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sábado, 28 de junho de 2025

José Feldman (O Caleidoscópio da Vida)


No caleidoscópio da vida,
vitórias e derrotas…
Ficamos na torcida.

A vida, se pensarmos bem, é um caleidoscópio em constante movimento. Cada giro traz uma nova imagem, uma nova combinação de cores e formas que refletem nossas experiências. Às vezes, as combinações são vibrantes e cheias de vitórias; em outras, sombrias, carregadas de derrotas. E assim seguimos, torcendo para que as próximas voltas nos apresentem algo belo.

Certa manhã, enquanto caminhava pelo parque, fui atraído por um grupo de crianças brincando. Elas riam, corriam e se divertiam sem preocupações. Observando-as, percebi que, em sua inocência, já viviam o ciclo natural de vitórias e derrotas. Cada vez que um dos pequenos caía, havia um misto de choro e risadas, mas logo se levantavam, prontos para tentar novamente. Era um espetáculo de resiliência, uma verdadeira aula de vida.

Parei para refletir. Ao longo dos anos, quantas vezes eu havia me deixado abater por uma derrota? Às vezes, o peso da frustração é tão grande que parece impossível levantar-se e continuar. Mas, ao mesmo tempo, cada vitória, por menor que fosse, traz consigo um novo ânimo, uma nova perspectiva. O caleidoscópio da vida nos ensina isso: que a beleza está tanto nas vitórias quanto nas derrotas.

O tempo passou, e eu me lembrei de um momento específico: a época em que decidi mudar de carreira. A transição foi repleta de desafios e incertezas. Havia dias em que me sentia invencível, acreditando que tinha feito a escolha certa. Em outros, era como se um peso insuportável me esmagasse, e a dúvida corroía minha confiança. Lembrei-me de como esperei ansiosamente por cada conquista, mas também como chorei por cada porta fechada.

A verdade é que, assim como as cores em um caleidoscópio, nossas experiências são interligadas. Cada vitória é resultado de derrotas superadas, e cada derrota é uma oportunidade disfarçada. Ao torcer por nós mesmos e por aqueles que amamos, estamos, na verdade, torcendo pelo ciclo da vida — um ciclo que nos ensina a valorizar cada passo do caminho.

No parque, uma das crianças, ao cair, olhou para os amigos e, com um sorriso travesso, disse: “Vamos de novo!” Aquela frase ecoou em minha mente, e percebi que, mesmo adultas, precisamos de um pouco dessa coragem infantil. Precisamos nos permitir falhar e nos levantar, torcendo sempre por dias melhores.

Conforme o sol se punha, as cores do céu começaram a mudar, criando um espetáculo deslumbrante. A partir daquele momento, entendi que, assim como o céu, a vida é cheia de nuances. As vitórias são as manhãs ensolaradas, enquanto as derrotas são os dias nublados. Ambas são necessárias para que possamos apreciar a beleza do que temos.

Ao deixar o parque, senti-me renovado. O caleidoscópio da vida continuaria girando, e eu estava pronto para enfrentar o que viesse, seja vitória ou derrota. Afinal, cada um de nós está sempre na torcida, esperando que a próxima volta traga novas cores e formas, sempre lembrando que, no final, é a jornada que realmente conta.
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JOSÉ FELDMAN nasceu na capital de São Paulo. Poeta, trovador, escritor e gestor cultural, radicado no Paraná há 27 anos. Formado em patologia clínica trabalhou por mais de uma década no Hospital das Clínicas. Foi enxadrista, professor, diretor, juiz e organizador de torneios de xadrez a nível nacional durante 24 anos; como diretor cultural organizou apresentações musicais. Casado com a escritora, poetisa, tradutora e professora da UEM, Alba Krishna, mudou-se em 1999 para o Paraná, morou em Curitiba e Ubiratã, e depois em Maringá/PR em 2011. Consultor educacional junto a alunos e professores do Paraná e São Paulo. Pertence a diversas academias de letras, como Academia Rotary de Letras, Academia Internacional da União Cultural, Confraria Luso-Brasileira de Trovadores, Academia de Letras de Teófilo Otoni, etc, possui os blogs Singrando Horizontes desde 2007, e Pérgola de Textos, um blog com textos de sua autoria, Voo da Gralha Azul e Gralha Azul Trovadoresca. Assina seus escritos por Floresta/PR. Publicou de sua autoria 4 ebooks.. Dezenas de premiações em poesias e trovas no Brasil e exterior.

Fontes:
José Feldman. Pérgola de Textos. Floresta/PR: Plat. Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing  

quarta-feira, 18 de junho de 2025

José Feldman (O Arquétipo do Bobo da Corte e do Palhaço)


Desde as primeiras organizações da sociedade humana, o arquétipo do bobo da corte e do palhaço tem sido um personagem fascinante e complexo. Com sua presença milenar, esse arquétipo tem permeado a história da humanidade, refletindo e influenciando a forma como nos relacionamos com o poder, a autoridade e a própria condição humana.

O bobo da corte, figura comum nas cortes reais da Europa medieval, era um personagem que, apesar de sua posição subalterna, detinha um poder singular: o de falar a verdade ao poder. Com sua linguagem astuta e sua capacidade de ridicularizar os poderosos, o bobo da corte era um crítico social que apontava as falhas e as hipocrisias da corte.

Já o palhaço, figura mais contemporânea, é um personagem que, com sua maquiagem exagerada e seu comportamento bufão, nos faz rir e nos faz pensar. O palhaço é um símbolo da vulnerabilidade e da fragilidade humana, mas também da resiliência e da capacidade de superar os obstáculos.

Ambos os arquétipos, o bobo da corte e o palhaço, têm em comum a capacidade de subverter a ordem estabelecida e de questionar as normas sociais. Eles nos mostram que a verdade pode ser encontrada nos lugares mais inesperados e que a sabedoria pode ser encontrada na boca dos loucos.

O arquétipo do bobo da corte e do palhaço é importante porque nos lembra da importância da crítica social e da subversão. Em uma sociedade que muitas vezes valoriza a conformidade e a obediência, esses arquétipos nos mostram que a dissidência e a criatividade são fundamentais para o progresso e a mudança.

Além disso, o arquétipo do bobo da corte e do palhaço nos lembra da importância da vulnerabilidade e da autenticidade. Em uma sociedade que muitas vezes valoriza a perfeição e a invulnerabilidade, esses arquétipos nos mostram que a fraqueza e a imperfeição são partes naturais da condição humana.

O arquétipo do bobo da corte e do palhaço é um poderoso símbolo da complexidade e da riqueza da condição humana. Com sua capacidade de subverter a ordem estabelecida e de questionar as normas sociais, esses arquétipos nos lembram da importância da crítica social, da vulnerabilidade e da autenticidade. Em uma sociedade que muitas vezes valoriza a conformidade e a perfeição, é fundamental lembrar que a dissidência e a imperfeição são partes naturais da condição humana.

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JOSÉ FELDMAN nasceu na capital de São Paulo. Poeta, trovador, escritor e gestor cultural. Formado em patologia clínica trabalhou por mais de uma década no Hospital das Clínicas. Foi enxadrista, professor, diretor, juiz e organizador de torneios de xadrez a nível nacional durante 24 anos; como diretor cultural organizou apresentações musicais. Casado com a escritora, poetisa, tradutora e professora da UEM, Alba Krishna, mudou-se em 1999 para o Paraná, morou em Curitiba e Ubiratã, e depois em Maringá/PR desde 2011. Consultor educacional junto a alunos e professores do Paraná e São Paulo. Pertence a diversas academias de letras, como Academia Rotary de Letras, Academia Internacional da União Cultural, Confraria Luso-Brasileira de Trovadores, Academia de Letras de Teófilo Otoni, etc, possui os blogs Singrando Horizontes desde 2007, e Pérgola de Textos, um blog com textos de sua autoria, Voo da Gralha Azul e Gralha Azul Trovadoresca. Assina seus escritos por Floresta/PR. Publicou de sua autoria 4 ebooks.. Dezenas de premiações em poesias e trovas no Brasil e exterior.

Fontes:
José Feldman. Pérgola de Textos. Floresta/PR: Plat. Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
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domingo, 15 de junho de 2025

José Feldman (Os Rabugentos na Feira)


Numa manhã de sábado, Arlindo e Eulália estavam se preparando para uma missão: ir à feira..

— Olha só, Eulália! — começou Arlindo, ajustando seu chapéu. — Eu não quero saber de ir nessa feira lotada. Esses jovens estão cada vez mais insuportáveis!

— Insuportáveis? — Eulália respondeu, com um sorriso irônico. — E você, Arlindo, não é bem o exemplo de paciência! Lembra da última vez que você quase brigou com aquele feirante por causa de um tomate?

— O tomate estava muito caro! — Arlindo defendeu-se. — E eu não sou de brigar, só defendo meu direito de consumidor!

— Direito de consumidor? Você só queria um tomate maduro! — Eulália riu. — Vem cá, vamos logo antes que a feira fique mais cheia!

Os dois começaram a caminhar em direção à feira, e logo se depararam com a agitação do local. Gente falando alto, crianças correndo e o cheiro de frutas frescas no ar.

— Olha isso! — Arlindo exclamou, passando pela barraca de verduras. — Esses alfaces parecem mais murchos que a sogra do Vicente!

— E você acha que o seu cabelo está mais saudável? — Eulália provocou. — Olha que você está parecendo um pé de alface também!

Arlindo fez uma careta. — A diferença é que eu não quero ser uma salada!

— Pode crer! — Eulália respondeu, piscando. — Mas você é mais fácil de temperar!

Chegando à barraca de frutas, Arlindo olhou para as maçãs e disse: — Olha só, essas maçãs estão mais feias que um filme de terror! E o preço? Um assalto!

— Ah, mas você já viu a sua cara de manhã? — Eulália riu. — Essa maçã é um luxo comparado a você!

— Luxo é um exagero! — Arlindo respondeu, balançando a cabeça. — E quem é que coloca preço em fruta? Deveriam fazer uma promoção: “Compre uma, leve outra de graça!”

— E você acha que o feirante vai querer dar maçã de graça para a sua cara amarrada? — Eulália perguntou, com um sorriso maroto.

— Quem não gostaria? — Arlindo disse, fazendo um gesto exagerado. — “Olha, o famoso Arlindo está aqui! Vamos dar maçãs de graça!”

— E o que você faria com tantas maçãs? — Eulália perguntou. — Fazer uma torta e convidar a vizinhança? Você não sabe nem fritar um ovo!

— Fritar um ovo? — Arlindo fez uma expressão de indignação. — Eu sou um chef na cozinha! Olha, eu até sei fazer mingau!

— Ah, mingau! — Eulália exclamou. — Você quer dizer aquela coisa que parece mais uma massa de modelar? Nunca vi alguém queimar mingau!

— Não queimei! Ele só ficou um pouco... mais consistente! — Arlindo tentou se defender, mas não conseguiu convencer.

Continuando a caminhada, passaram pela barraca de peixes. O cheiro era forte, e Arlindo fez uma careta.

— Ih, Eulália, isso aqui está cheirando mais que o pé do Aparecido! — disse ele, tapando o nariz.

— E você, que não se importa com nada, já está acostumado com esse cheiro! — Eulália respondeu, rindo. — Se bem que o pé do Aparecido é uma experiência única!

— Única como sua habilidade de reclamar! — Arlindo retorquiu. — Você sempre acha um jeito de tornar a vida mais interessante!

— E você, Arlindo, é o rei da reclamação! — Eulália disse, com um sorriso. — Se não fosse por você, eu não saberia o que é uma feira!

— Ah, você me ama, não me negue! — Arlindo provocou. — Vou até me sentir especial agora!

— Especial? Você é um rabugento especial! — Eulália respondeu, rindo. — Vamos, vamos acabar nossas compras!

Finalmente, chegaram à barraca de queijos. Arlindo olhou para os preços e começou a reclamar novamente.

— Olha só, Eulália! Isso aqui é um assalto! Um queijo que custa mais do que meu último par de sapatos!

— E quem foi que disse que você tem um bom gosto para sapatos? — Eulália disparou.

— Boa, Eulália! — Arlindo respondeu, levantando a mão em sinal de rendição. — Você venceu! Vamos levar um queijo, mas só se for o mais barato!

— Combinado! — Eulália disse, com um sorriso. — E eu vou escolher, porque você só sabe escolher alfaces murchas!

Com uma sacola cheia de compras, os dois rabugentos deixaram a feira, prontos para enfrentar mais um dia com suas discussões. Afinal, a amizade era a melhor compra que podiam fazer.
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JOSÉ FELDMAN nasceu na capital de São Paulo. Poeta, trovador, escritor e gestor cultural. Formado em patologia clínica trabalhou por mais de uma década no Hospital das Clínicas. Foi enxadrista, professor, diretor, juiz e organizador de torneios de xadrez a nível nacional durante 24 anos; como diretor cultural organizou apresentações musicais. Casado com a escritora, poetisa, tradutora e professora da UEM, Alba Krishna, mudou-se em 1999 para o Paraná, morou em Curitiba e Ubiratã, e depois em Maringá/PR desde 2011. Consultor educacional junto a alunos e professores do Paraná e São Paulo. Pertence a diversas academias de letras, como Academia Rotary de Letras, Academia Internacional da União Cultural, Confraria Luso-Brasileira de Trovadores, Academia de Letras de Teófilo Otoni, etc, possui os blogs Singrando Horizontes desde 2007, e Pérgola de Textos, um blog com textos de sua autoria, Voo da Gralha Azul e Gralha Azul Trovadoresca. Assina seus escritos por Floresta/PR. Publicou de sua autoria 4 ebooks. Dezenas de premiações em poesias e trovas no Brasil e exterior.

Fontes:
José Feldman. Pérgola de Textos. Floresta/PR: Plat. Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
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domingo, 8 de junho de 2025

José Feldman (Os Rabugentos)


Na praça central da cidade, dois rabugentos, Arlindo e Eulália, se encontravam todos os dias no mesmo banco, discutindo sobre tudo e sobre nada.

— Olha só, Arlindo! — começou Eulália, ajeitando os óculos. — Você viu o que estão fazendo com as festas de São João? Agora têm até DJ! DJ! No meu tempo, a gente tinha sanfona e fogueira, e era assim que dançava!

Arlindo bufou, cruzando os braços. — DJ? Bah! Isso é coisa de jovem que não sabe o que é música de verdade! Antigamente, a gente dançava forró de verdade, e não essa barulheira eletrônica!

— Barulheira? — Eulália riu, sarcástica. — E você acha que o seu forró de antigamente era suave como um sussurro? Eu me lembro das suas tentativas de dançar! Mais parecia um pato desengonçado!

Arlindo arregalou os olhos. — Pato? Eu era um verdadeiro galã! As meninas se derretiam ao me ver dançar! E você, com seu vestido de chita, parecia um buquê de flores murchas!

— Ao menos eu não precisava de um milagre para fazer os outros dançarem! — Eulália respondeu, dando uma risadinha. — As moças se divertiam, ao contrário de você, que ficava parado, esperando a música acabar!

Arlindo fez uma expressão de indignação. — Parado? Você se esqueceu do meu famoso “passo do relógio”? Era um sucesso! Todo mundo imitava!

— Sucesso? Só se foi sucesso para as formigas que você pisoteou! — Eulália gargalhou. — Lembro que uma vez, você quase derrubou a mesa de comes e bebes!

Arlindo apontou o dedo para ela. — E você, com seu jeito de crítica de arte, que só sabia reclamar da comida! “Não tem sabor!”, “não tem tempero!” Ah, Eulália, você era a rainha da reclamação!

— E você, o rei da nostalgia! — replicou Eulália, com um sorriso malicioso. — Fica falando do passado como se fosse um conto de fadas, mas eu lembro bem! O que você chamava de “aventuras” eram na verdade escapadas com a sua bicicleta quebrada!

— Era uma bicicleta clássica! — Arlindo defendeu, balançando a cabeça. — E quem mais teria coragem de descer aquela ladeira sem freios? Aquilo, minha cara, era emoção!

— Emoção? Ou seria imprudência? — Eulália riu, se divertindo com a lembrança. — Eu me lembro do dia em que você quase se atirou no lago! Quase foi um “peixe fora d’água”!

Arlindo ficou pensativo. — É, mas pelo menos eu fiz história! E agora? O que você tem feito? Apenas ficar aqui reclamando da vida?

— Olha, se a vida atual é isso que a gente vê por aí, eu prefiro o passado! A internet? Uma invenção do diabo! Olha a juventude, todos com as cabeças enfiadas em telas!

— E o que você propõe? Que voltemos a escrever cartas? — Arlindo disse, levantando as sobrancelhas. — A última vez que você escreveu uma carta foi para reclamar do seu sofá!

— E que sofá! — Eulália exclamou. — Você se lembra? Aquele sofá tinha mais buracos que um queijo suíço! E você dizia que era “vintage”!

— Vintage é uma palavra moderna! — Arlindo gritou, gesticulando. — Na minha época, a gente chamava de “velho”! E não precisava de palavras chiques para isso!

— E se eu chamasse você de “vintage”? — Eulália perguntou, com um sorriso travesso. — Porque se você não parar de reclamar, vou ter que te colocar em uma vitrine!

— Ah, não se preocupe! Eu não sou tão fácil de ser colocado em uma vitrine! — Arlindo respondeu, piscando. — A última vez que tentei entrar em uma, quase me machuquei!

Eulália se virou para ele, segurando o riso. — Eu só espero que, se um dia você for para uma vitrine, não coloque uma placa dizendo “não toque”! Porque as pessoas podem acabar acreditando!

Arlindo bufou novamente. — Sabe de uma coisa, Eulália? Apesar de tudo, você me faz rir. Mesmo que eu tenha que aguentar suas histórias do passado.

— E você, Arlindo, me faz lembrar que o presente é só uma forma de eu me divertir com os seus devaneios! — Eulália respondeu, piscando.

Os dois velhos rabugentos continuaram a discutir, mas a verdade é que, no fundo, eles sabiam que a amizade que construíram ao longo dos anos era mais forte que qualquer angústia do presente ou nostalgia do passado. E, assim, entre risadas e provocações, o dia passava na praça, onde o passado e o presente se encontravam numa dança cômica e eterna.
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JOSÉ FELDMAN nasceu na capital de São Paulo. Poeta, trovador, escritor e gestor cultural. Formado em patologia clínica trabalhou por mais de uma década no Hospital das Clínicas. Foi enxadrista, professor, diretor, juiz e organizador de torneios de xadrez a nível nacional durante 24 anos; como diretor cultural organizou apresentações musicais. Casado com a escritora, poetisa, tradutora e professora da UEM, Alba Krishna, mudou-se em 1999 para o Paraná, morou em Curitiba e Ubiratã, e depois em Maringá/PR desde 2011. Consultor educacional junto a alunos e professores do Paraná e São Paulo. Pertence a diversas academias de letras, como Academia Rotary de Letras, Academia Internacional da União Cultural, Confraria Luso-Brasileira de Trovadores, Academia de Letras de Teófilo Otoni, etc, possui os blogs Singrando Horizontes desde 2007, e Pérgola de Textos, um blog com textos de sua autoria, Voo da Gralha Azul e Gralha Azul Trovadoresca. Assina seus escritos por Floresta/PR. Publicou de sua autoria 4 ebooks.. Dezenas de premiações em poesias e trovas no Brasil e exterior.

Fontes:
José Feldman. Pérgola de Textos. Floresta/PR: Plat. Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
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sexta-feira, 6 de junho de 2025

José Feldman (Mini contos Encruzilhadas da vida) 06 – 10


6. Carreira
Renato estava preso em um emprego que não o satisfazia. Todos os dias era uma repetição da encruzilhada em que se encontrava. Um dia, teve coragem de seguir sua paixão pela fotografia. Ao dar esse passo, começou a encontrar novos caminhos, descobrindo um mundo vibrante que antes parecia distante. A teia da carreira se transformou em uma galeria de possibilidades.

7. Medo
Sofia sempre deixou o medo controlar sua vida. Ele era como um quarto escuro, onde cada canto escondia uma nova insegurança. Um dia, decidiu enfrentar um de seus maiores medos: falar em público. Ao subir ao palco, percebeu que o quarto não era tão ameaçador quanto parecia. Com cada palavra, os muros do medo começaram a desmoronar.

8. Solidão
Fernanda sentia-se só em meio à multidão. O medo da solidão a cercava, e a busca por conexão parecia interminável. Um dia, decidiu participar de um grupo de leitura. Ali, encontrou almas semelhantes, pessoas que também buscavam companhia. Juntos, começaram a construir um novo caminho, onde a solidão dava lugar à amizade e ao apoio mútuo.

9. Expectativas
Leila vivia cercada por expectativas: familiares, sociais, pessoais. Cada uma era um corredor estreito em uma agonia sufocante. Um dia, decidiu desafiar essas expectativas e ouvir sua própria voz. Ao se libertar, encontrou novos caminhos, onde podia ser verdadeira consigo mesma. O vaso das expectativas se transformou em um jardim de possibilidades.

10. Esperança
Em tempos de crise, Janjão se sentia perdido. A desesperança o envolvia, e as saídas pareciam distantes. Um dia, ao ouvir uma história de superação, algo mudou. Ele percebeu que a esperança era uma luz no fim do túnel. Começou a agir em pequenos passos, e, ao longo do caminho, encontrou outros que também buscavam uma saída. Juntos, criaram um novo túnel, onde a esperança florescia.
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JOSÉ FELDMAN nasceu na capital de São Paulo. Poeta, trovador, escritor e gestor cultural. Formado em patologia clínica trabalhou por mais de uma década no Hospital das Clínicas. Foi enxadrista, professor, diretor, juiz e organizador de torneios de xadrez a nível nacional durante 24 anos; como diretor cultural organizou apresentações musicais. Casado com a escritora, poetisa, tradutora e professora da UEM, Alba Krishna, mudou-se em 1999 para o Paraná, morou em Curitiba e Ubiratã, e depois em Maringá/PR desde 2011. Consultor educacional junto a alunos e professores do Paraná e São Paulo. Pertence a diversas academias de letras, como Academia Rotary de Letras, Academia Internacional da União Cultural, Confraria Luso-Brasileira de Trovadores, Academia de Letras de Teófilo Otoni, etc, possui os blogs Singrando Horizontes desde 2007, e Pérgola de Textos, um blog com textos de sua autoria, Voo da Gralha Azul e Gralha Azul Trovadoresca. Assina seus escritos por Floresta/PR. Publicou de sua autoria 4 ebooks.. Dezenas de premiações em poesias e trovas no Brasil e exterior.

Fontes:
José Feldman. Pérgola de Textos. Floresta/PR: Plat. Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul. 
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quinta-feira, 5 de junho de 2025

José Feldman (Mini contos Encruzilhadas da vida) 1 - 5


1. Decisões
Em uma encruzilhada, Lia parou, seu coração acelerado. Para a esquerda, um caminho seguro, mas monótono; à direita, uma trilha cheia de incertezas e desafios. Ela respirou fundo e decidiu seguir o caminho desconhecido. À medida que avançava, cada passo revelava novas oportunidades e, ao mesmo tempo, novos medos. No final, percebeu que a encruzilhada das decisões era onde realmente encontrava a si mesma.

2. O Tempo
Ananias sempre se sentia preso ao relógio. As horas passavam como sombras, e ele se via correndo atrás de prazos. Um dia, decidiu se desconectar. Ao andar sem pressa, descobriu pequenas maravilhas ao longo do caminho: flores que nunca tinha notado, risadas de crianças brincando. No labirinto do tempo, ele aprendeu que viver o presente é o verdadeiro tesouro.

3. Memória
Mariana encontrou um velho diário empoeirado. Cada página era um emaranhado de memórias, algumas doces, outras amargas. Ao lê-las, ela percebeu como as experiências moldaram sua identidade. Ao final da leitura, decidiu que, em vez de se perder nas lembranças, queria criar novas histórias. A teia da memória se tornaria um mapa para o futuro.

4. Relações
Lucas sempre teve dificuldades em se conectar com as pessoas. Cada amizade parecia um labirinto, cheio de paredes invisíveis. Um dia, conheceu uma mulher que lhe mostrou que a vulnerabilidade era a chave. Abrindo-se, ele começou a desbravar a estrada das relações, encontrando laços mais profundos e significativos, onde antes havia solidão.

5. Autoimagem
Júlia olhava-se no espelho e via apenas imperfeições. A sociedade impunha padrões que a faziam sentir-se perdida. Um dia, decidiu se afastar das redes sociais e se reconectar com sua essência. Ao explorar o espelho de sua autoimagem, ela aprendeu a se amar como era, percebendo que a verdadeira beleza reside na autenticidade.
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JOSÉ FELDMAN nasceu na capital de São Paulo. Poeta, trovador, escritor e gestor cultural. Formado em patologia clínica trabalhou por mais de uma década no Hospital das Clínicas. Foi enxadrista, professor, diretor, juiz e organizador de torneios de xadrez a nível nacional durante 24 anos; como diretor cultural organizou apresentações musicais. Casado com a escritora, poetisa, tradutora e professora da UEM, Alba Krishna, mudou-se em 1999 para o Paraná, morou em Curitiba e Ubiratã, e depois em Maringá/PR desde 2011. Consultor educacional junto a alunos e professores do Paraná e São Paulo. Pertence a diversas academias de letras, como Academia Rotary de Letras, Academia Internacional da União Cultural, Confraria Luso-Brasileira de Trovadores, Academia de Letras de Teófilo Otoni, etc, possui os blogs Singrando Horizontes desde 2007, e Pérgola de Textos, um blog com textos de sua autoria, Voo da Gralha Azul e Gralha Azul Trovadoresca. Assina seus escritos por Floresta/PR. Publicou de sua autoria 4 ebooks.. Dezenas de premiações em poesias e trovas no Brasil e exterior.

Fontes:
José Feldman. Pérgola de Textos. Floresta/PR: Plat. Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul. Disponível em Domínio Público.  
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quarta-feira, 4 de junho de 2025

José Feldman (O Medo de Realizar os Sonhos)


Quantas vezes nos encontramos sonhando com algo que desejamos profundamente, mas nos sentimos paralisados pelo medo de realizar esse sonho? É como se o medo de sair da zona de conforto e enfrentar os desafios que vêm com a realização do sonho fosse maior do que o desejo em si.

Muitas vezes, nos contentamos em apenas sonhar, sem tomar as medidas necessárias para tornar esse sonho uma realidade. E é aí que reside o problema. Sonhar é importante, mas não é suficiente. É preciso ter coragem e determinação para sair em busca do que se deseja.

Os seres humanos são do tamanho de suas realizações. É através das nossas conquistas e superações que nos tornamos quem somos. E é justamente esse medo de realizar os sonhos que nos impede de alcançar nosso pleno potencial.

O medo pode se manifestar de muitas formas: medo do fracasso, medo do desconhecido, medo de não ser bom o suficiente. Mas, na verdade, o maior medo é o medo de não tentar. De não saber o que poderia ter sido se tivéssemos tido a coragem de ir em frente.

É preciso lembrar que a vida é feita de escolhas e que cada escolha tem suas consequências. Se escolhermos não tentar, podemos nos arrepender pelo resto da vida. Mas se escolhermos ir em frente, podemos descobrir que somos capazes de muito mais do que imaginávamos.

A realização dos sonhos não é fácil, mas é possível. É preciso ter perseverança, determinação e coragem. É preciso estar disposto a aprender com os erros e a se adaptar às mudanças.

Então, o que nos impede de realizar nossos sonhos? É o medo de sair da zona de conforto? É o medo de fracassar? Ou é simplesmente a falta de coragem para tentar?

A resposta é nossa. É hora de parar de sonhar apenas e começar a agir. É hora de sair da zona de conforto e enfrentar os desafios que vêm com a realização dos sonhos. É hora de descobrir o que somos capazes de fazer e de alcançar nosso pleno potencial.

Os seres humanos são do tamanho de suas realizações. Vamos fazer com que nossas realizações sejam grandes o suficiente para que possamos nos orgulhar de quem somos e do que fizemos. Vamos sonhar e agir. Vamos sonhar e realizar. Vamos ser grandes.
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JOSÉ FELDMAN nasceu na capital de São Paulo. Poeta, trovador, escritor e gestor cultural. Formado em patologia clínica trabalhou por mais de uma década no Hospital das Clínicas. Foi enxadrista, professor, diretor, juiz e organizador de torneios de xadrez a nível nacional durante 24 anos; como diretor cultural organizou apresentações musicais. Casado com a escritora, poetisa, tradutora e professora da UEM, Alba Krishna, mudou-se em 1999 para o Paraná, morou em Curitiba e Ubiratã, e depois em Maringá/PR desde 2011. Consultor educacional junto a alunos e professores do Paraná e São Paulo. Pertence a diversas academias de letras, como Academia Rotary de Letras, Academia Internacional da União Cultural, Confraria Luso-Brasileira de Trovadores, Academia de Letras de Teófilo Otoni, etc, possui os blogs Singrando Horizontes desde 2007, e Pérgola de Textos, um blog com textos de sua autoria, Voo da Gralha Azul e Gralha Azul Trovadoresca. Assina seus escritos por Floresta/PR. Publicou de sua autoria 4 ebooks.. Dezenas de premiações em poesias e trovas no Brasil e exterior.
Fontes: 
José Feldman. Gangorra do tempo. Maringá/PR: Plat. Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
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sábado, 24 de maio de 2025

José Feldman (A tempestade e a jornada)

T
exto baseado na trova de Jerson Lima de Brito (Porto Velho/RO)

Não tema sua jornada
se o céu estiver cinzento
que às vezes a trovoada
faz parte do ensinamento!

Na pequena cidade de Valverde, onde as colinas se encontravam com o céu em um abraço eterno, a vida seguia seu curso tranquila, mas repleta de desafios. Os moradores daquela cidade eram conhecidos por sua resiliência e força de espírito. No entanto, havia um jovem chamado Demétrio que frequentemente se deixava abater pelas nuvens cinzentas que pareciam pairar sobre sua vida.

Ele era um sonhador. Desde criança, alimentava grandes aspirações: queria ser escritor. Suas histórias eram recheadas de aventuras e heróis, mas à medida que crescia, as incertezas começaram a envolvê-lo. Ele se via diante de um dilema: como transformar seus sonhos em realidade em meio às dificuldades do dia a dia? A pressão para ter um emprego estável, a expectativa da família e o medo do fracasso o deixavam angustiado.

Em uma tarde particularmente nublada, decidiu que precisava de um tempo para pensar. Pegou seu caderno e saiu em direção ao parque da cidade, um lugar que sempre o inspirava. À medida que caminhava, o céu escurecia e um vento forte começou a soprar. Ele hesitou, mas a necessidade de encontrar respostas o levou adiante. Ao chegar ao parque sentou-se em um banco sob uma árvore frondosa e começou a escrever.

Enquanto suas ideias fluíam, ele percebeu que as nuvens no céu estavam se acumulando, e logo a chuva começou a cair. No início, as gotas eram suaves, quase como um sussurro. Mas, em poucos minutos, a tempestade se intensificou e o que antes era uma leve garoa transformou-se em uma verdadeira tempestade. Demétrio se viu preso, sem abrigo, e um sentimento de desespero começou a tomar conta dele.

No entanto, em meio ao caos, algo inesperado aconteceu. Ele observou as gotas de chuva batendo nas folhas, criando uma melodia única, um ritmo que parecia dançar com a natureza. As árvores, que antes pareciam temerosas, agora se erguiam majestosas, como se estivessem celebrando a tempestade. Ele sentiu uma onda de inspiração e em vez de se deixar levar pelo medo, ele decidiu se entregar àquele momento.

Sob a árvore que o protegia da chuva, com o caderno em mãos, começou a escrever freneticamente. As palavras fluíam como a chuva, e ele percebeu que a tempestade não era um obstáculo, mas uma oportunidade. A trovoada trazia consigo um ensinamento profundo sobre a vida: os desafios e as dificuldades são partes inevitáveis da jornada. Cada gota de chuva, cada relâmpago, representava uma lição, uma chance de crescimento.

Quando a tempestade finalmente começou a desvanecer, sentiu-se renovado. Ele olhou para o céu, que agora começava a clarear, e sorriu. As nuvens cinzentas não eram apenas um símbolo de desespero, mas também de transformação. Ele percebeu que, assim como a natureza, sua vida também passaria por ciclos, com momentos de sol e momentos de chuva. E que não deveria temer esses momentos difíceis, pois eram eles que o moldavam, que lhe ensinavam a ser forte e resiliente.

Ao voltar para casa, Demétrio sentiu-se leve. Ele sabia que o caminho à sua frente ainda seria repleto de desafios, mas estava determinado a enfrentá-los de cabeça erguida. A tempestade daquela tarde se tornara um marco em sua jornada, um lembrete de que o crescimento muitas vezes vem das experiências mais difíceis.

A vida, assim como o tempo, é cheia de surpresas. Não devemos temer a jornada, mesmo quando o céu estiver cinzento, pois às vezes a tempestade faz parte do ensinamento. E são essas tempestades que nos preparam para os dias ensolarados, nos ensinando a valorizar cada raio de sol que brilha em nossas vidas.
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JERSON LIMA DE BRITO, nasceu em Porto Velho/RO, em 1973, onde reside. Graduado em Administração e Direito pela Fundação Universidade Federal de Rondônia. Sonetista, trovador e cordelista, é membro fundador da Academia Brasileira de Sonetistas (Abrasso), integrante do Fórum do Soneto e Delegado da União Brasileira de Trovadores (UBT) em Porto Velho. Exerce o cargo de Técnico Federal de Controle Externo na SECEX-RO, tendo participado de algumas Mostras de Talentos do TCU. Neto de nordestinos, na infância teve os primeiros contatos com os versos, lendo os folhetos de cordel que seu pai comprava. Já na fase adulta, depois dos 30 anos, deu os primeiros passos na literatura escrevendo sobretudo cordéis. Posteriormente, aderiu aos sonetos e outras modalidades poéticas. Premiado em diversos concursos de trovas, sonetos e cordéis.
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JOSÉ FELDMAN nasceu na capital de São Paulo. Poeta, escritor e gestor cultural. Formado em patologia clínica trabalhou por mais de uma década no Hospital das Clínicas. Foi enxadrista, professor, diretor, juiz e organizador de torneios de xadrez a nível nacional durante 24 anos; como diretor cultural organizou apresentações musicais. Casado com a escritora, poetisa, tradutora e professora da UEM, Alba Krishna, mudou-se em 1999 para o Paraná, morou em Curitiba e Ubiratã, e depois em Maringá/PR desde 2011. Consultor educacional junto a alunos e professores do Paraná e São Paulo. Pertence a diversas academias de letras, como Academia Rotary de Letras, Academia Internacional da União Cultural, Confraria Luso-Brasileira de Trovadores, Academia de Letras de Teófilo Otoni, etc, possui os blogs Singrando Horizontes desde 2007, e Pérgola de Textos, um blog com textos de sua autoria, Voo da Gralha Azul e Gralha Azul Trovadoresca. Assina seus escritos por Floresta/PR. Publicou de sua autoria 4 ebooks.. Premiações em poesias no Brasil e exterior.

Fontes:
José Feldman. Gangorra do tempo. Maringá/PR: Plat. Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing 

quarta-feira, 21 de maio de 2025

José Feldman (Fábula da Velha Coruja)


Em uma floresta distante, havia uma velha coruja. Ela era uma dos mais antigas e sábios da floresta, tendo visto gerações de animais nascerem e crescerem. Ela era conhecida por sua força e sabedoria, e muitos animais a procuravam para pedir conselhos e orientação.

No entanto, com o passar dos anos, começou a sentir os efeitos da idade. Suas penas começaram a murchar, e suas pernas não eram mais tão fortes quanto antes. Ela precisava de cuidado e atenção, mas seus filhos e netos, que haviam crescido e se mudado para outras partes da floresta, não estavam mais por perto para ajudá-la.

Os animais mais jovens da floresta não tinham mais tempo para visita-la ou ouvir suas histórias. Eles estavam ocupados com suas próprias vidas e problemas, e não tinham mais paciência para lidar com as necessidades de uma velha coruja.

Ela se sentia abandonada e sozinha. Ela havia dado tanto para a floresta e para os animais que viviam nela, e agora não tinha mais ninguém para cuidar dela. Começou a se sentir como um peso para os outros, e sua dor e tristeza aumentaram a cada dia.

Um dia, um jovem esquilo passou pela clareira onde ela estava. Ele notou que a velha coruja estava murcha e sozinha, e decidiu parar para visitá-la. Ela contou a ele sobre como se sentia abandonado e sozinho, e o esquilo ouviu atentamente.

Ele percebeu que a coruja não era apenas uma velha coruja, mas uma fonte de sabedoria e conhecimento. Ele decidiu visita-la regularmente, ouvindo suas histórias e aprendendo com sua experiência. Outros animais começaram a se juntar a ele, e logo ela estava cercada de amigos que a cuidavam e a respeitavam.

No entanto, a lição mais importante que ela ensinou a todos foi sobre a importância de cuidar dos idosos. Ela mostrou que os idosos não são apenas pessoas que precisam de cuidado, mas também são fontes de sabedoria e conhecimento.

Moral da história: 
Os idosos merecem respeito, cuidado e atenção. Eles têm muito a oferecer em termos de sabedoria e experiência, e é importante que sejam tratados com dignidade e compaixão. Ao cuidar dos nossos idosos, estamos não apenas ajudando-os, mas também preservando a nossa própria humanidade e garantindo que as futuras gerações possam aprender com a experiência e sabedoria dos mais velhos. Ás vezes, alguns minutos de conversa e um cafezinho podem fazer milagres para a auto-estima de um idoso. Pense nisto, antes de ver ele como um fardo para a sociedade. Eles são seres como os mais jovens e possuem emoções também.
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JOSÉ FELDMAN nasceu na capital de São Paulo. Poeta, escritor e gestor cultural. Formado em patologia clínica trabalhou por mais de uma década no Hospital das Clínicas. Foi enxadrista, professor, diretor, juiz e organizador de torneios de xadrez a nível nacional durante 24 anos; como diretor cultural organizou apresentações musicais. Casado com uma escritora, poetisa, tradutora e professora da UEM, mudou-se em 1999 para o Paraná, morou em Curitiba e Ubiratã, e depois em Maringá/PR desde 2011. Consultor educacional junto a alunos e professores do Paraná e São Paulo. Pertence a diversas academias de letras, como Academia Rotary de Letras, Academia Internacional da União Cultural, Confraria Luso-Brasileira de Trovadores, Academia de Letras de Teófilo Otoni, etc, possui os blogs Singrando Horizontes desde 2007, e Pérgola de Textos, um blog com textos de sua autoria, Voo da Gralha Azul e Gralha Azul Trovadoresca. Assina seus escritos por Floresta/PR. Publicou de sua autoria 4 ebooks.. Premiações em poesias no Brasil e exterior.

Fontes>
José Feldman. Gangorra do tempo. Maringá/PR: Plat. Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing  

sexta-feira, 9 de maio de 2025

José Feldman (Biblioteca além da imaginação)


Era uma noite fria e nebulosa quando três personagens ilustres se encontraram em uma biblioteca esquecida pelo tempo. O aroma de livros antigos pairava no ar, e as prateleiras, repletas de volumes empoeirados e teias de aranha, pareciam sussurrar segredos de eras passadas. No centro da sala, uma mesa de madeira marrom escura possuía um candeeiro com uma luz suave, iluminando os rostos de H. P. Lovecraft, Arthur Conan Doyle e H. G. Wells.

Lovecraft: (encarando uma edição de “O Chamado de Cthulhu”) “É fascinante como o desconhecido pode instigar o medo nas profundezas da mente humana. Meus leitores, ao se depararem com o que não compreendem, são confrontados com suas próprias limitações.”

Doyle: (sorrindo levemente) “Ah, mas o que é o medo senão um reflexo do que não conseguimos explicar? Em meus contos, como em ‘O Cão dos Baskerville’, busco uma explicação lógica para o sobrenatural. O verdadeiro terror reside na razão que falha.”

Wells: (ajustando os óculos) “Ambos tocam em aspectos fundamentais da condição humana, mas os meus escritos, como ‘A Máquina do Tempo’, exploram o potencial da ciência e suas consequências. O futuro é tão aterrador quanto o desconhecido, mas também repleto de possibilidades. Não é só sobre o que tememos, mas sobre o que podemos alcançar.”

Lovecraft: “Mas, H. G., e quando essas possibilidades se tornam uma arma de destruição? A ciência pode revelar verdades que o homem não está preparado para enfrentar. O que acontece quando a curiosidade ultrapassa os limites da moralidade?”

Doyle: “Certa vez, um amigo meu, um detetive, disse que a verdade é muitas vezes mais estranha do que a ficção. E o que dizer das verdades ocultas que você apresenta, Lovecraft? O que o homem deve fazer quando confrontado com o abismo que você tão eloquentemente descreve?”

Wells: (pensativo) “E se o abismo for apenas uma porta para novas realidades? A ficção científica não é apenas um aviso, mas um convite. O que você teme pode ser a chave para um novo entendimento.”

Lovecraft: “Certa vez, escrevi que o medo do desconhecido é uma das emoções mais primitivas do ser humano. O que proponho é que, ao explorar o desconhecido, devemos ter cautela. A curiosidade pode ser uma bênção ou uma maldição.”

Doyle: “Mas sem a curiosidade, nunca teríamos feito as descobertas que moldaram nosso mundo. Sou grato por Sherlock Holmes ter me ensinado que, mesmo no caos, há ordem a ser encontrada. E mesmo a escuridão pode ser iluminada pela razão.”

Wells: “Sim, mas também devemos considerar o papel da imaginação. Quando escrevi sobre a guerra dos mundos, queria alertar sobre as consequências do imperialismo. A imaginação nos permite ver o que poderia ser, não apenas o que é. O que você, Lovecraft, acha que representa a sua obra para o leitor?”

Lovecraft: “Para mim, é uma reflexão sobre a insignificância do ser humano no vasto cosmos. O leitor deve sentir a fragilidade de sua própria existência. É um lembrete de que não estamos sozinhos, e que há forças além da nossa compreensão que podem nos consumir.”

Doyle: “E, no entanto, há sempre esperança. Mesmo em suas histórias mais sombrias, há um fio de resistência. O homem busca compreender e sobreviver, mesmo quando confrontado com o horror.”

Wells: “Talvez isso seja o que nos une a todos. Se a ciência e a imaginação podem coexistir, então nossas histórias também podem. O leitor deve sair não apenas aterrorizado, mas movido a agir, a entender, a transformar.”

A conversa prosseguiu, enquanto as horas se arrastavam. Ideias se entrelaçavam, e o som das vozes ecoava por toda biblioteca, ressoando nas sombras. Cada autor trouxe à tona suas visões únicas, e a noite se tornou um diálogo atemporal sobre a natureza da literatura e o papel do homem diante do desconhecido.

Quando a primeira luz do amanhecer começou a surgir, os três escritores perceberam que, embora seus estilos fossem diferentes, todos partilhavam a mesma paixão: a busca pela verdade, seja ela aterradora ou sublime. E assim, com um aceno de cabeça e um brilho nos olhos, eles se despediram, cada um retornando ao seu próprio tempo, mas com a certeza de que suas palavras ecoariam em gerações futuras.
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H. P. Lovecraft (1890–1937)
Howard Phillips Lovecraft nasceu em Providence, Rhode Island, em 20 de agosto de 1890, morreu em 15 de março de 1937. Ele teve uma infância marcada por dificuldades familiares e problemas de saúde. Lovecraft passou a maior parte de sua vida em Providence, onde desenvolveu suas habilidades de escrita. É conhecido por seu estilo de horror cósmico, que explora temas de insignificância humana diante de forças cósmicas desconhecidas. Seus contos, como “O Chamado de Cthulhu” e “Nas Montanhas da Loucura”, introduzem criaturas e mitologias que influenciaram o gênero de terror.
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Arthur Conan Doyle (1859–1930)
Sir Arthur Conan Doyle nasceu em Edimburgo, Escócia, em 22 de maio de 1859, faleceu em 7 de julho de 1930. Formou-se em medicina e trabalhou como médico, mas sua verdadeira paixão sempre foi a escrita. É mais conhecido por criar o icônico detetive Sherlock Holmes, cujas histórias, como “Um Estudo em Vermelho” e “O Cão dos Baskerville”, revolucionaram o gênero de mistério. Ele também escreveu ficção científica, romances históricos e obras sobre espiritualismo.
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H. G. Wells (1866–1946)
Herbert George Wells nasceu em Bromley, Inglaterra, em 21 de setembro de 1866 e morreu em 13 de agosto de 1946.. Ele teve uma educação modesta e trabalhou como professor e jornalista antes de se dedicar à escrita. Wells é considerado um dos pais da ficção científica moderna, com obras como “A Máquina do Tempo”, “A Guerra dos Mundos” e “A Ilha do Dr. Moreau”. Seus escritos frequentemente abordam questões sociais e científicas, refletindo suas preocupações sobre o futuro da humanidade.

Fontes:
José Feldman. Gangorra do tempo. Maringá/PR: Plat. Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
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quarta-feira, 7 de maio de 2025

José Feldman (Sofrimento de mãe)


No silêncio da casa ecoam lembranças, como sussurros de um passado que se recusa a se apagar. A mãe, com o olhar perdido na porta entreaberta, espera o retorno que nunca virá. O cheiro do seu filho ainda paira no ar, nas roupas que permanecem penduradas, nas risadas que agora são ecos distantes. 

Cada canto da casa guarda uma história, um momento de alegria que a guerra transformou em dor. Ela se lembra do brilho nos olhos dele ao falar sobre seus sonhos, a coragem que o levou a lutar por um mundo melhor. Mas a realidade é cruel, e a batalha que ele enfrentou levou não apenas sua vida, mas também parte da alma da mãe que o gerou.

As noites são longas e frias, preenchidas por um lamento silencioso. A cama vazia a lembra do vazio que agora habita seu coração. Os amigos que voltaram trazem notícias sussurradas, mas nenhum consolo pode aliviar o peso da perda. Ela caminha entre as memórias, buscando a força para seguir, mesmo quando o mundo parece desmoronar.

Em meio à dor, a mãe encontra um fio de esperança. Nos sonhos, ele a visita, sorrindo como antes, e ela sente o calor de seu abraço. É na lembrança do amor que ele deixou que ela se agarra, transformando a tristeza em um tributo à vida que foi. A guerra pode ter levado seu filho, mas o amor que ela sente é eterno, um laço que a liga a ele, sempre.

E assim, com o coração partido, mas ainda pulsante, a mãe sente que o amor transcende a morte. Em cada lágrima, uma homenagem; em cada lembrança, uma celebração. E mesmo que a dor nunca desapareça, ela sabe que, em algum lugar, seu filho vive, em cada sorriso, em cada ato de coragem que floresce no mundo.

Fontes:
José Feldman. Gangorra do tempo. Maringá/PR: Plat. Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
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segunda-feira, 5 de maio de 2025

José Feldman (A Odisseia do Supermercado em Dia de Promoção)


Ah, o dia de promoção no supermercado! Um evento que poderia facilmente ser classificado como um esporte radical. Se você ainda não experimentou, prepare-se: é uma verdadeira odisseia, onde os carrinhos se tornam naves espaciais e os corredores, campos de batalha.

Logo na entrada, você já sente a atmosfera eletrificada. A primeira missão é conseguir um carrinho. Não um carrinho qualquer, mas aquele que não faz barulho e tem as rodas que não se arrastam como se estivessem lutando contra a gravidade. Mas, ah, você logo descobre que todos estão na mesma busca. É uma verdadeira corrida, digna das mais emocionantes competições olímpicas. As pessoas se lançam em direção aos carrinhos como se fossem o último pedaço de pizza em uma festa. É um balé de estratégia e agilidade, com alguns até ensaiando dribles que fariam qualquer jogador de futebol se sentir envergonhado.

Uma vez com o carrinho em mãos — que, por algum milagre, não faz barulho — como não mencionar as estratégias de compra? Cada cliente tem seu próprio método. Há os que vêm com uma lista bem estruturada, em um verdadeiro planejamento estratégico. Eles seguem os corredores com a precisão de um cirurgião, evitando qualquer distração. Depois, existem os “Aventureiros do Carrinho”, que fazem questão de explorar cada canto do supermercado, como se estivessem em uma expedição. Eles pegam produtos aleatórios, como se estivessem em uma caça ao tesouro, e você se pergunta se, na verdade, eles vieram comprar ou apenas passear.

E não podemos esquecer das promoções que, em teoria, deveriam facilitar a vida, mas acabam gerando um caos. Você se depara com um “leve três, pague dois” em uma prateleira, e a mente começa a trabalhar: “Se eu levar três pacotes de macarrão, posso economizar... mas e se eu não comer macarrão esta semana?” A dúvida é cruel, e você se vê em um dilema existencial que poderia ser tema de um filme de suspense.

Finalmente você se depara com um obstáculo terrível: a fila do caixa. A fila! Ah, a fila é um personagem à parte, uma serpente interminável que parece ter vida própria. Enquanto você avança lentamente, começa a observar a fauna peculiar que ali habita. À sua direita, uma senhora com o carrinho transbordando de produtos, que parece ter feito um estoque para enfrentar um apocalipse zumbi. Ela discute fervorosamente com o marido sobre a necessidade de comprar cinco pacotes de arroz, enquanto ele a observa com um olhar que mistura incredulidade e resignação.

À sua esquerda, um jovem que, claramente, não está familiarizado com a arte de fazer compras. Ele tenta entender a diferença entre pasta de dente e creme hidratante, enquanto a caixa, com um olhar paciente, lhe explica. O que poderia ser um momento educativo torna-se uma comédia, com o jovem afirmando que tudo se resume em “branco e com tampa”. O público na fila ri discretamente, mas a tensão aumenta conforme o tempo avança.

Após uma eternidade, você finalmente chega ao caixa. E, ao olhar para o seu carrinho, dá-se conta de que, entre promoções e ofertas, você acumulou um verdadeiro tesouro. São três pacotes de biscoitos em promoção, duas garrafas de refrigerante e aquela caixa de cereal que, honestamente, você nem lembra por que colocou lá. Mas, quem pode resistir a uma boa promoção?

Ao passar os produtos no caixa, você observa a caixa de trás. Ela está tentando gerenciar um carrinho que parece ter saído de um episódio de “A Corrida Maluca”. O cliente está comprando tudo que vê pela frente — do molho de tomate a uma máquina de fazer pão. A caixa, já exausta, tenta manter a compostura enquanto os produtos vão sendo escaneados. Você fica imaginando se ela tem algum truque na manga para acelerar o processo ou se ela simplesmente se resignou a ser a heroína épica deste dia.

Finalmente, depois de todo o drama e da batalha épica pelos produtos, você chega ao estacionamento. Você enfrenta a última missão: empurrar o carrinho até o carro, enquanto tenta equilibrar as sacolas que parecem ter vida própria. Ao abrir o porta-malas, percebe que, de alguma forma, cada item que você comprou se tornou uma conquista. A sensação de vitória é palpável!

Ao final do dia, você percebe que o supermercado em dia de promoção é mais do que um lugar para fazer compras. É um campo de batalha, uma arena de estratégias e um palco de comédia humana. E, embora você tenha saído com um carrinho cheio, o mais valioso é a coleção de histórias que você leva consigo. E, quem sabe, na próxima promoção, você já estará mais preparado para enfrentar essa nova odisseia!

Fontes:
José Feldman. Peripécias de um jornalista de fofocas & outros contos. Maringá/PR: Plat.Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing