sexta-feira, 30 de maio de 2008

Paulo V. Pinheiro (Um sempre na noite clara)

Como sempre, numa noite de fazer tremer, como se as outras não fizessem, as pessoas se unem e tramam o dia de amanhã.

Seja em oficinas, nas ruas, nos colégios, nos nos... como eu diria... nos lugares onde a gente anda... trama... pensa ou projeta a vida..., como se nesta ânsia a gente pudesse fazer que os sonhos se transformassem em vida.

A pessoa tem medo do amanhã. Como tem medo da morte e da escuridão. Tem medo mais ainda do desconhecido, da demência, do mal que não vê e que circunda a cada inalação ou baforada de um cigarro que não fuma, mas que sente a sua presença. Os crepitares do silêncio e a aurora que teima em adiar os seus raios, rasos, flácidos e... a gente se agarra a uma sobra do agora como os bêbados se agarram aos seus copos e garrafas ou coisas assim.

Fascinações de uma página, não mais. Um fascínio tal que dá angústia quando se sabe que quem escreve quer o contrário. O acordar do real pesadelo. O pesadelo de se ver a si, como se isso sempre tivesse de ser ruim. Como se isso tivesse de não ser bom.

O agora fascina e faz tremer. É onde a gente se olha de frente vê o verdadeiro tamanho que conquistou até o segundo anterior. Tal soma pode ser do maravilhoso ao esfarrapado e a maioria procura na embriaguês a celebração deste encontro. Peço perdão aos sóbrios a generalização.

O ordinário é buscar a luz como buscam as mariposas antes de morrerem. Ficam embriagadas nas luzes que não são delas e queimam suas patas e asas e quando algumas escolhem uma fogueira é um crepitar da valentia estúpida. Ébrios e heróis andam de braços dados...

Fontes:
http://paulovinheiro.blogspot.com
http://aghatadafne.loveblog.com.br (imagem)

Rápidas

SECRETARIA DE CULTURA REALIZA ENCONTRO DE ESCRITORES E POETAS DE VOTORANTIM E REGIÃO. A proposta é conhecer e divulgar os trabalhos de poetas da cidade e da região.
Nesta próxima sexta-feira (30) de maio, às 20h00 será realizado a sexta edição do Sarau Literário, o evento tem como proposta reunir escritores, poetas e pessoas que se interessam pelo gênero literário. Realizado pela Secretaria de Cultura em parceria com a Sociedade dos Poetas Vivos o projeto promete trazer novidades ao público.
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REUNIÃO DA ORDEM NACIONAL DOS ESCRITORES E DO PORTUGALCLUB
Cumprindo o calendário pré estabelecido, efectuou-se no dia 11 do corrente em São Paulo -das 18H00 às 21H30 - a anunciada reunião conjunta da Ordem Nacional dos Escritores e do Portugalclub, com representantes do Parlamento Mundial Para Segurança e Paz, dos Elosclub, e do Ministro da Cultura, cujo membro de seu gabinete, Dr. Paulo Oliver, encerrou de forma brilhante a reunião, quando já passava das 23H00.
http://www.mundolusiada.com.br/COMUNIDADE/comu06_mai021.htm
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7º COLÓQUIO ANUAL DA LUSOFONIA E II PRÉMIO LITERÁRIO DA LUSOFONIA
Participe, Comente e divulgue também o 7º Colóquio Anual da Lusofonia em Bragança (Portugal) de 1 a 4 de outubro. O tema deste ano é “Língua Portuguesa e Crioulos: um enriquecimento biunívoco
chrys gmail dr informa :
Pela presente vimos solicitar a todos os especialistas no tema que apresentem trabalhos no 7º Colóquio Anual da Lusofonia em Bragança (Portugal) de 1 a 4 de outubro. O tema deste ano é
“Língua Portuguesa e Crioulos: um enriquecimento biunívoco
http://lusofonia2008.com.sapo.pt/
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PALESTRA SOBRE O NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA
A Universidade do Livro, vinculada à Fundação Editora da Unesp, promove no dia 13 de junho (sexta-feira), das 10h às 12h, palestra sobre O Novo acordo ortográfico da língua portuguesa. Aprovado pelo parlamento português no dia 16 de maio, o acordo visa unificar a ortografia do idioma lusófono. No Brasil, as mudanças nos livros didáticos serão feitas até 2010
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'PEQUENOS' DO COLÉGIO ELVIRA BRANDÃO (SÃO PAULO) ESCREVEM 'AUTOBIOGRAFIA'

Atividade é incentivada com a leitura da biografia de grandes nomes da cena brasileira como Chico Mendes, Machado de Assis, Monteiro Lobato e Portinari.

O objetivo é incentivar o amor às letras, aos livros e às artes e, não necessariamente, descobrir talentos literários precoces - embora isso, é claro, não esteja fora de questão.

Os pequenos alunos do Colégio Elvira Brandão, da Zona Sul da capital, com idades entre 6 e 7 anos, em processo de alfabetização, trabalham firme de agora até o final do ano movidos pelo desafio de redigir uma obra no mínimo incomum nessa faixa etária: sua autobiografia.

Isso mesmo, os jovens estudantes, que nem bem foram alfabetizados, receberam a missão de preparar uma autobiografia para presentear os pais na 'formatura' do final de ano, com a 'obra' encadernada e produzida.

A iniciativa da escola, senão inédita pouco comum nos colégios paulistanos, foi pensada 'para promover o amor aos livros, às artes e outras coisas boas do Brasil, além de estimular progressos no processo de alfabetização', segundo Camila Rocha, diretora pedagógica do Elvira Brandão. 'Só mesmo assistindo a uma aula para ver como os resultados superam as nossas expectativas'.

Antes de partir para os textos sobre suas vidas, os pequenos alunos estudam em casa e sala de aula textos contendo as biografias de alguns dos maiores nomes da cena brasileira, como Cândido Portinari, Chico Mendes, Machado de Assis, Monteiro Lobato, Paulo Freire e outros.

De acordo com Camila, o projeto pedagógico é complementar ao processo de alfabetização adotado no colégio e parte do princípio de que os alunos se dedicam mais ao aprendizado se a este, sobretudo nos primeiros anos escolares, a escola 'encurtar o caminho para o conhecimento e a informação de qualidade'. Em torno de 40 crianças participam do projeto atualmente.

O Colégio Elvira Brandão Fundado há mais de cem anos, o Colégio Elvira Brandão fica no bairro Chácara Santo Antonio, Zona Sul de São Paulo. Atua em todos os níveis de ensino, conta com quase 100 professores e aproximadamente de 600 alunos. De suas salas de aula saíram nomes de peso dos segmentos artístico, empresarial, financeiro e esportivo.

Fonte:
Douglas Lara. Disponível em
http://www.sorocaba.com.br/acontece

Vânia Maria Souza Ennes

Vânia Maria Souza Ennes, nasceu em Curitiba, Capital do Estado do Paraná, onde realizou seus estudos fundamentais no Colégio Sacré Coeur de Jésus e estudos médios na Escola Comercial Colegial de Educação Familiar. Cursou a faculdade de Administração de Empresas com habilitação em Comércio Exterior pela Fundação de Estudos Internacionais do Paraná. Realizou pós-graduação da língua francesa no Collège International de Cannes, Établissement D’Enseignement Supérieur Prive, na França. Efetivou Curso de Formação Política pelo PPB-Partido Progressista Brasileiro-Fundação Milton Campos. Efetuou Curso de Leitura Dinâmica e Memorização, Leitura Veloz, Técnica de Audiência e Método de Estudo, pela Exata Treinamentos S/C. Concluiu curso de Informática pela Interlux Informática e cursa, atualmente, o 4º ano do Curso de Direito, na Universidade Radial.

É filha do poeta-trovador, advogado, procurador do Estado do Paraná e ex-combatente da Força Expedicionária Brasileira Hely Marés de Souza e da professora e trovadora Ariane Maria França de Souza. Neta do político e industrial Astolpho Macedo Souza e Marina Marés de Souza e do poeta, sonetista e trovador, advogado, industrial, fundador da Federação das Indústrias do Estado do Paraná, seu 1º presidente por 14 anos consecutivos Heitor Stockler de França e Brasília Taborda Ribas de França, dos quais trouxe do berço o gosto pelo trabalho, pela poesia e pela arte.

Aos 9 anos teve sua primeira poesia “Divagando” publicada em jornal e aos 10 anos estreou na Rádio PRB2, em Curitiba, numa entrevista com o ilustre Jornalista carioca Ibraim Sued, durante sua passagem por Curitiba.

Amante da natureza foi escoteira, por quatro anos, na tropa feminina do Grupo Santos Dumont e chefe de sua patrulha.

Foi sócia proprietária por quase dez anos da rede de lojas Buscapé Calçados Infantis Ltda. estabelecidas nos bairros do Batel, Juvevê, Centro e Shopping Mueller. Por quase 20 anos dedicou-se à caprinocultura. Manteve um criatório de cabras da raça Saanen, às margens da represa do rio Passaúna, denominado Capril Passaúna, juntamente com a empresa Capríssima Indústria e Comércio de Cosméticos Ltda., onde desenvolveu trabalhos com tecnologia e qualidade, a base de leite de cabra. É sócia com seu marido da Interportos Engenharia e Empreendimentos Ltda., empresa especializada na construção de obras de arte especiais, portos, saneamento e terminais de carga.

Foi presidente da Associação dos Caprinocultores do Paraná-CAPRIPAR, eleita por unanimidade por dois mandatos.

Foi representante dos médios animais da União Paranaense de Criadores-UPAC. Foi membro do Conselho Fiscal da Federação Paranaense de Criadores-FEPAC.

Foi conselheira da Confederação Nacional da Pecuária-CONAPEC, com sede em São Paulo.

Foi Coordenadora da Comissão de Agropecuária da Business Profissional Women-BPW de Curitiba.

Assinou a página social do jornal “Mulher sempre Mulher”, mensalmente, durante dois anos, órgão oficial da Associação das Mulheres de Negócios e Profissionais de Curitiba-BPW.

Assinou a coluna de Trovas na Revista Novos Rumos, órgão oficial da Associação dos Magistrados do Paraná, em publicação mensal, com tiragem de 2000 exemplares, durante dois anos.

Foi conselheira não governamental do Conselho Municipal da Condição Feminina, órgão da Prefeitura Municipal de Curitiba, na atuação do Prefeito Cássio Tanigushi.

Foi vice-presidente da Sociedade Eunice Weawer do Paraná-SEW mantenedora do Educandário Curitiba, na assistência dos filhos sadios de hansenianos.

Foi presidente da União Brasileira de Trovadores-UBT Seção de Curitiba, por três gestões consecutivas.

Foi nomeada delegada do Portal CEN - Cá Estamos Nós, para o Estado do Paraná, entidade literária com sede na cidade de Marinha Grande, Portugal.

É membro efetivo do Círculo de Estudos Bandeirantes, da Academia de Cultura de Curitiba-ACCUR, do Elos Clube de Curitiba, do Instituto Histórico e Geográfico de Palmeira como, também, da Academia Paranaense da Poesia, onde ocupa a cadeira patronímica número 8, cujo patrono é Emiliano Perneta.

É atual vice-presidente do Centro de Letras do Paraná, atual Conselheira do Conselho da Mulher Executiva da Associação Comercial do Paraná e presidente Estadual da UBT no Estado do Paraná.

Recebeu o prêmio de “Mulher Destaque na Agropecuária”, na Feira Internacional do Paraná, no Parque Castelo Branco, concedido pela Associação das Mulheres de Negócios e Profissionais de Curitiba-BPW.

Sua empresa Capríssima Indústria e Comércio de Cosméticos Ltda. foi vencedora do “Top Comercial” prêmio concedido pela Associação Comercial do Paraná e T.V. Iguaçu canal 4, Grupo Paulo Pimentel, por ter apresentado idéias, experiências e resultados, que contribuíram para a valorização e crescimento do meio empresarial paranaense..

Recebeu “Certificado de Reconhecimento” pelo empreendedorismo e trabalho realizado pela BPW - Business Professional Women de Curitiba.

Foi agraciada com a Comenda “Dama Rouge” conferida pela Boca Rouge por relevantes serviços prestados à comunidade.

Recebeu do Centro de Letras do Paraná “Carta de Louvor” e agradecimentos, pela excelente contribuição durante as comemorações do Dia do Folclore.

Recebeu Troféu da União Brasileira de Trovadores Seção de Porto Alegre/RS, em Cerimônia Solene, na Assembléia Legislativa de Porto Alegre/RS.

Recebeu “Diploma de Mérito”, conferido pela Assembléia Legislativa de São Paulo/SP através do Elos Clube de Curitiba, em reconhecimento à sua dedicação e trabalho cívico-cultural permanente, realizado sob o signo do humanismo, na preservação da história e dos ideais da língua portuguesa.

Recebeu “Diploma Comemorativo” e como Presidente da União Brasileira de Trovadores, recebeu “Diploma de Louvor” do Movimento Pró–Paraná, em comemoração aos Sesquicentenários das Elevações da Comarca de Curitiba à Província do Paraná, da Cidade de Curitiba à Capital da Província do Paraná, no ano em que Curitiba foi consagrada internacionalmente como a Capital Americana da Cultura, pelo relevo especial que conferiu às comemorações daquelas magnas efemérides históricas, mediante a meticulosa e magistral programação dos XVIII Jogos Florais de Curitiba, aqui congregando a elite dos Trovadores Brasileiros.

A Câmara Municipal de Curitiba consignou na ata de seus trabalhos, o requerimento do Ver. Ângelo Batista “Voto de Louvor”, pelo destaque que deu a Curitiba, na área da cultura, diante do cenário poético no âmbito Nacional, pelo brilhante desempenho de seu 3º mandato frente a Presidência da UBT, com votos de congratulações e aplausos.

Agraciada com Diploma pela Câmara Municipal de Curitiba pelo brilhantismo de sua participação na Tribuna Livre em Seção Ordinária.

Homenageada pela União Brasileira de Trovadores de Niterói/RJ, onde recebeu nome de troféu para os cinco prêmios mais votados da categoria, cabendo-lhe a entrega dos mesmos, em cerimônia de gala.

No “Dia Internacional da Mulher” recebeu o “Prêmio Mulheres de Destaque” do Shopping Novo Batel em parceria com o conselho da Mulher Executiva da ACP e Associação de Mulheres de Negócios e Profissionais-BPW.

Por consideração unânime recebeu da Legião Paranaense do Expedicionário e dos integrantes do 1º Grupo de Caça da FAB, na Itália, a Medalha “Tenente Max Woff Filho”, durante as comemorações da Tomada de Monte Castelo, pelos relevantes serviços prestados à entidade, em Solenidade Militar.

Em Sessão Solene comemorativa ao aniversário de Curitiba, na Câmara Municipal de Curitiba-Palácio Rio Branco, foi agraciada com o “Prêmio Cidade de Curitiba” por proposição de diversos vereadores, pelos importantes serviços prestados a cidade, em âmbito nacional.

Laureada pelo presidente da Assembléia Legislativa do Estado do Paraná, deputado Hermas Brandão, na festividade aos 150 anos de emancipação política do Paraná, pilastra representativa da sociedade paranaense.
Em sessão solene na Câmara Municipal de Curitiba-Palácio Rio Branco, foi condecorada com a Medalha de Mérito Fernando Amaro por indicação da vereadora Nely Almeida do PSDB. Esta honraria deu-se através de projeto de Decreto Legislativo, como profissional de literatura por ter contribuído para a evolução das áreas de educação e cultura.
Recebeu Diploma em Homenagem Especial do Presidente Milton Nunes Loureiro, da UBT da Seção de Niterói/RJ.

Recebeu do Vereador Jair César “Diploma de Louvor” com votos de congratulações e aplausos pelo incentivo que dispensa na área da cultura.

Homenageada com “Diploma Especial” pelo alto desempenho, em todas as suas gestões, como Presidente da União Brasileira de Trovadores–Seção de Curitiba por Yaramara de Castro Araújo.

Diplomada pela UBT-Seção de Curitiba, em sinal de reconhecimento por seu destacado trabalho como Presidente da entidade, durante três gestões, como expressão de agradecimento pela dedicada contribuição ao engrandecimento da trova e da cultura curitibana e paranaense.

Diplomada no Encontro de Escritores Luso-Brasileiros do Portal CEN “Cá Estamos Nós” no Museu Histórico do Exército, no Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro/RJ.

Vencedora no concurso internacional de trovas Brasil-Portugal promovido pelo Elos Clube Internacional da Comunidade Lusíada, sob o tema "água" e pela UBT Seção de Curitiba/PR sob o tema “mulher”.

Participou de vários Congressos, Feiras, Encontros, Seminários e Simpósios Nacionais e Internacionais na América do Norte, Europa e Ásia.

Vânia, casada com Ceciliano José Ennes Neto, engenheiro civil e físico, é empresária de coragem, otimista e empreendedora, que consegue conciliar essa gama de obrigações profissionais e culturais com a administração do lar e a educação dos seus quatro filhos: Guilherme-engenheiro civil, Cassiano-engenheiro civil, Cecília–bio-química e farmacêutica e Caetano–acadêmico de direito e servindo o Exército Brasileiro.
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Fontes:
Portal CEN.
http://www.caestamosnos.org
http://www.cmc.pr.gov.br (foto)

Entrevista com a presidente da União Brasileira de Trovadores / Paraná Vânia Maria Souza Ennes


Lairton: Qual o seu nome completo, onde nasceu e reside?

Vânia: Meu nome é Vânia Maria Souza Ennes e sou natural de Curitiba – Paraná, cidade onde resido.

Lairton: Sente-se feliz na cidade, onde vive? O que a leva a sentir-se assim?

Vânia: Sou feliz por ser curitibana e sinto muito orgulho por ter nascido aqui, terra dos meus antepassados, tanto do lado materno quanto paterno. Ambos bandeirantes, procedentes das 13 famílias que vieram de São Paulo para colonizar esta região, quando, em 1693, foi chamada de Vila Nossa Senhora da Luz dos Pinhais e, anos mais tarde, foi denominada Curitiba.
Quando penso nisto, fico imaginando a coragem, a disposição, a abnegação e o talento construtivo desses pioneiros empreendedores.
Sinto-me muito bem aqui porque hoje, 313 anos após sua fundação, Curitiba é uma cidade onde, ainda, se respira o verde.
Posso dizer que vivemos numa cidade organizada e, devido à boa imagem que conquistou nacional e internacionalmente, foi reconhecida como “Capital Americana da Cultura/2003”.
Curitiba possui 26 parques e cerca de 81 milhões de metros quadrados de área verde preservada. São 55 metros quadrados de área verde por habitante, três vezes superior ao índice recomendado pela Organização Mundial de Saúde e, por isso, possui o título de “Capital Ecológica”.

Lairton: Qual a sua formação universitária, e que profissão desempenha?

Vânia: Sou formada em Administração de Empresas com habilitação em Comércio Exterior e, no momento, estou cursando o 3º ano do Curso de Direito. Desempenho minha profissão na área administrativa empresarial.

Lairton: Como foi a sua iniciação na poesia e na trova?

Vânia: Neta, sobrinha e filha de poetas, trouxe do berço o gosto pela poesia, literatura e pela arte. Aos 9 anos tive minha primeira poesia publicada em jornal, e, aos 10 anos, fui convidada para entrevistar, na Rádio PRB2, o ilustre Jornalista carioca Ibraim Sued, por ocasião da sua passagem por Curitiba.

Lairton: Sente-se suficientemente realizada?

Vânia: Sim, a vida me deu muito mais do que havia imaginado.


Lairton: Em sua opinião, por que a trova tem tanto destaque na história do povo luso-brasileiro?

Vânia: O destaque na história do povo luso-brasileiro é porque a “nossa” trova, de hoje, passou pela quadra portuguesa. E por ser uma composição curta, leve, agradável, tão ao gosto do povo, ela se difundiu entre nós, refletindo-se, por exemplo, nas quadras populares, nas cantigas de roda, nos folguedos e na arte repentista.
E assim, foram surgindo quadras bem elaboradas e tão apreciadas que ganharam espaço, elevando-se a uma categoria literária mais formal.
Embora pareça fácil, a boa trova requer muita arte e a verve de um verdadeiro poeta, combinando a perfeição da forma com a beleza do conteúdo em apenas 28 sílabas métricas.
Cabe ressaltar, aqui, que o termo “trovador” se reporta aos poetas portugueses da Idade Média, que ao som da lira recitavam nos palácios dos nobres. Suas criações poéticas eram as chamadas “cantigas”, e nada tinham de comum com o aspecto formal da nossa trova de hoje.
Rememorando, no Brasil, após a revolução nas Letras, com a Semana da Arte Moderna, em 1922, duas formas de poesia clássica resistiram e continuam intensamente cultivadas até hoje, Uma delas é a trova; a outra, o soneto.
Como sabemos, a trova é um poema curto, composto de uma única estrofe. Esta estrofe é uma quadra, isto é, formada de quatro versos paralelos. Cada verso contém sete pés, ou sete sílabas métricas. Pois bem! Para uma quadra ser considerada trova, dentro desse conceito atual, deve ser única, independente, sem título e – eis o mais importante – deve ter sentido completo.
Parece fácil, mas a boa trova deve ser bem elaborada, de forma perfeita e excelente conteúdo.

Lairton: Apesar da grandeza da trova e da sua popularidade, nota-se aqui um paradoxo: Porque, nas escolas, a trova ainda não é estudada na mesma proporção das outras formas literárias? O que fazer para resolver esta questão?

Vânia: Na minha visão, a trova não é estuda como deveria, por falta única e exclusiva de interesse, aliado à falta de maior atenção à realidade literária presente, por parte dos dirigentes educacionais. Tem-se, ainda, descaso, ou mesmo ignorância das entidades governamentais, em melhor desenvolver a criatividade mental do ser humano.
A solução definitiva, para esta questão, é apresentar um projeto, demonstrar e convencer o Ministro da Educação e Cultura, Secretários da Educação e Cultura e outros, dos inúmeros benefícios dessa modalidade poética. Fazê-los entender que a Trova, através da poética dos versos com bons pensamentos, com princípios de integridade moral, de civismo e da ética, pode educar, distrair, aumentar o vocabulário, desenvolver o raciocínio, intensificar a criatividade e ensinar a humanidade sobre conceitos, idéias e ideais jamais imaginados, em apenas quatro versos. E com que facilidade! E com que rapidez!
Para isso tornar-se realidade, bastaria incluir a Trova, de forma obrigatória, na Grade Curricular de Ensino em todo o Brasil. Poderia ser na área de Literatura ou na de Ensino da Língua Portuguesa.

Lairton: Tendo se tornado Presidente da UBT do Paraná, já teve a felicidade de realizar feitos importantes em favor da trova. Qual a meta prioritária da sua administração?

Vânia: Fui presidente por três gestões consecutivas da UBT Seção de Curitiba/PR e tive a oportunidade de empreender, juntamente com uma brilhante diretoria, grandes projetos em favor da Trova.
O maior deles foi a brilhante parceria da UBT Curitiba com a Brasil Telecom, ao colocar no mercado 440.000 cartões de telefones públicos, com trovas de renomados trovadores paranaenses.
A Brasil Telecom investiu na Trova e no Trovador, consciente da importância do seu papel educativo no desenvolvimento do nosso estado e, principalmente, no aprimoramento do povo brasileiro. Essa parceria resultou num passo gigantesco em prol da Cultura e da Cidadania do nosso Estado e do nosso País.
Entre outras, uma grande realização foi em parceira com a URBS de Curitiba S/A, quando trovas educativas de trânsito invadiram as ruas de Curitiba. Foram colocadas nas esquinas, em cima das placas indicativas do nomes das ruas e Curitiba virou uma antologia de Trovadores.
Já, na qualidade de Presidente da UBT Estadual do Paraná, cargo assumido em março de 2006, juntamente com uma eficiente diretoria, estamos trabalhando no sentido de aumentar, significativamente, o número de Novas Seções e Delegacias no Estado. O saldo é positivo. Quando assumimos, éramos 6 (seis) entre Seções e Delegacias. Hoje, cinco meses depois, somos 14 (quatorze). Já lançamos o Boletim Informativo nº 1, ano 1, para melhor integração dos trovadores paranaenses com o resto do País.
A meta prioritária, agora, é crescer muito, muito mais.

Lairton: É autora do CEN – “Cá Estamos nós”? – O que o CEN representa para você?

Vânia: Sim. O CEN é um brilhante e árduo trabalho de incentivo e democratização da cultura e da arte literária que une intelectuais, no âmbito internacional. Uma progressão geométrica fantástica!

Lairton: Tem algum projeto literário para o futuro?

Vânia: Sim, tantos que não encontro tempo para realizá-los.

Lairton: Já editou ou pretende editar algum livro e/ ou livro eletrônico? Cite-nos seus títulos.

Vânia: Já editei opúsculos referentes a genealogia de minha família, pelo lado paterno. São eles: “Resgatando o Passado da Família Marés de Souza I, II, III, IV e V”.
Tenho, ainda, vários outros em andamento para publicação.

Lairton: No universo de leitores, muitos adolescentes irão ler esta entrevista. Que incentivo daria a eles, a fim de que, respeitando seus pendores, venham a ser (quem sabe?) trovadores brilhantes?

Vânia: O assunto é muito vasto. O que eu melhor posso dizer é que a Trova, sendo um jogo de palavras inteligentes, mantém nossos neurônios ocupados, ativa nosso cérebro, estimula a agilidade dos nossos pensamentos, desconhece fronteiras mentais e dá mais colorido à nossa vida.
Pela força e riqueza de seu conteúdo de fácil memorização, pode-se chegar, até, mudar a mentalidade de um povo ou de uma nação, conforme a popularidade que é possível alcançarmos em seus quatro versos.
Entendo que a trova opera milagres!

Lairton: Na conclusão desta entrevista, escreva-nos algumas trovas de sua autoria, e agradecemos muito a sua importante participação. Um grande abraço!

Vânia:
Eu não mudo de país,
nem de cidade ou estado,
porque aqui sou bem feliz...
exatamente... ao seu lado!!!

Romântico e apaixonado,
meu pensamento flutua,
vai ao céu... volta zoado:
Vive no mundo da lua!

Acalmar gesto impulsivo
num conflito sem razão:
Medicinal... curativo...
é a humildade e o perdão!

Reconheço que a razão
me exerce extremo fascínio,
mas, se acerta o coração...
perco o rumo e o raciocínio!

Mãos que orientam crianças,
seja na escrita ou leitura,
mostram sinais de alianças
de nobreza e de ventura!

Educação e cultura,
seriedade e competência
é alvo certo de ventura
que aguardamos com urgência!

Quero um planeta perfeito,
sem guerra, sem corrupção.
Povo justo e satisfeito,
respeitando seu irmão!

Fonte:
ANDRADE, Lairton Trovão de Andrade. Falando de Trovas e Trovadores. Portal CEN. n. 1. Agosto de 2006. Disponível em: http://www.caestamosnos.org/rev_trovasetrovadores/revistatrovasetrovadores01Ago.htm

Cecília Meirelles (Mar Absoluto)

A nossa poetisa Cecília Meirelles apresentava traços fortes e profundos que sua origem genética açoriana não nega. Como dizia Vitorino Nemésio, ao falar do ilhéu, tinha 'uma universal inquietude' e uma visão poética influenciada pela raiz cultural e mística, passada pela avó micaelense que a criou. A consciência ancestral e depressiva da fragilidade humana, a fatídica preocupação em demonstrar o mutável, o efêmero da vida. Buscava no mar, de uma forma sublimada, a sua raiz, seu caminho. Neste poema vemos o espírito ilhéu de Cecília
Maria Eduarda Fagundes
Uberaba, 27/05/08
Mar Absoluto

Foi desde sempre o mar,
E multidões passadas me empurravam
como o barco esquecido.

Agora recordo que falavam
da revolta dos ventos,
de linhos, de cordas, de ferros,
de sereias dadas à costa.

E o rosto de meus avós estava caído
pelos mares do Oriente, com seus corais e pérolas,
e pelos mares do Norte, duros de gelo.

Então, é comigo que falam,
sou eu que devo ir.
Porque não há ninguém,
tão decidido a amar e a obedecer a seus mortos.

E tenho de procurar meus tios remotos afogados.
Tenho de levar-lhes redes de rezas,
campos convertidos em velas,
barcas sobrenaturais
com peixes mensageiros
e cantos náuticos.

E fico tonta.
acordada de repente nas praias tumultuosas.
E apressam-me, e não me deixam sequer mirar a rosa-dos-ventos.
'Para adiante! Pelo mar largo!
Livrando o corpo da lição da areia!
Ao mar! - Disciplina humana para a empresa da vida!'
Meu sangue entende-se com essas vozes poderosas.
A solidez da terra, monótona,
parece-mos fraca ilusão.
Queremos a ilusão grande do mar,
multiplicada em suas malhas de perigo.

Queremos a sua solidão robusta,
uma solidão para todos os lados,
uma ausência humana que se opõe ao mesquinho formigar do mundo,
e faz o tempo inteiriço, livre das lutas de cada dia.

O alento heróico do mar tem seu pólo secreto,
que os homens sentem, seduzidos e medrosos.

O mar é só mar, desprovido de apegos,
matando-se e recuperando-se,
correndo como um touro azul por sua própria sombra,
e arremetendo com bravura contra ninguém,
e sendo depois a pura sombra de si mesmo,
por si mesmo vencido. É o seu grande exercício.

Não precisa do destino fixo da terra,
ele que, ao mesmo tempo,
é o dançarino e a sua dança.

Tem um reino de metamorfose, para experiência:
seu corpo é o seu próprio jogo,
e sua eternidade lúdica
não apenas gratuita: mas perfeita.

Baralha seus altos contrastes:
cavalo, épico, anêmona suave,
entrega-se todos, despreza ritmo
jardins, estrelas, caudas, antenas, olhos, mas é desfolhado, cego, nu, dono apenas de si,
da sua terminante grandeza despojada.

Não se esquece que é água, ao desdobrar suas visões:
água de todas as possibilidades,
mas sem fraqueza nenhuma.

E assim como água fala-me.
Atira-me búzios, como lembranças de sua voz,
e estrelas eriçadas, como convite ao meu destino.

Não me chama para que siga por cima dele,
nem por dentro de si:
mas para que me converta nele mesmo. É o seu máximo dom.
Não me quer arrastar como meus tios outrora,
nem lentamente conduzida.
como meus avós, de serenos olhos certeiros.

Aceita-me apenas convertida em sua natureza:
plástica, fluida, disponível,
igual a ele, em constante solilóquio,
sem exigências de princípio e fim,
desprendida de terra e céu.

E eu, que viera cautelosa,
por procurar gente passada,
suspeito que me enganei,
que há outras ordens, que não foram ouvidas;
que uma outra boca falava: não somente a de antigos mortos,
e o mar a que me mandam não é apenas este mar.

Não é apenas este mar que reboa nas minhas vidraças,
mas outro, que se parece com ele
como se parecem os vultos dos sonhos dormidos.
E entre água e estrela estudo a solidão.

E recordo minha herança de cordas e âncoras,
e encontro tudo sobre-humano.
E este mar visível levanta para mim
uma face espantosa.

E retrai-se, ao dizer-me o que preciso.
E é logo uma pequena concha fervilhante,
nódoa líquida e instável,
célula azul sumindo-se
no reino de um outro mar:
ah! do Mar Absoluto.
http://www.tvcultura.com.br (desenho)

Conferência 'Oswald de Andrade: poesia, alegria, antropofagia'

Neste sábado, 31 de maio, às 16 horas, a pesquisadora e escritora Míriam Cris Carlos realiza a conferência 'Oswald de Andrade: poesia, alegria, antropofagia'. Na ocasião, Míriam será apresentada à Academia Sorocabana de Letras pela Professora doutora Maria Virgília Frota Guariglia, que irá falar a respeito da trajetória da pesquisadora, Míriam Cris Carlos, que assume a cadeira Oswald de Andrade.

Segundo Míriam, a criação da cadeira Oswald de Andrade representa o reconhecimento, pela Academia Sorocabana de Letras, e a valorização da contribuição realizada na literatura e na cultura brasileira pelos modernistas, em especial por Oswald. Essa tendência já foi iniciada com a criação da cadeira Mário de Andrade, assumida pela pesquisadora Cleide Riva Campelo. Há ainda a intenção de fortalecer a Academia como um espaço de pesquisa, troca e construção do conhecimento nos estudos da literatura brasileira.

Oswald de Andrade, segundo Míriam Cris Carlos, exerceu um papel fundamental na construção da proposta modernista. Além de um poeta atemporal, de extrema sensibilidade, escreveu para teatro, foi jornalista e ensaísta. Seus manifestos e ensaios descrevem uma teoria da cultura brasileira, visionária, pois que já apontava para preocupações que hoje são atualíssimas, como as defendidas pelos Estudos Culturais das décadas de 80 e 90. O trânsito entre as culturas, a diluição entre o conceito de popular, erudito e massivo, a intersemiose / intertextualidade são aspectos amplamente trabalhados pela obra oswaldiana e que hoje estão no centro das discussões sobre literatura e comunicação.

Criar uma cadeira Oswald de Andrade, por parte da Academia Sorocabana de Letras, significa uma feliz ousadia. Oswald brigou contra todas as instituições, mas sempre quis o reconhecimento de sua contribuição: 'a sociedade ainda vai comer do biscoito fino que fabrico', afirmava. Com a criação de mais um espaço para a discussão da obra oswaldiana, indissociável de sua vida, a Academia promove um arejamento saudável, a retomada de uma utopia que prevê a alegria, a poesia e a ética como formas de intervenção social, como modo de percepção e ação crítica na cultura em que estamos inseridos.

Míriam Cris Carlos é doutora em Comunicação e Semiótica pela PUCSP, apresentadora do Provocare TV (exibido pela TV COM, canal 7 da NET). É professora universitária e pesquisadora do Mestrado em Comunicação e Cultura da Universidade de Sorocaba. Recentemente publicou 'Arteiras Sorocabanas' e 'Comunicação e Cultura Antropofágias', pelas editoras Sulina / Eduniso, estudo sobre a obra de Oswald de Andrade.

A conferência acontece no Transamérica Flats, situado à Avenida Professora Izoraida Marques Peres, 193, em Sorocaba

Fonte:
Douglas Lara. Disponível em http://www.sorocaba.com.br/acontece

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Paraná em Luto

Caríssimos amigos, poetas, trovadores!

Em nome da diretoria da UBT- Estadual do Paraná, vimos comunicar, consternados, a morte repentina do grande poeta, trovador, sonetista e escritor CECIM CALIXTO, hoje, em Tomazina-Paraná, onde será sepultado.
Ainda inconformados e sob o impacto desta triste notícia, lamentamos profundamente a perda deste expressivo e respeitável talento poético-cultural, delegado municipal da UBT de Tomazina, membro do Centro de Letras do Paraná e da Academia Paranaense da Poesia, entre outras representatividades.

Figura exemplar, deixa-nos importantes referências poéticas, no âmbito nacional, por sua inteligência, criatividade e rara inspiração.

Infelizmente, não deu tempo de publicar o seu mais novo livro de sonetos que escreveu, recentemente, e deixou pronto para publicação.

Segundo o saudoso Túlio Vargas, Cecim nasceu poeta! Era um apaixonado pela vida, pela família e a natureza, um romântico em essência, cujas figuras de retórica o aproximavam também do simbolismo.

Na impossibilidade de acompanharmos nosso querido poeta Cecim à sua eterna morada, devido a distância de viagem que nos separa, rogamos a Deus que lhe conceda suas bênçãos e o mantenha sob Sua eterna glória!

Paraná, a passarela,
das riquezas do Brasil.
Estado que a estrutura
valoriza o seu perfil.
Cecim Calixto-Tomazina/PR
==================
Nunca morre o trovador,
se afasta fisicamente...
Sobrevive trova e autor,
no dia-a-dia da gente!
Vânia Maria Souza Ennes
==================

Apresentamos nossos sentimentos e nossa solidariedade à sua querida esposa Gilda extensivos aos filhos e netos!

Vânia Maria Souza Ennes
Presidente Estadual do Paraná

Cecim Calixto (1926 - 2008)


Cecim Calixto nasceu em Pinhalão, Paraná, a 28 de julho de 1926, onde fez seus primeiros estudos, transferindo-se aos treze anos para Curitiba, a cidade sorriso. Trabalhando e estudando, diplomou-se em contabilidade na Faculdade de Ciências Econômicas De Plácido e Silva. Já formado em contabilidade adotou a cidade de Tomazina, PR, onde começou a exercer sua profissão. Tornou-se bancário e passou boa parte de sua vida às voltas com orçamentos, balanços contábeis, planilhas de custos, planos de aplicação financeira desbravando várias regiões do Norte Novo do Paraná, trabalhando no banco Bamerindus.

Fora da vida prosaica sua alma de poeta nunca deixou de escrever poesia, especialmente nas horas de folga, exercitando com maestria a poesia clássica. Tornou-se um magnífico sonetista, premiado em vários concursos literários de São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná, entre outros. Publicou em 1951 seu primeiro livro com o título de “NINFAS”, cuja segunda edição saiu em 1967.

Em 1997 com 99 sonetos publicou “EMOÇÕES” pela editora Editek & Cia Ltda ME, no qual demonstra toda inspiração que um poeta precisa ter para compor, criar e arrebatar corações sensíveis que amam o belo. No soneto OBSESSÃO, diz: “A fé perfeita que a meu ser importa/ dá-me mais força para abrir a porta/ e entrar no reino que o amor produz. Desprezo os pomos do pomar alheio/ pois, na verdade, o meu maior anseio/ é pelos frutos divinais da luz”. Ou ainda nestes dois tercetos do soneto ORATÓRIO: “A liberdade que me inspira tanto/ dá-me o conforto que jamais me falta/ enquanto a sós e a caminhar medito. Na solidão em que sozinho canto/ minha oração que dispensou voz alta/ possui mais força que estrondoso grito”.

Assim, Cecim Calixto consagrou-se como um dos melhores e maiores poetas de nosso tempo no Paraná e no Brasil, ao lado de nomes como Apolo Taborda França, Emílio Sounis, Harley Clóvis Stocchero, José Wanderlei Resende, Leonardo Henke, Moacir Antonio Bordignon, Oldemar Justus, Orlando Woczikosky, Paulo Leminski e Vasco José Taborda.

Os versos do poeta paranaense agradam aos ouvidos do mais exigente leitor, porque são escritos com musicalidade, espontaneidade, inspiração e em português escorreito. O livro “A VOZ DO AMOR” veio à luz da publicidade em 2000 pela Juruá Editora, de Curitiba, onde o poeta mais uma vez esbanja o seu perfeccionismo, com outro conjunto de 99 sonetos impecáveis. Estudioso, aprimorou sua técnica e após sua aposentadoria, pôde então dedicar-se à Literatura, como sempre desejou.

Com razão o poeta quando escreve em seu soneto A VOZ DO AMOR, que abre o livro com este mesmo título:
“Esfrio a guerra congelando mágoas
aqueço as almas como esfrio as águas
em mutações que a própria mente enseja.
Abro caminho aos vegetais floridos
e encho de vida os corações feridos
porque sou tudo que o mortal deseja”.

Conquistou o 2º lugar no 14º Concurso Nacional de Poesia, Categoria Especial Paraná, promovido pela Secretaria de Estado da Cultura, Governo do Paraná, em 2003, com o soneto O Rival:

Você de novo colibri teimoso,
roubando a seiva da singela rosa!
Morro de inveja do rival airoso
que suga o mel da minha flor mimosa.

A minha rosa tem o olor gostoso
que até perturba a vizinhança prosa.
E sem modéstia o menestrel brioso,
todo orgulhoso, sempre a fez ditosa.

Cedo levanto e para a rosa eu canto
e com carinho vou secar o pranto
da noite fria, que seu bojo aninha.

Mas... meu rival, de novo mais ligeiro,
logrou a mim e a bajulou primeiro,
sugando a gota que era toda minha”.


Pertenceu ao Centro de Letras do Paraná, Academia Paranaense de Poesia, UBT-PR, Academia de Letras “José de Alencar” e Círculo de Estudos Bandeirantes. Além dos livros já publicados, como “NINFAS”, 1951 e 1967 – 2ª edição, “EMOÇÕES”, 1997 e “A VOZ DO AMOR”, 2000, o vate de Pinhalão, Paraná, tinha pronto para publicação novo livro de sonetos, sem título ainda e o seu primeiro livro de trovas, “TROVAS & SONHOS”. Participou também da Antologia SETE POETAS, ao lado de grandes nomes da poesia paranaense. É verbete da ENCICLOPÉDIA DE LITERATURA BRASILEIRA, de Afrânio Coutinho e J. Galante de Sousa, edição do MEC, 1990, com revisão de Graça Coutinho e Rita Moutinho Botelho, edição revista e atualizada em 2001.

Opiniões sobre o trabalho excepcional do intelectual Cecim Calixto:
Quem tiver oportunidade de ler seus sonetos verificará, desde logo, o poeta rico de emoções e sentimentos, que sabe cantar a dor, a paixão e a nostalgia, com rara elegância e distinção”. (Paschoal A. Pítsica – Presidente da Academia Catarinense de Letras).
Sonetos de Mestre que demonstram sua naturalidade de poeta”, diz Eno Theodoro Wanke, Poeta/RJ.
Emoções são, de fato, uma constante na vida do poeta e sua sensibilidade o induz a criar e viver um mundo onírico de Beleza e Paz”. (Horácio Ferreira Portella – Centro de Letras do Paraná).

Segundo Sérgio Reis (Profissional de Marketing), Cecim Calixto poeta paranaense. Artista que domina a arte dos sonetos. Uma linguagem poética das mais difíceis. “O soneto é o traje a rigor do pensamento”, já dizia Paulo Bonfim, poeta paulista. Os sonetos no talento de Cecim Calixto brotam naturalmente. São como a nascente de águas que nascem nas montanhas e vêm descendo morro abaixo, criando sons únicos, ritmos, métricas, linguagem que encanta e penetra o coração do ouvinte com simplicidade e prazer.
E canta a vida, o amor, canta Deus, a fé, a família, a natureza, canta a experiência humana.
Falar de Cecim Calixto me lembra aos 25 anos que juntos vivemos no Bamerindus.
Ele já estava lá 20 anos antes. E ajudou a fazer a maior empresa paranaense até o século XX. Cecim foi um dos inúmeros pioneiros chamados por Avelino Vieira ao início do Banco, que teve sua origem em Tomazina, com sua antiga praça, com seus bancos amigáveis junto ao rio das Cinzas que Cecim costuma decantar em seus versos.
Sou testemunha do que estes homens simples e maravilhosos fizeram, escrevendo a história, armados apenas pela fé, pelo trabalho intenso, pelo conhecimento, pela honradez e pela vontade suprema de servir, ajudaram a construir um novo Paraná, um novo Brasil entre os anos de 1950 a 1990.

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“Sinto que o verbo é semelhante ao sino
que ao espargir o agudo tom Divino,
desperta a fé no coração Humano”
Nos ensina o homem e o poeta Cecim Calixto
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Fontes:
Filemon F. Martins. Cecim Calixto: o poeta do amor. Disponível em http://www.usinadeletras.com.br/
Sérgio Reis. Disponível em http://www.jurua.com.br/

Entrevista com Cecim Calixto

A Revista virtual “Falando de Trovas e de Trovadores”, tendo por representante o grande trovador Lairton Trovão de Andrade tem o imenso prazer de entrevistar o eminente escritor Cecim Calixto que enriquece, com galhardia, o universo literário paranaense, trazendo à luz preciosos sonetos e trovas, poemas de elevado brilho literário, além de ser um dos expoentes raros da UBT-Paraná, o que muito nos orgulha e nos honra.

Lairton: Prezado Cecim, queira nos dizer onde nasceu e reside?

Cecim: Nasci no dia 17 de julho de 1926, em Pinhalão, conforme consta em todas as minhas publicações; terceiro filho de Abrão Calixto e Izahia Cecim, libaneses que constituíram uma prole de onze filhos.
Resido em Tomazina, onde iniciei a minha vida profissional, recentemente formado em Técnico em Contabilidade, pela faculdade de Ciências Econômicas “Plácido e Silva” de Curitiba.

Lairton: Apesar de ter nascido na vizinha cidade de Pinhalão, por que adotou Tomazina como sua cidade natal?

Cecim: Não tive sucesso profissional em Pinhalão, bem por isto eu com meu irmão mais velho, prático em contabilidade, transferimo-nos para a vizinha cidade de Tomazina. Na época a primeira Comarca da região, com nível social acima das outras. Com circunstâncias favoráveis: Banco comercial, algumas indústrias, Coletoria Estadual e Federal, sede de Juiz de Direito e Promotor Público. A prefeitura local administrava as vizinhas cidades de Pinhalão, Jaboti e japira. Na época, Tomazina registrava um volume de 28 mil habitantes (hoje com nada mais que 10 mil). Atualmente, outras cidades da região têm a primazia do desenvolvimento, como Ibaiti, Siqueira Campos, Wenceslau Braz etc.. Mesmo assim, perdurou nossa querência por Tomazina, por fatos de natureza fraterna. Nesta cidade, conheci minha atual esposa, criatura única e divina, a razão da minha vida e a minha eterna inspiradora - companheira inseparável que me deu, ainda nesta cidade, três filhos maravilhosos nascidos na terra da amada mãe.
Nunca deixei de amar e de criar especial afeto pela terra que me viu nascer, onde meus pais viveram por cinqüenta anos. Inesquecível minha infância em Pinhalão, onde fiz o curso no Grupo Escolar, andei descalço, nadei pelado na abençoada água desse ribeirão. Andei de calças curtas e de suspensórios feitos por minha mãe. E aí também conheci e gozei as alegrias do primeiro amor na puberdade.

Lairton: Fale-nos algo mais sobre a cidade de Tomazina.

Cecim: Necessário dizer que toda a beleza de Tomazina foi engenhosamente criação exclusiva da providência de Deus. É a beleza natural e deslumbrante.
Aqui me casei, aqui construí meu primeiro lar. Aqui tive a felicidade de conhecer o maior banqueiro deste país: Avelino A. Vieira, um idealista que fundou um pequeno Banco que se tornou o terceiro do Brasil, e que o deixou aos herdeiros com 1.340 agências espalhadas pelo território nacional. O mundo inteiro ouviu falar o nome desse humilde tomazinense e também o nome de sua cidade natal.

Lairton: Hoje, você curte a vida na turística cidade de Tomazina. Entretanto, por muitos anos, residiu em Curitiba, capital do Estado do Paraná. O que o levou a viver tanto tempo naquela Metrópole?

Cecim: Não vivi tanto na Capital. A minha vida foi reservada ao pioneirismo em Norte Novíssimo do Paraná. Ocupei a gerência do primeiro departamento bancário naquela região. Agi e administrei várias agências. Abri incontáveis departamentos nas cidades daquela região, muitas recentemente fundadas e invadidas por plantadores de café. Ocupei e administrei a maior região produtora de café do Brasil. Todos obtiveram espetaculares sucessos. Pelo êxito obtido, fui promovido a Diretor Regional. Em seguida, Diretor de um novo banco adquirido pelo Bamerindus. Atuei no setor de Crédito Imobiliário, no de Turismo e em muitos ligados à alta Direção do Banco.

Lairton: Como foi o início da sua vida no mundo fantástico das musas?

Cecim: Eu nasci poeta. Sempre vi a beleza de forma especial. Tudo da criação do Onipotente me deslumbrava. Minha aposentadoria e a minha maturidade fizeram-me voltar todo meu potencial de criação para as harmoniosas e divinas letras poéticas. Gostava de ler e, com tempo disponível, apenas lia e escrevia. Sempre tive às mãos um livro de poesia. Adorava os sonetistas e foi por aí que eu resolvi adotar a forma mais difícil na literatura poética: Sonetos.
Meu primeiro livro veio à luz nas vésperas do meu casamento. Recebi elogios e conselhos benéficos. No período bancário, nada publiquei, mas não deixei de rabiscar e guardar belos pensamentos. Aposentado, voltei à lide dos livros de poesias. Publiquei EMOÇÕES – A VOZ DO AMOR – LAMPEJOS – SETE POETAS (Antologia) e, por último, TENDA DE ESTRELAS, todos com noventa e nove sonetos. Meu último livro ultrapassou as minhas expectativa. Verdadeiro sucesso. Tenho ainda, na gaveta, para serem publicados, o livro de sonetos ecológicos e também o de trovas – Quadras e Sonhos.

Lairton: O primeiro livro marca sempre o início de possível caminhada no fantástico mundo da Literatura. Que lembrança incentivadora conserva sobre “Ninfas”, seu primeiro livro publicado?

Cecim: Foi maravilhoso ter em mãos o meu primeiro livro. Publiquei-o sem conhecer a técnica engenhosa da poesia. Recebi muitos elogios, conselhos e ensinamentos.

Lairton: Que importância tem a trova no contexto da Literatura Portuguesa?

Cecim: A trova é e será sempre sublime. Definitivamente vencedora. O resumo e a sua sensibilidade impressiona o mais insensível coração. No contexto da literatura, a trova ultrapassou as barreiras da predileção, levando em conta as características de pureza, inspiração e seu predicado maior: simplicidade.

Lairton: A UBT – União Brasileira de Trovadores – é o abrigo natural dos trovadores. Como ingressou na UBT ?

Cecim: O aroma exalado da casa dos trovadores inebria todo o poeta que ousar adentrá-la, mesmo por simples curiosidade. Assim aconteceu comigo.

Lairton. Que avaliação faz da UBT-Paraná?

Cecim: É a mais atuante do Brasil. A Presidente Vânia Ennes a elevou aos píncaros da sublimidade. Sou fã incondicional do seu eminente trabalho e capacidade de compor.

Lairton: Cecim Calixto foi sempre de incrível responsabilidade em tudo. Diante disso, que instituições literárias têm-no como membro atuante?

Cecim: CENTRO DE LETRAS DO PARANÁ, ACADEMIA PARANAENSE DA POESIA, UNIÃO BRASILEIRA DE TROVADORES, CENTRO DE ESTUDOS BANDEIRANTES.

Lairton: Do movimento trovista do Brasil, sobretudo da UBT – o que mais lhe agrada?

Cecim: Agrada-me o entusiasmo marcante dos trovadores do Paraná, mormente os residentes no interior: Dedicados, operantes, inspirados e, sobretudo, amistosos.

Lairton: O poeta não é dono de si mesmo. De quando em quando, sente necessidade de manifestar suas inspirações. Por isso, que projeto literário tem para o futuro?

Cecim: Muitos. Alguns surgirão brevemente.

Lairton: Neste número, a revista virtual “Falando de Trovas e de Trovadores” presta homenagens ao grande escritor pinhalonense, Elias Domingos. Você o conheceu muito bem. Fale-nos algo sobre Elias Domingos.

Cecim: Graças a Deus, Pinhalão se lembrou do seu filho mais ilustre. Notável professor da língua portuguesa. Autoditada por excelência. Perfeito conhecedor do idioma pátrio. Poucos escritores conheci com o potencial lingüístico de ELIAS DOMINGOS (Aliês A. Muchaile Mereb). Não deverá jamais ser olvidado pelos nossos conterrâneos dessa cidade que eu amo, como ele próprio a amava.

Lairton: Cecim Calixto escreveu muito sobre os mais diversos temas. Valeu a pena ter escrito tantos poemas, tantos sonetos, tantas trovas?

Cecim: A resposta a este item revela-se pelos prêmios inumeráveis pendurados nas paredes do meu escritório (minha preciosa TENDA). Em destaque, prêmios:
CONCURSO NACIONAL DE POESIA “HELENA KOLODY” – premiado duas vezes; CÂMARA MUNICIPAL CTBA – “MEDALHA DE MÉRITO FERNANDO AMARO”; ACADEMIA PARANAENSE DA POESIA – CADEIRA Nº11; PREFEITURA DE SÃO JOSÉ DOS PINHAIS – CONCURSO “PINHEIRO DO PARANÁ” – primeiro lugar (soneto); CENTRO DE INFORMÁTICA DEFICIENTES VISUAIS – HONRA AO MÉRITO – inclusão de sonetos em obra editada em braille-Projeto luz e saber; UNIÃO BRASILEIRA DE TROVADORES – NOMEADO DELEGADO EM TOMAZINA; ROTARY CLUBE ALTO DA GLÓRIA – Melhor livro do ano “LAMPEJOS”; BRASIL TELECON- PRÊMIO RECEBIDO REPRESENTADO POR 40.000 CARTÕES TELEFÔNICOS ESPALHADOS POR TODO O BRASIL (trova). Outros que serão enumerados oportunamente.

Lairton: A revista “Falando de Trovas e de Trovadores” é editada, através do Portal CEN – Cá Estamos Nós – uma extraordinária ponte literária entre Portugal e o Brasil, cujo presidente é o escritor Carlos Leite Ribeiro. Gostaria de conhecer melhor o Portal CEN? Para tanto, forneça-nos seu endereço eletrônico (e-mail).

Cecim: Gostaria muito de conhecer e manter contato com autores portugueses. Parabéns aos mantenedores dessa inteligente revista “FALANDO DE TROVAS E DE TROVADORES DO PORTAL CEN – CÁ ESTAMOS NÓS”. Um cordial abraço ao confrade e delegado da UBT de Pinhalão.
E-mail – cecim@ifinit.com.br

Lairton: Agradecemos a atenção que nos deu nesta entrevista e solicitamos algumas trovas de sua autoria. Um grande e fraterno abraço.

Cecim:

Se me tens em teu regaço,
no descanso desta lida,
invalidas meu cansaço
e os fracassos desta vida.

Sei agora onde é a nascente
da almejada inspiração.
Nasce e chega de repente
dos filões do coração.

No horizonte da fazenda,
quando a lua apareceu
todo o céu se fez em renda
e cobriu o colo teu.

Nunca vi tanta beleza
estampada num só rosto.
Quem o vê tem a certeza
ser de Deus tamanho gosto.

A tudo que hoje acontece
vale o ditado que aplico:
de fome o pobre padece
e o rico fica mais rico.

Fonte:
http://www.caestamosnos.org/

Aventuras de Tintim (Tintim na África - Tintim no Tibete)

Tintin au Congo

Tintin au Congo (Tintim no Congo ou Tintim na África, como editado em português) é um álbum da série de banda desenhada As Aventuras de Tintim, produzida pelo belga Hergé, e lançado em 1931.

Sinopse

Tintim é enviado ao Congo, a grande colônia belga da época. Uma série de peripécias o levam ao reino de Babaoro'm, onde ele torna-se o feiticeiro nomeado. Por um jogo de cincunstâncias, ele se encontra confrontado com um bando de gângsters afiliados a Al Capone, que quer controlar a produção de diamantes. Naturalmente, ele consegue os deter e deixa o país pouco depois.

Análise

Em 1930, o Congo representava um Eldorado para a Bélgica. O Congo, oitenta vezes maior que o país que o colonizava, tinha um subsolo extremamente rico. Nessa época, faltava mão-de-obra. Por conseguinte, Hergé devia fazer uma propaganda deste país.

A história foi publicada de 5 de junho de 1930 a 11 de junho de 1931, no Le Petit Vingtième, suplemento infantil do jornal Le Vingtième Siècle. Foi publicada como álbum em preto-e-branco em 1931, primeiramente pelas Editions du Petit Vingtième, depois republicado pelas Editions Casterman, que tomaram a publicação das Aventuras de Tintim com exclusividade.

Na modificação do álbum em julho de 1946, Hergé redesenha quase toda a aventura. Ele a colore, reduz de 110 páginas à 62 (padrão dos álbuns de Tintim) e altera a ideologia colonialista do álbum. Assim, a lição geográfica e histórica que dava Tintim num determinado trecho do livro, sobre "Vossa pátria, a Bélgica" encontrou-se substituída por uma lição de matemática. Hergé melhora as decorações, corta algumas partes e altera os diálogos para torná-los mais vivos. Os charutos do faraó e Tintim na América também foram redesenhados antes de serem coloridos.

Hergé afirmou mais tarde que para a criação de Tintim no Congo, da mesma maneira que para Tintim no país dos sovietes, ele vivia num meio cheio de preconceitos. De outro modo, a particularidade de Tintin no Congo é que o álbum é cheio de estereótipos da visão do Congo pelos europeus daquela época. Ele afirmou:

"Da mesma maneira quando desenhei Tintim no país dos sovietes, ao desenhar Tintim no Congo estava alimentado de preconceitos do meio burguês no qual vivia... Era 1930. Conhecia deste país apenas o que as pessoas contavam na época: 'os negros são grandes crianças, felizmente estamos lá!', etc. E desenhei os africanos de acordo com estes critérios, de puro espírito paternalista, que era o da época na Bélgica".

Curiosidades
Na versão colorida, Tintim é interrompido por um leopardo enquanto dá uma aula de aritmética. Na versão em preto-e-branco, o quadro-negro é um mapa de geografia, e Tintim diz: "Hoje vamos falar de vossa pátria: a Bélgica".

Neste álbum, os congoleses têm uma pronúncia errada, enquanto os elefantes conversam entre si corretamente.

Na versão atual colorida do álbum, os Dupondt fazem uma breve aparição no primeiro quadro enquanto estão ausentes da versão em preto-e-branco.

Nesta aventura, Tintim faz um buraco nas costas de um rinoceronte, preenchendo-o com dinamite e explodindo-o. A associação dinamarquesa de defesa dos animais não gostou deste detalhe, e esta passagem foi suprimida da versão dinamarquesa, e o rinoceronte foge depois que Tintim atira acidentalmente uma bala.

No primeiro quadro da página 1, aparecem Hergé, Quim e Felipe (personagens de Hergé), Edgar P. Jacobs e Jacques van Melkebeke (colaboradores de Hergé).

Personagens
• Tintim
• Milu
• Tom
Aparece na página 5. Ele é enviado por Gibbons para suprimir Tintim. Ele é "o vilão" do álbum, mas não consiguirá efetuar sua missão. Ele é devorado por crocodilos na página 48.
• Coco
Aparece na página 11. Ele guia Tintim durante sua aventura e lhe salva a vida.
• O Rei dos Babaoro'm
Aparece na página 21.Pede à Tintin que vá à caça ao leão.
• Muganga
Aparece na página 24. É o feiticeiro de Babaoro'm. Fica com inveja de Tintim. Com Tom, ele tentara se livrar do repórter.
• O Missionário
Aparece na página 34. Ele salva Tintim dos crocodilos.
• Jimmy Mac Duff
Aparece na página 38. É fornecedor de animais para os jardins zoológicos europeus.
• Gibbons
Aparece na página 51. É o patrão de Tom. Recebeu de Al Capone a ordem de matar Tintim.

Tintin au Tibet

Tintim no Tibete (Tintin au Tibet, no original em francês) é um álbum de história em quadrinhos da série As aventuras de Tintim, produzida pelo belga Hergé e lançado em 1960.

Tintim no Tibete é um livro à parte na obra de Hergé: sem dúvida o quadrinho mais pessoal de Hergé e também onde Tintim se mostra mais humano

Em férias numa estação alpina, Tintim lê num jornal que um avião caiu no Nepal. Tintim sonha com Tchang, um grande amigo, pedindo socorro. Logo depois, descobre que naquele avião que se dirigia à Europa se encontrava o jovem chinês Tchang.

Tintim, convencido por seu sonho, parte à procura de Tchang, acompanhado por Haddock.

Na época em que escrevia, Hergé tinha acabado de se divorciar e atravessava um profundo conflito interior. Os sonhos que Hergé tinha na época eram brancos, com imagens angustiantes e recorrentes. Hergé procurou auxílio psicanalítico.

Com muita dificuldade, Hergé terminou a história, aliviado e resolvido em relação aos seus problemas pessoais. O livro foi uma espécie de resposta, uma purificação, uma trajetória direta, linear e sóbria.

A história é a mais simples possível. Os personagens e os cenários são menos numerosos. O branco da neve onipresente domina.

É colocada em evidência a coragem de Tintim na sua obstinação em salvar o amigo Tchang, quando todos acreditavam que ele estava morto. Hergé demonstra sua fascinação pelo oriente e por fenômenos como sonhos premonitórios e levitação.

De qualquer maneira, Hergé manteve o mesmo rigor na pesquisa de elementos da região onde acontece a aventura de Tintim: consultou inúmeras fontes sobre a existência do yéti, o abominável homem das neves.

Ao ser reeditada, a história passou por algumas modificações. Uma cena muito explosiva foi suprimida. Hergé havia recebido uma reclamação da companhia aérea Indian Airways, companhia do acidente aéreo. O nome foi trocado por Sari-Airways.

Fonte:
http://pt.wikipedia.org/

Programação do III Jogos Florais de Balneário Camboriú- SC-2008

(Sujeita a modificações)

Dia 7 de Novembro 2008- BRUSQUE

Encontro dos Trovadores no Hotel, às12, 00 horas.
Hospedagem para todos os Trovadores classificados e convidados.

TARDE DA TROVA EM BRUSQUE

Saída de Balneário Camboriú: 12,00 horas.

Chegada em Brusque: 13,00 horas

Encontro na FIP (centro comercial), às 13,30 com almoço e um refrigerante para cada um dos trovadores, patrocinado pelo FIP.

Compras até as 17,00 horas, em seguida visita ao VIII Simpósio Internacional de Esculturas (onde os artistas de vários países estarão fazendo as estatuas em mármore), visita ao Santuário de Azambuja e a gruta, uma parada na Praça das Bandeiras, onde fica a Prefeitura. Fórum e Câmara de Vereadores para tirar fotos, e depois seguimos para a ABB (local do café colonial) chegada prevista para este local 19,30 horas, onde o Café Colonial já estará pronto para ser servido, juntamente com o chope. Apresentação do coral do círculo trentino e o canto alemão, e muita música para dançar. (mini fenarreco). Rodada de Trovas.

(Almoço, Café Colonial e Chope, patrocinados por Brusque)

Retorno para Balneário Camboriú, às 23 horas.

Dia 8 de Novembro 2008 –

10 horas- Varal de Trovas no Calçadão.

11 horas-Passeio turístico pela cidade de Balneário Camboriú, no Bomdindinho, a partir do Calçadão com a Av. Atlântida.

12 horas- Almoço –(Por conta de cada um)

14 horas- Unipraias -Teleférico- Praia de Laranjeiras- 50% de desconto na passagem.

20 horas – Solenidade na Faculdade de Balneário Camboriú.

Distribuição dos Livretos.

22 horas-Coquetel

Dia 9 de Novembro 2008 –

11 horas – Missa em trovas.

12 horas – Almoço de despedida no Cristo Luz-

Concurso Relâmpago-Tema: Amizade.

O almoço de Despedida é Patrocínio de Miguel Russowsky

Fonte:
TROVAMAR - União Brasileira de Trovadores – Balneário Camboriú-SC
Ano 4– N. 42 – junho / 2008

Rápidas

Novo espaço cultural em São Paulo
A All Print Editora, em parceria com a empresa MiLê Eventos Culturais e Assessoria de Divulgação, informa que no final deste mês de maio estará inaugurando um Espaço Cultural localizado na sede da editora, Rua Ibituruna, 550, Metrô Saúde, São Paulo. Um sonho de muitos anos que vem se concretizando: ter um espaço acolhedor e aconchegante, onde os autores poderão apresentar suas obras, fruto de muito trabalho e dedicação, aos seus amigos, familiares, mídia e ao publico amante da leitura.

Feira promove a troca de livros e gibis em parques de São Paulo
[Folha Online] A Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo continua promovendo a Feira de Troca de Livros e Gibis 2008 em parques da capital paulista. As feiras ocorrem sempre aos domingos, das 10h às 16h. Os próximos parque que sediam a feira são o Anhangüera (11) e o Cidade de Toronto (18)
A cada domingo, o evento é realizado em um local diferente. Mais
http://guia.folha.com.br/passeios/ult10050u399175.shtml

Jornalista lança seu primeiro romance
A jornalista Vera Lúcia da Costa Sampaio lança "Enterrando Nossos Mortos", sua estréia no mercado editorial, publicado pela All Print Editora. Trata-se de um romance baseado em fatos reais, onde o personagem principal é um advogado criminalista oriundo de uma família que, por décadas, trazia sua religiosidade latente. Seus tataravós, bisavós, avós e pais foram evangélicos fervorosos, porém, sua mãe abandonou e se afastou do seio de seus irmãos evangélicos e o personagem seguiu por outros caminhos. Tirou uma assaltante de banco da prisão, apaixonou-se por ela e acabou viciado em drogas aos 40 anos de idade. Já a outra personagem da história não conseguia entender as coincidências que a envolveram com o rapaz e sua família e o motivo da volta dele e de sua família em sua vida depois de quase dois anos de rompimento em seu relacionamento afetivo. A noite de autógrafos ocorre no dia 29/2, sexta-feira, às 19h, na Livraria da Vila, Rua Fradique Coutinho, 915, Vila Madalena, São Paulo, SP.

São Paulo recebe a 20ª Bienal do Livro em agosto
[Globo Online] De 14 a 24 de agosto ocorrerá, no Pavilhão de Exposições do Parque Anhembi, a 20ª edição da Bienal do Livro. Uma das novidades deste ano - quando se celebram 200 anos da indústria gráfica no Brasil e da fundação da Biblioteca Nacional - é a Bienal Criança, para a qual foi reservada uma área de 11 mil metros quadrados dos 80 mil metros que terá a feira. Participarão cerca de 900 selos editoriais do mundo nesta Bienal do Livro, a segunda no gênero no mercado livreiro internacional e que teve 80% de seus estandes vendidos com um ano de antecedência. A previsão é de que 800 mil pessoas visitem o espaço.

Fonte:
http://www.allprinteditora.com.br/

Apresentação Teatral (Auto da Barca do Inferno - de Gil Vicente)


Auto da Barca do Inferno (Gil Vicente)

Direção: Eloísa Vitz
Assist. Direção: Daniela Rocha

Temporada de 26 de abril a 29 de junho de 2008

Sabados as 21hs e Domingos as 20hs

Teatro Gil Vicente - Av. Rudge, 315 - Campos Elíseos - São Paulo
(paralela ao Viaduto Rio Branco)

Informações pelo Telefone: 3618 - 9014

Ingressos:
Inteira: R$ 30,00 Meia: R$ 15,00

INGRESSOS GRÁTIS PARA ALUNOS E FUNCIONÁRIOS UNIBAN - SALETE

PROMOÇÃO PARA 31/05 e 01/06
50% de Desconto para um Acompanhante


Fonte:
E-mail enviado pela UNIBAN

Gil Vicente (1465 - 1536)

Gil Vicente é geralmente considerado o primeiro grande dramaturgo português, além de poeta de renome. Há quem o identifique com o ourives, autor da Custódia de Belém, mestre da balança, e com o mestre de Retórica do rei Dom Manuel. Enquanto homem de teatro, parece ter também desempenhado as tarefas de músico, actor e encenador. É frequentemente considerado, de uma forma geral, o pai do teatro português, ou mesmo do teatro ibérico já que também escreveu em castelhano - partilhando a paternidade da dramaturgia espanhola com Juan del Encina.

A obra vicentina é tida como reflexo da mudança dos tempos e da passagem da Idade Média para o Renascimento, fazendo-se o balanço de uma época onde as hierarquias e a ordem social eram regidas por regras inflexíveis, para uma nova sociedade onde se começa a subverter a ordem instituída, ao questioná-la. Foi, o principal representante da literatura renascentista portuguesa, anterior a Camões, incorporando elementos populares na sua escrita que influenciou, por sua vez, a cultura popular portuguesa.

Apesar de se considerar que a data mais provável para o seu nascimento tenha sido em 1466 — hipótese defendida, entre outros, por Queirós Veloso — há ainda quem proponha as datas de 1460 (Braamcamp Freire) ou entre 1470 e 1475 (Brito Rebelo). Se nos basearmos nas informações veiculadas na própria obra do autor, encontraremos contradições. O Velho da Horta, a Floresta de Enganos ou o Auto da Festa, indicam 1452, 1470 e antes de 1467, respectivamente. Desde 1965, quando decorreram festividades oficiais comemorativas do quincentenário do nascimento do dramaturgo, que se aceita 1465 de forma quase unânime.

Frei Pedro de Poiares localizava o seu nascimento em Barcelos, mas as hipóteses de assim ter sido são poucas. Pires de Lima propôs Guimarães para sua terra natal - hipótese essa que estaria de acordo com a identificação do dramaturgo com o ourives, já que a cidade de Guimarães foi durante muito tempo berço privilegiado de joalheiros. O povo de Guimarães orgulha-se desta hipótese, como se pode verificar, por exemplo, na designação dada a uma das escolas do Concelho (em Urgeses), que homenageia o autor.

Lisboa é também muitas vezes defendida como o local certo. Outros, porém, indicam as Beiras para local de nascimento - de facto, verificam-se várias referências a esta área geográfica de Portugal, seja na toponímia como pela forma de falar das personagens. José Alberto Lopes da Silva assinala que não há na obra vicentina referências a Barcelos nem a Guimarães, mas sim dezenas de elementos relacionados com as Beiras. Há obras inteiras, personagens, caracteres, linguagem. O conhecimento que o autor mostra desta região do país não era fácil de obter se tivesse nascido no norte e vivido a maior parte da sua vida em Évora e Lisboa.

Cada livro publicado sobre Gil Vicente é, quase sempre defensor de uma qualquer tese que identifique ou não o autor ao ourives. A favor desta hipótese existe o facto de o dramaturgo usar com propriedade termos técnicos de ourivesaria na sua obra.

Alguns intelectuais portugueses polemizaram sobre o assunto. Camilo Castelo Branco escreveu, em 1881, o documento "Gil Vicente, Embargos à fantasia do Sr. Teófilo Braga" - este último defendia uma só pessoa para o ourives e para o poeta, enquanto que Camilo defendia duas pessoas distintas. Teófilo Braga mudaria de opinião depois de um estudo de Sanches de Baena que mostrava a genealogia distinta de dois indivíduos de nome Gil Vicente, apesar de Brito Rebelo ter conseguido comprovar a inconsistência histórica destas duas genealogias, utilizando documentos da Torre do Tombo. Lopes da Silva, na obra citada[1], avança uma dezena de argumentos para provar que Gil Vicente era ourives quando escreveu a sua primeira obra, uma imitação do Auto del Repelón, de Juan del Encina a quem pede emprestada não só a história, mas também as personagens com o seu respectivo idioma, o saiaguês.

Dados biográficos

Apesar de se considerar que a data mais provável para o seu nascimento tenha sido em 1466, Sabe-se que casou com Branca Bezerra, de quem nasceram Gaspar Vicente(que morreu em 1519) e Belchior Vicente(nascido em 1505). Depois de enviuvar, casou com Melícia Rodrigues de quem teve Paula Vicente (1519-1576), Luís Vicente (que organizou a compilação das suas obras) e Valéria Borges. Presume-se que tenha estudado em Salamanca.

O seu primeiro trabalho conhecido, a peça em sayaguês Auto da Visitação, também conhecido como Monólogo do Vaqueiro, foi representada nos aposentos da rainha D. Maria, consorte de Dom Manuel, para celebrar o nascimento do príncipe (o futuro D. João III) - sendo esta representação considerada como o marco de partida da história do teatro português. Ocorreu isto na noite de 8 de Junho de 1502, com a presença, além do rei e da rainha, de Dona Leonor, viúva de D. João II e D. Beatriz, mãe do rei.

Tornou-se, então, responsável pela organização dos eventos palacianos. Dona Leonor pediu ao dramaturgo a repetição da peça pelas matinas de Natal, mas o autor, considerando que a ocasião pedia outro tratamento, escreveu o Auto Pastoril Castelhano. De facto, o Auto da Visitação tem elementos claramente inspirados na "adoração dos pastores", de acordo com os relatos do nascimento de Cristo. A encenação incluía um ofertório de prendas simples e rústicas, como queijos, ao futuro rei, ao qual se pressagiavam grandes feitos. Gil Vicente que, além de ter escrito a peça, também a encenou e representou, usou, contudo, o quadro religioso natalício numa perspectiva profana. Perante o interesse de Dona Leonor, que se tornou a sua grande protectora nos anos seguintes, Gil Vicente teve a noção de que o seu talento permitir-lhe-ia mais do que adaptar simplesmente a peça para ocasiões diversas, ainda que semelhantes.

Se foi realmente ourives, terminou a sua obra-prima nesta arte - a Custódia de Belém - feita para o Mosteiro dos Jerónimos, em 1506, produzida com o primeiro ouro vindo de Moçambique. Três anos depois, este mesmo ourives tornou-se vedor do património de ourivesaria no Convento de Cristo, em Tomar, Nossa Senhora de Belém e no Hospital de Todos-os-Santos, em Lisboa.

Consegue-se ainda apurar algumas datas em relação a esta personagem que tanto pode ser una como múltipla: em 1511 é nomeado vassalo de el-Rei e, um ano depois, sabe-se que era representante da bandeira dos ourives na "Casa dos Vinte e Quatro". Em 1513, o mestre da balança da Casa da Moeda, também de nome de Gil Vicente (se é o mesmo ou não, como já se disse, não se sabe), foi eleito pelos outros mestres para os representar junto à vereação de Lisboa.

Será ele que dirigirá os festejos em honra de Dona Leonor, a terceira mulher de Dom Manuel, no ano de 1520, um ano antes de passar a servir Dom João III, conseguindo o prestígio do qual se valeria para se permitir a satirizar o clero e a nobreza nas suas obras ou mesmo para se dirigir ao monarca criticando as suas opções. Foi o que fez em 1531, através de uma carta ao rei onde defende os cristãos-novos.

Morreu em lugar desconhecido, talvez em 1536 porque é a partir desta data que se deixa de encontrar qualquer referência ao seu nome nos documentos da época, além de ter deixado de escrever a partir desta data.

Contexto histórico

O Teatro português antes de Gil Vicente

O teatro português não nasceu com Gil Vicente. Esse mito, criado por vários autores de renome, como Garcia de Resende, na sua Miscelânia, ou o seu próprio filho, Luís Vicente, por ocasião da primeira edição da "Compilação" do obra completa do pai, poderá justificar-se pela importância inegável do autor no contexto literário pensinsular, mas não é de todo verdadeiro já que existiam manifestações teatrais antes da noite de 7 para 8 de Junho de 1502, data da primeira representação do "Auto do vaqueiro" ou "Auto da visitação", nos aposentos da rainha.

Já no reinado de Sancho I, os dois actores mais antigos portugueses, Bonamis e Acompaniado, realizaram um espectáculo de "arremedilho", tendo sido pagos pelo rei com uma doação de terras. O arcebispo de Braga, Dom Frei Telo, refere-se, num documento de 1281, a representações litúrgicas por ocasião das principais festividades católicas. Em 1451, o casamento da infanta Dona Leonor com o imperador Frederico III da Alemanha foi acompanhado também de representações teatrais.

Segundo as crónicas portuguesas de Fernão Lopes, Zurara, Rui de Pina ou Garcia de Resende, também nas cortes de D. João I, D. Afonso V e D.João II, se faziam encenações espectaculares. Rui de Pina refere-se, por exemplo, a um "momo", em que Dom João II participou pessoalmente, fazendo o papel de "Cavaleiro do Cisne", num cenário de ondas agitadas (formadas com panos), numa frota de naus que causou espanto entrando sala adentro acompanhado do som de trombetas, atabales, artilharia e música executada por menestréis, além de uma tripulação atarefada de actores vestidos de forma espectacular.

Contudo, pouco resta dos textos dramáticos pré-vicentinos. Além das éclogas dialogadas de Bernardim Ribeiro, Cristóvão Falcão e Sá de Miranda, André Dias publicou em 1435 um "Pranto de Santa Maria" considerado um esboço razoável de um drama litúrgico.

No Cancioneiro Geral de Garcia de Resende existem alguns textos também significativos, como o Entremez do Anjo (assim designado por Teófilo Braga), de D. Francisco de Portugal, Conde de Vimioso, ou as trovas de Anrique da Mota (ou Farsa do alfaiate, segundo Leite de Vasconcelos) dedicados a temas e peronagens chocarreiros como "um clérigo sobre uma pipa de vinho que se lhe foi pelo chão", entre outros episódios divertidos.

É provável que Gil Vicente tenha assistido algumas destas representações. Viria, contudo, sem qualquer dúvida, a superá-las em mestria e em profundidade, tal como diria Marcelino Menéndez Pelayo ao considerá-lo a "figura mais importante dos primitivos dramaturgos peninsulares", chegando mesmo a dizer que não havia "quem o excedesse na europa do seu tempo".

Obra

Características principais

A sua obra vem no seguimento do teatro ibérico popular e religioso que já se fazia, ainda que de forma menos profunda. Os temas pastoris, presentes na escrita de Juan del Encina vão influenciar fortemente a sua primeira fase de produção teatral e permanecerão esporadicamente na sua obra posterior, de maior diversidade temática e sofistificação de meios. De facto, a sua obra tem uma vasta diversidade de formas: o auto pastoril, a alegoria religiosa, narrativas bíblicas, farsas episódicas e autos narrativos.

O seu filho, Luís Vicente, na primeira compilação de todas as suas obras, classificou-as em autos e mistérios (de carácter sagrado e devocional) e em farsas, comédias e tragicomédias (de carácter profano). Contudo, qualquer classificação é redutora - de facto, basta pensar na Trilogia das Barcas para se verificar como elementos da farsa (as personagens que vão aparecendo, há pouco saídas deste mundo) se misturam com elementos alegóricos religiosos e místicos (o Bem e o Mal).

Gil Vicente retratou, com refinada comicidade, a sociedade portuguesa do século XVI, demonstrando uma capacidade acutilante de observação ao traçar o perfil psicológico das personagens. Crítico severo dos costumes, de acordo com a máxima que seria ditada por Molière ("Ridendo castigat mores" - rindo se castigam os costumes), Gil Vicente é também um dos mais importantes autores satíricos da língua portuguesa. Em 44 peças, usa grande quantidade de personagens extraídos do espectro social português da altura. É comum a presença de marinheiros, ciganos, camponeses, fadas e demônios e de referências – sempre com um lirismo nato – a dialetos e linguagens populares.

Entre suas obras estão Auto Pastoril Castelhano (1502) e Auto dos Reis Magos (1503), escritas para celebração natalina, e Auto da Sibila Cassandra (1503), anunciando os ideais renascentistas em Portugal. Sua obra-prima é a trilogia de sátiras Auto da Barca do Inferno (1516), Auto da Barca do Purgatório (1518) e Auto da Barca da Glória (1519). Em 1523 escreve a Farsa de Inês Pereira.

São geralmente apontados, como aspectos positivos das suas peças, a imaginação e originalidade evidenciadas; o sentido dramático e o conhecimento dos aspectos relacionados com a problemática do teatro.

Alguns autores consideram que a sua espontaneidade, ainda que reflectindo de forma eficaz os sentimentos colectivos e exprimindo a realidade criticável da sociedade a que pertencia, perde em reflexão e em requinte. De facto, a sua forma de exprimir é simples, chã e directa, sem grandes floreados poéticos.

Acima de tudo, o autor exprime-se de forma inspirada, dionisíaca, nem sempre obedecendo a princípios estéticos e artísticos de equilíbrio. É também versátil nas suas manifestações: se, por um lado, parece ser uma alma rebelde, temerária, impiedosa no que toca em demonstrar os vícios dos outros, quase da mesma forma que se esperaria de um inconsciente e tolo bobo da corte, por outro lado, mostra-se dócil, humano e ternurento na sua poesia de cariz religioso e quando se trata de defender aqueles a quem a sociedade maltrata.

O seu lirismo religioso, de raiz medieval e que demonstra influências das Cantigas de Santa Maria está bem presente, por exemplo, no Auto de Mofina Mendes, na cena da Anunciação, ou numa oração dita por Santo Agostinho no Auto da Alma. Por essa razão é, por vezes, designado por "poeta da Virgem".

O seu lirismo patriótico presente em "Exortação da Guerra", Auto da fama ou Cortes de Júpiter, não se limita a glorificar, em estilo épico e orgulhoso, a nacionalidade: de facto, é crítico e eticamente preocupado, principalmente no que diz respeito aos vícios nascidos da nova realidade económica, decorrente do comércio com o Oriente (Auto da Índia). O lirismo amoroso, por outro lado, consegue aliar algum erotismo e alguma brejeirice com influências mais eruditas (Petrarca, por exemplo).

Elementos filosóficos na obra vicentina

Os temas natalícios, muito presentes na obra de Gil Vicente desde a primeira encomenda de Dona Leonor, têm também um significado fortemente simbólico e sugestivo. Aqui, uma pintura do contemporâneo Vicente Gil (não confundir com o Dramaturgo!)

A obra de Gil Vicente transmite uma visão do mundo que se assemelha e se posiciona como uma perspectiva pessoal do Platonismo: existem dois mundos - o Mundo Primeiro, da serenidade e do amor divino, que leva à paz interior, ao sossego e a uma "resplandecente glória", como dá conta sua carta a D. João III; e o Mundo Segundo, aquele que retrata nas suas farsas: um mundo "todo ele falso", cheio de "canseiras", de desordem sem remédio, "sem firmeza certa". Estes dois mundos reflectem-se em temas diversos da sua obra: por um lado, o mundo dos defeitos humanos e das caricaturas, servidos sem grande preocupação de verosimilhança ou de rigor histórico.

Muitos autores criticam em Gil Vicente os anacronismos e as falhas na narrativa (aquilo a que chamaríamos hoje de "gaffes"), mas, para alguém que considerava o mundo retratado como pleno de falsidades, essas seriam apenas mais algumas, sem importância e sem dano para a mensagem que se pretendia transmitir. Por outro lado, o autor valoriza os elementos míticos e simbólicos religiosos do Natal: a figura da Virgem Mãe, do Deus Menino, da noite natalícia, demonstrando aí um zelo lírico e uma vontade de harmonia e de pureza artística que não existe nas suas mais conhecidas obras de crítica social.

Sem as características do maniqueísmo que tantas vezes se constatam nas peças teatrais de quem defende uma tal visão do Mundo, há, realmente, a presença de um forte contraste nos elementos cénicos usados por Gil Vicente: a luz contra a sombra, não numa luta feroz, mas em convivência quase amigável. A noite de natal torna-se também aqui a imagem perfeita que resume a concepção cósmica de Gil Vicente: as grandes trevas emolduram a glória divina da maternidade, do nascimento, do perdão, da serenidade e da boa vontade - mas sem a escuridão, que seria da claridade?

Legado

Note-se que a obra de Gil Vicente não se resume ao teatro, estendendo-se também à poesia. Podemos citar vários vilancetes e cantigas, ainda influenciadas pelo estilo palaciano e temas dos trovadores.

Vários compositores trabalharam poemas de Gil Vicente na forma de lied (principalmente algumas traduções para o alemão, feitas por Emanuel von Geibel), como Max Bruch ou Robert Schumann, o que demonstra o carácter universal da sua obra.

Os seus filhos, Paula e Luís Vicente, foram os responsáveis pela primeira edição das suas obras completas. Em 1586, sai à estampa uma segunda edição, com muitas passagens censuradas pela Inquisição. Só no século XIX se faria a redescoberta do autor, com a terceira edição de 1834, em Hamburgo, levada a cabo por Barreto Feio.

Obras
Monólogo do Vaqueiro ou Auto da Visitação (1502)
Auto Pastoril Castelhano (1502)
Auto dos Reis Magos (1503)
Auto de São Martinho (1504)
Quem Tem Farelos? (1505)
Auto da Alma (1508)
Auto da Índia (1509)
Auto da Fé (1510)
O Velho da Horta (1512)
Exortação da Guerra (1513)
Comédia do Viúvo (1514)
Auto da Fama (1516)
Auto da Barca do Inferno (1517)
Auto da Barca do Purgatório(1518)
Auto da Barca da Glória (1519)
Cortes de Júpiter (1521)
Comédia de Rubena (1521)
Farsa de Inês Pereira (1523)
Auto Pastoril Português (1523)
Frágua de Amor (1524)
Farsa do Juiz da Beira (1525)
Farsa do Templo de Apolo (1526)
Auto da Nau de Amores (1527)
Auto da História de Deus (1527)
Tragicomédia Pastoril da Serra da Estrela (1527)
Farsa dos Almocreves (1527)
Auto da Feira (1528)
Farsa do Clérigo da Beira (1529)
Auto do Triunfo do Inverno (1529)
Auto da Lusitânia, intercalado com o entremez Todo-o-Mundo e Ninguém (1532)
Auto de Amadis de Gaula (1533)
Romagem dos Agravados (1533)
Auto da Cananea (1534)
Auto de Mofina Mendes (1534)
Floresta de Enganos (1536)

Fonte:
http://pt.wikipedia.org

Gil Vicente (Auto da Barca do Inferno)

Definição de auto: designação genérica para peças cuja finalidade é tanto divertir quanto instruir; seus temas, podendo ser religiosos ou profanos, ‘sérios ou cômicos, devem, no entanto, guardar um profundo sentido moralizador.

O teatro vicentino não foi escrito em prosa, mas em versos. Por isso é poético. Adotava, predominantemente, o verso redondilho (maior ou menor), de origem popular e medieval. Possui muitas ressonâncias no Brasil, dentre os quais se destacam as peças didáticas de José de Anchieta (segunda metade do século XVI), Morte e Vida Severina (1956), de João Cabral de Melo Neto, e o Auto da Compadecida (1959), de Ariano Suassuna.

Pequeno resumo

Auto da Barca do Inferno é um auto onde o barqueiro do inferno e o do céu esperam à margem os condenados e os agraciados. Os que morrem chegam e são acusados pelo Diabo e pelo Anjo, ma apenas o Anjo absolve.

O primeiro a chegar é um Fidalgo, a seguida um agiota, um Parvo (bobo), um sapateiro, um frade, uma cafetina, um judeu, um juiz, um promotor, um enforcado e quatro cavaleiros. Um a um eles aproximam-se do Diabo, carregando o que na vida lhes pesou. Perguntam para onde vai a barca; ao saber que vai para o inferno ficam horrorizados e se dizem merecedores do Céu. Aproximam-se então do Anjo que os condena ao inferno por seus pecados.

O Fidalgo, o Onzeneiro (agiota), o Sapateiro, o Frade (e sua amante), a Alcoviteira Brísida Vaz (cafetina e bruxa), o judeu, o Corregedor (juiz), o Procurador (promotor) e o enforcado são todos condenados ao inferno por seus pecados, que achavam pouco ou compensados por visitas a Igreja e esmolas. Apenas o Parvo é absolvido pelo Anjo. Os cavaleiros sequer são acusados, pois deram a vida pela Igreja.

O texto do Auto é escrito em versos rimados, fundindo poesia e teatro, fazendo com que o texto, cheio de ironia, trocadilhos, metáforas e ritmo, flua naturalmente. Faz parte da trilogia dos Autos da Barca (do Inferno, do Purgatório, do Céu).

Movimento literário: Humanismo (Portugal)

Características:

Estilo: obra escrita em versos heptassílabos, em tom coloquial e com intenção marcadamente doutrinária, fundindo em algumas passagens o português, o latim e o espanhol. Cada personagem apresenta, através da fala, traços que denunciam sua condição social.

Estrutura: peça teatral em um único ato, subdividido em cenas marcadas pelos diálogos que o Anjo ou o Diabo travam com os personagens.

Cenário: um ancoradouro, no qual estão atracadas duas vbarcas. Todos os mortos, necessariamente, têm de passar por esta paragem, sendo julgados e condenados ou à barca da Glória ou à barca do Inferno.

Analisando personagens

Fidalgo: representa a nobreza, que chega com um pajem, uma roupagem exagerada e uma cadeira de espaldar, elementos característicos de seu status social. O diabo alega que o Fidalgo o acompanhará por ter tido uma vida de luxúria e de pecados. Ao Fidalgo, nada lhe valem as “compras” de indulgências, ou orações encomendadas. A crítica à nobreza é centrada nos dois principais defeitos humanos: o orgulho e a prática da tirania.

Onzeneiro: o segundo personagem a ser inquirido é o Onzeneiro, usuário que ao chegar à barca do Diabo descobre que seu rico dinheiro ficara em terra. Utilizando o pretexto de ir buscar o dinheiro, tenta convencer o Diabo a deixá-lo retornar, mas acaba cedendo às exigências do julgamento.

Parvo: um dos poucos a não ser condenado ao Inferno. O Parvo chega desprovido de tudo, é simples, sem malícia e consegue driblar o Diabo, e até injuriá-lo. Ao passar pela barca do Anjo, diz ser ninguém. Por sua humildade e por seus verdadeiros valores, é conduzido ao Paraíso.

Sapateiro: representante dos mestres de ofício, que chega à embarcação do Diabo carregando seu instrumento de trabalho, o aventar e as formas. Engana na vida e procura enganar o Diabo, que espertamente não se deixa levar por seus artifícios.

Frade: como todos os representantes do clero, focalizados por Gil Vicente, o Frade é alegre, cantante, bom dançarino e mau-caráter. Acompanhado de sua amante, o Frade acredita que por ter rezado e estar a serviço da fé, deveria ser perdoado de seus pecados mundanos, mas contra suas expectativas, é condenado ao fogo do inferno. Deve-se desar que Gil Vicente desfecha ardorosa crítica ao clero, acreditando-o incapaz de pregar as três coisas mais simples: a paz, a verdade e a fé.

Brísida Vaz: misto de alcoviteira e feiticeira. Por sua devassidão e falta de escrúpulos, é condenada. Personagem interessante que faz o público leitor conhecer a qualidade moral de outros personagens que com ela se relacionaram.

Judeu: entra acompanhado de seu bode. Deplorado por todos, até mesmo pelo Diabo que quase se recusa a levá-lo, é igualmente condenado, inclusive por não seguir os preceitos religiosos da fé cristã. Bom lembrar que, durante o reinado de D. Manuel, houve uma perseguição aos judeus visando à sua expulsão do território português; alguns se foram, carregando grandes fortunas; outros, converteram-se ao cristianismo, sendo tachados cristãos novos.

Corregedor e o Procurador: ambos representantes do judiciário. Juiz e advogado deviam ser exemplos de bom comportamento e acabam sendo condenados justamente por serem tão imorais quanto os mais imorais dos mortais, manipulando a justiça de acordo com as propinas recebidas.

Enforcado: chega ao batel, acredita ter o perdão garantido: seu julgamento terreno e posterior condenação à morte o teriam redimido de seus pecados, mas é condenado também a ir para o Inferno.

Cavaleiros: finalmente chegam à barca quatro cavaleiros cruzados, que lutam pelo triunfo da fé cristã e morrem em poder dos mouros. Obviamente, com uma ficha impecável, serão todos julgados e perdoados.

Cada um dos personagens focalizados adentram a morte com seus instrumentos terrenos, são venais, inconscientes e por causa de seus pecados não atingem a Glória, a salvação eterna.

Destaque deve ser feito à figura do Diabo, personagem vigorosa que conhece a arte de persuadir, é ágil no ataque, zomba, retruca, argumenta e penetra nas consciências humanas. Ao Diabo cabe denunciar os vícios e as fraquezas, sendo o personagem mais importante na crítica que Gil Vicente tece de sua época.

As personagens desta obra são divididas em dois grupos: as personagens alegóricas e as personagens – tipo. No primeiro grupo inserem-se o Anjo e o Diabo, representando respectivamente o Bem e o Mal, o Céu e o Inferno. Ao longo de toda a obra estas personagens são como que os «juízes» do julgamento das almas, tendo em conta os seus pecados e vida terrena. No segundo grupo inserem-se todas as restantes personagens do Auto, nomeadamente o Fidalgo, o Onzeneiro, o Sapateiro, o Parvo (Joane), o Frade, a Alcoviteira, o Judeu, o Corregedor e o Procurador, o Enforcado e os Quatro Cavaleiros. Todos mantêm as suas características terrestres, o que as individualiza visual e linguisticamente, sendo quase sempre estas características sinal de corrupção.

Fazendo uma análise das personagens, cada uma representa uma classe social, ou uma determinada profissão ou mesmo um credo. À medida que estas personagens vão surgindo vemos que todas trazem elementos simbólicos, que representam a sua vida terrena e demonstram que não têm qualquer arrependimento dos seus pecados. Os elementos cénicos de cada personagem são:

Fidalgo: manto e pajem que transporta uma cadeira. Estes elementos simbolizam a opressão dos mais fracos, a tirania e a presunção.
Onzeneiro: bolsão. Este elemento simboliza o apego ao dinheiro, a ambição e a ganância.
Sapateiro: avental e moldes. Estes elementos simbolizam a exploração interesseira, da classe burguesa comercial.
Parvo: representa simbolicamente, os menos afortunados de inteligencia.
Clero, e a dissolução dos seus costumes.
Alcoviteira: moças e os cofres. Estes elementos representam a exploração interesseira dos outros, para seu próprio lucro.
Judeu: bode. Este elemento simboliza a rejeição a fé cristã.
Corregedor e Procurador: processos, vara da Justiça e livros. Estes elementos simbolizam a magistratura.
Enforcado: Acredita ter o perdão garantido. Seu julgamento terreno e posterior condenação à morte o teriam redimido de seus pecados, mas é condenado igual aos outros. Ele carrega a mesma corda com que fora enforcado.
Quatro Cavaleiros: cruz de Cristo simboliza a fé dos cavaleiros pela religião católica.
(todos os elementos cénicos representam os pecados das personagens)

Humor

Surgem ao longo do auto três tipos de cómico: o de carácter, o de situação e o de linguagem. O cômico de carácter é aquele que é demonstrado pela personalidade da personagem, de que é exemplo o Parvo, que devido à sua pobreza de espírito não mede as suas palavras, não podendo ser responsabilizado pelos seus erros. O cómico de situação é o criado à volta de certa situação, de que é bom exemplo a cena do Fidalgo, em que este é gozado pelo Diabo, e o seu orgulho é pisado. Por fim, o cómico de linguagem é aquele que é proferido por certa personagem, de que são bons exemplos as falas do Diabo.

O Auto da Barca do Inferno e o Inferno anónimo (c. 1515) do Museu Nacional de Arte Antiga

Existe no Museu Nacional de Arte Antiga uma pintura anónima do Inferno que é quase contemporânea do Auto da Barca do Inferno. Poderá precedê-lo em dois anos. É uma pintura de qualidade e contém, como a obra de Gil Vicente, intenção de crítica social. Mas enquanto na Barca assistimos ao julgamento, donde se pode sair condenado ou salvo, a pintura mostra um recanto infernal com danados distribuídos por grupos, recordando talvez o que se passa na Divina Comédia; no auto, as personagens são individuais.

Esta pintura, que Gil Vicente pode bem ter conhecido, remete para o mesmo momento cultural e religioso, até para um semelhante empenho pré-reformista de intervir na sociedade.

O Auto da Barca do Inferno e os Diálogo dos Mortos, de Luciano

Como Miguel Ângelo há de fazer cerca de 20 anos mais tarde no Juízo Final da Capela Sistina (ver ao fundo do fresco a barca de Caronte), também Gil Vicente construiu a sua alegoria com vários elementos vindos da mitologia, mais em concreto, dos Diálogos dos Mortos, de Luciano de Samósata.

A intertextualidade entre esta obra e a moralidade de Gil Vicente é clara, de modo particular se considerarmos o Diálogo X. Veja-se como Hermes, sempre satírico como o Diabo vicentino, se dirige ao Filósofo:
Põe de parte a postura, em primeiro lugar, e depois tudo o mais! (…)
Deita fora também a mentira, a presunção e o acreditar que és melhor que os outros, porque se embarcares com tudo isso, qual o navio de cinquenta remadores, capaz de te receber?

A recusa de tudo o que podia significar distinção social na vida terrena aparece também no auto, quando lá se fala das «cárregas» inúteis para garantir êxito no julgamento.

A afastar as duas obras, está tudo o que depende da teologia cristã, a começar pela presença do Anjo, com a possibilidade de dois destinos, o da condenação e o da glória, o final esperançoso (claramente visível quando se tem em conta o modo como o autor aproveita a maré ao longo da obra - que está vasa no final, impedindo a ida para o Inferno), e ainda o novo contexto histórico.

Fontes:
http://www.portrasdasletras.com.br/
http://amadeo.blog.com/ (imagem)
http://pt.wikipedia.org/