sexta-feira, 22 de novembro de 2024

José Luiz Boromelo (A mulher sem rosto)

Cinco horas da manhã. Nem precisava de despertador, pois o som característico do calçado de salto alto indicava que a mulher sem rosto descia a rua sem pressa, mostrando confiança. Por muito tempo, o ruído inconfundível do caminhar da vizinha de algumas casas acima martelou em minha cabeça. Nunca a via pessoalmente, nem eventualmente pela cidade. Mas sabia que era ela. E que possuía muitos calçados, pois tinham timbres diferentes e bem definidos. 

“Deve ter bom gosto”, pensava eu. E dinheiro para comprá-los, evidentemente. 

Frequentemente imaginava a figura quase surreal daquela que sem saber, substituiu meu despertador por anos a fio. Seria uma morena de olhos verdes, cabelos longos e bem cuidados, pele naturalmente bronzeada e um sorriso de fazer qualquer homem derreter-se por dentro? Ou a misteriosa de costumes matutinos apareceria como uma loira fatal, olhos azuis como o céu, batom vermelho nos lábios e pose de madame? Usaria um perfume de fragrância marcante, típico das mulheres que detêm o poder em todas as circunstâncias? O tempo se encarregaria de dar a resposta, que muitas vezes não corresponde com nossas expectativas, uma vez que procuramos criar uma imagem que atenda aos devaneios da mente.

Mas ela era real e sua pontualidade impressionava. Nem a agitação natural dos animais de estimação conseguia dissimular sua presença. Tomei conhecimento somente tempos depois que trabalhava numa usina de açúcar a alguns quilômetros da cidade. Decerto exercia funções administrativas, a julgar pela indumentária, obviamente analisada de baixo para cima, única referência possível até o momento. Ocuparia algum cargo no setor de recursos humanos, departamento pessoal, financeiro, gerência ou até mesmo na diretoria? Essa dúvida me levou a algumas tentativas para desvendar o mistério da madrugada, sem sucesso.

Eis que numa bela ocasião a dama da noite materializou-se diante de meus olhos. Fui tomado pela ansiedade ao ouvir aqueles passos ritmados, procurando visualizar antecipadamente o vulto da diva imaginária que povoava meus pensamentos. O que teria a lhe dizer, se me permitisse tal ousadia? Como seria retribuído, uma vez que jamais havia lhe dirigido uma palavra sequer?

 Finalmente, aquela que por muito tempo foi a responsável por determinar o início dos meus dias de trabalho estava bem à minha frente. E para minha surpresa, estendeu-me a mão num cumprimento cordial, elogiando minha disposição em levantar tão cedo. Era uma simpática velhinha de origem nipônica e compleição mirrada, calçando um tamanco característico daquele país oriental. Contratada como cozinheira, fazia do trabalho uma terapia em sua vida. Estava desfeito o mistério da mulher sem rosto. E de todas as que passaram pelas calçadas de minha vida. Sejam elas loiras, morenas ou ruivas, com ou sem o aroma perfumado do imaginário humano. Hoje não ouço mais aqueles passos em minha calçada. A vovó deve ter se aposentado. Que pena!

Estante de Livros (3 livros de Herman Hesse)


As obras de Hermann Hesse são profundas explorações da condição humana, abordando temas como a busca por identidade, a luta entre o dever e o desejo, e a necessidade de autoconhecimento. Hesse combina narrativa rica e filosófica com uma prosa poética, criando histórias que desafiam o leitor a refletir sobre suas próprias experiências e escolhas na vida.

1. Rosshalde
Narra a história de Gustav von Aschenborn, um pintor de renome que vive em uma propriedade chamada Rosshalde, com sua esposa, bela e jovem, e seu filho, Bruno. Apesar de seu sucesso artístico, Gustav sente-se preso em sua vida e em suas relações. O romance é ambientado em um período de crise pessoal e artística para Gustav, que se vê confrontado com a insatisfação em seu casamento e o desejo de liberdade criativa.

A obra explora os conflitos internos de Gustav, que se sente dividido entre suas obrigações familiares e sua necessidade de expressar-se artisticamente. A complexidade de seus relacionamentos, especialmente com sua esposa, se torna um reflexo das tensões entre o mundo exterior e sua vida interior. À medida que a história avança, Gustav toma uma decisão que mudará sua vida — ele abandona Rosshalde e sua família em busca de sua própria identidade e de um significado mais profundo.

"Rosshalde" é uma profunda exploração da busca pela autenticidade e da luta entre a arte e a vida pessoal. Hesse utiliza o personagem de Gustav para refletir sobre a tensão entre o dever e o desejo, a liberdade e a responsabilidade. O ambiente de Rosshalde simboliza tanto a segurança quanto a prisão, enquanto a arte de Gustav representa a busca por expressão e verdade.

A relação entre Gustav e sua esposa é central para a narrativa, ilustrando como as expectativas sociais e as pressões familiares podem sufocar a individualidade. A obra também aborda temas de autoaceitação e a importância de seguir o próprio caminho, mesmo que isso signifique deixar para trás pessoas amadas.

Hesse utiliza uma prosa lírica e rica em simbolismo, criando uma atmosfera que ressoa com a busca interna de Gustav. O romance é uma meditação sobre a condição humana, a criatividade e a necessidade de encontrar um propósito que transcenda as convenções sociais.

2. Siddhartha
É um romance que narra a jornada espiritual de um jovem chamado Siddhartha durante o tempo do Buda. Siddhartha, um filho de um brâmane, é inteligente e ambicioso, mas sente-se insatisfeito com a vida de prazeres e rituais convencionais. Ele decide deixar sua casa e seus privilégios, em busca da iluminação e do verdadeiro significado da vida.

Siddhartha se junta a um grupo de ascetas, praticando a renúncia e a meditação, mas logo percebe que essa caminho não leva à verdadeira realização. Em seguida, ele encontra Gautama, o Buda, mas mesmo assim sente que a iluminação não pode ser ensinada, apenas vivida. Siddhartha continua sua busca, experimentando a vida material e amorosa ao se envolver com Kamala, uma cortesã, e se tornando um homem de negócios.

Após anos de excessos, Siddhartha se sente vazio e decide se retirar para a margem de um rio, onde encontra um barqueiro sábio que o ajuda a compreender a natureza do tempo e da existência. Através desse encontro, Siddhartha alcança a iluminação, reconhecendo a unidade de todas as experiências e a interconexão da vida.

É uma obra rica em filosofias orientais e reflexões sobre a busca espiritual. A jornada de Siddhartha é uma metáfora para a busca de cada indivíduo por significado e compreensão. Hesse utiliza elementos do budismo e do hinduísmo para explorar a ideia de que a verdadeira sabedoria vem da experiência pessoal e da introspecção.

O romance destaca a importância do autoconhecimento e da aceitação das dualidades da vida — prazer e dor, amor e perda. Siddhartha é um personagem que representa a universalidade da busca humana por propósito, e sua jornada é uma reflexão sobre como cada um de nós deve encontrar seu próprio caminho.

A prosa de Hesse é poética e contemplativa, criando uma atmosfera meditativa. O simbolismo do rio, que representa o fluxo da vida e a continuidade da existência, é central para a obra, refletindo a ideia de que cada experiência, por mais desafiadora que seja, contribui para o crescimento e a compreensão.

3. O Jogo das Contas de Vidro
Esta é uma obra futurista que se passa em uma sociedade utópica chamada Castália, dedicada ao desenvolvimento da cultura e do intelecto. A história gira em torno de Joseph Knecht, um talentoso jogador das contas de vidro, uma prática que combina música, matemática e filosofia em uma forma de arte elevada. Knecht é escolhido para se tornar um mestre do jogo, mas à medida que avança em sua carreira, começa a questionar o papel da arte e do intelecto na vida humana.

Ao longo da narrativa, Knecht reflete sobre suas experiências e sua relação com a sociedade, incluindo seus amigos e mentores. A obra é dividida em três partes, cada uma explorando diferentes aspectos da vida de Knecht e sua busca por significado. Ele acaba se afastando do sistema rígido de Castália, buscando uma conexão mais profunda com a vida fora da academia.

A história culmina em sua decisão de deixar Castália e se tornar um simples educador, reconhecendo que a verdadeira sabedoria vai além do conhecimento acadêmico. Knecht entende que a vida deve ser vivida plenamente, e não apenas contemplada.

"O Jogo das Contas de Vidro" é uma reflexão profunda sobre o papel da arte, da educação e da espiritualidade na vida moderna. Hesse critica a elitização do conhecimento e a desconexão entre o intelecto e a experiência vivida. A obra é uma meditação sobre a busca pela autenticidade e a necessidade de integração entre o intelecto e a vida prática.

O jogo em si, com sua complexidade e beleza, simboliza a busca pela harmonia e pela compreensão profunda da existência. Através de Knecht, Hesse explora a tensão entre o idealismo e a realidade, questionando se é possível encontrar um equilíbrio entre o intelecto e a vida emocional.

A prosa de Hesse é rica em simbolismo e filosofia, desafiando o leitor a refletir sobre suas próprias crenças e valores. A obra é considerada uma das mais ambiciosas de Hesse, abordando questões existenciais e espirituais que continuam a ressoar com leitores contemporâneos.

Fontes: José Feldman (org.). Estante de livros. Maringá/PR: IA Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
Imagem criada por JFeldman a partir de fotografia da estante de livros

quinta-feira, 21 de novembro de 2024

José Feldman (O Natal de Seu Miguel)

Era véspera de Natal e a cidade estava envolta em uma atmosfera mágica. As luzes piscavam nas janelas, as ruas estavam decoradas com guirlandas e as pessoas se apressavam para comprar os últimos presentes. No entanto, na pequena casa de Seu Miguel, a única coisa que iluminava o ambiente era a presença de sua fiel companheira, a cachorra Lili.

Seu Miguel era um homem idoso, com cabelos brancos e mãos calejadas pelo trabalho de uma vida inteira. Ele havia se casado, cerca de  25 anos depois o amor que um dia o aquecera se afastara sendo uma lembrança distante daqueles momentos. Seus irmãos, que moravam em outro estado, não o visitavam desde que ele se casou. A solidão tornara-se sua única companheira, e a casa, antes cheia de risadas e alegria, agora ecoava o silêncio de sua tristeza.

Lili, uma simpática vira-lata, estava sempre ao seu lado. Com seus olhos brilhantes e o jeito carinhoso de se aconchegar a ele, ela trazia um pouco de luz aos dias sombrios de Seu Miguel. Ele costumava dizer que ela era o único presente que realmente importava. Ao olhar para ela, ele sentia um amor incondicional que aquecia seu coração.

O quarto de Seu Miguel era acolhedor, mas carregava a marca do tempo e da solidão. As paredes eram de um tom suave de azul desbotado, com algumas manchas de desgaste que contavam histórias de muitos anos. Um quadro antigo, com uma paisagem de verão, pendia um pouco torto acima da cama, lembrando dias mais alegres.

A cama de casal, coberta por um edredom de retalhos. Ao lado da cama, uma pequena mesa de cabeceira sustentava um abajur de luz amarelada, que iluminava suavemente o ambiente ao entardecer. Sobre a mesa, havia um livro aberto, suas páginas amareladas pela passagem do tempo, e uma xícara de chá fria, esquecida em um canto.

O chão era de madeira, com algumas tábuas rangendo sob o peso dos passos, e um tapete desgastado cobria parte do espaço, dando um toque de calor ao ambiente. Perto da janela, uma cortina balançava suavemente com a brisa, permitindo que os as gotas de chuva que caíam lá fora fossem visíveis.

Em um canto do quarto, uma prateleira abrigava souvenirs e fotografias emolduradas, capturando momentos de felicidade que agora pareciam distantes. Havia um porta-retratos com uma imagem de Seu Miguel e sua ex-esposa, sorrindo em uma praia.

No chão, ao lado da cama, estava a caminha de Lili, um acolchoado simples, mas confortável, onde a cachorra costumava descansar. O ambiente, embora nostálgico e um tanto triste, tinha um toque de amor e lembranças que preenchiam o ar com uma sensação de lar.

Na véspera de Natal, enquanto a chuva começava a cair lá fora, Seu Miguel sentou-se na poltrona ao lado da lareira. Ele olhou para o pinheiro que havia montado, uma árvore simples, já sem enfeites para alegrar o ambiente, mas, naquele momento, ela parecia mais uma lembrança dolorosa do que um símbolo de celebração.

Ele fechou os olhos e fez um desejo silencioso. Queria sentir o abraço da família novamente, ouvir as risadas que preenchiam a casa, e quem sabe até mesmo ouvir os filhos e netos de seus irmãos correndo pelo lugar. A saudade o apertava como um nó no peito, e ele não conseguia evitar que as lágrimas escorressem pelo seu rosto.

Lili, percebendo seu desânimo, levantou-se e se aproximou. Ela encostou a cabeça em seu colo, como se dissesse: "Eu estou aqui, não se preocupe." 

Seu Miguel sorriu, acariciando o pelo macio da cachorra. Ela era a única que o compreendia, a única que não o abandonara.

A noite avançava e, enquanto a neve cobria a cidade, Seu Miguel decidiu preparar um pequeno jantar. Ele fez um prato simples, mas saboroso, e dividiu um pouco com Lili, que se deliciou com cada pedaço. Durante a refeição, ele contou histórias para a cachorra, compartilhando memórias de tempos mais felizes. Lili parecia atenta, como se entendesse cada palavra.

Após o jantar, ele pegou um cobertor e se acomodou na poltrona, enquanto a lareira crepitava suavemente. A melodia suave de canções de Natal vinha das casas vizinhas, e, por um momento, ele se deixou levar pela nostalgia. As músicas o transportaram para um tempo em que a vida era mais cheia e as preocupações pareciam distantes.

Mas a realidade logo o trouxe de volta. Ele olhou para a árvore e, em meio à tristeza, sentiu uma onda de gratidão por Lili. Ela era sua luz nos dias escuros, seu motivo para levantar da cama todas as manhãs. Apesar da solidão, ele ainda tinha alguém que o amava.

Enquanto a chuva caía suavemente lá fora, a música de Natal envolvia a casa de Seu Miguel em um manto de nostalgia e esperança. Ele fechou os olhos por um momento, permitindo que o cansaço o levasse, quando um toque suave na porta interrompeu seu pensamento. 

Seu coração disparou. Quem poderia ser? Nunca ninguém o visitava. 

Ele hesitou, mas Lili, sempre curiosa, correu até a porta, latindo.

Ao abrir, Seu Miguel se deparou com seus irmãos, acompanhados de suas famílias. Eles estavam com sorrisos largos e braços abertos, prontos para abraçá-lo. A surpresa tomou conta dele, e a tristeza que há tanto tempo o acompanhava começou a se dissipar.

— Feliz Natal, Miguel! — gritaram.

Ele mal podia acreditar. O abraço apertado de seus irmãos, os risos das crianças e a alegria contagiante daquela noite o envolveram como um cobertor quente. Lili, animada, pulava ao redor, recebendo carinhos e afagos.

Naquela noite, a casa de Seu Miguel se encheu de amor e risadas. As memórias dolorosas foram substituídas por novas, e a solidão deu lugar à alegria.

Mas, de repente, a cena começou a desvanecer. As vozes dos familiares se tornaram ecos distantes, e a luz da árvore, que antes brilhava intensamente, começou a se apagar. Seu Miguel tentou chamar seus irmãos, mas suas palavras não saíam. Ele se viu sozinho novamente, perdido na escuridão.

Quando finalmente despertou, a realidade o atingiu como um balde de água fria. A sala estava silenciosa, e a única luz vinha da lareira, que agora crepitava suavemente. Lili, sua fiel companheira, estava deitada ao seu lado, olhando para ele com olhos cheios de preocupação.

A tristeza tomou conta de seu coração. Ele olhou ao redor e percebeu que estava novamente sozinho, sem os abraços calorosos de sua família. Um nó se formou em sua garganta, e as lágrimas começaram a escorregar por seu rosto.

Os olhos, grandes e expressivos de Lili, se iluminaram ao ver que o velho estava acordado. Com um leve abanar de rabo, ela se levantou de seu canto e se aproximou, suas patas macias fazendo pouco barulho no chão.

Lili cheirou o ar ao redor de Seu Miguel, como se buscasse entender suas emoções. Ao notar as lágrimas em seu rosto, ela pousou a cabeça suavemente em seu colo, olhando-o com um olhar preocupado. Seu coração canino parecia sentir a tristeza dele, e ela se aconchegou ainda mais perto, buscando confortá-lo.

Lili lambeu a mão dele, como se dissesse: "Estou aqui, não precisa ficar triste." Sua presença calorosa e carinhosa trouxe um alívio instantâneo ao coração de Seu Miguel. Ela se aninhou nele, oferecendo seu amor incondicional, e ficou atenta, como se estivesse pronta para proteger seu amigo de qualquer dor.

Com um suspiro profundo, ele envolveu os braços em torno de Lili, apertando-a contra seu peito. Naquele momento, ele fez uma promessa a ela:

— Nunca vou te abandonar, Lili. Você é minha única amiga, minha luz em meio à escuridão. Não importa o que aconteça, sempre estarei aqui para você, assim como você sempre esteve para mim.

Ele sentiu a presença calorosa da cachorra, e um conforto profundo começou a preencher o vazio da solidão. Ali, no silêncio da pequena casa, Seu Miguel percebeu que, mesmo sem a família por perto, ele ainda tinha um amor sincero e verdadeiro.

E assim, enquanto a chuva continuava a cair lá fora, ele e Lili se aconchegaram juntos, prontos para enfrentar o Natal e todos os dias que ainda estavam por vir. 

Seu Miguel sentiu uma onda de gratidão. A maneira como Lili reagiu, com sua lealdade e compaixão, fez com que ele se sentisse menos sozinho. Ela era uma luz em sua vida, sempre disposta a estar ao seu lado. E naquele momento, ele soube que, independentemente da solidão que o cercava, ele nunca estaria verdadeiramente só, enquanto tivesse Lili.

E assim, enquanto as estrelas brilhavam no céu, ele fez um novo desejo. Enquanto tivesse sua fiel companheira, seus dias seriam sempre iluminados, não apenas naquela noite, mas em todos os dias que viriam. Afinal, a verdadeira magia do Natal reside nas conexões que cultivamos e no amor que compartilhamos, mesmo quando a vida nos parece solitária.
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Nota do blog:
Infelizmente esta é uma realidade cada vez mais constante nos dias de hoje, principalmente em pessoas idosas que não tem filhos.

O Natal é uma época de celebração, amor e união, mas para muitos idosos, essa época do ano pode ser repleta de solidão e tristeza. Infelizmente, muitos deles se encontram abandonados por seus familiares, sentindo-se esquecidos e desamparados.

Se você conhece algum idoso que está sozinho, uma simples visita pode fazer toda a diferença. Ouvir suas histórias e compartilhar momentos pode trazer alegria a seus corações.

Oferecer seu tempo para atividades ou até mesmo um café da tarde pode iluminar o dia de alguém.

Muitas vezes, a falta de apoio é resultado de desinformação e preconceitos. Vamos mudar essa narrativa!

É fundamental que, como sociedade, estejamos atentos a essa realidade. Os idosos merecem carinho, respeito e atenção, especialmente em momentos que deveriam ser de alegria. O abandono pode afetar profundamente a saúde emocional e física dessas pessoas, tornando o Natal uma lembrança dolorosa em vez de uma celebração.

Fontes: 
José Feldman. Labirintos da vida. Maringá/PR: IA Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing

quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Daniel Maurício (Poética) 79

 
 

José Feldman (Um terminal rodoviário muito louco)

Era uma manhã ensolarada quando um grupo de estranhos se reuniu no terminal rodoviário da pequena cidade de Pensamento, interior do Paraná. O terminal, com seu cheiro de café requentado e a música de um artista local tocando no fundo, estava prestes a se transformar em um palco para uma série de eventos engraçados.

Primeiro, Dona Edna, uma senhora de cabelos grisalhos e óculos enormes, que sempre se sentava da mesma forma: com um mapa amassado na mão e uma expressão de quem estava prestes a conquistar o mundo. Ela estava em busca de sua neta, que supostamente iria chegar em um ônibus vindo da capital.

Ao lado dela, estava Tiago, um jovem estudante que, com seu fone de ouvido e olhar perdido, parecia estar no mundo da lua. Ele estava tão concentrado na música que não percebeu que seu ônibus tinha mudado de plataforma. Quando finalmente se deu conta, já era tarde demais.

Na outra extremidade do terminal, um homem de terno e gravata, que se apresentava como Dr. Fernando, estava tentando fazer uma ligação importante. Ele falava alto demais (quase aos berros), e sua conversa sobre "negócios internacionais" estava atraindo a atenção de todos ao redor. Mas era impossível não notar que, a cada palavra, ele gesticulava de tal forma que parecia estar tentando voar.

Enquanto isso, o ônibus de Dona Edna chegou, mas, para sua surpresa, não havia sinal de sua neta. Desesperada, ela começou a questionar todos ao redor, incluindo Tiago, que tentava se concentrar em sua música. 

“Você viu uma garota de cabelo cacheado, mais ou menos assim?” ela perguntava, fazendo gestos exagerados. 

Tiago, sem perceber, respondeu: “Desculpe, senhora, estou procurando por um ônibus.”

Nesse momento, Dona Edna decidiu que ele deveria ser um "detetive" e começou a dar instruções absurdas sobre como encontrar sua neta. 

Tiago, confuso, apenas concordou e saiu em busca de informações que não existiam.

Enquanto isso, o Dr. Fernando, tentando se fazer notar, decidiu que era hora de fazer uma apresentação. Ele subiu em uma das cadeiras e começou a falar sobre sua "brilhante carreira" e como estava prestes a fechar um grande negócio. 

O terminal, que estava calmo, agora estava uma balbúrdia. As pessoas aplaudiam de forma sarcástica, e Tiago, ao ouvir o barulho, se aproximou, perguntando se havia um show.

“É claro! Você não sabia? É o show do Dr. Fernando, o empresário que voa alto!” alguém gritou, e todos começaram a rir.

Finalmente, a neta de Dona Edna apareceu correndo, com uma mochila gigante e um sorriso no rosto. 

Ela avistou a avó e, enquanto corria, esbarrou em Tiago, que estava tão perdido em seus pensamentos que quase caiu. 

“Desculpe!” ela exclamou, mas Tiago, em vez de se irritar, respondeu: “Não se preocupe, eu sou apenas um detetive à procura de uma missão.”

Dona Edna, ao ver sua neta, deu um grito de alegria e começou a dançar como se tivesse ganhado na loteria. 

“Minha neta! Finalmente! Agora podemos ir embora!” Ela abraçou a menina, que estava um pouco confusa, mas feliz.

Enquanto isso, Dr. Fernando, percebendo que sua apresentação não estava indo como planejado, decidiu descer da cadeira. Ele tropeçou, e em um momento digno de um filme de comédia, caiu de cara no chão. Todos riram, e até mesmo o homem mais sério do terminal não conseguiu conter o riso.

Tiago, agora em um espírito de camaradagem, se aproximou de Dr. Fernando e disse: 

“Se você precisar de um detetive para seus negócios, eu posso ajudar!” 

O empresário riu e, fora de si, convidou todos para um café na lanchonete do terminal.

Dona Edna, sua neta, Tiago e até mesmo Dr. Fernando acabaram se sentando juntos, compartilhando histórias e risadas. 

O terminal rodoviário, que parecia um lugar comum, havia se transformado em um espaço de amizade e absurdos, onde pessoas de diferentes lugares se uniram através de uma série de imprevistos e risadas.

E assim, entre uma xícara de café e outro, o terminal se tornou um lugar de memórias, onde cada um saiu com uma história para contar — e uma nova amizade para cultivar. Afinal, às vezes, as melhores aventuras começam nos lugares mais inesperados.

Fontes: José Feldman. Peripécias de um jornalista de fofocas & outros contos. Maringá/PR: IA Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul, 2024.
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Dicas de Escrita (Como escrever um conto/ Que vocabulário usar)


Dicas para escritores sobre como escrever um conto

Planejamento 

1. Defina o gênero: Fantasia, Ficção Científica, Terror, Romance, etc. 

2. Crie um enredo básico: Início, meio e fim. 

3. Desenvolva personagens: Nome, idade, personalidade, objetivos. 

4. Estabeleça o cenário: Local, época, clima. 

Escrevendo 

1. Comece com um gancho: Capte a atenção do leitor. 

2. Desenvolva a trama: Introduza conflitos, reviravoltas e tensão. 

3. Use diálogos: Revele personalidades, relacionamentos e informações. 

4. Descreva cenários e atmosferas: Use os sentidos. 

Técnicas 

1. Mostrar, não contar: Use ações e diálogos em vez de narrativa. 

2. Use a perspectiva certa: Primeira pessoa, terceira pessoa limitada ou onisciente. 

3. Crie suspense: Use cliffhangers*, mistérios e incertezas. 

4. Edite e revise: Verifique erros, clareza e coerência. 

Dicas adicionais 

1. Leia muito: Estude contos de ficção de outros autores. 

2. Pratique: Escreva regularmente. 

3. Seja criativo: Não tenha medo de experimentar. 

4. Busque feedback: Compartilhe seu trabalho com outros. 

Estrutura básica de um conto 

1. Introdução (10%): Apresente personagens, cenário e situação. 

2. Desenvolvimento (80%): Desenvolva a trama e conflitos. 

3. Conclusão (10%): Resolva o conflito e finalize a história. 

Lembre-se de que a prática leva à perfeição. Não tenha medo de errar e continue escrevendo!
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* Cliffhangers = é um recurso de roteiro utilizado em ficção, que se caracteriza pela exposição do personagem a uma situação limite, precária, tal como um dilema ou o confronto com uma revelação surpreendente.
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VOCABULÁRIO NO TEXTO

O vocabulário de fácil entendimento em um conto ou crônica é crucial por várias razões: 

1. Acessibilidade: 
Permite que leitores de diferentes níveis de educação e idade compreendam a história. 

2. Imersão: 
Vocabulário simples facilita a imersão do leitor na narrativa, evitando interrupções para buscar significados. 

3. Clareza: 
Palavras claras e concisas transmitem ideias e emoções com precisão, evitando mal-entendidos. 

4. Ritmo: 
Vocabulário simples ajuda a manter o ritmo da história, mantendo o leitor engajado. 

5. Conexão emocional: 
Linguagem acessível facilita a conexão emocional do leitor com personagens e eventos. 

6. Universalidade: 
Permite que a história seja compartilhada com um público mais amplo. 

Para alcançar um vocabulário de fácil entendimento: 

1. Use palavras comuns e cotidianas. 

2. Evite jargões técnicos ou termos especializados. 

3. Defina termos complexos quando necessário. 

4. Varie a estrutura das frases para manter o interesse. 

5. Leia em voz alta para testar a clareza. 

Lembre-se, 
o objetivo é contar uma história envolvente, não demonstrar erudição linguística. 

Fontes: British Order of Freelance Writers.
Imagem criada por JFeldman com Microsoft Bing

Vereda da Poesia = 162 =


Trova de
DELCY CANALLES
Porto Alegre/RS

Esperança, este meu ego,
está sempre a te esperar!
Volta depressa, pois cego,
não sei se vai te encontrar!
= = = = = =
Folclore Brasileiro em Versos de
JOSÉ FELDMAN
Campo Mourão/PR

Bicho-Papão

Na escuridão, um sussurro a surgir,
com olhos a brilhar, em sombras a espreitar,
Bicho-Papão, terror dos que vão dormir,
ensina as crianças a nunca se afastar.

No canto da noite, suas risadas ecoam,
fazendo dos medos, um jogo que entoam,
mas quem o escuta deve ter cautela,
pois sob a aparência, a dor se revela.

Um guardião disfarçado, de lições a dar,
que no fundo do medo há coragem a brotar,
e ao enfrentar a sombra o temor a ceder.

Bicho-Papão, ser que ensina a viver,
na dança da noite um espelho a refletir,
que o medo é só sombra, pronto a sucumbir.
= = = = = = 

Trova de
SWAMI VIVEKANANDA
Nazaré da Mata/PE, 1926 – 2016, Paranaguá/PR

É próprio do brasileiro
nas coisas dar um “jeitinho”.
Faz bagunça o dia inteiro
mas em casa vira “anjinho”.
= = = = = = 

Poema de
MARIA NASCIMENTO SANTOS CARVALHO
Rio de Janeiro/RJ

Excesso de Amor 

Amo o sol, amo a lua, o firmamento,
amo os montes, as serras, e arrebóis,
amo a terra, a beleza, o pensamento ...
Eu amo loucamente os rouxinóis.

Amo prados, colinas e amo os ventos,
e tudo desta vida passageira,
eu aprendi a amar os sofrimentos
e até mesmo a  vizinha faladeira ...

Amo as  flores, as  aves, as florestas,
amo  praias,  jardins, e os coqueirais,
eu amo a solidão, bem como as  festas,
também  amo o frescor dos matagais.

Amo a  sombra, o silêncio e a harmonia,
amo tudo o que traz  felicidade,
o sereno, o ciúme, a cortesia,
amo a cor, amo o amor, e amo a saudade  !

Amo o  frio da noite enluarada,
amo os  rios,  o espelho e a amplidão,
amo a vida, sem  mesmo ser amada,
porque amo ouvir a voz do coração ...

Eu amo o bem - estar da  Humanidade,
seguindo o que   me  ensina a Lei  Cristã...
Amo plantar, feliz,  na mocidade
uma esperança a mais para o amanhã  !

Amo a  noite,  amo o dia, a madrugada,
a chuva que dá  viço a  flor do agreste,
o sublime cantar da passarada,
e a vida sossegada do Nordeste...

Amo a  fonte, os desertos, os rochedos,
amo  a  areia e  amo a  espuma do oceano,
o clarão,  amo a  réstia,  amo os degredos,
e  amo as quatro estações de cada  ano ...

Amo  o  sonho, o talento, amo a pintura,
a  igreja com seu sino a repicar ...
Amo o riso depois da desventura
e  amo o  barulho ouvido à  beira - mar ...

Amo o som,  a  ternura,  amo a nobreza,
e o pranto quando fruto de emoção,
amo todo o esplendor da Natureza,
eu  amo  tudo,  enfim, sem distinção...

Amo as  nuvens com arte e com  mesuras,
quando formam no espaço um  longo véu ...
e as estrelas fazendo travessuras,
mudando de  lugar,  mesmo no céu ...

Eu  amo  os  vegetais,  toda  a  folhagem,
a  garra da  cigarra cantadeira,
as notas  musicais,  amo a  friagem
e o calor  insistente da  lareira...

Eu  amo o despertar da  simpatia,
a velhice e também a juventude,
um  semblante que vibra de alegria,
a força de vontade,  amo a  virtude !

Amo o  lirismo, a  paz,  amo a cultura,
amo o trabalho,  a  luz e a  inteligência,
amo as benesses da  literatura,
amo a  sabedoria da  Ciência ...

Eu  amo o  campo santo,  a  nostalgia,
E o lazer  no descanso após a  lida,
e fervorosamente amo poesia ...
e amando o Ser Humano ...  Eu  amo a  Vida !

Eu  amo este  Universo  imenso  e  bom
com  todo o amor  que Deus me concedeu,
pois nem toda  Mulher possui o dom
de  Amar, com  tanto excesso, assim com eu   ...
= = = = = = 

Trova de
APARÍCIO FERNANDES
Acari/RN, 1934 – 1996, Rio de Janeiro/RJ

Bem pouca alegria existe
no riso de largos traços.
- Você já viu como é triste
o olhar de certos palhaços?
= = = = = = 

Soneto de
MÁRIO QUINTANA
Alegrete/RS (1906 – 1994) Porto Alegre/RS

A Rua dos Cata-ventos (III)

Quando os meus olhos de manhã se abriram,
Fecharam-se de novo, deslumbrados:
Uns peixes, em reflexos dourados,
Voavam na luz: dentro da luz sumiram-se...

Rua em rua, acenderam-se os telhados.
Num claro riso as tabuletas riram.
E até no canto onde os deixei guardados
Os meus sapatos velhos refloriram.

Quase que eu saio voando céu em fora!
Evitemos, Senhor, esse prodígio...
As famílias, que haviam de dizer?

Nenhum milagre é permitido agora...
E lá se iria o resto de prestígio
Que no meu bairro eu inda possa ter!...
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Trova do
PROFESSOR GARCIA
Caicó/RN

A dor que se intensifica
e amedronta os dias meus,
é pensar na dor que fica
depois da palavra adeus!
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Poema de 
GRAÇA PIRES
Figueira da Foz/Portugal

Quero uma Casa

Quero uma casa com paredes azuis,
com varandas vidradas sobre a noite.
Um abrigado lugar no eixo do silêncio.
Um espaço intemporal. Sagrado.
Ancorado perto de um signo lunar,
ou preso a um verão inesperado.
Quero dançar dentro das palavras líquidas:
água, rio, mar, lágrimas,
talvez o orvalho que escorre pelas árvores de madrugada.
Quero atravessar uma crônica de viagem,
conspirando contra os profetas de marés sobressaltadas,
para não morrer sufocada na engrenagem do medo.
Quero ficar seduzida de uma espera,
no imaginário dos que sonham,
e gritar a idade circular de qualquer afeto.
Quero amar o pretexto branco dos meus olhos
sem precipitar a cor translúcida das raízes
que prendem a noite à palidez do sol na sedução do amanhecer,
e deixar, depois, que um azul extenuado me denuncie.
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Trova humorística de 
WANDA DE PAULA MOURTHÉ
Belo Horizonte/MG

Chega bêbado… sequer
distingue um rosto e malogra:
dá alguns tapas na mulher
e muitos beijos na sogra!
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Soneto de 
AMILTON MACIEL MONTEIRO
São José dos Campos/SP

Avós

Dizem que avós são pais açucarados...
E deve ser verdade, com certeza!
Quantos netinhos são apaixonados
pelo doce dos velhos. Que beleza!

Isso não só em parentes mais chegados
eu vejo, em geral, e com clareza,
netos beijando avós, muito abraçados,
com amor, tal qual manda a natureza!

Infelizmente eu não senti de perto
o gosto de viver com avós. E é certo
que, isso, me marcou a vida inteira...

Meus quatro avós morreram antes mesmo
de eu ter nascido!  E não por morte a esmo;
mas na “febre amarela”  brasileira!
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Trova de
ZAÉ JÚNIOR
Botucatu/SP, 1929 – 2020, São Paulo/SP

Se tu buscas na partida
além do horizonte, a paz,
não fujas da própria vida,
que a vida sabe o que faz!
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Hino de 
IPUPIARA*/BA

Nasce o sol a brilhar lá na serra!
Ao saudar o seu povo varonil,
Que batalha para seu progresso
E ao progresso do Brasil.

Ibipetum!
Terra alegre e formosa,
Com o seu povo gentil
Que ao sol da terra, carpina,
Pra autonomia alcançar!

Tuas serras e seus cristais,
O teu povo a garimpar,
Almejando melhorias e vitórias
E o progresso do lugar.

Ibipetum!
Terra boa e amiga
Para quem lhe visitar;
Em seu manto mui sagrado
E Santo Antonio a abençoar!

Os campos verdes de suas matas
E o plantio a se ganhar,
O sertanejo trabalha contente
Pro progresso familiar!

O teu nome eleva o seu rumo,
É a riqueza do fumo por vir;
Seu topônimo é da língua Tupi,
Ibipetum!
Tu és a terra do fumo!

Viva Ibipetum! Viva Ibipetum!
–––––––
* Nota:
O topônimo Ipupiara é derivado da língua indígena tupi e significa deusa das águas.
O município de Ipupiara possui o distrito sede e o distrito de Ibipetum, por onde estão distribuídos mais de 69 povoados.
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Trova Premiada de
RITA MARCIANO MOURÃO 
Ribeirão Preto/SP

Amanhece, o dia é lindo,
e o passaredo contente
faz festa ao sol, que sorrindo.
lá do céu contempla gente.
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Recordando Velhas Canções
ONDE ESTARÁS 
(bolero, 1961) 
Evaldo Gouveia e Jair Amorim

Onde estarás?
Nesta hora, onde estarás
Em que coração
Qual o novo amor
Quem tu beijarás?

Pobre de mim
Sempre, sempre a me perguntar
Que carinhos tens?
Em que braços estás?
Quando voltarás?

Dizem aí
Que é inútil esperar
Que junto de ti
Alguém há de estar
Respondo que não
Sem mágoa ou rancor
Pois meu coração
Está onde estás, amor!

Dizem aí
Que é inútil esperar
Que junto de ti
Alguém há de estar
Respondo que não
Sem mágoa ou rancor
Pois meu coração
Está onde estás, amor !
= = = = = = = = = = = = = 

Trova de
JOSÉ LUCAS DE BARROS
Serra Negra do Norte/RN, 1934 – 2015, Natal/RN

Viram cinza os verdes braços
de árvores tão bem formadas
e a terra morre aos pedaços
por onde vão as queimadas!
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