuro mas não vejo
Não sei se era a pulga
Ou se era o percevejo

Lá vem dona pulga,
Vestidinha de balão,
Dando o braço ao piolho
Na entrada do salão.

Jessé Nascimento (A despedida)

Eles se beijavam demoradamente, prendendo a atenção e emocionando a todos que os estavam observando. Pareciam sós naquele local, alheios aos que estavam ao redor.

Fiquei a imaginar que uma despedida é sempre dolorosa quando o amor é muito forte, mesmo que a separação possa não ser demasiadamente longa.

Alguns minutos depois, beijaram-se, de maneira alongada, pela última vez, ela foi se afastando e acenando continuamente.

Ele ficou parado e vi que seu semblante denotava profunda tristeza ou preocupação. Será que eles nunca haviam se separado?

Apesar de toda a cena ter acontecido em menos de quinze minutos, parecera uma eternidade.

Por fim, mais um aceno; era a despedida que ele respondeu sem muito entusiasmo, evidentemente como se tímido ou triste.

Ambos tinham os cabelos muito brancos e seus rostos marcados, demonstrando idades bastante avançadas e uma longa vida de sólida união.

Barulho do motor, os últimos passageiros entraram, sentaram-se e o ônibus deixou a rodoviária.

Para muitos, o amor pode mesmo ainda durar "até que a morte os separe.”

Fonte> Recanto das Letras

Caldeirão Poético LXXVIII

Elisa Alderani
Ribeirão Preto/SP

DOCE DE VOVÓ

A menina que obediente,
a vovó sempre ajudava,
e feliz e sorridente
muitos gravetos levava...

para acender o fogão,
a vovó, doces fazia
para neta, tem paixão,
pois o gás não existia.

Tudo feito com amor,
mexer tacho devagar
para doce ser primor,
de colher, saborear ...

E alguns dias passava
com a vovó, pra ajudar,
e com ela se alegrava,
feliz pra casa voltar!
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Emílio de Meneses
(Emílio Nunes Correia de Meneses)
Curitiba/PR (1816– 1918)

A CHEGADA

Noite de chuva tétrica e pressaga.
Da natureza ao íntimo recesso
Gritos de augúrio vão, praga por praga,
Cortando a treva e o matagal espesso.

Montes e vales, que a torrente alaga,
Venço e à alimária o incerto passo apresso.
Da última estrela à réstia ínfima e vaga
Ínvios caminhos, trêmulo, atravesso.

Tudo me envolve em tenebroso cerco
D'alma a vida me foge, sonho a sonho,
E a esperança de vê-la quase perco.

Mas uma volta, súbito, da estrada
Surge, em auréola. o seu perfil risonho,
Ao clarão da varanda iluminada!
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Gaitano Laertes P. Antonaccio
Manaus/AM

AMOR SEM EMOÇÃO

O amor de agora é uma troca virtual,
tão diferente, tão estranho ao coração,
que mais parece uma relação pactual,
entre seres humanos, sem emoção!…

O amor que se contempla nos amantes,
perdeu hoje, a essência da sinceridade.
É falso, não se manifesta como antes,
porque despreza a ética e a moralidade.

O amor agora, vem se transformando
a cada dia, todo minuto, todo instante
deixando a paixão, muito mais distante,

enquanto a falsidade vai se avolumando.
O amor, hoje, não cede nenhum espaço,
não cabe num beijo, não vale um abraço!…
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

José Riomar de Melo
Caucaia/CE

MEU VERSO

 Se meu verso te agrada, te conforta,
 Faz lembrar-te emoções que já viveste,
 Com algum deles talvez te comoveste,
 Ativando a esperança quase morta!

 É sinal que choveu na minha horta,
 Na emoção que a mim tu concedeste,
 Ao sentir que no verso que tu leste
 De euforia e de paz teu peito aborta;

 Entretanto se um deles não ressoa,
 Na fiel sintonia e te magoa,
 Na palavra ou na frase te feriu...

 Eu te peço perdão em tom profundo,
 Porque mesmo agradar a todo mundo,
 Jesus Cristo também não conseguiu...
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Maria Evan Gomes Bessa
Fortaleza/CE

PRAIA DE IRACEMA
 
Águas revoltas na ponte metálica
E o mar de um verde estonteante
Brinca com o vento em ondas
Que agitam turistas e visitantes.
 
A linguagem do mar é envolvente
Seduz a todos com seu simbolismo
E se traduz em falas misteriosas
Que inspiram ou provocam imobilismo.
 
Quantas histórias e vidas se passaram
Naquela praia de mares bravios,
Onde os poetas e boêmios viram
Guerreiros deslizarem em seus navios.
 
E a índia Iracema a correr na areia
Branca, esbelta, de pés descalços,
À espera do Guerreiro vive ainda
No inconsciente coletivo do povo.
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Paulo Roberto Walbach Prestes
Curitiba/PR, 1945 – 2021

MEU ESPELHO

Vejo meu espelho, todo estilhaçado,
Que surpresa!... Como isso aconteceu?...
O meu rosto...  vejo tão transfigurado:
Foi o tempo, grande obreiro, quem teceu.

Traços profundos; um olhar apagado
Dum ser que passou pela vida e viveu...
Assim mesmo, valha Deus! Muito abençoado...
Que apesar dos estilhaços – cresceu!

Retornei  -  Ele não estava quebrado...
Que surpresa!... Como isso aconteceu?...
Não foi ele...  E o que deixou marcado?
Foi o tempo. Foi a vida. Ou fui eu...
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

Rodrigo Zuardi Viñas
Porto Alegre/RS

SE EU PARTIR ANTES DE TI

Quero que isso aconteça
numa manhã tranquila
e agradável
para que o momento
seja eternizado
pela beleza do dia
e pelos sentimentos
que temos um pelo outro.
Ah, se eu partir antes de ti,
sei que, além de saudades,
manterás, por mim,
muito carinho e admiração.
A amizade que nos une
foi construída
com muito respeito, sinceridade
e companheirismo.
Ah, se eu partir antes de ti,
sei que me guardarás
como uma das tuas boas lembranças.