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domingo, 9 de fevereiro de 2025

Vereda da Poesia = 214

Poema de
ANÍBAL BEÇA
Manaus/ AM, 1946 – 2009

NOSSA LÍNGUA
(para o poeta Antoniel Campos)

O doce som de mel que sai da boca
na língua da saudade e do crepúsculo
vem adoçando o mar de conchas ocas
em mansa voz domando tons maiúsculos.

É bela fiandeira em sua roca
tecendo a fala forte com seu músculo
na hora que é preciso sai da toca
como fera que sabe o tomo e o opúsculo.

Dizer e maldizer do mel ao fel
é fado de cantigas tão antigas
desde Camões, Bandeira a Antoniel,

este jovem poeta que se abriga
na língua portuguesa em verso e fala
nau de calado ao mar que não se cala.
= = = = = = = = =  

Trova de
AMILTON MACIEL MONTEIRO
São José dos Campos/SP

Não importa a cor da pele
e nem a força dos braços;
mais vale o que nos impele
aos amorosos abraços!
= = = = = = 

Poema de
DANIEL MAURÍCIO
Curitiba / PR

Declaração...
Nas mãos,
Mais que flores...
Com os
Olhos da alma
Verás
Que te ofereço
meu pequeno
Coração.
= = = = = = = = =  

Trova de
JESSÉ NASCIMENTO
Angra dos Reis/RJ

Os meus sonhos de menino,
cheios de esperança e cores,
os leva o trem do destino,
nos trilhos, por entre flores.
= = = = = = 

Poema de
DOMINGOS FREIRE CARDOSO
Ilhavo/ Portugal

MEU IRMÃO, VEM COMIGO VER O MAR
(Glória Marreiros, in "Terra de Ninguém", p. 33)

Meu irmão, vem comigo ver o mar
Chão e calmo em constante movimento
Berço da vida e fonte de alimento
Com espuma que é renda de um altar.

Esquece a dor de um barco a naufragar
Abandona-te às ondas e ao bom vento
Que o mar é esse líquido elemento
Que os homens trazem de volta à luz do lar,

Mãe de lendas por tantas gerações
Ó mar tu é que irmanas as nações
Nascidas pelos cantos deste mundo.

Reino do céu azul, brumas e medos
Só tu sabes os bens e os segredos
Que guardas no teu seio tão profundo.
= = = = = = = = = 

Trova de
DOROTHY JANSSON MORETTI 
Três Barras/SC, 1926 – 2017, Sorocaba/SP

Irrequieto, o molecote,
no jeitinho turbulento,
parece um mini-quixote,
perseguindo um catavento.
= = = = = = 

Poema de
OLAVO BILAC
Rio de Janeiro/RJ, 1865 – 1918

MANHÃ DE VERÃO

As nuvens, que, em bulcões, sobre o rio rodavam,
Já, com o vir de manhã, do rio se levantam.
Como ontem, sob a chuva, estas águas choravam!
E hoje, saudando o sol, como estas águas cantam!

A estrela, que ficou por último velando,
Noive que espera o noivo e suspira em segredo,
Desmaia de pudor, apaga, palpitando,
A pupila amorosa, e estremece de medo.

Há pelo Paraíba um sussurro de vozes,
Tremor de seios nuns, corpos brancos luzindo...
E, alvas, a cavalgar broncos monstros ferozes,
Passam, como num sonho, as náiades fugindo.

A rosa, que acordou sob as ramas cheirosas,
Diz-me: “Acorda com um beijo as outras flores quietas!
Poeta! Deus criou as mulheres e as rosas
Para os beijos do sol e os beijos dos poetas!”

E a ave diz: “Sabes tu? Conheço-a bem... Parece
Que os Gênios de Oberon bailam pelo ar dispersos,
E que o céu se abre todo, e que a terra floresce,
- Quando ela principia a recitar teus versos!”

E diz a luz: “Conheço a cor daquela boca!
Bem conheço a maciez daquelas mãos pequenas!
Não fosse ela aos jardins roubar, trêfega e louca,
O rubor da papoula e o alvor das açucenas!”

Diz a palmeira: “Invejo-a! ao vir a luz radiante,
Vem o vento agitar-me e desnastrar-me a coma:
E eu pelo vento envio ao seu cabelo ondeante
Todo o meu esplendor e todo o meu aroma!”

E a floresta, que canta, e o sol, que abre a coroa
De ouro fulvo, espancando a matutina bruma,
E o lírio, que estremece, e o pássaro, que voa,
E a água, cheia de sons e de flocos de espuma,

Tudo, - a cor, o clarão, o perfume e o gorjeio,
Tudo, elevando a voz, nesta manhã de estio,
Diz: “Pudesses dormir, poeta! No seu seio,
Curvo como este céu, manso como este rio!”
= = = = = = 

Trova de 
IZO GOLDMAN
Porto Alegre/RS, 1932 – 2013, São Paulo/SP

Na imensa feira da vida,
as barracas da ironia:
- a das culpas - concorrida!...
a dos remorsos - vazia...
= = = = = = 

Soneto de
MÁRIO A. J. ZAMATARO
Curitiba/PR

NA PRAÇA

À noite o movimento anima a praça,
garotos e garotas vão além
dos olhos camuflados de vidraça...
da busca de dinheiro e de algum bem.

A grana e a droga e a lisa da cachaça
embalam todo o gozo que eles têm.
Em meio ao gozo há o peso da carcaça,
e a vida oscila à beira... do que vem.

O tempo é companheiro do perigo.
Vacilo não perdoa nem amigo.
E é breve a sensação que vem de ser.

No centro, a velha mola do poder
e, em volta, a tola senha do freguês...
Na praça, todo sonho é insensatez!
= = = = = = = = =  

Poetrix de
MARÍLIA BAÊTAS
Belém/PA

NO MUNDO DA LUA

Vagam meus pensamentos,
flutuam qual astronauta.
Na terra, tua falta.
= = = = = = 

Poema de
CHARLES BAUDELAIRE
Paris/França 1821 – 1867

O ALBATROZ

Às vezes, por prazer, os homens de equipagem
Pegam um albatroz, enorme ave marinha,
Que segue, companheiro indolente de viagem,
O navio que sobre os abismos caminha.

Mal o põem no convés por sobre as pranchas rasas,
Esse senhor do azul, sem jeito e envergonhado,
Deixa doridamente as grandes e alvas asas
Como remos cair e arrastar-se a seu lado.

Que sem graça é o viajor alado sem seu nimbo!
Ave tão bela, como está cômica e feia!
Um o irrita chegando ao seu bico em cachimbo,
Outro põe-se a imitar o enfermo que coxeia!

O poeta é semelhante ao príncipe da altura
Que busca a tempestade e ri da flecha no ar;
Exilado no chão, em meio à corja impura,
A asa de gigante impede-o de andar.
= = = = = = 

Trova de
APARÍCIO FERNANDES
Acari/RN, 1934 – 1996, Rio de Janeiro/RJ

Guarda bem isto na mente,
se a mentira te norteia:
mais cedo ou mais tarde, a gente
colhe aquilo que semeia!...
= = = = = = 

Hino de 
CLEVELÂNDIA/ PR

Clevelândia longínquo recanto
De teus filhos precioso agasalho.
Sob o manto de um céu de turquesa
És colmeia de vida e trabalho.

Clevelândia meiga terra
És um sonho que se faz
Na riqueza de teus campos
Na alegria dos trigais

Que se estende pelos vales
Feito ouro, feito pão
Com benção do Senhor
Na tristeza do sertão.

Quando aurora desponta sorrindo
E os pinhais lacrimejam orvalho
Teus filhos alegres contentes
Buscam todos na vida o trabalho.

Clevelândia meiga terra
És um sonho que se faz
Na riqueza de teus campos
Na alegria dos trigais

Que se estende pelos vales
Feito ouro, feito pão
Com benção do Senhor
Na tristeza do sertão.

A teus filhos que seja a harmonia
E o trabalho fecundo a divisa
Tua grandeza e progresso futuro
Desta fonte de vida precisa.

Clevelândia meiga terra
És um sonho que se faz
Na riqueza de teus campos
Na alegria dos trigais

Que se estende pelos vales
Feito ouro, feito pão
Com benção do Senhor
Na tristeza do sertão.

Quando ao longe te avista sorrindo
Minha alma alegre conduz
Minhas preces à mãe padroeira
Virgem Santa Senhora da Luz.

Clevelândia meiga terra
És um sonho que se faz
Na riqueza de teus campos
Na alegria dos trigais

Que se estende pelos vales
Feito ouro, feito pão
Com benção do Senhor
Na tristeza do sertão.

Clevelândia longínquo recanto
Deste nobre e feliz Paraná
És parcela do nosso Brasil
Mas tão bela como outra não há.

Clevelândia meiga terra
És um sonho que se faz
Na riqueza de teus campos
Na alegria dos trigais

Que se estende pelos vales
Feito ouro, feito pão
Com benção do Senhor
Na tristeza do sertão.

Quando aurora desponta sorrindo
E os pinhais lacrimejam orvalho
Tuas quinhentas casinhas de pinho
Formam tudo na vida o trabalho.

Clevelândia meiga terra
És um sonho que se faz
Na riqueza de teus campos
Na alegria dos trigais

Que se estende pelos vales
Feito ouro, feito pão
Com benção do Senhor
Na tristeza do sertão.
= = = = = = = = =  

Soneto de
BENEDITA AZEVEDO
Magé/ RJ

TARDE FELIZ (ABRINDO O BAÚ)

Em  morna tarde de sol
Cheia de tanta beleza,
Podemos observar
Encantos da natureza.

No aconchego da varanda,
Contemplo este céu azul,
No rádio tocando a banda,
O vento sopra do sul.

No jardim todo florido
Crianças correm a brincar,
De pique pega escondido.

O gato mia no muro
A coruja voa a gritar
Enquanto o ouvido eu apuro.
= = = = = = = = =  = = = = 

Uma Lengalenga de Portugal
ARRE BURRO

(Várias versões)
 
Arre burro
De Loulé
Carregado
De água-pé
 ***
 
Arre burro
De Monção
Carregado
De requeijão
 ***
 
Arre burrinho
Arre burrinho
Sardinha assada
Com pão e vinho
 ***
 
Arre burrinho
De Nazaré
Uns a cavalo
Outros a pé
 ***
 
Arre burrinho
Para Azeitão
Que os outros
Já lá vão
Carregadinhos
De feijão
= = = = = = = = =  

Quadra Popular de
AUTOR ANÔNIMO

Segunda-feira eu te amo,
terça te quero bem;
na quarta morro por ti,
quinta por mais ninguém.
= = = = = = = = =  

Poema de
VANICE ZIMERMAN
Curitiba/PR

ACONCHEGO

Imóveis
A pena
E a asa da borboleta
Sonham
Com o vento…
= = = = = = 

Trova de
DINAIR LEITE
Paranavaí/PR

Foi o poeta! Se chora…
Quedou da rosa o perfume
que invadiu belo anjo que ora
pro poeta e acende lume!
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sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

Vereda da Poesia = 213


Trova de
NEMÉSIO PRATA
Fortaleza/CE

Foi a força do migrante
com seu braço varonil
que moldou este gigante,
hoje, chamado Brasil!
= = = = = = = = =  

Poema de
ANÍBAL BEÇA
Manaus/ AM, 1946 – 2009

MANHÃ

A manhã nasce das muitas janelas
deste sereno corpo fatigado,
sede  dos meus caminhos sem cancelas,
na luz de muitos astros albergados.

Casa em que me recolho das mazelas,
dos louros, derroteiros, lado a lado,
para de mim ouvir franca sequela:
Ecce Homo! Eis o triste camuflado.

Essa tristeza antiga em residência,
às vezes se constrói em face alegre,
máscara sem eu mesmo em aparência

num carnaval insólito em seu frege.
O que me salva a cor nessa vivência
é saber que a poesia é quem me rege.
= = = = = = = = =  

Poema de
DANIEL MAURÍCIO
Curitiba / PR

Ausência...
O tempo
Descolore
A janela
Mas a esperança
Da tua chegada,
Ainda mantém
Um fio
De brilho
No meu
Olhar.
= = = = = = = = =  

Poema de
DOMINGOS FREIRE CARDOSO
Ilhavo/ Portugal

EU SEI QUE VOAREI, NA IMENSIDADE
(João Baptista Coelho, in "Um outro livro de Job", p. 75.)

Eu sei que voarei, na imensidade
Do reino da palavra que é magia
Se as brancas asas gráceis da Poesia
Me derem essa pura caridade.

Com alma solta em franca liberdade
Planarei sobre o mar e a maresia
E tudo o que até aqui não entendia
Verei na limpidez de uma verdade.

Nesse dia em que a treva se dilui
Serei mais do que algum dia já fui
Numa grandeza de alma sem ter fim.

E este mundo será meu por completo
Que no imenso infinito eu me projeto
E já não caibo inteiramente em mim. 
= = = = = = = = = 

Trova de
DOROTHY JANSSON MORETTI 
Três Barras/SC, 1926 – 2017, Sorocaba/SP

Eu me faço de blindado.
Amor? Bobagem... Pieguice...
Meu medo é que, apaixonado,
eu me envolva na tolice.
= = = = = = 

Soneto de
OLAVO BILAC
Rio de Janeiro/RJ, 1865 – 1918

VITA NUOVA

Se ao mesmo gozo antigo me convidas,
Com esses mesmos olhos abrasados,
Mata a recordação das horas idas,
Das horas que vivemos apartados!

Não me fales das lágrimas perdidas,
Não me fales dos beijos dissipados!
Há numa vida humana cem mil vidas,
Cabem num coração cem mil pecados!

Amo-te! A febre, que supunhas morta,
Revive. Esquece o meu passado, louca!
Que importa a vida que passou? Que importa,

Se ainda te amo, depois de amores tantos,
E inda tenho, nos olhos e na boca,
Novas fontes de beijos e de prantos?!
= = = = = = 

Trova de 
IZO GOLDMAN
Porto Alegre/RS, 1932 – 2013, São Paulo/SP

Eu sou príncipe tristonho
porque, na história real,
não há, na escada do sonho,
sapatinhos de cristal!...
= = = = = = 

Poema de
ROBERTO PINHEIRO ACRUCHE
São Francisco de Itabapoana/RJ

EXALTAÇÃO A SÃO FRANCISCO DE ITABAPOANA

São Francisco de Itabapoana
Como eu gosto de você.
Sua beleza encantadora
Há de sempre resplandecer.

Suas praias, sua grandeza,
Seus campos e floração colorida,
Obra prima da natureza
Eu me orgulho de ter nascido aqui.

Salve seu povo hospitaleiro,
Bom, amigo e trabalhador;
Salve terra abençoada
De São Francisco nosso senhor…

Abraçada pelos rios,
Beijada pelo mar,
Ornada com lagoas
Você é linda, sempre vou lhe amar.

São Francisco de Itabapoana
Onde o sol brilha mais o ano inteiro,
Estrela de grandeza reluzente
Do Estado do Rio de Janeiro.
= = = = = = = = =  

Trova de
JOÃO BATISTA XAVIER OLIVEIRA
Bauru/SP

Ontem, família reunida...
Cantos, abraços, folias.
Hoje, em telas entretida
no silêncio de mãos frias!
= = = = = = 

Poetrix de
SUELY BRAGA
Osório/RS

O pensamento voa
    ao sabor do vento
    com o pássaro que revoa.
= = = = = = 

Glosa de
GISLAINE CANALES
Herval/RS, 1938 – 2018, Porto Alegre/RS

ESTRELA DO MAR

Mote:
Perguntei para uma estrela
que encontrei à beira-mar:
- O que faço para tê-la
se você pertence ao mar?
(Sarah Rodrigues)

Glosa:
Perguntei para uma estrela
num passeio matinal,
pela praia, logo ao vê-la:
Você é mesmo real?

Era a estrela da alegria,
que encontrei à beira-mar,
que ao enfeitar o meu dia,
enfeitiçou meu olhar!

Como posso não querê-la
se é tão linda e me fascina?
– O que faço para tê-la,
bela estrela pequenina?

Mas fico só no desejo...
Sei que é esse o seu lugar,
só posso lhe dar meu beijo,
se você pertence ao mar!
= = = = = = 

Trova de
APARÍCIO FERNANDES
Acari/RN, 1934 – 1996, Rio de Janeiro/RJ

Foi sempre assim! Escondida
no engodo que a desvirtua,
a Verdade anda vestida
quando a Miséria está nua!
= = = = = = 

Hino de 
CIANORTE/PR

Cianorte de viva esperança
de uma luz reluzente de paz
Óh cidade de encantos perenes
és abrigo de um verde eficaz

Cianorte de braços abertos
que enaltece o mundo feliz
és o fruto de um grande progresso
A grandeza que o povo bem quis

Cianorte, Cianorte
és a fonte de um grande valor
Cianorte de paz e eterno fulgor
que aquece com a chama do amor

Óh que terra celeira e farta
verdejante de intenso vigor
Óh cidade de campos e flores
construída com paz e amor

Cianorte de famas e glórias
és a honra de um povo gentil
por ser capital do vestuário
o orgulho do nosso Brasil

Cianorte, Cianorte
és a fonte de um grande valor
Cianorte de paz e eterno fulgor
que aquece com a chama do amor
= = = = = = = = =  

Soneto de
BENEDITA AZEVEDO
Magé/ RJ

SOMENTE O AMOR CONSTRÓI 

O amor universal é o limite
para infinitas dores e alegria.
Nada o arrefecerá, só acredite
nas bênçãos que do céu Ele te envia.

És a mãe amorosa para os filhos
que são três para só, orientares.
Não é tarefa fácil, mas com brilhos
tens enfrentado lutas aos milhares.

Para quem tem o amor como alimento
e a caridade ao próximo, não julga
atitudes alheias, se o acalento,

que tem a oferecer não  é de ajuda;
portanto não dês bola a quem divulga
opiniões vazias , Deus, acuda!
= = = = = = = = =  = = = = 

Uma Lengalenga de Portugal
OS ESCRAVOS DE JÓ

 “Os escravos de Jó” é uma cantilena cuja origem, significado e letra é motivo de controvérsia. Presume-se que fazem alusão aos escravos que em África juntavam caxangá (uma espécie de crustáceo). É usada num jogo infantil que remota ao século XVIII. Para se jogar, forma-se uma roda de jogadores e, ao ritmo da lengalenga, inicia-se o jogo passando um objeto que têm na mão direita para o vizinho da direita, ao mesmo tempo que recebem com a mão esquerda o objeto do vizinho da esquerda, trocando-o rapidamente de mão. O que se enganar e deixar cair o objeto, perde e sai da roda.
 
 Os escravos de Jó,
 Jogam caxangá.
 Tira, põe, deixa ficar.
 Guerreiros com guerreiros,
 Fazem zigui, zigui, zag. (repete)
= = = = = = = = =  

Quadra Popular de
AUTOR ANÔNIMO

Tigelinha d’água morna,
o que faz na prateleira?
Esperando o meu benzinho,
que chega segunda-feira.
= = = = = = = = =  

Poema de
VANICE ZIMERMAN
Curitiba/PR

TECENDO O DESTINO

De dia ela tece,
E a noite, ponto por ponto
Ela destece...
À espera do seu Amor,
Tecendo o Destino…
= = = = = = 

quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

Vereda da Poesia = 209

Soneto de
PAULO CEZAR TÓRTORA 
Rio de Janeiro/ RJ

Aurora primaveril

Desabrocha sorrindo a beleza da vida.
Primavera! A estação da alegria e do amor...
Os casais se beijando em total despudor
Ornamentam de afeto a pracinha florida,

E na aurora eis o sol, em dourada investida.
Reverbera no voo do fugaz beija-flor,
A aquarela de tons que nos leva a supor
Ser a felicidade a razão desta vida.

Entre a copa cerrada o hospedeiro arvoredo
Dá aos ninhos, abrigo, em um lúdico enredo
De uma história irreal de mil sonhos dispersos.

E, num canto da praça o poeta, arredio,
Diz ao seu coração que preencha o vazio
E que iluda a tristeza, ao tecer os seus versos.
= = = = = = = = =  

Poema de
DANIEL MAURÍCIO
Curitiba / PR

Sem pressa...
Na tua calmaria
Desacelero meu pensamento 
E como é bom respirar direito
Seguindo o ritmo do teu peito
Trocar a ansiedade
Pela pausa da saciedade 
Sem pressa
Pois tu és 
A fonte dos meus desejos.
= = = = = = = = =  

Trova Premiada de
A. A. DE ASSIS 
Maringá/PR

Promessa do esperto moço
ao bom sogro, ao se casar:
-- Voltaremos para o almoço,
todo dia... e pro jantar!
= = = = = = 

Poema de
DOMINGOS FREIRE CARDOSO
Ilhavo/ Portugal

O silêncio tem a voz duma saudade
(Cacilda Celso in "Mar Mítico / Mer Mythique", p. 27)

O silêncio tem a voz d’uma saudade
Não bate à porta e entra sem licença
Impondo a sua incômoda presença
E em casa os cantos todos ele invade.

Senta-se à mesa sem urbanidade
Mal entra pousa em tudo, sem detença
Alastra e tudo infecta, qual doença
Que venha só mostrar sua maldade.

Que se vá embora, eu tanto lhe imploro
E que me deixe em paz, eu quase choro
Temendo o que ele quer e, ao menos, fale!

Mas arrogante, mau e prepotente
Aos meus queixumes sempre indiferente
É ele que me exige que eu me cale!
= = = = = = = = = 

Soneto de
DANIEL FERNANDES DA SILVA 
Belo Horizonte/ MG

Alvorecer

Já o Sol, desdobrando o claro manto,
Entorna seus primeiros resplendores,
E as nuvens, matizadas de mil cores,
Vão dando ao firmamento um novo encanto;

Já se escuta entoar um doce canto
O coro dos alígeros cantores,
E do prado regando as lindas flores
Derrama a Aurora seu saudoso pranto;

Já enfim, pela luz do dia acesa,
Vê-se romper a sombra horrenda, escura
Que de luto tingia a natureza.

Só nest'alma, onde a noite sempre dura,
Não se aclaram as sombras da tristeza
Em que me tem envolto a Desventura.
= = = = = = 

Trova Premiada de 
CEZAR DEFILIPPO 
Astolfo Dutra/MG

Não beber mais – garantiu,
promessa perante o santo!
E o bebum diz que cumpriu:
- tô bebendo o mesmo tanto!!!
= = = = = = 

Soneto de
JOSAFÁ SOBREIRA DA SILVA
Jacarepaguá/ RJ

O show da aurora

Eu reparei que as fúlgidas auroras
realçam magistrais policromias
e, em seu prenúncio, no avançar dos dias,
mudam-se as cores, no mover das horas.

Descortinei que, sem longas demoras,
exibe a aurora loucas fantasias,
em que dormitam danças e magias,
depois que os ventos fincam-lhe as esporas.

Eu me encantei a cada dia lindo
e em cada aurora que fosse surgindo,
nesse mover de um frêmito sem fim!

E, acalentado por meus pensamentos,
nas manhãs frias suportava os ventos
vendo esse show que Deus montou pra mim!
= = = = = = = = =  

Poetrix de
RONALDO RIBEIRO JACOBINA
Salvador/BA

Pena capital

Confesso e pena peço.
Senhor Juiz, eu roubo os sonhos
E registro-os em versos.
= = = = = = 

Soneto de
MAURÍCIO CAVALHEIRO 
Pindamonhangaba/ SP

Auroras

Abria a porta quando vinha a aurora
com seus pincéis de singulares cores
pintar a serra, o ribeirão, as flores,
os bois no pasto, o céu e o pé de amora.

Sentia paz ante a visão, e embora
o reumatismo provocasse dores,
se ajoelhava a oferecer louvores
a Deus por mais uma divina hora.

Após a prece ela se punha em pé
e entrava na casinha de sapé
onde morava há muito tempo, só.

Essa senhora de tão longa idade,
que quis morar distante da cidade,
se chama Aurora... Ela é a minha avó.
= = = = = = 

Trova de
APARÍCIO FERNANDES
Acari/RN, 1934 – 1996, Rio de Janeiro/RJ

Nos trilhos da ferrovia,
ela, brincando, caminha.
- Até que afinal Maria
resolveu andar na linha...
= = = = = = 

Hino de 
PELOTAS/RS

Salve, salve, ó Pelotas querida
Formosíssima terra do Sul
Tens coberta de glória a vida
Como é lindo o teu céu tão azul.

Não há terra no mundo grandiosa
Que te iguale no esplêndido brilho
De Pelotas a terra formosa
Tenho orgulho também de ser filho.

No teu seio aparece, fulgura
Alegria, instrução e valor
São Gonçalo baixinho murmura
A canção da saudade e do amor.

Salve, salve, ó Pelotas querida
Formosíssima terra do Sul
Tens coberta de glória a vida
Como é lindo o teu céu tão azul.

Hei de sempre Pelotas te amar
E trazer-te na minha memória
Aprendi no teu seio a chorar
E a sorrir nos momentos de glória.

Meus avós te souberam amar
Com orgulho, carinho e respeito
E ao morrer me fizeram herdar
Esse amor que conservo no peito

Salve, salve, ó Pelotas querida
Formosíssima terra do Sul
Tens coberta de glória a vida
Como é lindo o teu céu tão azul
= = = = = = = = =  

Soneto de
PAULO MAURICIO G. SILVA 
Teresópolis/ RJ

Teu violão

Magia dos acordes delicada...
Doce magia... Tons da inspiração...
Lembra o som de uma aurora imaculada.
Louros trigais dourando a imensidão.

Que vibração celeste, sossegada...
Raios de sol abrindo uma estação...
A minha alma flutua, acariciada
pelas notas sublimes de um refrão...

Que melodia suave, bem ritmada...
Afagos de uma brisa perfumada.
Remanso de uma tarde de verão.

Envolve-me a bucólica energia...
Meus nervos embriagados na harmonia
são cordas musicais do teu violão.
= = = = = = = = =  = = = = 

Uma Lengalenga de Portugal
ERA UMA VEZ… 2
 
Era uma vez
Um gato maltês
Tocava piano
Falava francês
Saltou-te às barbas
Não sei que te fez
A dona da casa
Chamava-se Inês
O número da porta era o 33!
Queres que te conte outra vez?
= = = = = = = = =  

Trova Popular de
AUTOR ANÔNIMO

Minha mãe, case-me cedo,
enquanto sou rapariga,
que o milho sachado tarde
não dá palha, nem espiga.
= = = = = = = = =  

Poema de
VANICE ZIMERMAN
Curitiba/PR

A janela entreaberta

O Vento deixou
A janela  entreaberta,
E o Tempo tentou fechá-la,
Mas, não conseguiu
O Vento sorriu, enquanto
A noite trouxe a chuva,
Deslizaram gotas d’água
Em meu rosto,
E em cada gota, senti  uma carícia
Repleta  de Saudade,
Beijos em movimento…
= = = = = =