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terça-feira, 16 de abril de 2024

Gislaine Canales (Glosas Diversas) LXXI


CARAVELAS

MOTE:
Benza Deus as caravelas
soltas aos ventos de abril.
Portugal trouxe com elas
o seu lirismo ao Brasil!
A. A. de Assis
Maringá/PR

GLOSA:
Benza Deus as caravelas
que até nós, então, chegaram
e os portugueses, que nelas
muito, de seu, nos deixaram!

Nos mares se aventurando,
soltas aos ventos de abril,
foram chegando, chegando,
e trazendo sonhos mil!

Nas caravelas, aquelas
em fantástica viagem
Portugal trouxe com elas
a verdadeira coragem!

Navegando em emoções
nos mares da cor do anil,
trouxeram nos corações
o seu lirismo ao Brasil!
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VIVER... MORRER...

MOTE:
Saudade – doce transporte
da alma adejante e ferida...
- É viver dentro da morte!
- É morrer dentro da vida!
Adelmar Tavares
Recife/PE, 1888 – 1963, Rio de Janeiro/RJ

GLOSA:
Saudade – doce transporte,
que traz de volta o passado,
nos faz perder nosso norte
no mar do pranto chorado!

Saudade, tu és companheira
da alma adejante e ferida...
És a guia feiticeira
dessa nau, que está perdida!

É preciso ser bem forte,
pois contigo conviver
- É viver dentro da morte!
sem nessa vida morrer!

Saudade, tu és, então,
a sobra da despedida,
levar-te no coração
- É morrer dentro da vida!
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CANÇÃO NA MADRUGADA

MOTE:
Sozinho nas madrugadas,
em noites de solidão;
ouço as notas magoadas
das cordas de um violão!
Ademar Macedo
Santana do Matos/RN, 1951 – 2013, Natal/RN

GLOSA:
Sozinho nas madrugadas,
cheio de tristeza e dor,
choro lágrimas salgadas
relembrando o nosso amor!

O frio entra em minha alma,
em noites de solidão
e a saudade tira a calma,
e machuca o coração!

Ao lembrar tristes baladas
em noite, assim, tão dorida,
ouço as notas magoadas
de uma música esquecida!

Embevecido e tristonho
escuto aquela canção,
dedilhada, no meu sonho:
das cordas de um violão!
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PÉS NA AREIA

MOTE:
Meus pés descalços na areia,
o mar soluçando ao vento,
é a saudade que passeia
nas ondas do pensamento.
Fernando Câncio de Araújo
Fortaleza/CE, 1922 – 2013

GLOSA:
Meus pés descalços na areia,
pisando a areia molhada
encontram uma sereia
bela, linda , enamorada!

O seu canto parecia
o mar soluçando ao vento,
misto de dor e alegria,
de lembrança e esquecimento!

Minha alma, no amor, vagueia,
mãos dadas com a solidão...
é a saudade que passeia
no mar do meu coração!

Na areia, deixo as pegadas,
digitais do sentimento
e sinto as águas salgadas
nas ondas do pensamento.
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MEU ABISMO

MOTE:
No meu abismo medonho
se despenha mudamente
a catarata do sonho
do mundo eterno e presente.
Fernando Pessoa
Lisboa/Portugal, 1888 – 1935

GLOSA:
No meu abismo medonho
aceitando o desafio,
com coragem, me proponho
a sorrir, e então, sorrio!

Num silêncio misterioso
se despenha mudamente
meu passado doloroso
em prantos, profundamente!

Vejo formar-se, tristonho,
diante de mim, majestosa,
a catarata do sonho
imensa, forte e formosa!

Eu me sinto enfraquecer
e nessa queda silente,
vejo tudo se perder,
do mundo eterno e presente.
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LOUCOS

MOTE:
Sei que os motivos são poucos,
sei que as razões também são,
mas este amor nos faz loucos
e loucos não têm razão!!!
Gerson César de Souza
São Mateus do Sul/PR

GLOSA:
Sei que os motivos são poucos,
muito poucos, mesmo assim,
vou fazendo ouvidos moucos,
quando estás junto de mim!

São tantas contradições,
sei que as razões também são,
pois são fortes emoções
que brotam do coração!

Imensos são os caboucos*
que, em nossa alma, o amor faz,
mas este amor nos faz loucos
e nos tira até a paz!

Vivemos a fantasia
curtindo nossa paixão,
como loucos, cada dia,
e loucos não têm razão!!!
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caboucos = (variação de cavoucos) covas, valas
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Fonte> Gislaine Canales. Glosas Virtuais de Trovas XXVIII. In Carlos Leite Ribeiro (produtor) Biblioteca Virtual Cá Estamos Nós. http://www.portalcen.org. Julho de 2005.

quarta-feira, 13 de março de 2024

Gislaine Canales (Glosas Diversas) LXX


VERSOS QUE INDA NÃO FIZ...
 
MOTE:
Eu não sei bem se é loucura,
porém me sinto feliz,
imaginando a ternura
dos versos que inda não fiz!
José Lucas de Barros  
Serra Negra do Norte/RN, 1934 – 2015, Natal/RN

GLOSA:
Eu não sei bem se é loucura,
mas eu sonho ao poetar,
assim, me sinto segura,
tranquila no meu sonhar!
 
Eu fico, às vezes, tristonha,
porém me sinto feliz,
pois a alma de quem sonha
tem sempre um belo matiz!
 
Sinto que alcança a ventura
o meu doce coração,
imaginando a ternura
que lhe vem da inspiração!
 
Nessa emoção tão bonita,
descrevendo mil perfis,
sinto a ilusão infinita
dos versos que inda não fiz!
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GRITOS QUE NÃO DEI...

MOTE:
Minh’alma é tão conformada,
que, às vezes, nem mesmo eu sei
se a minha angústia é causada
pelos gritos que não dei!...
José Maria Machado de Araújo  
Vila Nova de Famalicão/Portugal, 1922 – 2004, Rio de Janeiro/RJ

GLOSA: 
Minh’alma é tão conformada,
é calma e dona de si,
nunca reclama de nada
e até chorando...sorri!
 
É tão grande a nostalgia
que, às vezes, nem mesmo eu sei
se é tristeza ou alegria,
se sou plebeu, ou sou rei!
 
A minha noite cansada
não sabe, nem quer saber,
se a minha angústia é causada
pelo ocaso do viver.
 
A nostalgia que eu sinto,
distante do que sonhei
faz-se de ecos, eu pressinto,
pelos gritos que não dei!…
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AJUDA...
 
MOTE:
Naquele instante sofrido
em que tudo perde o encanto,
ajuda é lenço estendido
para enxugar nosso pranto...
José Valdez de Castro Moura
Pindamonhangaba/SP

GLOSA:
Naquele instante sofrido
em que perdemos a calma,
nós ouvimos um gemido
que sai triste de nossa alma!
 
Quando o momento é de dor
em que tudo perde o encanto,
parece que o desamor
é a voz do nosso acalanto!
 
Mas um gesto comovido
nos impede de chorar...
ajuda é lenço estendido
nas mãos de quem sabe amar!
 
Essas mãos abençoadas
nos ajudam tanto, tanto...
nos vêm como mãos de fadas,
para enxugar nosso pranto…
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NAS POÇAS D’ÁGUA...
 
MOTE:
As poças d’água da rua
brincam de espelho quebrado,
há, em cada poça, uma lua,
e um belo céu estrelado!
Marlê Beatriz Araújo  
Viamão/RS

GLOSA:
As poças d’água da rua
são, em si, um universo,
uma imagem de alma nua,
num brilho estranho, diverso!
 
Refletindo mil belezas
brincam de espelho quebrado...
Unindo tantas  riquezas,
põem estrelas lado a lado!
 
Essa imagem acentua
a beleza refletida...
Há, em cada poça, uma lua,
que parece ali, caída!
 
Com meu olhar passional,
vejo, então, maravilhado
uma lua bem sensual
e um belo céu estrelado!
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APAGOU-SE A CHAMA
 
MOTE:
Soprei. Apagou-se a chama
disseste adeus em seguida.
– Quem diz adeus a quem ama,
diz adeus à própria vida!
Olegário Mariano 
Recife/PE, 1889 – 1958, Rio de Janeiro/RJ

GLOSA:
Soprei. Apagou-se a chama,
a escuridão se instalou
e o meu coração reclama
a tristeza em que ficou!
 
Senti meu mundo caindo,
disseste adeus em  seguida,
foste saindo... saindo...
na escuridão envolvida!
 
Foi o início do meu drama,
o fim da minha ilusão.
– Quem diz adeus a quem ama,
mata, em si, toda a afeição!
 
Fica só a nostalgia
quando a esperança é perdida.
Quem diz adeus à  alegria
diz adeus a própria vida!
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A ROSA
 
MOTE:
Capricho da natureza
a rosa é a flor predileta,
do criador da beleza,
que além de Deus...é poeta!
Sebas Sundfeld  
Pirassununga/SP, 1924 – 2015, Tambaú/SP

GLOSA:
Capricho da natureza
vemos na rosa, tão linda,
uma frágil fortaleza
com sua beleza infinda!
 
Vermelha...Branca...Amarela...
A rosa é a flor predileta,
se ofertada; nos revela
confissão de amor, secreta!
 
Mostra, então, toda a grandeza
e o poder da criação
do criador da beleza,
toda rosa, com emoção!
 
A rosa é pura poesia
na obra do grande esteta,
pois nos prova com alegria,
que além de Deus... é poeta!

Fonte> Gislaine Canales. Glosas Virtuais de Trovas XI. In Carlos Leite Ribeiro (produtor) Biblioteca Virtual Cá Estamos Nós. http://www.portalcen.org. Setembro de 2003.

sábado, 24 de fevereiro de 2024

Gislaine Canales (Glosas Diversas) LXIX


VERGONHA...
 
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MOTE
= = = =
A vida anda tão tristonha...
pobreza... fome... agonia...
que eu chego a sentir vergonha
de, às vezes, ter alegria!
Amália Max
Ponta Grossa/PR, 1929 – 2014

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GLOSA
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A vida anda tão tristonha,
com tantas atrocidades
que quase ninguém mais, sonha...
Só vemos desigualdades!
 
É triste encontrar no mundo
pobreza... fome... agonia...
e sentir, quanto é profundo,
o poço da nostalgia!
 
Se a sorte é pra mim risonha,
 sinto tão forte a emoção
que eu chego a sentir vergonha
de ainda ter coração!
 
A miséria dói na gente,
vai marcando o nosso dia...
que eu sinto uma dor pungente
de, às vezes, ter alegria!
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VIDA – POESIA
 
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MOTE
= = = =
Faço poesia na vida
mas procuro em cada dia
como rima preferida
fazer da vida poesia...
Euclides Cavaco
Ontário/Canadá

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GLOSA
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Faço poesia na vida
que ajuda o tempo passar.
Transformo cada partida,
num doce e terno voltar!
 
Eu sou feliz, poetando,
mas procuro em cada dia
ir, meus sonhos realizando,
e afastar a nostalgia!
 
Não quero a rima perdida
para rimar meu viver,
como rima preferida
vou a ventura, escolher!
 
Eu vivo  com emoção,
muita paz, muita alegria,
só porque, consigo, então,
fazer da vida poesia!
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TE ESPERAREI...
 
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MOTE
= = = =
Eu te quero às escondidas
e se esta espera durar,
te esperarei quantas vidas
for necessário esperar!...
Eugênia Maria Rodrigues
Rio Novo/MG, 1946 – 2003 

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GLOSA
= = = = =
Eu te quero às escondidas
desde a nossa juventude,
meu amor é sem medidas...
Não te aceitar, como pude?
 
Vivo da tua lembrança
e se esta espera durar,
não perderei a esperança
de um dia te reencontrar!
 
Mesmo em meio a despedidas,
minha tristeza eu abrando,
te esperarei quantas vidas
eu viver, sempre te amando!
 
Espero com emoção,
e sei, irei superar
o tempo, todo, que então,
for necessário esperar!…
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OUTONO DAS TARDES...
 
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MOTE
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No outono das tardes mansas,
com teu amor me acolhendo,
ressuscito as esperanças
que aos poucos foram morrendo!
Florestan Japiassú Maia   
Rio de Janeiro/RJ, 1915 – 2006

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GLOSA
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No outono das tardes mansas,
eu revivo o meu verão,
com um sol só de lembranças
carregado de emoção!
 
Me torno feliz, contente,
com teu amor me acolhendo,
ao ganhar teu beijo quente
vou meu inverno aquecendo!
 
Nessas minhas relembranças
volto à doce mocidade,
ressuscito as esperanças
e vivo a felicidade!
 
Dos sonhos,  junto os pedaços
e o que era mau esquecendo
dou vida nova aos espaços
que aos poucos foram morrendo!
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TROFÉU DO MEU FRACASSO...
 
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MOTE
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Meditando em meu cansaço
não me entristeço nem rio...
Os troféus do meu fracasso
valorizam meu vazio.
Humberto Del Maestro
Serra/ES

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GLOSA
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Meditando em meu cansaço
sigo só, o meu caminho,
é muito lento o meu passo,
pois meu seguir é sozinho...
 
Em completa solidão,
não me entristeço nem rio...
meu dormente coração,
não sente calor, nem  frio...
 
Recebo, neste compasso,
ao findar a caminhada,
os troféus do meu fracasso
premiando, assim, o meu nada...
 
São prêmios que dizem tanto,
relembram, horas a fio,
dos meus nadas, e entretanto
valorizam meu vazio.
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TEU SORRISO
 
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MOTE
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Quando ris, tenho certeza
que Deus, tão sábio e preciso,
exagerou na beleza,
quando fez o teu sorriso!
José Tavares de Lima
Juiz de Fora/MG

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GLOSA
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Quando ris, tenho a certeza
que a felicidade existe,
pois mesmo a maior tristeza,
ao teu riso, não resiste!
 
O teu sorriso feliz,
que Deus, tão sábio e preciso,
fez, com carinho, nos diz,
que é coisa do paraíso!
 
Deus fez linda a natureza,
e te fez mais bela ainda,
exagerou na beleza,
ao tornar-te, assim, tão linda!
 
Eu fico, amor, extasiado,
ao contemplar-te e analiso:
Estava, Deus, inspirado
quando fez o teu sorriso!

Fonte> Gislaine Canales. Glosas Virtuais de Trovas XI. In Carlos Leite Ribeiro (produtor) Biblioteca Virtual Cá Estamos Nós. http://www.portalcen.org. Setembro de 2003.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Gislaine Canales (Glosas Diversas) LXVIII


 AMARGA PROFECIA

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MOTE
= = = =
Profetizaste, é verdade,
que o nosso amor findaria
mas  esqueceste a saudade
nessa amarga profecia.
Alonso Rocha
Belém/PA, 1926 – 2011

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GLOSA
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Profetizaste, é verdade,
numa certeza que grita,
o fim da felicidade
de nossa história bonita!
 
Previste com muito afã,
que o nosso amor findaria.
Não restaria amanhã,
nem sombra dessa alegria!
 
Falaste com suavidade:
do fim – da separação,
mas esqueceste a saudade
que machuca o coração!
 
Depois do adeus, que é tão triste,
sobrará só nostalgia...
que, na verdade, omitiste
nessa amarga profecia.
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EU QUISERA...
 
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MOTE
= = = =
Eu quisera ser feliz,
ser feliz como ninguém,
como ninguém, sempre eu quis,
ser feliz com outro alguém!
Dalvina Fagundes Ebling
Cruz Alta/RS, 2020+

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GLOSA
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Eu quisera ser feliz,
nesse mundo sofredor
e ser eterna aprendiz
na  faculdade do amor!
 
Viver somente alegrias,
ser feliz como ninguém,
e nessas minhas poesias
levar esse amor, além!
 
Quisera um novo matiz
pra minha realidade,
como ninguém, sempre eu quis,
achar a felicidade!
 
Sempre estarás  junto a mim,
pois o meu sonho contém
o desejo de, em meu fim,
ser feliz com outro alguém!
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CHORO AMORES...
 
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MOTE
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Choro meus sonhos perdidos
e os meus desejos frustrados,
pelos anos mal vividos
entre amores fracassados!
Delcy Canalles
Porto Alegre/RS

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GLOSA
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Choro meus sonhos perdidos
porque os sonhos que sonhei,
sempre em nadas, convertidos,
foi o tudo que ganhei!
 
Meu pranto se faz mais triste,
e os meus desejos frustrados,
me mostram que não existe
nenhum sonho em meus guardados!
 
Meus cantos, viram gemidos
em dorida nostalgia,
pelos anos mal vividos
que entristecem o meu dia!
 
Eu vivo sem emoção.
Tenho os olhos já cansados.
Soluça o meu coração
entre amores fracassados!
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VELHICE... AO VENTO...
 
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MOTE
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Nas curvas do desalento
quando a paixão me convida
eu largo a velhice ao vento
e bebo o sopro da vida!
Eduardo Toledo
Pouso Alegre/MG

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GLOSA
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Nas curvas do desalento
eu procuro desviar
para ver,  se assim aguento
o tempo triste a passar!
 
Mas fico atento e feliz
quando a paixão me convida
a fazer tudo que eu quis,
numa emoção comovida.
 
Sentindo esse doce alento,
me apegando de verdade,
eu largo a velhice ao vento
e vivo a felicidade!
 
Vivo, agora, o meu depois,
junto à quimera esquecida,
no cálice de nós dois,
e bebo o sopro da vida!
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RI, PALHAÇO...
 
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MOTE
= = = =
Ri, palhaço, que o teu riso
vai, à dor, dar acolhida,
transformando em paraíso
teu picadeiro da vida.
Giselda Medeiros
Fortaleza/CE

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GLOSA
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Ri, palhaço, que o teu riso
tem sempre um eco profundo
quando te ouço, idealizo
um sorriso para o mundo!
 
O teu riso, diferente,
vai, à  dor, dar acolhida,
diminuindo a dor da gente,
curando qualquer ferida!
 
Em teu gargalhar, diviso,
tudo o que de bom existe,
transformando em paraíso
este nosso mundo triste!
 
Faze, então, doce palhaço
dessa alegria nascida,
sobreviver, sem fracasso,
teu picadeiro da vida.

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CUMPLICIDADE
 
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MOTE
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É quando a noite se aquieta
que eu sinto a cumplicidade,
do amor que me faz poeta,
com a dor que me faz saudade!
João Paulo Ouverney
Pindamonhangaba/SP

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GLOSA
= = = = = 
É quando a noite se aquieta
na languidez das estrelas
que a minha visão de esteta
me deixa feliz, por vê-las!
 
É sempre em noite silente,
que eu sinto a cumplicidade,
pareço um adolescente,
sonhando em profundidade!
 
Encontro na estrada reta,
os pedacinhos de sonhos,
do amor que me faz poeta,
que faz meus dias risonhos!
 
Me identifico também,
com a dor e a ansiedade
e sofro, como ninguém,
com a dor que me faz saudade!

Fonte> Gislaine Canales. Glosas Virtuais de Trovas XI. In Carlos Leite Ribeiro (produtor) Biblioteca Virtual Cá Estamos Nós. http://www.portalcen.org. Setembro de 2003.

segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

Gislaine Canales (Glosas Diversas) LXVII


JARDINEIRO...

MOTE:
Sou jardineiro imperfeito,
pois no jardim da amizade,
quando planto amor perfeito
nasce sempre uma saudade...
Adelmar Tavares
Recife/PE, 1888 – 1963, Rio de Janeiro/RJ

GLOSA: 
SOU JARDINEIRO IMPERFEITO,
mas meu adubo é o amor,
eu amo sem preconceito,
dou a todos, meu calor!

Eu colho muito carinho,
POIS NO JARDIM DA AMIZADE,
que encontro no meu caminho
existe a felicidade!

Vivo feliz, satisfeito,
espero que o tempo passe...
QUANDO PLANTO AMOR PERFEITO
é um perfeito amor, que nasce!

Mas junto de tantas flores,
às vezes, contra a vontade,
recordando os meus amores,
NASCE SEMPRE UMA SAUDADE…
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MUITO ALÉM DAS ESTRELAS...

MOTE:
As estrelas... na amplidão,
nem todos conseguem vê-las.
Um sonhador põe a mão
muito além dessas estrelas!
Aloísio Alves da Costa
Umari/CE, 1935 – 2010, Fortaleza/CE

GLOSA:
AS ESTRELAS... NA AMPLIDÃO,
embelezam o Universo,
e o poeta com emoção,
as retrata no seu verso!

Ficam distante... não perto,
NEM TODOS CONSEGUEM VÊ-LAS,
mas quem traz o peito aberto
pode, contudo, entendê-las!

Com amor no coração
e a alma, pura estesia,
UM SONHADOR PÕE A MÃO
e logo as torna poesia!

Eu quisera ser poeta
para poder concebê-las,
e pôr a minha alma inquieta,
MUITO ALÉM DESSAS ESTRELAS!
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ESPERANÇA...

MOTE:
Esperança é o sol aberto
que meu destino conduz:
Deixando o sonho mais perto,
bem menos pesada a cruz.
Alonso Rocha
Belém/PA, 1926 – 2011

GLOSA:
ESPERANÇA É O SOL ABERTO
que vem dourar o meu dia,
onde feliz eu desperto,
esquecendo a nostalgia!

Esse sol tão envolvente,
QUE MEU DESTINO CONDUZ,
tem um calor diferente,
que vem de vibrante luz!

Nesse meu vagar incerto,
quem me sustenta é a esperança,
DEIXANDO O SONHO MAIS PERTO
aumenta a minha confiança!

E um raio de sol, então,
cheio de brilhos, reluz,
tornando, com emoção
BEM MENOS PESADA A CRUZ.
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ILUSÕES

MOTE:
FEREM, SIM, MAS QUERO TÊ-LAS,
AO LONGO DA CAMINHADA.
ILUSÕES! CACOS DE ESTRELAS,
QUE ENCHEM DE LUZ MINHA ESTRADA!
Carolina Ramos
Santos/SP

GLOSA:
FEREM, SIM, MAS QUERO TÊ-LAS,
agridoces ilusões,
quero também merecê-las,
sentir suas emoções!

Quero que sigam comigo
AO LONGO DA CAMINHADA,
me amparando, dando abrigo,
enchendo de tudo, o nada!

Quero, em meu peito, acendê-las
e deixá-las crepitar...
ILUSÕES! CACOS DE ESTRELAS,
que não cansam de brilhar!

Seguindo nessa ilusão,
me sentirei muito amada,
com luzes no coração
QUE ENCHEM DE LUZ MINHA ESTRADA!
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LUA DISTANTE...

MOTE:
Sonhador, poeta... e amante
de quanto a vida me dá,
que importa a lua distante...
se os meus sonhos chegam lá?...
João Freire Filho
Rio de Janeiro/RJ, 1941 – 2012

GLOSA: 
SONHADOR, POETA... E AMANTE
eu vivo intensa alegria,
o meu desejo excitante
explode em minha poesia!

Eu sou cativo do amor,
DE QUANTO A VIDA ME DÁ,
por isso, de mim, a dor,
para longe fugirá!

Esse meu amor, garante
meu sonho realizar...
QUE IMPORTA A LUA DISTANTE...
se eu aprendi a voar?

Voando pelo infinito,
minha alma, feliz está,
porque sufocar meu grito,
SE OS MEUS SONHOS CHEGAM LÁ?...

Fonte: Gislaine Canales. Glosas. Glosas Virtuais de Trovas XVIII. In Carlos Leite Ribeiro (produtor) Biblioteca Virtual Cá Estamos Nós. http://www.portalcen.org. 2004.