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quinta-feira, 13 de novembro de 2025

Dicas para escritores (Como escrever para seu público)

Você escreve para o seu público. Existem apenas escolhas que você faz com base no público-alvo. Evitar palavras incomuns em textos é fundamental para garantir a clareza, acessibilidade e eficácia da comunicação. O objetivo principal da escrita é ser compreendido, e o uso de vocabulário raro ou excessivamente rebuscado pode criar barreiras significativas para o leitor. 

Os principais motivos para evitar palavras incomuns são:

Comprometem a compreensão: Palavras difíceis exigem que o leitor pare, reflita ou procure o significado em um dicionário, o que interrompe o fluxo de leitura e a imersão no texto.

Redução da acessibilidade: Um texto claro e simples alcança um público mais amplo, independentemente do nível de escolaridade ou familiaridade do leitor com o assunto. Isso é especialmente importante em comunicações gerais, instruções ou documentos públicos.

Percepção de pretensão: O uso forçado de palavras complexas pode dar a impressão de que o escritor está tentando exibir seu vocabulário em vez de transmitir uma ideia de forma eficaz, o que pode minar a credibilidade e a confiança do leitor.

Risco de uso incorreto: Palavras raras muitas vezes possuem nuances de significado muito específicas. Usá-las de forma inadequada pode levar a ambiguidades ou, pior, a erros de sentido, prejudicando a coesão e coerência do texto.

Foco na mensagem: O objetivo do texto deve ser a ideia transmitida, não as palavras usadas. A linguagem simples e direta permite que a mensagem central brilhe sem distrações.

Eficiência e economia de tempo: Escrever de forma clara e direta ajuda o leitor a entender as informações na primeira leitura, economizando tempo tanto para quem escreve (evitando perguntas de esclarecimento) quanto para quem lê. 

Em suma, a escolha por uma linguagem comum e acessível demonstra consideração pelo leitor e prioriza a comunicação eficaz acima de um estilo supostamente "erudito". Escolha palavras que seu público entenderá. Mas também não fale com eles como se fossem estúpidos. Então, como sempre costumo sugerir ao escrever, basta escrever. Diga o que você precisa dizer, como se estivesse simplesmente conversando com alguém.

Fontes:
Imagem criada por JFeldman com Microsoft Bing

domingo, 2 de novembro de 2025

Dicas de Escrita (Qual é o preço de meu livro?)


Para precificar um livro, você deve calcular os custos de produção (impressão, revisão, ISBN) e somar uma margem de lucro desejada. Além disso, é fundamental pesquisar o mercado e a concorrência para entender o preço que os leitores estão dispostos a pagar. Outros fatores como a transformação que o livro oferece (especialmente em não-ficção) e o nível de autoridade do autor também devem ser considerados. 

O preço médio de um livro no Brasil ficou em torno de R$56,77 em março de 2025. Um livro de mais de R$100,00 é considerado de preço elevado no mercado nacional e, portanto, se enquadra em um nicho de consumidores mais específico, de poder aquisitivo melhor, mas a probabilidade de um grande volume de vendas é baixa em comparação com livros de preços médios, salvo sejam livros técnicos, pois se destina a um nicho de mercado específico e menos sensível ao preço, sendo livros de não ficção.

1. Calcule seus custos

Custos de produção: 
Inclua todos os gastos diretos, como impressão (que varia conforme a qualidade do papel, capa, etc.), design da capa, revisão, diagramação e registro (ISBN, ficha catalográfica). 

Custo unitário: 
Divida o custo total da publicação pelo número de livros produzidos para obter o custo por exemplar. 

Custos de venda: 
Lembre-se de incluir os custos de envio (frete e embalagem) e as taxas das plataformas de venda (como Amazon, que cobra comissões e taxas por item vendido). 

2. Pesquise o mercado e a concorrência

Análise de mercado: 
Verifique os preços de livros semelhantes no seu nicho para ter uma ideia do que os leitores consideram um preço justo.

Compare com autores: 
Observe livros de autores iniciantes e experientes para entender as diferentes faixas de preço dentro do seu gênero. 

3. Avalie o valor e a autoridade do autor

Valor do livro: 
Considere o valor que o livro entrega ao leitor. Livros de nicho ou que prometem habilidades práticas (não-ficção) geralmente podem ter um preço mais alto. 

Engajamento do público: 
Se você já tem um público engajado, é possível cobrar um preço mais alto. Autores iniciantes devem começar com preços mais baixos e ajustá-los conforme ganham mais leitores e avaliações. 

Desejabilidade: 
Crie desejo pelo seu livro. Quanto maior o desejo, maior a chance de os leitores se sentirem satisfeitos com o preço cobrado. 

4. Defina sua estratégia de precificação 

Margem de lucro: 
O preço final deve ser o custo total por unidade mais a sua margem de lucro. Você pode escolher precificar mais alto para obter maior lucro por livro, mesmo vendendo em menor quantidade, ou precificar mais baixo para incentivar um maior volume de vendas. 

Ajustes: 
Monitore suas vendas. Se o livro está vendendo muito bem, você pode considerar aumentar o preço. Se as vendas estiverem baixas, pode ser a hora de fazer promoções ou reavaliar seu preço. 

Plataformas: 
Adapte o preço para cada plataforma, se necessário. Algumas plataformas, como a Amazon, permitem que você defina preços sugeridos diferentes para cada marketplace. 

Fontes:
IA Google
Imagem criada por Jfeldman com IA Microsoft Bing 

quinta-feira, 23 de outubro de 2025

Marcelo Spalding (Dicas de escrita) Como criar bons finais para suas histórias

Nota: No nome dos contos clique sobre o nome para acessa-los.
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Criar um bom final é uma das partes mais difíceis na construção de qualquer narrativa - seja um conto, romance, filme ou série. Por isso, é fundamental entender os diferentes tipos de finais e como usá-los para que a história fique satisfatória para o leitor ou espectador.

Uma boa maneira de entender os finais é compará-los com dois tipos clássicos de conto: o conto de acontecimento e o conto de atmosfera.

No conto de acontecimento, o final é o mais importante e justifica toda a história. Um exemplo clássico é o conto Pai contra Mãe, de Machado de Assis, em que o desfecho revela o significado de toda a trama.

Já no conto de atmosfera, o final não é o ponto principal. O foco está na tensão e no clima construídos ao longo da narrativa, como no conto A Missa do Galo, também de Machado de Assis.

Estes contos de atmosfera têm o que podemos chamar de um final aberto. O final aberto é aquele que não oferece uma conclusão definitiva para a história. Ele deixa questões no ar, convidando o leitor ou espectador a refletir, interpretar e imaginar o que pode acontecer depois.

Um exemplo marcante no cinema é o filme Magnólia, que termina com uma chuva de sapos - uma imagem metafórica e intrigante, que não fecha a narrativa de maneira tradicional, mas provoca múltiplas interpretações e reflexões sobre a vida e seus conflitos. O final aberto não significa desistir de contar a história; pelo contrário, é uma forma de mostrar que a vida continua e que os conflitos apresentados seguirão existindo.

No entanto, é fundamental diferenciar o final aberto do final interrompido. O final interrompido acontece quando o autor não sabe como encerrar a história e simplesmente para no meio da tensão, deixando o público frustrado.

Por exemplo, imagine uma história de assalto a banco que termina com um tiro, mas não revela quem foi atingido nem o que aconteceu depois - isso deixa o público incomodado. Por outro lado, se a narrativa for centrada em outro foco narrativo, como a relação de um casal na fila do banco durante o assalto, o final aberto pode funcionar bem, pois o foco está nos personagens, não nos acontecimentos externos.

Outro tipo de final muito usado é o final surpreendente ou plot twist, como em O Sexto Sentido. O desafio é garantir que o final tenha bases na narrativa e não seja um artifício forçado, que deixe o leitor frustrado.

Além disso, existem os finais fechados, que encerram bem todas as pontas da história, como na série Breaking Bad, onde o arco do personagem principal se conclui de forma satisfatória. Já os finais trágicos mostram a queda do protagonista por um erro ou excesso, gerando um impacto emocional profundo (a famosa catarse aristotélica).

Vale lembrar que não existe um único tipo de final correto, mas sim o final que melhor serve ao propósito da narrativa e ao efeito desejado. Seja com um desfecho fechado que amarra todas as pontas, um final aberto que convida à reflexão ou um plot twist que surpreende e transforma a história, o importante é que o final seja intencional e coerente com o que foi construído.
(do livro “Formação de escritores”, de Marcelo Spalding)
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Marcelo Spalding é jornalista, professor, escritor e editor, com 10 livros individuais publicados e mais de 150 livros editados. Professor de oficinas de Escrita Criativa presenciais e online desde 2007, fundou e dirige a Metamorfose Cursos. É pós-doutor em Escrita Criativa pela PUCRS, doutor e mestre em Letras pela UFRGS e formado em Jornalismo e Letras. Ex-professor universitário, atuou como professor de Escrita Criativa e Jornalismo na graduação e no PPG Letras da UniRitter, além de coordenar o Pós-graduação em Produção e Revisão Textual e a Editora UniRitter. É idealizador do Movimento Literatura Digital, editor dos sites minicontos.com.br e escritacriativa.com.br e autor do livro Escrita Criativa para Iniciantes, além de ter criado o primeiro jogo de tabuleiro de Escrita Criativa do Brasil.

Fontes:
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing

quinta-feira, 16 de outubro de 2025

Dicas de escrita para escritores, pelos famosos

Dicas de escritores renomados revelam que o caminho para uma boa escrita envolve disciplina, leitura constante e um olhar atento para a vida e a linguagem. Embora não haja uma fórmula exata, é possível extrair orientações valiosas de autores como Stephen King, Ernest Hemingway e George Orwell. 

O QUE SE DEVE DAR ÊNFASE

Leia muito e escreva muito: 
Stephen King, por exemplo, defende que não há tempo para escrever se não houver tempo para ler. A leitura constante expõe o escritor a diferentes estruturas, ritmos e vozes, enquanto a prática diária aprimora a técnica e a disciplina.

Mostre, não conte: 
Em vez de simplesmente dizer que um personagem estava triste, descreva as ações e gestos que demonstram essa tristeza. O autor Anton Tchekhov resumiu essa ideia: "Não me diga que a lua está brilhando; mostre-me o brilho da luz em cacos de vidro".

Foque na história e nos personagens: 
Stephen King enfatiza que o ponto de partida deve ser a história, e não uma preocupação temática. O parágrafo, não a frase, é a unidade básica da escrita, onde a coerência começa. É crucial desenvolver personagens completos e cativantes, com traços e hábitos distintos.

Conflito único para contos: 
Para contos, a dica é focar em um conflito singular. Não é necessário construir um mundo complexo. Às vezes, a ambiguidade torna a história mais envolvente, deixando algumas respostas para a imaginação do leitor. 

O QUE SE DEVE EVITAR

Evite o "floreio" linguístico: 
George Orwell aconselhava a preferência por palavras curtas em vez de longas e a eliminação de palavras desnecessárias. A clareza e a simplicidade tornam a escrita mais impactante.

Não abuse de advérbios e voz passiva: 
Stephen King sugere evitar o uso excessivo de advérbios e, sempre que possível, utilizar a voz ativa, que torna a escrita mais direta e concisa.

"Mate seus amados": 
Essa expressão, popularizada por William Faulkner, significa que é preciso ter coragem de cortar partes do texto — mesmo aquelas que você ama — se elas não servirem à história.

Não espere a inspiração: 
A inspiração nem sempre surge por conta própria. Jack London disse: "Você não pode esperar pela inspiração, você tem que ir atrás dela com um porrete". O ritual de escrita disciplinado faz a musa aparecer. 

COMO PREPARAR UM TEXTO

Faça um primeiro rascunho sem se preocupar: 
A escritora Anne Lamott encoraja os autores a aceitarem que o primeiro rascunho pode ser ruim, e isso é normal. A perfeição virá nas reescritas.

Reescreva e revise: 
John Steinbeck sugeria que, se uma cena não estiver fluindo, é melhor deixá-la de lado e continuar, pois talvez ela nem devesse estar ali. A reescrita é a etapa onde a história realmente ganha forma.

Leia em voz alta: 
A leitura em voz alta ajuda a identificar o ritmo e a melodia do texto. Como o escritor Gabriel García Márquez, muitos autores se preocupavam com a sonoridade da prosa.

Confie no seu leitor: 
Nem tudo precisa ser explicado. A escritora Esther Freud defende que, se você realmente domina o seu tema e dá vida a ele, o leitor sentirá isso. 

COMO SE INSPIRAR

Escreva sobre o que conhece e o que te move: 
Gabriel García Márquez acreditava que o tema certo é aquele que realmente interessa ao escritor. O trabalho se torna mais fácil e a paixão transparece.

Observe o mundo e as pessoas: 
Ernest Hemingway aconselhava a observar atentamente o que acontece ao redor, usando todos os sentidos. Também é útil tentar se colocar no lugar dos outros para construir personagens mais complexos.

Tenha um ritual de escrita: 
Muitos autores famosos tinham rotinas consistentes, como Ernest Hemingway, que escrevia todas as manhãs. A consistência é fundamental.

Use suas emoções: 
Maya Angelou incentivava os escritores a usarem suas emoções fortes, como a raiva, para enriquecer a narrativa.

MAIS DICAS

1.
“Se você estiver usando um diálogo, diga-o em voz alta enquanto o escreve. Só assim ele terá o som da fala.” - John Steinbeck
John Steinbeck, vencedor do Prêmio Pulitzer e Nobel, escreveu uma profusão de sabedoria. Mesmo que você não seja um leitor ávido, provavelmente conhece as obras mais significativas de Steinbeck. Seus romances, As Vinhas da Ira e Ratos e Homens, marcaram a Grande Depressão americana. 

Ler o texto em voz alta para si mesmo ajuda a garantir que ele flua como uma conversa.

2.
“Proteja o tempo e o espaço em que você escreve. Mantenha todos longe, mesmo as pessoas mais importantes para você.” - Zadie Smith
Como escritores, é crucial protegermos nosso espaço pessoal da infinidade de distrações que enfrentamos todos os dias. Colegas de quarto, amigos, família, trabalho e o cachorro do vizinho podem dificultar a produção do seu melhor trabalho. Se você estiver disponível para tudo e todos, se sentirá esgotado e fatigado. Quando se trata do seu trabalho, você não está errado em proteger seu espaço pessoal.

3. 
“Na fase de planejamento de um livro, não planeje o final. Ele precisa ser conquistado por todos os que virão antes dele.” - Rose Tremain
Muitos escritores discordarão desta citação. Se você começa com o fim em mente, e isso funciona para você, então talvez este conselho não seja para você. Rose Tremain, a romancista inglesa, sugere que você defina o final com base no que desenvolveu previamente.

4.
“Sempre carregue um caderno. E eu quero dizer sempre. A memória de curto prazo só retém informações por três minutos; a menos que elas sejam registradas no papel, você pode perder uma ideia para sempre.” - Will Self
Will Self é autor de dez romances, cinco contos, três novelas e cinco coletâneas de não ficção. O romancista inglês não é o único a carregar um caderno o tempo todo. Nunca se esqueça daquela ideia fugaz que pode ser o seu próximo grande romance. Sem anotá-la, esses pensamentos esquecidos só voltarão para distraí-lo e aprisionar sua mente.

5.
"A simplicidade é a sofisticação máxima." – Leonardo Da Vinci
Você pode encontrar centenas de escritores que optam por usar uma linguagem mais direta para transmitir sua mensagem. Às vezes, presumimos que um vocabulário mais amplo significa uma escrita melhor, mas isso simplesmente não é verdade.

“Escrever não é usar palavras para impressionar. É usar palavras simples de forma impressionante.” - Sierra Bailey

“Se você não consegue explicar algo a uma criança de seis anos, você mesmo não entende.” - Albert Einstein

6.
“Esqueça os livros que você quer escrever. Pense apenas no livro que você está escrevendo.” - Henry Miller
Quantos romances inacabados você tem no seu disco rígido, envelhecendo como bons vinhos?

Todos nós fazemos isso.

Tenha uma ideia brilhante, escreva algumas milhares de palavras sobre ela e seja levado pela próxima distração.

Todos nós gostamos de pensar que somos multitarefas capazes. No entanto, diversos estudos mostram que lidar com várias tarefas ao mesmo tempo não prejudica apenas o cérebro, mas também a carreira. Dedique toda a sua energia criativa a um projeto de cada vez.

7.
"Nunca use uma palavra longa quando uma curta serve." -  George Orwell
Eric Arthur Blair, mais conhecido pelo pseudônimo George Orwell, foi um escritor inglês famoso pelos romances 1984 e A Revolução dos Bichos . Na falta de habilidade, usar palavras longas faz você parecer pretensioso. Elas também são difíceis de ler e interrompem o fluxo do leitor.

8.
“Leia, leia, leia. Leia tudo – lixo, clássicos, bons e ruins, e veja como eles fazem. Assim como um carpinteiro que trabalha como aprendiz e estuda o mestre. Leia! Você vai absorver. Depois, escreva. Se for bom, você descobrirá. Se não for, jogue pela janela.” - William Faulkner
Se eu pudesse lhe dar apenas um conselho para se tornar um escritor melhor, sugeriria este: leia e escreva muito. À medida que você lê e escreve mais, desenvolve uma melhor compreensão do que é uma escrita boa e ruim. William Faulkner, escritor americano e ganhador do Prêmio Nobel, tinha uma vontade insaciável de continuar escrevendo e nunca estava completamente satisfeito com seu trabalho.

9.
“Quando você estiver travado e tiver certeza de que escreveu um lixo absoluto, force-se a terminar e DEPOIS decida consertar ou descartar - ou você nunca saberá se consegue.” - Jodi Picoult
Jodi Picoult, escritora americana, vendeu mais de 14 milhões de cópias de seus 24 romances. Até que você ultrapasse os próprios limites, nunca saberá até onde pode ir.

10.
“Você precisa escrever de verdade. Sonhar acordado com o livro que você vai escrever um dia não é escrever. É sonhar acordado. Abra seu processador de texto e comece a escrever.” -  Andy Weir
Les Brown, um palestrante motivacional mundialmente famoso, tem em minha mente uma das citações mais inspiradoras de todos os tempos.

“O cemitério é o lugar mais rico da Terra, porque é aqui que você encontrará todas as esperanças e sonhos que nunca foram realizados, os livros que nunca foram escritos, as músicas que nunca foram cantadas, as invenções que nunca foram compartilhadas, as curas que nunca foram descobertas, tudo porque alguém teve muito medo de dar o primeiro passo, de continuar com o problema ou de estar determinado a realizar seu sonho.” - Les Brown

Se você quer ser escritor, precisa escrever, escrever e escrever. Começa com um. Um personagem, uma palavra e depois uma página. O segredo é começar.

Fontes:
Imagem criada por Jfeldman com Meta do Whatsapp.

quarta-feira, 15 de outubro de 2025

Dicas de escrita para escritores, pelos famosos (Luís Fernando Veríssimo)


Luís Fernando Veríssimo, renomado escritor, cronista e humorista brasileiro, é conhecido por sua escrita leve, criativa e cheia de humor. Embora não tenha um manual formal para novos escritores, suas entrevistas, textos e obras oferecem lições valiosas para quem está começando na escrita. Aqui estão algumas dicas extraídas do estilo e das ideias de Veríssimo, com base em sua abordagem literária:

1. Leia muito e de tudo

Veríssimo frequentemente destaca a importância da leitura como base para a escrita. Ele é um leitor ávido e diversificado, o que enriquece sua obra.

Leia autores diferentes, de gêneros variados, para expandir seu vocabulário, seu estilo e sua visão criativa.

“A leitura é essencial. Não há escritor que não seja antes de tudo um leitor.” (LFV)

2. Escreva sobre o que você conhece

Ele acreditava que escrever sobre o que você conhece (seja experiências, comportamentos ou situações) torna o texto mais autêntico e envolvente. Ele usava muito do cotidiano em suas crônicas.

Observe pessoas, situações e diálogos reais ao seu redor. Transforme o comum em algo interessante.

“O humor está no cotidiano, no que vivemos todos os dias. Basta saber olhar.” (LFV)

3. Use o humor como ferramenta

O humor é a marca registrada dele. Ele usava o humor para criticar, questionar e até emocionar. O humor não precisa ser escancarado; pode ser sutil ou irônico.

Experimente inserir humor em situações inesperadas, como em uma conversa banal ou em um momento de tensão.

“O humor é uma forma de olhar o mundo. Às vezes, ele é o único jeito de suportá-lo.” (LFV)

4. Seja simples e direto

Veríssimo evitava floreios desnecessários. Sua escrita é clara, acessível e fluida, o que o torna compreensível para leitores de todas as idades.

Evite palavras complicadas ou frases muito longas. Priorize a clareza e a naturalidade.

“O mais difícil é escrever simples.” (LFV)

5. Observe e capture o comportamento humano

Muitas das histórias e crônicas de Veríssimo são baseadas no comportamento humano, com descrições precisas e engraçadas de situações do dia a dia.

Preste atenção em como as pessoas falam, se movem e reagem. Isso pode inspirar personagens e diálogos autênticos.

“O ser humano é fascinante, porque ele é previsível e imprevisível ao mesmo tempo.” (LFV)

6. Experimente diferentes gêneros e formatos

Sua escrita transita entre crônicas, contos, romances, quadrinhos e roteiros. Essa versatilidade o ajudou a alcançar públicos diferentes.

Se você escreve contos, experimente crônicas. Se escreve prosa, tente poesia. Expandir suas habilidades pode surpreender você.

“Eu gosto de experimentar. Às vezes funciona, às vezes não. Mas o importante é tentar.” (LFV)

7. Não se leve tão a sério

Veríssimo acreditava na leveza e no prazer de escrever. Ele não tentava ser pretensioso ou “literário” demais.

Escreva com naturalidade, sem se preocupar excessivamente com perfeição. Divirta-se no processo.

“Escrever é como contar uma boa piada: tem que fluir, senão perde a graça.” (LFV)

8. Cultive a curiosidade

Ele era curioso por natureza e usava isso para criar histórias e personagens. Ele observava o mundo com olhar atento e questionador.

Pergunte-se “e se?” com frequência. Por exemplo: “E se esse vizinho estranho fosse um espião?” ou “E se o mundo acabasse amanhã?”

“A curiosidade é o que move o escritor.” (LFV)

9. Não tenha medo de reescrever

Ele mencionava que reescrever faz parte do processo de escrita. Nem sempre o primeiro rascunho será perfeito.

Depois de escrever, deixe o texto descansar. Volte a ele com um olhar crítico e faça ajustes.

“Escrever é reescrever.” (LFV)

10. Seja um observador do tempo em que vive

Veríssimo usava suas crônicas para refletir sobre questões sociais, políticas e culturais. Ele transformava o contexto em ficção ou humor.

Olhe ao redor e escreva sobre o que está acontecendo no mundo – com crítica, ironia ou emoção.

“A crônica é um reflexo do tempo em que vivemos.” (LFV)

11. Não tenha pressa para encontrar sua voz

Segundo Veríssimo, o estilo de um escritor surge com o tempo e a prática. Não se preocupe em ser original no início; a autenticidade virá.

Escreva todos os dias, mesmo que seja apenas um parágrafo. Aos poucos, você encontrará seu próprio jeito de contar histórias.

“O estilo é uma consequência, não um objetivo.” (LFV)

12. Divirta-se escrevendo

Acima de tudo, ele acreditava que a escrita deve ser prazerosa, tanto para o autor quanto para o leitor.

Escreva sobre temas que você gosta ou que o divertem. Isso transparecerá no texto e cativará o leitor.

“Se você não se diverte escrevendo, o leitor não vai se divertir lendo.” (LFV)

Resumo das dicas de Luís Fernando Veríssimo

- Leia muito e observe o mundo ao seu redor.

- Escreva com simplicidade, autenticidade e leveza.

- Inclua humor e ironia sempre que possível.

- Reescreva e experimente novos formatos.

- Não tenha pressa: a prática e a consistência são essenciais.

Essas lições mostram que a escrita é tanto uma arte quanto um ofício – e, como Veríssimo demonstrava em sua obra, ela pode ser ao mesmo tempo inteligente e divertida.

Luís Fernando Veríssimo é mestre em usar o humor em suas crônicas para criticar, refletir ou simplesmente entreter. Seu estilo é marcado por uma combinação de ironia, observações do cotidiano, diálogos engraçados e situações aparentemente banais que ele transforma em algo hilário. Aqui estão alguns exemplos de como ele usa o humor em suas crônicas, com explicações sobre as técnicas empregadas:

1. Observação do Cotidiano

Veríssimo transforma situações comuns em algo cômico ao destacar o absurdo ou a ironia escondida no dia a dia.

Exemplo: “A Dieta”
Nesta crônica, Veríssimo brinca com a obsessão por dietas e o comportamento contraditório das pessoas que tentam emagrecer. Ele narra a história de alguém que segue uma dieta rigorosa durante o dia, mas à noite devora um bolo inteiro escondido na cozinha.

Humor: A graça está no exagero e na identificação do leitor com o comportamento descrito. Quem nunca tentou enganar a própria dieta?

Trecho:
“A dieta é questão de honra. Você toma só suco no café da manhã, come só salada no almoço, recusa a sobremesa, mas, à noite, o bolo de chocolate começa a cochichar seu nome na cozinha.”

2. Humor Autodepreciativo

Ele usa a si mesmo ou narradores fictícios como alvos da piada, criando empatia com o leitor.

Exemplo: “Academia”
O narrador conta sua experiência desastrosa ao entrar em uma academia de ginástica, fazendo piada sobre a falta de preparo físico e o desconforto em meio a pessoas saradas.

Humor: A graça está no contraste entre o narrador comum (fora de forma) e os frequentadores da academia, além da ironia com a própria situação.

Trecho:
“Eu sabia que estava fora de forma, mas não sabia que a forma era tão fora de mim. No primeiro exercício, quase desmaiei. No segundo, desmaiei mesmo.”

3. Diálogos Bem-Humorados

Cria diálogos rápidos e engraçados, muitas vezes absurdos ou carregados de ironia.

Exemplo: “O Analista de Bagé”
O Analista de Bagé, um dos personagens mais famosos de Veríssimo, é um psicanalista gaúcho que mistura o rigor da análise freudiana com a rusticidade e a franqueza típicas do interior do Rio Grande do Sul.

Humor: O contraste entre o cenário sofisticado da psicanálise e a simplicidade gaudéria cria situações hilárias.

Trecho:
Paciente: “Doutor, eu tenho um problema com a minha mãe...”
Analista: “Problema com a mãe? Pois te atira de joelhos no chão e pede perdão pra velha, tchê!”
Paciente: “Mas ela está morta!”
Analista: “Então pede perdão mais alto, que ela há de ouvir, vivente!”

4. Ironia e Crítica Social

Usa o humor para criticar comportamentos, preconceitos ou aspectos da sociedade, mas de forma leve e acessível.

Exemplo: “A Mulher Ideal”
Ele descreve o que seria a mulher ideal de acordo com os padrões absurdos da sociedade, brincando com os estereótipos de beleza e comportamento.

Humor: A ironia está em exagerar os padrões irreais, tornando-os absurdos e, portanto, engraçados.

Trecho:
“A mulher ideal é aquela que acorda maquiada, tem o corpo de atleta olímpica, nunca reclama e ainda acha graça das piadas do marido. Em resumo, não existe.”

5. Exagero e Situações Surreais

Veríssimo leva situações cotidianas ao extremo para torná-las cômicas.

Exemplo: “A Guerra do Lanche”
A crônica narra uma discussão entre amigos sobre quem vai pagar a conta de um lanche, que acaba escalando para uma guerra literal, com batalhas e exércitos.

Humor: O exagero transforma algo trivial (dividir a conta) em uma situação épica e absurda.

Trecho:
“No início, era só um argumento: ‘Eu pago.’
Depois, começaram os insultos: ‘Você pagou da última vez, então deixa que eu pago agora!’
Em minutos, estávamos armados com os canudos e os guardanapos como bandeiras.”

6. Troca de Expectativas

Surpreende o leitor ao subverter o desfecho esperado de uma situação.

Exemplo: “Amor”
Um homem vê uma mulher maravilhosa no trânsito e sente que é amor à primeira vista. Ele fantasia sobre como seria a vida ao lado dela, mas, quando finalmente decide segui-la, descobre que ela está dando carona para o marido.

Humor: O final inesperado quebra o clima romântico e traz o leitor de volta à realidade.

Trecho:
“Ela era perfeita, e eu já imaginava nossos filhos, nossa casa e nosso cachorro. Mas então ele apareceu, e eu me perguntei: ‘Será que o marido dela também é perfeito?’”

7. Paródias e Referências Culturais

Usa paródias para brincar com obras literárias, filmes ou eventos históricos.

Exemplo: “Romeu e Julieta às Avessas”
Ele reconta a história de Romeu e Julieta, mas com um final cômico e invertido: os dois sobrevivem e, anos depois, estão entediados no casamento.

Humor: A graça está na desconstrução de uma história clássica e no contraste entre o romance idealizado e a realidade.

Trecho:
“Romeu e Julieta sobreviveram e se casaram. Dez anos depois, Julieta gritava: ‘Deixa de ser dramático, Romeu, e vai lavar a louça!’”

8. Personagens Cômicos

Cria personagens marcantes e engraçados, como o Analista de Bagé, a Velhinha de Taubaté (que acreditava cegamente no governo) ou Ed Mort (um detetive atrapalhado).

Exemplo: “Ed Mort”
Ed Mort é um detetive particular que sempre se mete em confusões absurdas. Seu humor vem da mistura de autoconfiança e incompetência.

Humor: A graça está nas situações ridículas que Ed Mort enfrenta e na forma como ele tenta resolvê-las.

Trecho:
“Ela entrou no meu escritório com um vestido vermelho e um problema. Eu estava com fome e sem dinheiro. Era o início de um caso perfeito!”

Luís Fernando Veríssimo usava o humor de maneira inteligente e versátil, explorando ironias, exageros, diálogos bem-humorados, críticas sociais e situações do cotidiano. O segredo do seu sucesso está na leveza com que ele aborda temas sérios e banais, sempre criando identificação e risadas no leitor. Seu humor é uma aula de como usar a simplicidade para criar textos memoráveis!

Fontes:
José Feldman (org.) Como escrever? Floresta/PR: Plat. Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
Imagem criada por Jfeldman com Meta do Whatsapp

domingo, 12 de outubro de 2025

Dicas de Escrita (Uso de aspas ou travessão nos diálogos)


O uso de diálogos em romances e contos é uma ferramenta poderosa para dar vida às personagens, desenvolver a trama e trazer dinamismo à narrativa. Saber como estruturá-los corretamente, utilizando aspas ou travessão, é essencial para garantir clareza e engajamento. Abaixo, explico detalhadamente como usar diálogos, com exemplos e orientações práticas.

A. Diálogos com aspas

Quando usar:
- Esse formato é mais comum em textos de origem anglo-saxônica, mas também é aceito em textos em português, especialmente em estilos literários modernos ou em traduções de obras estrangeiras.

Estrutura:
- As falas das personagens são colocadas entre aspas, geralmente aspas duplas (“ ”). 

- Quando há um verbo de elocução (disse, perguntou, respondeu, etc.), ele pode aparecer antes ou depois do diálogo, separado por vírgula.

Exemplos:

1. Fala simples com verbo de elocução:
   “Você vai sair agora?”, perguntou João.
   Mariana respondeu: “Não, acho que vou ficar em casa hoje.”

2. Fala seguida por uma ação ou descrição:
    “Isso não está certo.” Ela cruzou os braços e encarou-o, séria.
    Ele suspirou, cansado, e disse: “Já conversamos sobre isso tantas vezes.”

3. Falas intercaladas por verbos ou ações:
   “Se eu pudesse voltar no tempo”, disse ele, olhando para o chão, “talvez as coisas fossem diferentes.”
 “Não acredito que você fez isso!” exclamou ela. “Como pôde ser tão imprudente?”

4. Para destacar pensamentos:
   Ela pensou: “Será que ele sabe o que está fazendo?”

Dica: Em diálogos com aspas, evite usar travessões simultaneamente, para não confundir o leitor.

B. Diálogos com travessão

Quando usar:
O travessão (–) é amplamente utilizado em textos literários em português. É o formato mais tradicional e preferido em narrativas clássicas e contemporâneas no Brasil.

Estrutura:
O diálogo começa com um travessão.

Quando há um verbo de elocução, a fala e o verbo são separados por vírgula, e o verbo começa com letra minúscula.

Se o diálogo for interrompido por uma ação ou descrição, usa-se um novo travessão.

Exemplos:
1. Fala simples com verbo de elocução:
   – Você vai sair agora? – perguntou João.
   – Não, acho que vou ficar em casa hoje. – respondeu Mariana.

2. Fala seguida por uma ação ou descrição:
   – Isso não está certo. – Ela cruzou os braços e encarou-o, séria.
   – Já conversamos sobre isso tantas vezes. – Ele suspirou, cansado.

3. Falas intercaladas por verbos ou ações:
   – Se eu pudesse voltar no tempo, – disse ele, olhando para o chão – talvez as coisas fossem diferentes.
   – Não acredito que você fez isso! – exclamou ela. – Como pôde ser tão imprudente?

4. Falas sem verbo de elocução:
    – O que você quer?
    – Só vim buscar minhas coisas.

C. Combinação de diálogos e descrições

Diálogos não precisam ser isolados; eles podem integrar descrições e pensamentos para criar ritmo e profundidade. Veja como fazer isso:

Exemplo:
João se aproximou devagar, hesitante. Olhou para Mariana, que parecia distante, e falou com um tom quase inaudível:
  – Você ainda pensa em nós?
  Ela levantou os olhos e, por um instante, parecia que ia responder. Mas apenas balançou a cabeça, antes de dizer:
  – Não sei, João. Não sei mais o que pensar.

D. Dicas práticas para escrever diálogos envolventes

1. Dê uma voz única a cada personagem:
   Cada personagem deve ter uma forma de falar que reflita sua personalidade, contexto social e idade. Um jovem adolescente não falará como um professor universitário.

2. Evite exposições desnecessárias:
   - Não use os diálogos para despejar informações óbvias. Por exemplo:
     - Evite: “Como você sabe, João, temos que entregar o relatório amanhã.”
     - Prefira: “Já preparou o relatório para amanhã?”, perguntou João.

3. Use verbos de elocução com moderação:
Não exagere nos verbos rebuscados como “vociferou” ou “admoestou”. Palavras simples como “disse”, “perguntou” ou “respondeu” são suficientes na maioria dos casos.

Errado: – O que você quer? – vociferou ele, com os olhos em chamas.
Certo: – O que você quer? – perguntou ele, irritado.

4. Mostre, não conte:
Em vez de dizer que a personagem está nervosa, mostre isso no diálogo ou nas ações:

Errado: – Estou muito nervoso! – disse ele.
Certo: – Onde você estava? – Ele tamborilava os dedos na mesa, sem encará-la.

5. Evite diálogos longos e monótonos:
Intercale falas com ações, pensamentos ou descrições para manter o ritmo. 

Exemplo:
– Você não entende! – Ela levantou-se de súbito, derrubando a cadeira. – Tudo o que eu fiz foi por nós.

E. Quando usar aspas ou travessões?

A escolha depende do estilo do texto e do público-alvo:

Aspas: Preferidas em textos modernos, especialmente quando o autor quer um estilo mais próximo do inglês ou mais minimalista.

Travessões: Mais tradicionais, mantêm o texto alinhado às normas literárias em português e são amplamente aceitos por editoras brasileiras.

Ao dominar o uso de diálogos, você conseguirá enriquecer suas narrativas, tornando-as mais dinâmicas e cativantes!

VANTAGENS E DESVANTAGENS DO USO DOS DOIS FORMATOS

Os dois formatos mais usados para diálogos em narrativas – aspas e travessões – têm suas vantagens e desvantagens. A escolha entre eles depende do estilo do autor, do público-alvo e até do gênero literário. Abaixo, apresento uma análise detalhada para ajudar você a decidir quando e como usar cada formato.

1. USO DE ASPAS (“ ”)

VANTAGENS

1. Estilo Moderno e Internacional:
É amplamente utilizado em textos de língua inglesa e em traduções de obras estrangeiras. Se o objetivo é criar uma obra com apelo internacional ou mais moderna, as aspas podem ser uma boa escolha.

2. Clareza em diálogos curtos:
Aspas são visivelmente delimitadoras de fala, o que facilita a leitura em diálogos curtos e diretos.

Exemplo: “Você está bem?”, perguntou ela.

3. Flexibilidade com descrições:
Combina bem com estilos narrativos onde fala, pensamentos e descrições se misturam.

Exemplo:
“Eu não consigo fazer isso.” Ela suspirou, olhando para o chão. “Mas talvez você consiga.”

4. Leveza visual:
Aspas ocupam menos espaço visual na página, deixando o texto mais fluido e menos “carregado”.

5. Versatilidade em pensamentos ou citações:
Aspas funcionam bem para destacar pensamentos ou trechos de outros textos.

Exemplo: Ela pensou: “Será que ele está mesmo falando a verdade?”

DESVANTAGENS

1. Menor tradição em português:
Apesar de serem aceitas, as aspas não são o formato mais tradicional em obras literárias em português. Leitores acostumados a textos clássicos podem estranhar.

2. Confusão com citações dentro do diálogo:
Pode gerar ambiguidades quando é necessário incluir citações na fala de uma personagem.

Exemplo: “Ele disse: ‘Vou fazer isso amanhã’, mas eu não acredito.”

3. Menor destaque para falas longas:
Em diálogos extensos ou com muitas intervenções, aspas podem dificultar a legibilidade, pois não destacam tanto as falas como o travessão.

2. USO DE TRAVESSÃO OU HÍFEN (–)

VANTAGENS

1. Tradição literária em português:
É o formato mais tradicional nas narrativas em língua portuguesa, sendo amplamente aceito por editoras e leitores no Brasil e em Portugal.

2. Clareza visual em diálogos extensos:
O travessão destaca com mais força as falas das personagens, principalmente em textos com muitos diálogos.

Exemplo:
– Você está bem? – perguntou ela.
– Sim, só estou um pouco cansado.

3. Facilidade em intercalar ações e falas:
- O uso do travessão permite inserir ações ou descrições sem confundir o leitor.

Exemplo:
– Não vou fazer isso. – Ele cruzou os braços, firme. – Você não pode me obrigar.

4. Diferenciação clara entre narrativa e diálogo:
Em textos com muitos trechos narrativos entre as falas, o travessão ajuda a separar com clareza o que é diálogo e o que é descrição.

Exemplo:
João hesitou antes de responder.
– Eu acho que sim. – Sua voz era hesitante.

DESVANTAGENS

1. Visual mais “carregado”:
Como os travessões são visualmente mais marcantes, eles podem dar a impressão de que o texto é mais denso, especialmente em páginas cheias de diálogos.

2. Erros comuns no uso técnico:
Muitos escritores iniciantes confundem o uso do travessão com o hífen (-) ou não sabem como usá-lo corretamente com verbos de elocução e descrições.

Erro: – Eu acho que sim. Disse ele.
Correto: – Eu acho que sim – disse ele.

3. Menos versatilidade com pensamentos:
O travessão é menos usado para destacar pensamentos ou citações, o que pode limitar sua aplicação em narrativas introspectivas.

4. Dificuldade em traduções:
Se a obra for traduzida para outros idiomas, o formato com travessões pode não ser bem recebido, já que outras línguas, como o inglês, preferem aspas.

3. Quando escolher cada formato?

Use aspas (“ ”) se:
- Deseja um estilo mais moderno ou internacional.
- Está escrevendo para um público jovem ou acostumado com literatura traduzida.
- Pretende usar muitos pensamentos ou citações no texto.
- Prefere um visual mais leve e minimalista.

Use travessões (–) se:
- Deseja seguir a tradição literária em português.
- Está escrevendo romances ou contos com muitos diálogos longos.
- Quer clareza visual em obras com maior densidade narrativa.
- Prefere um estilo clássico ou mais formal.

Tanto as aspas quanto os travessões são ferramentas eficazes para destacar diálogos. A escolha depende do estilo que você deseja imprimir em sua obra e da experiência que quer proporcionar ao leitor. O ideal é experimentar ambos os formatos e decidir qual se encaixa melhor na narrativa e no público-alvo. Seja qual for a escolha, consistência é fundamental: “mantenha o mesmo formato ao longo de toda a obra”!

Fontes:
Como escrever? . Plat. Poe, 2025.
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