Jessé Nascimento
Angra dos Reis/RJ
No silêncio dos meus dias,
alheio a tudo e à razão,
eu vivo as noites vazias
abraçado à solidão...
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Elizabeth Misciasci
São Paulo/SP
Não Me Atrevo
Partir daqui sem olhar pra trás…
pura ilusão
levou na bagagem um passado
já bem distante.
O que restou de um futuro
incessante a questionar
é presente apenas nos teus dias
Não me atrevo a falar de dor
nem tão pouco de solidão,
as marcas se somam as mágoas e estas não
merecem reflexão.
Hospedeira de alegrias me transformo
Em repudio aos teus recalques me esquivo
Tudo posso dizer…
Respiro com a vontade de viver
Desfaço laços que um dia fora usado para unir
desamarro as cordas que em outrora,
me prenderam a ti
Nada quero das quirelas
que sem pudor me oferecestes
Estas a ti pertencem
O tempo se fez meu amigo e com este
compartilho meus momentos
Quero sorrir com a certeza da sorte
a me acompanhar
Das tuas convicções errôneas,
dos teus fracassos e insanidades
me evadi
Sou outra Mulher
Plena e audaz
Satisfeita por ver
esta porta se abrir pra você sair
e agradeço… por
Partir daqui sem olhar pra trás
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Mifori
São José dos Campos/SP
Perdi meu sonhos e anseios...
Com a tristeza convivi
entre estranhos de entre - meios
- solidão que não pedi.
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Todo o inferno está contido nesta única palavra: solidão.
Victor Hugo
Besançon/França, 1802 - 1885, Paris/França
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Francisca Júlia
Xiririca (atual Eldorado Paulista)/SP, 1871 - 1920, São Paulo/SP
Outra Vida
Se o dia de hoje é igual ao dia que me espera
Depois, resta-me, entanto, o consolo incessante
De sentir, sob os pés, a cada passo adiante,
Que se muda o meu chão para o chão de outra esfera.
Eu não me esquivo à dor nem maldigo a severa
Lei que me condenou à tortura constante;
Porque em tudo adivinho a morte a todo instante,
Abro o seio, risonha, à mão que o dilacera.
No ambiente que me envolve há trevas do seu luto;
Na minha solidão a sua voz escuto,
E sinto, contra o meu, o seu hálito frio.
Morte, curta é a jornada e o meu fim está perto!
Feliz, contigo irei, sem olhar o deserto
Que deixo atrás de mim, vago, imenso, vazio…
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Aurora Pierre Artese
São Paulo/SP
Solidão... pautas vazias,
cantigas lentas, remotas...
solfejo marcando os dias
no descompasso das notas!
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Hernando Feitosa Herrera Chagall
São Paulo/SP
Liberdade Cativa
Voei alto nas asas da imaginação
Procurando pela liberdade
A passos lentos me alcançou a solidão
Jogando-me nos braços da saudade.
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Antonio Carlos Teixeira Pinto
Brasília/DF
O abandono era patente,
no abraço da solidão:
- duas voltas de corrente
num velho e tosco portão...
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J.G. de Araújo Jorge
Tarauacá/AC, 1914 – 1987, Rio de Janeiro/RJ
Desarvorado Navio
A verdade é que depois que tu partiste
vou ficando cada vez mais triste,
cada vez mais morto,
de amor em amor, como um navio
de porto em porto…
Nesta angústia em que morro,
a olhar o céu vazio,
sem uma estrela para me guiar,
tenho a impressão de que vou acabar, como esse navio,
soçobrando, sem socorro,
na solidão do mar…
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O Que é Solidão
Solidão não é a falta de gente para, conversar, passear, namorar ou fazer sexo… isto é carência.
Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar… isto é saudades.
Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe às vezes para realinhar os pensamentos…isto é equilíbrio.
Tampouco é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente, para que revejamos a nossa vida… isto é um princípio da natureza.
Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado… isto é circunstância.
Solidão é muito mais que isto… Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma.
Francisco Cândido Xavier
Pedro Leopoldo/MG, 1910 - 2002, Uberaba/MG
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Marcos Assumpção
Niterói/RJ
A Porta
é sempre assim
todo dia você se prepara e sai
não esquece a bolsa as chaves os jornais
mas nunca me pergunta como vai o amor
pode ser que no momento de atravessar a porta
você pressinta o quanto nos tornamos sós
a luz do sentimento quase se apagou
ai então, vera que o amor não e´ um filme
e como as rosas de um jardim que você deve regar
solidão a dois agora mais do que parece
precisamos enxergar antes da porta fechar
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Jessé Nascimento
Angra dos Reis/RJ
Nos momentos de perigo,
de amargura e solidão,
que conforto o ombro amigo
e o abraço de um irmão!
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Hernando Feitora Herrera Chagall
São Paulo/SP
Albatroz
Tenho as asas abertas
Tamanhas abrangem tudo
Voo por áreas desertas
Onde as cores falam
E o som fica mudo
Não participo de nada
Tudo fico a observar
Tenho a boca selada
E um discurso no olhar
Sou um pássaro grande
Desajeitado e louco
Louco para pousar
Fazer morada num ninho
Descansar um pouco
Ser um albatroz
Livre da solidão
Continuar meu caminho
Dentro de um coração.
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Aurolina Araújo de Castro
Manaus/AM, 1933 - 2004, Rio de Janeiro/RJ
Além de dar alegria,
a música é solução,
quando se quer companhia
nas horas de solidão.
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Vinicius de Moraes
Rio de Janeiro/RJ, 1913 – 1980
Como Dizia O Poeta
Quem já passou por essa vida e não viveu
Pode ser mais, mas sabe menos do que eu
Porque a vida só se dá pra quem se deu
Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu
Ah, quem nunca curtiu uma paixão nunca vai ter nada, não
Não há mal pior do que a descrença
Mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão
Abre os teus braços, meu irmão, deixa cair
Pra que somar se a gente pode dividir
Eu francamente já não quero nem saber
De quem não vai porque tem medo de sofrer
Ai de quem não rasga o coração, esse não vai ter perdão
Quem nunca curtiu uma paixão, nunca vai ter nada, não
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Alcy Ribeiro Souto Maior
Rio de Janeiro/RJ, 1920 - 2006
A casa ainda é aquela...
ainda é o mesmo portão...
na sala, a mesma aquarela
junto à mesma solidão!
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Debora Martins Fontes
São Paulo/SP
Desabafo
Aqui estou eu, em plena madrugada,
tentando escrever uma poesia,
me sinto só e abandonada,
repleta de enorme melancolia.
Penso em você e começo a chorar,
tento esquecer para me livrar do sofrimento,
quando penso que tudo vai passar,
lá está você novamente em meu pensamento.
Me deito e procuro dormir,
depois de horas venho conseguir,
mas acordo antes de amanhecer,
e recomeça todo o meu sofrer.
Volta toda a solidão e melancolia.
Percebo que te amo até mesmo em poesia.
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Quando somos abandonados pelo mundo, a solidão é superável;
quando somos abandonados por nós mesmos, a solidão é quase incurável.
Augusto Cury
São Paulo/SP
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Aparício Fernandes
Acari/RN, 1934 – 1996, Rio de Janeiro/RJ
Posso entender o martírio
da pureza junto ao mal,
vendo a solidão de um lírio
no lodo de um pantanal.
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Lilian Maial
Rio de Janeiro/RJ
Sedimento
Recolho os seixos lisos desse rio,
Qual lágrimas, são contas de um rosário.
Margeio a lua, refletindo o estio,
Conduzo estrelas frias p’ro estuário.
Rabiscos, risco ao léu! Meu desafio
Consiste em dar teu nome a esse cenário.
A noite enfeita, em mim, o olhar sombrio,
Revela a dor exposta em antiquário.
Saudade é conterrânea do meu peito,
Traduz em pedra a falta do teu toque,
E deixa esse vazio a soçobrar.
Afundo nessas águas como um leito,
Arrasto essas lembranças a reboque,
Permito à solidão sedimentar.
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Angélica Villela Santos
Guaratinguetá/SP, 1935 – 2017, Taubaté/SP
Tornam-se mais encurvados
os ombros de um ancião,
quando suportam, cansados,
o peso da solidão!
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Mário Quintana
Alegrete/RS, 1906 – 1994, Porto Alegre/RS
De Repente
Olho-te espantado:
Tu és uma Estrela do mar.
Um mistério estranho.
Não sei…
No entanto,
O livro que eu lesse,
O livro na mão.
Era sempre o teu seio!
Tu estavas no morno da grama,
Na polpa saborosa do pão…
Mas agora enchem-se de sombra os cântaros.
E só o meu cavalo pasta na solidão.
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Antonio Juraci Siqueira
Belém/PA
Num cantinho iluminado
pela luz da solidão,
um coração desprezado
espera outro coração.
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Gislaine Canales
Herval/RS, 1938 – 2018, Porto Alegre/RS
E É Quase Dia…
MOTE:
No talvez da quase noite,
quando a espera me angustia,
horas batem feito açoite…
Tu não vens…e é quase dia…
Wanda De Paula Mourthé
(Belo Horizonte/MG)
GLOSA:
NO TALVEZ DA QUASE NOITE,
eu me perco em devaneios
e temo que a dor se amoite
e se instale nos meus seios!
O pranto cai devagar
QUANDO A ESPERA ME ANGUSTIA,
sentindo – não vais chegar,
morre em mim toda a alegria!
A tristeza faz pernoite
no meu pobre coração…
HORAS BATEM FEITO AÇOITE…
sem nenhuma compaixão!
Quando a solidão aumenta,
a noite perde a magia
e minha alma não aguenta,
TU NÃO VENS…E É QUASE DIA…
Fonte:
Folhetim Desiderata - n. 5 - jan. 2019 - Solidão