Marcadores

Mostrando postagens com marcador Meus manuscritos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Meus manuscritos. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 25 de julho de 2025

José Feldman (Ecos da Solidão)


Em uma pequena cidade, onde as ruas são tranquilas e o tempo parece fluir de maneira diferente, vive Alessandro. Aos 75 anos, ele se tornou uma sombra do homem vibrante que um dia foi. Com seu fiel cachorro, Tico, como única companhia, ele habita uma casa que já foi cheia de risos e histórias, mas que agora ecoa um profundo silêncio.

A solidão é uma visita constante, e, para Alessandro, ela se torna cada dia mais pesada. Ele se lembra de seus irmãos quando eram pequenos, correndo, trazendo vida e alegria ao lar. Mas, à medida que o tempo passou, suas vidas tomaram rumos diferentes. A distância se transformou em abandono, e a casa, uma fortaleza vazia.

Caminhando pelas ruas, observa as famílias passando, as crianças brincando, os avós sendo abraçados. Ele sorri ao ver a alegria dos jovens, mas em seu coração uma dor silenciosa se instala. O descaso da sociedade para com os idosos que vivem sozinhos é um tema que muitas vezes não é discutido. Os dias se arrastam, e a presença de Tico se torna o único consolo em meio à solidão.

Muitos não veem o valor que um idoso pode trazer. A sabedoria acumulada ao longo de décadas, as histórias de vida que poderiam iluminar as novas gerações, tudo isso é frequentemente ignorado. Alessandro, em suas conversas com Tico, fala sobre os tempos antigos, sobre as dificuldades que enfrentou e as lições que aprendeu. Mas, na ausência de ouvidos atentos, suas palavras se perdem no ar.

A solidão não afeta apenas a mente, mas também o corpo. Ele sente a falta de energia, a falta de motivação. Ele gostaria de plantar flores no jardim, de preparar um bolo para as visitas que nunca vêm. O cachorro, com sua lealdade inabalável, é seu único alicerce, mas até mesmo a alegria que ele traz não é suficiente para preencher o vazio.

É essencial que as famílias acolham seus idosos com carinho. Cada um deles trilhou um longo caminho de experiências, de conquistas e derrotas. A vida os moldou, e eles têm tanto a oferecer. Um simples telefonema, uma visita inesperada, podem fazer toda a diferença. É nesse carinho que reside a esperança de um futuro mais humano.

No final de cada dia, Alessandro se senta na varanda, olhando para o céu que se pinta de estrelas. Ele ainda acredita que ao menos Tico o entende. E, embora a solidão possa ser uma companheira cruel, seu coração guarda a expectativa de que um novo dia traga uma mudança. Com um sorriso triste, ele acaricia a cabeça do cachorro e murmura: “Ainda temos muito para viver, não é, meu amigo?”

A verdade é que, enquanto houver amor e empatia, a solidão pode ser suavizada. A experiência dos idosos é um tesouro que devemos valorizar. Eles não são apenas lembranças do passado; são pilares de uma sociedade que precisa aprender a ouvir. E, quem sabe, ao acolhê-los, possamos também descobrir um pouco mais sobre nós mesmos.
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * 
JOSÉ FELDMAN nasceu na capital de São Paulo. Poeta, trovador, escritor e gestor cultural. Formado em patologia clínica trabalhou por mais de uma década no Hospital das Clínicas. Foi enxadrista, professor, diretor, juiz e organizador de torneios de xadrez a nível nacional durante 24 anos; como diretor cultural organizou apresentações musicais. Mudou-se em 1999 para o Paraná, morou em Curitiba, Ubiratã e Maringá. Consultor educacional junto a alunos e professores do Paraná e São Paulo. Pertence a diversas academias de letras, como Academia Rotary de Letras, Academia Internacional da União Cultural, Confraria Luso-Brasileira de Trovadores, Academia de Letras de Teófilo Otoni, etc, possui os blogs Singrando Horizontes desde 2007, e Pérgola de Textos, um blog com textos de sua autoria, Voo da Gralha Azul e Gralha Azul Trovadoresca. Assina seus escritos por Floresta/PR. Dezenas de premiações em poesias e trovas no Brasil e exterior.
Publicações de sua autoria “Labirintos da vida” (crônicas e contos); “Peripécias de um Jornalista de Fofocas & outros contos” (humor); “35 trovadores em Preto & Branco” (análises); e “Canteiro de trovas”.. No prelo: “Pérgola de textos” (crônicas e contos) e “Asas da poesia”

Fontes:
José Feldman. Pérgola de Textos. Floresta/PR: Plat. Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing  

quarta-feira, 16 de julho de 2025

José Feldman (E se for verdade?)

Acordo, como de costume, com os primeiros raios de sol filtrando pela janela. O calor suave me envolve, e ao meu lado, Sol, minha fiel companheira, já está acordada, com aquele olhar curioso e brincalhão. Aos 70 anos, a vida me ensinou a valorizar cada instante, mesmo que a sombra do câncer tente me roubar o brilho.

Moro em uma casa isolada, longe dos amigos e da família que, por razões que nunca entendi bem, se afastaram. A solidão é uma companheira constante, mas não deixo que isso me abale. Encontro formas de lidar com esse vazio. Converso com Sol como se ela pudesse entender cada palavra. E quem sabe? Ela é a única que realmente me escuta.

Para preencher os dias, criei uma rotina. Acordo cedo, faço as tarefas de casa e preparo o café. Às vezes, ligo para amigos antigos, apenas para ouvir suas vozes do outro lado da linha. Mesmo que as conversas sejam curtas, elas me lembram de que não estou completamente sozinho. A tecnologia me ajuda a me conectar, mesmo à distância.

Hoje, decidi que iríamos dar um passeio no parque. A brisa fresca me acariciava o rosto, e Sol corria à minha frente, como se estivesse me dizendo: “Vamos, ainda há muito para viver!” O caminho até o parque não é fácil, mas a cada passo, sinto o peso da solidão diminuir. Sorrio ao lembrar de um velho amigo que sempre dizia que a vida é como um jogo de cartas: o que importa é como você joga com as cartas que tem.

Chegando ao parque, observo as crianças brincando, os risos ecoando no ar. Um dia, fui como elas, cheio de sonhos e promessas. Agora, a doença me lembra constantemente de que a vida pode ser frágil. Mas, mesmo assim, não deixo que a tristeza tome conta. A cada sorriso que encontro, a cada elogio que recebo por causa da minha cadela, sinto que ainda tenho um papel a desempenhar.

Sol, sempre brincalhona, atrai a atenção das pessoas. Ela é uma estrela, e eu, seu humilde acompanhante. Um grupo de crianças se aproxima, e, em um instante, estamos cercados de risadas e carinhos. “Ela é tão linda!” dizem, e eu me sinto grato. É nesses momentos que percebo que a vida é feita de pequenas alegrias.

À noite, quando o sol se despede e a escuridão envolve a casa, sento-me na varanda com Sol ao meu lado. O céu está cheio de estrelas, e eu me pergunto se elas também têm suas próprias histórias. É fácil se deixar levar pela melancolia, mas eu prefiro olhar para o futuro. Cada novo dia traz a possibilidade de um milagre, e enquanto eu e Sol estivermos juntos, sempre haverá esperança.

Sim, a solidão pode ser desafiadora, mas eu a enfrento com gratidão. A doença pode me minar aos poucos, mas não me destruirá. O que importa é como encaro cada manhã. O câncer pode levar meu corpo, mas nunca meu espírito. O que importa é como encaro cada manhã. A ausência de visitas me ensinou a valorizar as pequenas interações, a encontrar alegria nas coisas simples. Continuarei a ser aquele homem alto astral, sempre pronto para ajudar os outros, mesmo que minha própria luta seja dolorosa e silenciosa.

E assim, adormeço com a certeza de que, ao acordar, haverá um novo dia. Um dia para brincar com Sol, para rir com os vizinhos, para viver. Porque, afinal, a vida é isso: um conjunto de momentos, e eu escolho fazer deles os melhores que posso.
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * 
JOSÉ FELDMAN nasceu na capital de São Paulo. Poeta, trovador, escritor e gestor cultural. Formado em patologia clínica trabalhou por mais de uma década no Hospital das Clínicas. Foi enxadrista, professor, diretor, juiz e organizador de torneios de xadrez a nível nacional durante 24 anos; como diretor cultural organizou apresentações musicais. Casado em 1994 com a escritora, poetisa, tradutora e professora da UEM, Alba Krishna, mudou-se em 1999 para o Paraná, morou em Curitiba e Ubiratã, e depois em Maringá/PR desde 2011. Consultor educacional junto a alunos e professores do Paraná e São Paulo. Pertence a diversas academias de letras, como Academia Rotary de Letras, Academia Internacional da União Cultural, Confraria Luso-Brasileira de Trovadores, Academia de Letras de Teófilo Otoni, etc, possui os blogs Singrando Horizontes desde 2007, e Pérgola de Textos, um blog com textos de sua autoria, Voo da Gralha Azul e Gralha Azul Trovadoresca. Assina seus escritos por Floresta/PR. Dezenas de premiações em poesias e trovas no Brasil e exterior.
Publicações de sua autoria “Labirintos da vida” (crônicas e contos); “Peripécias de um Jornalista de Fofocas & outros contos” (humor); “35 trovadores em Preto & Branco” (análises); e “Canteiro de trovas”.. No prelo: “Pérgola de textos” (crônicas e contos) e “Asas da poesia”

Fontes:
José Feldman. Pérgola de Textos. Floresta/PR: Plat. Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing  

quinta-feira, 10 de julho de 2025

José Feldman (Textos & Trovas) Máscaras da vida

Texto construído tendo por base a trova de Renato Alves (Rio de Janeiro/RJ)
Fiz da vida um Carnaval,
mas terminei num impasse:
A máscara do irreal
grudou-se na minha face!
Fiz da vida um Carnaval, onde cada dia era uma nova festa, uma celebração vibrante de cores e sons. Desde pequeno, sempre encontrei na música e na dança um refúgio, uma forma de esquecer as dores e as frustrações do cotidiano. As ruas da cidade se tornavam meu palco, e eu, um artista em busca de aplausos e sorrisos. As fantasias que usava não eram apenas trajes, mas armaduras que me protegiam da realidade. Cada máscara que eu colocava me permitia ser quem quisesse, longe das amarras do eu cotidiano.

Naquele Carnaval, tudo era permitido. Sorrir, dançar, amar sem medo. As pessoas se entregavam à euforia, e eu, em meio a essa alegria, me sentia invencível. As cores se misturavam, as risadas ecoavam e a música envolvia tudo como um abraço caloroso. Mas, à medida que os dias passavam, percebi que havia algo mais profundo escondido atrás da festa. A realidade, como um espectro, pairava à espreita, esperando o momento certo para se revelar.

O que começou como uma celebração transformou-se em um labirinto de ilusões. A cada desfile de Carnaval, percebia que as risadas se tornavam mais distantes, os olhares mais vazios. As pessoas, antes tão vibrantes, pareciam presas em suas próprias fantasias, vivendo uma vida que não era a sua. Eu também me vi preso nesse ciclo. A alegria que antes me preenchia começou a se transformar em uma máscara pesada, grudada em meu rosto como um lembrete constante de que a vida estava se tornando uma encenação.

Certa noite, enquanto as luzes do Carnaval brilhavam intensamente, eu me afastei da multidão. O som da música se tornava um ruído ensurdecedor, e a dança, uma repetição mecânica de movimentos. Sentei-me à beira de um lago, onde a água refletia as estrelas como pequenos diamantes no céu. Olhei para meu reflexo e percebi a verdade que eu havia ignorado. A máscara do irreal não era apenas um adorno; tornara-se parte de mim, uma segunda pele que ocultava quem eu realmente era.

A realidade começou a se infiltrar em meus pensamentos. O que eu havia construído em torno de mim era uma fantasia que me afastava de uma vida autêntica. A busca incessante por aprovação e aplausos me deixava em um impasse, preso entre a necessidade de ser visto e o desejo de ser verdadeiro. O Carnaval, que deveria ser um momento de libertação, transformou-se em uma prisão de ilusões.

Naquela noite à beira do lago, decidi que era hora de desmascarar a verdade. O primeiro passo foi enfrentar a dor que eu havia ignorado por tanto tempo. As memórias de perdas, de desilusões, de momentos em que a vida não foi uma festa. Enfrentei cada uma delas, uma a uma, permitindo que a tristeza e a vulnerabilidade emergissem. Com lágrimas nos olhos, percebi que era essa autenticidade que me tornava humano, que me conectava aos outros de forma genuína.

Na manhã seguinte, acordei com o sol filtrando-se pelas janelas. O Carnaval ainda pulsava lá fora, mas eu estava disposto a participar dele de uma maneira diferente. Não como um espectador, mas como alguém que escolhe dançar ao ritmo de sua própria música. Comecei a me despir das máscaras que havia usado por tanto tempo, uma a uma. Cada peça que caía ao chão era um peso a menos, uma libertação da expectativa que havia me aprisionado.

Ao longo dos dias que se seguiram, a vida continuou a ser um Carnaval, mas agora eu participava dele de forma autêntica. Aprendi a rir sem medo, a dançar sem vergonha e a amar sem reservas. A máscara do irreal, que antes grudara-se em meu rosto, agora era apenas uma lembrança de um tempo em que eu não sabia quem era. Eu me permiti ser vulnerável, e essa vulnerabilidade me trouxe uma força inesperada.

As pessoas ao meu redor começaram a notar a mudança. O brilho em meus olhos não era mais uma ilusão, mas a chama de alguém que havia encontrado seu verdadeiro eu. As conexões se tornaram mais profundas, as risadas mais sinceras. Eu não precisava mais da aprovação alheia; a alegria que eu buscava estava dentro de mim, e a vida se transformou em uma celebração genuína.

O Carnaval se tornou uma metáfora da vida. Aprendi que, mesmo nas festas mais vibrantes, é essencial estar em contato com a realidade, com a dor e com a alegria que a vida traz. A máscara do irreal, que um dia me aprisionou, agora estava guardada como um símbolo de uma jornada de autodescoberta. E assim, enquanto a vida continuava a ser um Carnaval, eu dançava livre, com o coração leve, pronto para enfrentar o que quer que viesse, sempre fiel à verdade do meu ser.
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * 
JOSÉ FELDMAN nasceu na capital de São Paulo. Poeta, trovador, escritor e gestor cultural. Formado em patologia clínica trabalhou por mais de uma década no Hospital das Clínicas. Foi enxadrista, professor, diretor, juiz e organizador de torneios de xadrez a nível nacional durante 24 anos; como diretor cultural organizou apresentações musicais. Casado em 1994 com a escritora, poetisa, tradutora e professora da UEM, Alba Krishna, mudou-se em 1999 para o Paraná, morou em Curitiba e Ubiratã, e depois em Maringá/PR desde 2011. Consultor educacional junto a alunos e professores do Paraná e São Paulo. Pertence a diversas academias de letras, como Academia Rotary de Letras, Academia Internacional da União Cultural, Confraria Luso-Brasileira de Trovadores, Academia de Letras de Teófilo Otoni, etc, possui os blogs Singrando Horizontes desde 2007, e Pérgola de Textos, um blog com textos de sua autoria, Voo da Gralha Azul e Gralha Azul Trovadoresca. Assina seus escritos por Floresta/PR. Dezenas de premiações em poesias e trovas no Brasil e exterior.
Publicações de sua autoria “Labirintos da vida” (crônicas e contos); “Peripécias de um Jornalista de Fofocas & outros contos” (humor); “35 trovadores em Preto & Branco” (análises); e “Canteiro de trovas”.. No prelo: “Pérgola de textos” (crônicas e contos) e “Asas da poesia”

Fontes:
José Feldman. Pérgola de Textos. Floresta/PR: Plat. Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing

segunda-feira, 7 de julho de 2025

José Feldman (Fábula do Pato e da Lebre)


Era uma vez, em um lago sereno, um pato chamado Pedro e uma lebre chamada Lili. Pedro era um pato feliz, sempre nadando e brincando com os outros animais do lago. Ele tinha uma bela plumagem e um canto melodioso que encantava a todos. Lili, por sua vez, era uma lebre ágil e rápida, conhecida por seus saltos altos e sua energia contagiante.

Os dois eram amigos, mas havia algo que Lili não conseguia ignorar: a atenção que Pedro recebia. Sempre que ele cantava, outros animais paravam para ouvi-lo, aplaudindo sua beleza e talento. Lili, por outro lado, sentia que suas habilidades não eram tão valorizadas. Isso começou a gerar ciúmes em seu coração.

Um dia, enquanto Pedro nadava e cantava alegremente, Lili decidiu que precisava fazer algo para chamar a atenção. "Se eu conseguir saltar mais alto do que nunca, todos irão me notar", pensou ela. Assim, ela começou a treinar todos os dias, tentando realizar saltos cada vez mais altos.

No entanto, a cada tentativa, Lili se sentia mais frustrada. Sempre que ela saltava, Pedro estava lá, cantando e recebendo aplausos. O ciúme consumia seu coração, e ela começou a se distanciar de Pedro, evitando suas interações e se isolando.

Um dia, enquanto Lili treinava, ela viu um grupo de animais se reunindo à beira do lago. Curiosa, foi até lá e viu Pedro cantando uma linda canção sobre amizade. Os animais dançavam e aplaudiam, e Lili sentiu uma pontada de dor ao perceber que estava perdendo momentos felizes com seu amigo.

Decidida a mostrar seu valor, Lili interrompeu Pedro e disse: "Olhem todos, eu posso saltar mais alto do que qualquer um aqui!" E, cheia de determinação, ela se preparou para um salto grandioso. Com um impulso forte, Lili pulou, mas, na sua pressa, não percebeu uma pedra na beira do lago.

Ela tropeçou e caiu, machucando-se levemente. Os animais correram para ajudá-la, e Pedro, preocupado, veio até ela. 

"Você está bem, Lili?" perguntou ele, com um tom de voz gentil.

Lili, envergonhada e com dor, respondeu: "Estou bem. Só queria ser notada como você."

Pedro, com compaixão, disse: "Você não precisa se comparar a mim. Cada um de nós tem suas próprias qualidades. Você é rápida e ágil, e eu admiro isso! A verdadeira amizade não se baseia em competir, mas em apoiar um ao outro."

Lili percebeu que seu ciúme a havia afastado de seu amigo e que ela estava perdendo a alegria de sua amizade. Com lágrimas nos olhos, ela pediu desculpas a Pedro e prometeu valorizar suas próprias habilidades, sem comparações.

A partir daquele dia, Lili e Pedro se tornaram ainda mais unidos. Lili começou a ensinar Pedro a saltar, enquanto ele a ajudava a cantar. Juntos, eles descobriram que a amizade era mais importante do que qualquer competição.

Moral da História
O ciúme pode nos afastar de quem amamos, mas reconhecer e valorizar nossas próprias qualidades traz verdadeira felicidade e fortalece as amizades.
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * 
JOSÉ FELDMAN nasceu na capital de São Paulo. Poeta, trovador, escritor e gestor cultural. Formado em patologia clínica trabalhou por mais de uma década no Hospital das Clínicas. Foi enxadrista, professor, diretor, juiz e organizador de torneios de xadrez a nível nacional durante 24 anos; como diretor cultural organizou apresentações musicais. Casado em 1994 com a escritora, poetisa, tradutora e professora da UEM, Alba Krishna, mudou-se em 1999 para o Paraná, morou em Curitiba e Ubiratã, e depois em Maringá/PR desde 2011. Consultor educacional junto a alunos e professores do Paraná e São Paulo. Pertence a diversas academias de letras, como Academia Rotary de Letras, Academia Internacional da União Cultural, Confraria Luso-Brasileira de Trovadores, Academia de Letras de Teófilo Otoni, etc, possui os blogs Singrando Horizontes desde 2007, e Pérgola de Textos, um blog com textos de sua autoria, Voo da Gralha Azul e Gralha Azul Trovadoresca. Assina seus escritos por Floresta/PR. Dezenas de premiações em poesias e trovas no Brasil e exterior.
Publicações de sua autoria “Labirintos da vida” (crônicas e contos); “Peripécias de um Jornalista de Fofocas & outros contos” (humor); “35 trovadores em Preto & Branco” (análises); e “Canteiro de trovas”.. No prelo: “Pérgola de textos” (crônicas e contos) e “Asas da poesia”

Fontes:
José Feldman. Pérgola de textos. Floresta/PR: Plat. Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing  

sábado, 5 de julho de 2025

José Feldman (Os Rabugentos e a Tecnologia Moderna)


Na praça central de Velharruda, Arlindo e Eulália estavam novamente em seu banco, prontos para mais uma discussão acalorada. Desta vez, o assunto era a tecnologia moderna, especialmente os smartphones.

— Você viu, Arlindo? — começou Eulália, balançando a cabeça. — As pessoas estão tão grudadas nesses smartphones que parecem zumbis! Não conseguem nem olhar para o lado!

— Zumbis, realmente! — Arlindo concordou, fazendo uma careta. — No meu tempo, a gente conversava cara a cara! Agora, tudo é emoji e mensagens de texto! Que tipo de comunicação é essa?

— E o pior é que não sabem nem escrever! — Eulália exclamou. — Você já viu as mensagens? “Vc é mt legal” e “bjs”! Onde foi parar o português?

— Ah, o português! — Arlindo riu, balançando a cabeça. — Eu estava lendo um livro, e a autora escreveu “k” em vez de “que”! Se fosse no meu tempo, ela teria sido expulsa da escola!

— E agora, se você não estiver nas redes sociais, é como se não existisse! — Eulália continuou, indignada. — O que aconteceu com a privacidade? Ninguém mais sabe o que é isso!

— Exato! — Arlindo concordou. — No meu tempo, a gente contava os segredos para os amigos, não para um aplicativo que pode ser raqueado! Malditos celulares!

— E você percebeu que as crianças não brincam mais na rua? — Eulália disse, gesticulando. — Elas ficam trancadas em casa, jogando e olhando para a tela! Eu não sei como eles conseguem!

— Pois é! — Arlindo concordou, com um sorriso irônico. — Eu costumava ficar horas jogando bola, não “jogando” só no celular! Se eu tivesse um celular na minha infância, acho que teria esquecido até como andar!

— E se você tivesse um smartphone na sua juventude, Arlindo? — Eulália perguntou, divertida. — Você teria tirado fotos do seu famoso “passo do relógio” e postado na internet? “Olha como eu danço, pessoal!”

— Ah, para com isso! — Arlindo riu. — Eu seria uma sensação! Mas, pensando bem, você teria sido a primeira a comentar: “Arlindo, isso é um desastre!” 

— Eu só estaria sendo honesta! — Eulália defendeu-se, com uma risada. — E você sabe que eu teria razão!

— E quem precisa de razão quando se tem um smartphone? — Arlindo disse, sarcástico. — Hoje em dia, a verdade é o que mais se “curte”!

— E não me fale dos vídeos! — Eulália exclamou. — Todo mundo quer ser “influencer”! Você já viu como eles se comportam? Fazem dancinhas ridículas e acham que são artistas!

— E o que você prefere? — Arlindo provocou. — Um vídeo de dancinha ou ouvir você cantar “Asa Branca” no karaokê?

— Ah, você sabe que eu canto bem! — Eulália respondeu, rindo. — Mas se eu fosse uma influencer, eu teria mais fãs!

— Isso se eles soubessem o que é um karaokê! — Arlindo disparou. — Dificilmente alguém hoje em dia saberia o que é se divertir sem uma tela na frente!

— E você já reparou que eles não conseguem ficar sem seus telefones por um minuto? — Eulália continuou. — Se você pedir para alguém desligar o celular, é como se pedisse para desligar a vida!

— Pois é! — Arlindo completou, balançando a cabeça em reprovação. — No meu tempo, a gente ficava horas sem precisar de nada além de uma boa conversa!

— E uma boa xícara de café! — Eulália acrescentou, com um brilho nos olhos. — Ah, como eu sinto falta das nossas conversas longas e do cheiro do café fresco!

— Então, vamos fazer isso! — Arlindo sugeriu, com um sorriso. — Vamos deixar esses smartphones de lado e tomar um café de verdade!

— Combinado! — Eulália concordou, animada. — E quem sabe, se tivermos sorte, não encontramos um zumbi ou outro pelo caminho!

Os dois velhos rabugentos riram, levantaram-se do banco e caminharam juntos em direção à cafeteria, prontos para celebrar a amizade e as boas conversas, longe das telas e da tecnologia moderna.
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * 
JOSÉ FELDMAN nasceu na capital de São Paulo. Poeta, trovador, escritor e gestor cultural. Formado em patologia clínica trabalhou por mais de uma década no Hospital das Clínicas. Foi enxadrista, professor, diretor, juiz e organizador de torneios de xadrez a nível nacional durante 24 anos; como diretor cultural organizou apresentações musicais. Casado em 1994 com a escritora, poetisa, tradutora e professora da UEM, Alba Krishna, mudou-se em 1999 para o Paraná, morou em Curitiba e Ubiratã, e depois em Maringá/PR em 2011. Consultor educacional junto a alunos e professores do Paraná e São Paulo. Pertence a diversas academias de letras, como Academia Rotary de Letras, Academia Internacional da União Cultural, Confraria Luso-Brasileira de Trovadores, Academia de Letras de Teófilo Otoni, etc, possui os blogs Singrando Horizontes desde 2007, e Pérgola de Textos, um blog com textos de sua autoria, Voo da Gralha Azul e Gralha Azul Trovadoresca. Dezenas de premiações em poesias e trovas no Brasil e exterior. Assina seus escritos por Floresta/PR. 
Publicações de sua autoria “Labirintos da vida” (crônicas e contos); “Peripécias de um Jornalista de Fofocas & outros contos” (humor); “35 trovadores em Preto & Branco” (análises); e “Canteiro de trovas”.. No prelo: “Pérgola de textos” (crônicas e contos) e “Asas da poesia”

Fontes:
José Feldman. Pérgola de Textos. Floresta/PR: Plat. Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing

sábado, 28 de junho de 2025

José Feldman (O Caleidoscópio da Vida)


No caleidoscópio da vida,
vitórias e derrotas…
Ficamos na torcida.

A vida, se pensarmos bem, é um caleidoscópio em constante movimento. Cada giro traz uma nova imagem, uma nova combinação de cores e formas que refletem nossas experiências. Às vezes, as combinações são vibrantes e cheias de vitórias; em outras, sombrias, carregadas de derrotas. E assim seguimos, torcendo para que as próximas voltas nos apresentem algo belo.

Certa manhã, enquanto caminhava pelo parque, fui atraído por um grupo de crianças brincando. Elas riam, corriam e se divertiam sem preocupações. Observando-as, percebi que, em sua inocência, já viviam o ciclo natural de vitórias e derrotas. Cada vez que um dos pequenos caía, havia um misto de choro e risadas, mas logo se levantavam, prontos para tentar novamente. Era um espetáculo de resiliência, uma verdadeira aula de vida.

Parei para refletir. Ao longo dos anos, quantas vezes eu havia me deixado abater por uma derrota? Às vezes, o peso da frustração é tão grande que parece impossível levantar-se e continuar. Mas, ao mesmo tempo, cada vitória, por menor que fosse, traz consigo um novo ânimo, uma nova perspectiva. O caleidoscópio da vida nos ensina isso: que a beleza está tanto nas vitórias quanto nas derrotas.

O tempo passou, e eu me lembrei de um momento específico: a época em que decidi mudar de carreira. A transição foi repleta de desafios e incertezas. Havia dias em que me sentia invencível, acreditando que tinha feito a escolha certa. Em outros, era como se um peso insuportável me esmagasse, e a dúvida corroía minha confiança. Lembrei-me de como esperei ansiosamente por cada conquista, mas também como chorei por cada porta fechada.

A verdade é que, assim como as cores em um caleidoscópio, nossas experiências são interligadas. Cada vitória é resultado de derrotas superadas, e cada derrota é uma oportunidade disfarçada. Ao torcer por nós mesmos e por aqueles que amamos, estamos, na verdade, torcendo pelo ciclo da vida — um ciclo que nos ensina a valorizar cada passo do caminho.

No parque, uma das crianças, ao cair, olhou para os amigos e, com um sorriso travesso, disse: “Vamos de novo!” Aquela frase ecoou em minha mente, e percebi que, mesmo adultas, precisamos de um pouco dessa coragem infantil. Precisamos nos permitir falhar e nos levantar, torcendo sempre por dias melhores.

Conforme o sol se punha, as cores do céu começaram a mudar, criando um espetáculo deslumbrante. A partir daquele momento, entendi que, assim como o céu, a vida é cheia de nuances. As vitórias são as manhãs ensolaradas, enquanto as derrotas são os dias nublados. Ambas são necessárias para que possamos apreciar a beleza do que temos.

Ao deixar o parque, senti-me renovado. O caleidoscópio da vida continuaria girando, e eu estava pronto para enfrentar o que viesse, seja vitória ou derrota. Afinal, cada um de nós está sempre na torcida, esperando que a próxima volta traga novas cores e formas, sempre lembrando que, no final, é a jornada que realmente conta.
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * 
JOSÉ FELDMAN nasceu na capital de São Paulo. Poeta, trovador, escritor e gestor cultural, radicado no Paraná há 27 anos. Formado em patologia clínica trabalhou por mais de uma década no Hospital das Clínicas. Foi enxadrista, professor, diretor, juiz e organizador de torneios de xadrez a nível nacional durante 24 anos; como diretor cultural organizou apresentações musicais. Casado com a escritora, poetisa, tradutora e professora da UEM, Alba Krishna, mudou-se em 1999 para o Paraná, morou em Curitiba e Ubiratã, e depois em Maringá/PR em 2011. Consultor educacional junto a alunos e professores do Paraná e São Paulo. Pertence a diversas academias de letras, como Academia Rotary de Letras, Academia Internacional da União Cultural, Confraria Luso-Brasileira de Trovadores, Academia de Letras de Teófilo Otoni, etc, possui os blogs Singrando Horizontes desde 2007, e Pérgola de Textos, um blog com textos de sua autoria, Voo da Gralha Azul e Gralha Azul Trovadoresca. Assina seus escritos por Floresta/PR. Publicou de sua autoria 4 ebooks.. Dezenas de premiações em poesias e trovas no Brasil e exterior.

Fontes:
José Feldman. Pérgola de Textos. Floresta/PR: Plat. Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing  

quarta-feira, 18 de junho de 2025

José Feldman (O Arquétipo do Bobo da Corte e do Palhaço)


Desde as primeiras organizações da sociedade humana, o arquétipo do bobo da corte e do palhaço tem sido um personagem fascinante e complexo. Com sua presença milenar, esse arquétipo tem permeado a história da humanidade, refletindo e influenciando a forma como nos relacionamos com o poder, a autoridade e a própria condição humana.

O bobo da corte, figura comum nas cortes reais da Europa medieval, era um personagem que, apesar de sua posição subalterna, detinha um poder singular: o de falar a verdade ao poder. Com sua linguagem astuta e sua capacidade de ridicularizar os poderosos, o bobo da corte era um crítico social que apontava as falhas e as hipocrisias da corte.

Já o palhaço, figura mais contemporânea, é um personagem que, com sua maquiagem exagerada e seu comportamento bufão, nos faz rir e nos faz pensar. O palhaço é um símbolo da vulnerabilidade e da fragilidade humana, mas também da resiliência e da capacidade de superar os obstáculos.

Ambos os arquétipos, o bobo da corte e o palhaço, têm em comum a capacidade de subverter a ordem estabelecida e de questionar as normas sociais. Eles nos mostram que a verdade pode ser encontrada nos lugares mais inesperados e que a sabedoria pode ser encontrada na boca dos loucos.

O arquétipo do bobo da corte e do palhaço é importante porque nos lembra da importância da crítica social e da subversão. Em uma sociedade que muitas vezes valoriza a conformidade e a obediência, esses arquétipos nos mostram que a dissidência e a criatividade são fundamentais para o progresso e a mudança.

Além disso, o arquétipo do bobo da corte e do palhaço nos lembra da importância da vulnerabilidade e da autenticidade. Em uma sociedade que muitas vezes valoriza a perfeição e a invulnerabilidade, esses arquétipos nos mostram que a fraqueza e a imperfeição são partes naturais da condição humana.

O arquétipo do bobo da corte e do palhaço é um poderoso símbolo da complexidade e da riqueza da condição humana. Com sua capacidade de subverter a ordem estabelecida e de questionar as normas sociais, esses arquétipos nos lembram da importância da crítica social, da vulnerabilidade e da autenticidade. Em uma sociedade que muitas vezes valoriza a conformidade e a perfeição, é fundamental lembrar que a dissidência e a imperfeição são partes naturais da condição humana.

" " " " " " " " " " " " " " " " " " " " " 
JOSÉ FELDMAN nasceu na capital de São Paulo. Poeta, trovador, escritor e gestor cultural. Formado em patologia clínica trabalhou por mais de uma década no Hospital das Clínicas. Foi enxadrista, professor, diretor, juiz e organizador de torneios de xadrez a nível nacional durante 24 anos; como diretor cultural organizou apresentações musicais. Casado com a escritora, poetisa, tradutora e professora da UEM, Alba Krishna, mudou-se em 1999 para o Paraná, morou em Curitiba e Ubiratã, e depois em Maringá/PR desde 2011. Consultor educacional junto a alunos e professores do Paraná e São Paulo. Pertence a diversas academias de letras, como Academia Rotary de Letras, Academia Internacional da União Cultural, Confraria Luso-Brasileira de Trovadores, Academia de Letras de Teófilo Otoni, etc, possui os blogs Singrando Horizontes desde 2007, e Pérgola de Textos, um blog com textos de sua autoria, Voo da Gralha Azul e Gralha Azul Trovadoresca. Assina seus escritos por Floresta/PR. Publicou de sua autoria 4 ebooks.. Dezenas de premiações em poesias e trovas no Brasil e exterior.

Fontes:
José Feldman. Pérgola de Textos. Floresta/PR: Plat. Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing  

domingo, 15 de junho de 2025

José Feldman (Os Rabugentos na Feira)


Numa manhã de sábado, Arlindo e Eulália estavam se preparando para uma missão: ir à feira..

— Olha só, Eulália! — começou Arlindo, ajustando seu chapéu. — Eu não quero saber de ir nessa feira lotada. Esses jovens estão cada vez mais insuportáveis!

— Insuportáveis? — Eulália respondeu, com um sorriso irônico. — E você, Arlindo, não é bem o exemplo de paciência! Lembra da última vez que você quase brigou com aquele feirante por causa de um tomate?

— O tomate estava muito caro! — Arlindo defendeu-se. — E eu não sou de brigar, só defendo meu direito de consumidor!

— Direito de consumidor? Você só queria um tomate maduro! — Eulália riu. — Vem cá, vamos logo antes que a feira fique mais cheia!

Os dois começaram a caminhar em direção à feira, e logo se depararam com a agitação do local. Gente falando alto, crianças correndo e o cheiro de frutas frescas no ar.

— Olha isso! — Arlindo exclamou, passando pela barraca de verduras. — Esses alfaces parecem mais murchos que a sogra do Vicente!

— E você acha que o seu cabelo está mais saudável? — Eulália provocou. — Olha que você está parecendo um pé de alface também!

Arlindo fez uma careta. — A diferença é que eu não quero ser uma salada!

— Pode crer! — Eulália respondeu, piscando. — Mas você é mais fácil de temperar!

Chegando à barraca de frutas, Arlindo olhou para as maçãs e disse: — Olha só, essas maçãs estão mais feias que um filme de terror! E o preço? Um assalto!

— Ah, mas você já viu a sua cara de manhã? — Eulália riu. — Essa maçã é um luxo comparado a você!

— Luxo é um exagero! — Arlindo respondeu, balançando a cabeça. — E quem é que coloca preço em fruta? Deveriam fazer uma promoção: “Compre uma, leve outra de graça!”

— E você acha que o feirante vai querer dar maçã de graça para a sua cara amarrada? — Eulália perguntou, com um sorriso maroto.

— Quem não gostaria? — Arlindo disse, fazendo um gesto exagerado. — “Olha, o famoso Arlindo está aqui! Vamos dar maçãs de graça!”

— E o que você faria com tantas maçãs? — Eulália perguntou. — Fazer uma torta e convidar a vizinhança? Você não sabe nem fritar um ovo!

— Fritar um ovo? — Arlindo fez uma expressão de indignação. — Eu sou um chef na cozinha! Olha, eu até sei fazer mingau!

— Ah, mingau! — Eulália exclamou. — Você quer dizer aquela coisa que parece mais uma massa de modelar? Nunca vi alguém queimar mingau!

— Não queimei! Ele só ficou um pouco... mais consistente! — Arlindo tentou se defender, mas não conseguiu convencer.

Continuando a caminhada, passaram pela barraca de peixes. O cheiro era forte, e Arlindo fez uma careta.

— Ih, Eulália, isso aqui está cheirando mais que o pé do Aparecido! — disse ele, tapando o nariz.

— E você, que não se importa com nada, já está acostumado com esse cheiro! — Eulália respondeu, rindo. — Se bem que o pé do Aparecido é uma experiência única!

— Única como sua habilidade de reclamar! — Arlindo retorquiu. — Você sempre acha um jeito de tornar a vida mais interessante!

— E você, Arlindo, é o rei da reclamação! — Eulália disse, com um sorriso. — Se não fosse por você, eu não saberia o que é uma feira!

— Ah, você me ama, não me negue! — Arlindo provocou. — Vou até me sentir especial agora!

— Especial? Você é um rabugento especial! — Eulália respondeu, rindo. — Vamos, vamos acabar nossas compras!

Finalmente, chegaram à barraca de queijos. Arlindo olhou para os preços e começou a reclamar novamente.

— Olha só, Eulália! Isso aqui é um assalto! Um queijo que custa mais do que meu último par de sapatos!

— E quem foi que disse que você tem um bom gosto para sapatos? — Eulália disparou.

— Boa, Eulália! — Arlindo respondeu, levantando a mão em sinal de rendição. — Você venceu! Vamos levar um queijo, mas só se for o mais barato!

— Combinado! — Eulália disse, com um sorriso. — E eu vou escolher, porque você só sabe escolher alfaces murchas!

Com uma sacola cheia de compras, os dois rabugentos deixaram a feira, prontos para enfrentar mais um dia com suas discussões. Afinal, a amizade era a melhor compra que podiam fazer.
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * 
JOSÉ FELDMAN nasceu na capital de São Paulo. Poeta, trovador, escritor e gestor cultural. Formado em patologia clínica trabalhou por mais de uma década no Hospital das Clínicas. Foi enxadrista, professor, diretor, juiz e organizador de torneios de xadrez a nível nacional durante 24 anos; como diretor cultural organizou apresentações musicais. Casado com a escritora, poetisa, tradutora e professora da UEM, Alba Krishna, mudou-se em 1999 para o Paraná, morou em Curitiba e Ubiratã, e depois em Maringá/PR desde 2011. Consultor educacional junto a alunos e professores do Paraná e São Paulo. Pertence a diversas academias de letras, como Academia Rotary de Letras, Academia Internacional da União Cultural, Confraria Luso-Brasileira de Trovadores, Academia de Letras de Teófilo Otoni, etc, possui os blogs Singrando Horizontes desde 2007, e Pérgola de Textos, um blog com textos de sua autoria, Voo da Gralha Azul e Gralha Azul Trovadoresca. Assina seus escritos por Floresta/PR. Publicou de sua autoria 4 ebooks. Dezenas de premiações em poesias e trovas no Brasil e exterior.

Fontes:
José Feldman. Pérgola de Textos. Floresta/PR: Plat. Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing  

domingo, 8 de junho de 2025

José Feldman (Os Rabugentos)


Na praça central da cidade, dois rabugentos, Arlindo e Eulália, se encontravam todos os dias no mesmo banco, discutindo sobre tudo e sobre nada.

— Olha só, Arlindo! — começou Eulália, ajeitando os óculos. — Você viu o que estão fazendo com as festas de São João? Agora têm até DJ! DJ! No meu tempo, a gente tinha sanfona e fogueira, e era assim que dançava!

Arlindo bufou, cruzando os braços. — DJ? Bah! Isso é coisa de jovem que não sabe o que é música de verdade! Antigamente, a gente dançava forró de verdade, e não essa barulheira eletrônica!

— Barulheira? — Eulália riu, sarcástica. — E você acha que o seu forró de antigamente era suave como um sussurro? Eu me lembro das suas tentativas de dançar! Mais parecia um pato desengonçado!

Arlindo arregalou os olhos. — Pato? Eu era um verdadeiro galã! As meninas se derretiam ao me ver dançar! E você, com seu vestido de chita, parecia um buquê de flores murchas!

— Ao menos eu não precisava de um milagre para fazer os outros dançarem! — Eulália respondeu, dando uma risadinha. — As moças se divertiam, ao contrário de você, que ficava parado, esperando a música acabar!

Arlindo fez uma expressão de indignação. — Parado? Você se esqueceu do meu famoso “passo do relógio”? Era um sucesso! Todo mundo imitava!

— Sucesso? Só se foi sucesso para as formigas que você pisoteou! — Eulália gargalhou. — Lembro que uma vez, você quase derrubou a mesa de comes e bebes!

Arlindo apontou o dedo para ela. — E você, com seu jeito de crítica de arte, que só sabia reclamar da comida! “Não tem sabor!”, “não tem tempero!” Ah, Eulália, você era a rainha da reclamação!

— E você, o rei da nostalgia! — replicou Eulália, com um sorriso malicioso. — Fica falando do passado como se fosse um conto de fadas, mas eu lembro bem! O que você chamava de “aventuras” eram na verdade escapadas com a sua bicicleta quebrada!

— Era uma bicicleta clássica! — Arlindo defendeu, balançando a cabeça. — E quem mais teria coragem de descer aquela ladeira sem freios? Aquilo, minha cara, era emoção!

— Emoção? Ou seria imprudência? — Eulália riu, se divertindo com a lembrança. — Eu me lembro do dia em que você quase se atirou no lago! Quase foi um “peixe fora d’água”!

Arlindo ficou pensativo. — É, mas pelo menos eu fiz história! E agora? O que você tem feito? Apenas ficar aqui reclamando da vida?

— Olha, se a vida atual é isso que a gente vê por aí, eu prefiro o passado! A internet? Uma invenção do diabo! Olha a juventude, todos com as cabeças enfiadas em telas!

— E o que você propõe? Que voltemos a escrever cartas? — Arlindo disse, levantando as sobrancelhas. — A última vez que você escreveu uma carta foi para reclamar do seu sofá!

— E que sofá! — Eulália exclamou. — Você se lembra? Aquele sofá tinha mais buracos que um queijo suíço! E você dizia que era “vintage”!

— Vintage é uma palavra moderna! — Arlindo gritou, gesticulando. — Na minha época, a gente chamava de “velho”! E não precisava de palavras chiques para isso!

— E se eu chamasse você de “vintage”? — Eulália perguntou, com um sorriso travesso. — Porque se você não parar de reclamar, vou ter que te colocar em uma vitrine!

— Ah, não se preocupe! Eu não sou tão fácil de ser colocado em uma vitrine! — Arlindo respondeu, piscando. — A última vez que tentei entrar em uma, quase me machuquei!

Eulália se virou para ele, segurando o riso. — Eu só espero que, se um dia você for para uma vitrine, não coloque uma placa dizendo “não toque”! Porque as pessoas podem acabar acreditando!

Arlindo bufou novamente. — Sabe de uma coisa, Eulália? Apesar de tudo, você me faz rir. Mesmo que eu tenha que aguentar suas histórias do passado.

— E você, Arlindo, me faz lembrar que o presente é só uma forma de eu me divertir com os seus devaneios! — Eulália respondeu, piscando.

Os dois velhos rabugentos continuaram a discutir, mas a verdade é que, no fundo, eles sabiam que a amizade que construíram ao longo dos anos era mais forte que qualquer angústia do presente ou nostalgia do passado. E, assim, entre risadas e provocações, o dia passava na praça, onde o passado e o presente se encontravam numa dança cômica e eterna.
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * 
JOSÉ FELDMAN nasceu na capital de São Paulo. Poeta, trovador, escritor e gestor cultural. Formado em patologia clínica trabalhou por mais de uma década no Hospital das Clínicas. Foi enxadrista, professor, diretor, juiz e organizador de torneios de xadrez a nível nacional durante 24 anos; como diretor cultural organizou apresentações musicais. Casado com a escritora, poetisa, tradutora e professora da UEM, Alba Krishna, mudou-se em 1999 para o Paraná, morou em Curitiba e Ubiratã, e depois em Maringá/PR desde 2011. Consultor educacional junto a alunos e professores do Paraná e São Paulo. Pertence a diversas academias de letras, como Academia Rotary de Letras, Academia Internacional da União Cultural, Confraria Luso-Brasileira de Trovadores, Academia de Letras de Teófilo Otoni, etc, possui os blogs Singrando Horizontes desde 2007, e Pérgola de Textos, um blog com textos de sua autoria, Voo da Gralha Azul e Gralha Azul Trovadoresca. Assina seus escritos por Floresta/PR. Publicou de sua autoria 4 ebooks.. Dezenas de premiações em poesias e trovas no Brasil e exterior.

Fontes:
José Feldman. Pérgola de Textos. Floresta/PR: Plat. Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing

sexta-feira, 6 de junho de 2025

José Feldman (Mini contos Encruzilhadas da vida) 06 – 10


6. Carreira
Renato estava preso em um emprego que não o satisfazia. Todos os dias era uma repetição da encruzilhada em que se encontrava. Um dia, teve coragem de seguir sua paixão pela fotografia. Ao dar esse passo, começou a encontrar novos caminhos, descobrindo um mundo vibrante que antes parecia distante. A teia da carreira se transformou em uma galeria de possibilidades.

7. Medo
Sofia sempre deixou o medo controlar sua vida. Ele era como um quarto escuro, onde cada canto escondia uma nova insegurança. Um dia, decidiu enfrentar um de seus maiores medos: falar em público. Ao subir ao palco, percebeu que o quarto não era tão ameaçador quanto parecia. Com cada palavra, os muros do medo começaram a desmoronar.

8. Solidão
Fernanda sentia-se só em meio à multidão. O medo da solidão a cercava, e a busca por conexão parecia interminável. Um dia, decidiu participar de um grupo de leitura. Ali, encontrou almas semelhantes, pessoas que também buscavam companhia. Juntos, começaram a construir um novo caminho, onde a solidão dava lugar à amizade e ao apoio mútuo.

9. Expectativas
Leila vivia cercada por expectativas: familiares, sociais, pessoais. Cada uma era um corredor estreito em uma agonia sufocante. Um dia, decidiu desafiar essas expectativas e ouvir sua própria voz. Ao se libertar, encontrou novos caminhos, onde podia ser verdadeira consigo mesma. O vaso das expectativas se transformou em um jardim de possibilidades.

10. Esperança
Em tempos de crise, Janjão se sentia perdido. A desesperança o envolvia, e as saídas pareciam distantes. Um dia, ao ouvir uma história de superação, algo mudou. Ele percebeu que a esperança era uma luz no fim do túnel. Começou a agir em pequenos passos, e, ao longo do caminho, encontrou outros que também buscavam uma saída. Juntos, criaram um novo túnel, onde a esperança florescia.
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * 
JOSÉ FELDMAN nasceu na capital de São Paulo. Poeta, trovador, escritor e gestor cultural. Formado em patologia clínica trabalhou por mais de uma década no Hospital das Clínicas. Foi enxadrista, professor, diretor, juiz e organizador de torneios de xadrez a nível nacional durante 24 anos; como diretor cultural organizou apresentações musicais. Casado com a escritora, poetisa, tradutora e professora da UEM, Alba Krishna, mudou-se em 1999 para o Paraná, morou em Curitiba e Ubiratã, e depois em Maringá/PR desde 2011. Consultor educacional junto a alunos e professores do Paraná e São Paulo. Pertence a diversas academias de letras, como Academia Rotary de Letras, Academia Internacional da União Cultural, Confraria Luso-Brasileira de Trovadores, Academia de Letras de Teófilo Otoni, etc, possui os blogs Singrando Horizontes desde 2007, e Pérgola de Textos, um blog com textos de sua autoria, Voo da Gralha Azul e Gralha Azul Trovadoresca. Assina seus escritos por Floresta/PR. Publicou de sua autoria 4 ebooks.. Dezenas de premiações em poesias e trovas no Brasil e exterior.

Fontes:
José Feldman. Pérgola de Textos. Floresta/PR: Plat. Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul. 
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing  

quinta-feira, 5 de junho de 2025

José Feldman (Mini contos Encruzilhadas da vida) 1 - 5


1. Decisões
Em uma encruzilhada, Lia parou, seu coração acelerado. Para a esquerda, um caminho seguro, mas monótono; à direita, uma trilha cheia de incertezas e desafios. Ela respirou fundo e decidiu seguir o caminho desconhecido. À medida que avançava, cada passo revelava novas oportunidades e, ao mesmo tempo, novos medos. No final, percebeu que a encruzilhada das decisões era onde realmente encontrava a si mesma.

2. O Tempo
Ananias sempre se sentia preso ao relógio. As horas passavam como sombras, e ele se via correndo atrás de prazos. Um dia, decidiu se desconectar. Ao andar sem pressa, descobriu pequenas maravilhas ao longo do caminho: flores que nunca tinha notado, risadas de crianças brincando. No labirinto do tempo, ele aprendeu que viver o presente é o verdadeiro tesouro.

3. Memória
Mariana encontrou um velho diário empoeirado. Cada página era um emaranhado de memórias, algumas doces, outras amargas. Ao lê-las, ela percebeu como as experiências moldaram sua identidade. Ao final da leitura, decidiu que, em vez de se perder nas lembranças, queria criar novas histórias. A teia da memória se tornaria um mapa para o futuro.

4. Relações
Lucas sempre teve dificuldades em se conectar com as pessoas. Cada amizade parecia um labirinto, cheio de paredes invisíveis. Um dia, conheceu uma mulher que lhe mostrou que a vulnerabilidade era a chave. Abrindo-se, ele começou a desbravar a estrada das relações, encontrando laços mais profundos e significativos, onde antes havia solidão.

5. Autoimagem
Júlia olhava-se no espelho e via apenas imperfeições. A sociedade impunha padrões que a faziam sentir-se perdida. Um dia, decidiu se afastar das redes sociais e se reconectar com sua essência. Ao explorar o espelho de sua autoimagem, ela aprendeu a se amar como era, percebendo que a verdadeira beleza reside na autenticidade.
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * 
JOSÉ FELDMAN nasceu na capital de São Paulo. Poeta, trovador, escritor e gestor cultural. Formado em patologia clínica trabalhou por mais de uma década no Hospital das Clínicas. Foi enxadrista, professor, diretor, juiz e organizador de torneios de xadrez a nível nacional durante 24 anos; como diretor cultural organizou apresentações musicais. Casado com a escritora, poetisa, tradutora e professora da UEM, Alba Krishna, mudou-se em 1999 para o Paraná, morou em Curitiba e Ubiratã, e depois em Maringá/PR desde 2011. Consultor educacional junto a alunos e professores do Paraná e São Paulo. Pertence a diversas academias de letras, como Academia Rotary de Letras, Academia Internacional da União Cultural, Confraria Luso-Brasileira de Trovadores, Academia de Letras de Teófilo Otoni, etc, possui os blogs Singrando Horizontes desde 2007, e Pérgola de Textos, um blog com textos de sua autoria, Voo da Gralha Azul e Gralha Azul Trovadoresca. Assina seus escritos por Floresta/PR. Publicou de sua autoria 4 ebooks.. Dezenas de premiações em poesias e trovas no Brasil e exterior.

Fontes:
José Feldman. Pérgola de Textos. Floresta/PR: Plat. Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul. Disponível em Domínio Público.  
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing  

quarta-feira, 4 de junho de 2025

José Feldman (O Medo de Realizar os Sonhos)


Quantas vezes nos encontramos sonhando com algo que desejamos profundamente, mas nos sentimos paralisados pelo medo de realizar esse sonho? É como se o medo de sair da zona de conforto e enfrentar os desafios que vêm com a realização do sonho fosse maior do que o desejo em si.

Muitas vezes, nos contentamos em apenas sonhar, sem tomar as medidas necessárias para tornar esse sonho uma realidade. E é aí que reside o problema. Sonhar é importante, mas não é suficiente. É preciso ter coragem e determinação para sair em busca do que se deseja.

Os seres humanos são do tamanho de suas realizações. É através das nossas conquistas e superações que nos tornamos quem somos. E é justamente esse medo de realizar os sonhos que nos impede de alcançar nosso pleno potencial.

O medo pode se manifestar de muitas formas: medo do fracasso, medo do desconhecido, medo de não ser bom o suficiente. Mas, na verdade, o maior medo é o medo de não tentar. De não saber o que poderia ter sido se tivéssemos tido a coragem de ir em frente.

É preciso lembrar que a vida é feita de escolhas e que cada escolha tem suas consequências. Se escolhermos não tentar, podemos nos arrepender pelo resto da vida. Mas se escolhermos ir em frente, podemos descobrir que somos capazes de muito mais do que imaginávamos.

A realização dos sonhos não é fácil, mas é possível. É preciso ter perseverança, determinação e coragem. É preciso estar disposto a aprender com os erros e a se adaptar às mudanças.

Então, o que nos impede de realizar nossos sonhos? É o medo de sair da zona de conforto? É o medo de fracassar? Ou é simplesmente a falta de coragem para tentar?

A resposta é nossa. É hora de parar de sonhar apenas e começar a agir. É hora de sair da zona de conforto e enfrentar os desafios que vêm com a realização dos sonhos. É hora de descobrir o que somos capazes de fazer e de alcançar nosso pleno potencial.

Os seres humanos são do tamanho de suas realizações. Vamos fazer com que nossas realizações sejam grandes o suficiente para que possamos nos orgulhar de quem somos e do que fizemos. Vamos sonhar e agir. Vamos sonhar e realizar. Vamos ser grandes.
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * 
JOSÉ FELDMAN nasceu na capital de São Paulo. Poeta, trovador, escritor e gestor cultural. Formado em patologia clínica trabalhou por mais de uma década no Hospital das Clínicas. Foi enxadrista, professor, diretor, juiz e organizador de torneios de xadrez a nível nacional durante 24 anos; como diretor cultural organizou apresentações musicais. Casado com a escritora, poetisa, tradutora e professora da UEM, Alba Krishna, mudou-se em 1999 para o Paraná, morou em Curitiba e Ubiratã, e depois em Maringá/PR desde 2011. Consultor educacional junto a alunos e professores do Paraná e São Paulo. Pertence a diversas academias de letras, como Academia Rotary de Letras, Academia Internacional da União Cultural, Confraria Luso-Brasileira de Trovadores, Academia de Letras de Teófilo Otoni, etc, possui os blogs Singrando Horizontes desde 2007, e Pérgola de Textos, um blog com textos de sua autoria, Voo da Gralha Azul e Gralha Azul Trovadoresca. Assina seus escritos por Floresta/PR. Publicou de sua autoria 4 ebooks.. Dezenas de premiações em poesias e trovas no Brasil e exterior.
Fontes: 
José Feldman. Gangorra do tempo. Maringá/PR: Plat. Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing