sábado, 29 de julho de 2017

Olivaldo Junior (Pequeno conto de estrela)

O menino se chamava João. Tinha sete anos e meio. Um detalhe: queria alcançar as estrelas. Já lhe haviam dito que, se quisesse mesmo isso, tinha que ser astronauta. "'Astronáutico'?", dizia ele para si mesmo, que não entendia bem o que uma coisa tinha a ver com outra. Não queria ser nenhum "astronáutico", nem nada, só queria uma coisa: alcançar as estrelas. Seria pedir muito, seria?!

Assim, depois de um tempo, adolescente, seu desejo de alcançar as estrelas foi se diluindo no universo interior de quem tem mais o que fazer que só sonhar com o (im)possível. A mente do pequeno João já fixara bem os mandamentos da vida em duo, em trio, em quarteto, em quinteto, em múltiplos coletivos. A vida em sociedade era o seu alvo. Aliás, de quem não é? Onde seu quorum?

João não tinha muitos amigos. Nunca os teve. Tinha muitos, inúmeros conhecidos. Quantos contatos mesmo no Face? Não sei, não sei. O que sei é que, certo dia, numa noite sem lua, bem preta, um vagalume adentrou o quarto do jovem e, no meio da tela do computador, pousou sua esperança. Um vaga-lume? Sim, um vaga-lume, um resistente. Não se viam muitos mais ultimamente. Será que os pesticidas também estão acabando com eles? João não sabia. O que sabia é que, enfim, sua primeira estrela o alcançara.

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