domingo, 2 de fevereiro de 2025

Erigutemberg Meneses (Cascata de versos) 09

 
   

Newton Sampaio (Capítulo das vozes noturnas)

Largado no banco do jardim, meio escondido na sombra da palmeirinha, Boito percebe o ruído que vem de pertinho.

A luz que sai da sala caminha no terraço, insinua-se pelo gradil, vai projetar-se, mansa, no canteiro bem desenhado. E morre de supetão. Morre onde começa o rastilho do luar. Do luar que está cobrindo a cidade. Raras vozes na sala. O mudinho limpando as mesas. Um som de talheres crescendo na velha cozinha.

Sai o tenente, mais a mulher. O tenente gasta uma pose. Pose de marechal.
 
Boito se assusta.

— Será ela?

Curva-se um pouco.

— É mesmo.

Dulce nem olha pros lados.

— Psiu!

— Ah! Você? Não tinha visto...

— Eu sou o homem invisível.

(E a inflexão de Boito é forçada, cheia de intenções).

— Lembra-se da fita? A cabeça enrolada, o nariz escondido assim... as orelhas, o queixo, tudo igual.

— Deixe de histórias, viu?

— Não são histórias, filha. São fatos.

— Que nada! Tirando os panos, vai ficar como era antes.

— O que era antes? Pobre de mim...

(Ela corta o assunto).

— Bem. Chega de tristezas.

(Muda o tom de voz).

— Como vão as meninas?

— Parece que estão vivas.

— Então vamos entrar? Aqui você se resfria.

— Não tem importância.

(Há uma pausa difícil).

— Por que não veio a Dorita?

— Por nada. A coitadinha está muito aborrecida. Ficou chorando no quarto. Ela quer ir à festa na casa do Crespo.

— E não vai?

— Falta de companhia.

— E você?

— Eu?

— Sim. Por minha causa não se prenda. Nem somos noivos ainda. Faça o que quiser. Divirta-se.

— Não fica bem.

— Fica bem, sim senhora. Pra desgraças chegam as minhas.

— Que exagero, Boito!

— É isso mesmo. Vá. Divirta-se. O que é que tem?

— Prefiro não ir.

— Bobagem. Por minha causa não se prenda. Afinal de contas, que culpa tem a Dorita de minhas loucuras? Nenhuma. Vão à festa do Crespo. E divirtam-se. Até o fim.

Dulce não sabe o que dizer. Para falar a verdade, é bem grande o desejo de ir.

— E... Se eu for, você não zanga?

— Claro que não.

— Prometo me comportar.

— Não precisa prometer.

— E sair bem cedo. Só pra contentar a Dorita, que gosta tanto dessas coisas, você sabe.

Desaparece a moça na esquina e Boito sobe ao quarto. Fica ali na janela um tempão.

Quando vê, o relógio da Prefeitura está batendo onze vezes. 

Deserta a rua. Chegam de longe, vez ou outra, sons perdidos, indistintos. São bailes principiando. Grandes farras que começam. E a noite fria, fria, insinuando aconchegos misteriosos.

Damião passeia no quarto do lado. Tosse duas vezes a tossezinha desconsolada de todas as horas.

A mocinha triste de seu Valério está sozinha na sala. E não para de olhar a lua. Busca o violino. E se põe a tocar uma velha melodia. Velha, mansa, triste. Um noturno. O mesmo que a Carmita toca de vez em quando. Mas a mana Carmita não atinge nunca a surdina da mocinha de defronte. Porque a mocinha de defronte é que sabe escutar as fundas vozes ansiadas.

Lá embaixo, na calçada, passa um garoto de casaco esfarrapado. Segura a cestinha. E grita pra rua deserta:

— Mendoim torradinho... Quentinho, quentiiiinho...

O violino não descansa. A música fica mais angustiada. É um soluço feito harmonia.

Já vai distante o garoto do casaco esfarrapado. Oferece outra vez a sua mercadoria. E, no esforço medonho de encontrar freguês, o pregão morre, na noite quieta, longe, longe.

— Mendoim torradinho... Quentinho, quentiiiinho…
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NEWTON SAMPAIO, natural de Tomazina/PR, 1913 e falecido na Lapa, em 1938,  foi um médico, ensaísta, escritor e jornalista brasileiro. Newton é considerado um dos mais importantes contistas paranaenses sendo o precursor do conto urbano moderno. Em 1925, saindo da pequena Tomazina foi estudar no Ginásio Paranaense, em Curitiba, e precocemente, passou a lecionar nesta instituição, além de colaborar para alguns jornais da capital paranaense, principalmente o "O Dia". Ao ser admitido na Faculdade Fluminense de Medicina, transferiu-se para a cidade de Niterói. Após formado em Medicina, permanece na capital do país, porém, com a saúde bastante abalada, retornou a Curitiba e em seguida internou-se em um sanatório na cidade da Lapa onde faleceu no dia 12 de julho de 1938. Duas semanas após o seu falecimento, recebeu o Prêmio Contos e Fantasias concedido pela Academia Brasileira de Letras, pelo livro Irmandade. Newton Sampaio pertenceu ao Círculo de Estudos Bandeirantes de Curitiba e como homenagem ao jovem modernista, um dos principais prêmios de contos do Brasil leva o seu nome: Concurso Nacional de Contos Newton Sampaio. Algumas obras:  Romance “Trapo”: trechos publicados em jornais e revistas; Novela “Remorso”, 1935; “Cria de alugado”, 1935; Contos: “Irmandade”, 1938, “Contos do Sertão Paranaense”, 1939; “Reportagem de Ideias”: contos incompletos, etc.

Fontes:
Newton Sampaio. Ficções. Secretaria de Estado da Cultura: Biblioteca Pública do Paraná, 2014. Conto publicado originalmente em O Dia. Curitiba, 21/10/1936. Disponível em Domínio Público.
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Vereda da Poesia = 211

 
Trova de
ALZIRINHA MAGALHÃES
Bandeirantes/PR

Nas asas do velho tempo
voou a minha ilusão...
Mas deixou-me um passatempo:
saudade em meu coração!
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Poema de
ANÍBAL BEÇA
Manaus/ AM, 1946 – 2009

JOROPO PARA TIMPLES E HARPA

Em duas asas prontas para o voo
assim se foi em par a minha vida
e com rilhar de dentes me perdoo
trilhando as horas nuas na medida

Bilros tecendo rendas amarelas
bordando em vão um tempo já remoto
no sol dos girassóis da cidadela
canto um recanto que me faz devoto

A dor que existe em mim raiz que medra
no rastro mais sombrio as minhas luas
talvez não fora Sísifo ou a pedra

que encontro todo dia pelas ruas
ao revirar as heras nessa redra
trilhando na medida as horas nuas
= = = = = = = = =  

Trova de
MARIA LUIZA WALENDOWSKY
Brusque/ SC

A imensidão desse amor,
que me transcende o presente,
faz suportar minha dor,
quando seu corpo está ausente.
= = = = = = 

Poema de
DANIEL MAURÍCIO
Curitiba/ PR

A aranha
firmou a rede
Pra caçar
Raios de sol.
Mas nela
Quem ficou presa
Foi a chuva
De cristal.
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Trova de
PEDRO ÂNGELO T. PINTO
Juiz de Fora/MG

Cantou de galo o chinês,
num trambique na cozinha:
- de um simples frango ele fez
cem coxinhas de galinha!...
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Poema de
DOMINGOS FREIRE CARDOSO
Ilhavo/ Portugal

UM RIO QUE BUSCANDO UM MAR ME DÓI
(Augusto Nunes in "Os Espelhos da Água", p. 87)

Um rio que buscando um mar me dói
Brota destes meus olhos tão magoados
Por tantos sonhos mortos e enterrados
No meu peito que a dor esmaga e mói.

O futuro almejado se destrói
Pelo nefasto e negro fel dos fados
Que os seus voos lhe traz tão amarrados
À humana pequenez que sempre os rói.

Fosse outra a sorte e a obra outra seria
Do tamanho e da cor de uma utopia
Talhada num perfume de mulher.

Fruto de tantos súbitos acasos
Se os meus olhos eu trago de água rasos
É porque o meu destino assim o quer.
= = = = = = = = = 

Trova de
DOROTHY JANSSON MORETTI 
Três Barras/SC, 1926 – 2017, Sorocaba/SP

Do que agitou nossas almas,
restam sonhos calcinados,
cingindo as crateras calmas
de dois vulcões apagados!
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Soneto de
OLAVO BILAC
Rio de Janeiro/RJ, 1865 – 1918

TERCETOS  I

Noite ainda, quando ela me pedia
Entre dois beijos que me fosse embora,
Eu, com os olhos em lágrimas, dizia:

“Espera ao menos que desponte a aurora!
Tua alcova é cheirosa como um ninho...
E olha que escuridão há lá por fora!

Como queres que eu vá, triste e sozinho,
Casando a treva e o frio de meu peito
Ao frio e à treva que há pelo caminho?!

Ouves? é o vento! é um temporal desfeito!
Não arrojes à chuva e à tempestade!
Não me exiles do vale do teu leito!

Morrerei de aflição e de saudade...
Espera! até que o dia resplandeça,
Aquece-me com a tua mocidade!

Sobre o teu colo deixa-me a cabeça
Repousar, como há pouco repousava...
Espera um pouco! deixa que amanheça!”

- E ela abria-me os braços. E eu ficava.
= = = = = = 

Trova de 
IZO GOLDMAN
Porto Alegre/RS, 1932 – 2013, São Paulo/SP

A saudade me consome
e as angústias são pesadas,
quando eu murmuro teu nome
e o vento... dá gargalhadas...
= = = = = = 

Soneto de
AUTA DE SOUZA
Macaíba/RN, 1876 – 1901, Natal/RN

NUM LEQUE

Na gaze loura deste leque adeja
Não sei que aroma místico e encantado...
Doce morena! Abençoado seja
O doce aroma de teu leque amado

Quando o entreabres, a sorrir, na Igreja,
O templo inteiro fica embalsamado...
Até minh'alma carinhosa o beija,
Como a toalha de um altar sagrado.

E enquanto o aroma inebriante voa,
Unido aos hinos que, no coro, entoa
A voz de um órgão soluçando dores,

Só me parece que o choroso canto
Sobe da gaze de teu leque santo,
Cheio de luz e de perfume e flores!
= = = = = = = = =  

Trova de
RENATO ALVES
Rio de Janeiro/RJ

Da água, a grave escassez
não se mede pela escala,
e sim pela insensatez
de não sabermos usá-la!
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Haicai de
JOÃO BATISTA SERRA
Caucaia/CE

Azulão contempla 
O firmamento azulado: 
Deseja ser livre. 
= = = = = = 

Poema de
JAQUELINE MACHADO
Cachoeira do Sul/ RS

JUSTIÇA

Ontem eu não era nada.           
E eles zombavam de mim...             
E eu, boba,        
Chorei, infeliz.             
Agora sou bastante...       
E estão me parabenizando.       
Alguns “parabéns” são de coração,
outros, cheios de disfarces.           
A justiça ê uma Deusa implacável.         
Não permite colheitas aleatórias...
Nem deixa faltar chuva no solo
de quem planta amor...
= = = = = = 

Trova de
APARÍCIO FERNANDES
Acari/RN, 1934 – 1996, Rio de Janeiro/RJ

Deserto o mundo seria,
sem vida, luz e calor,
se nos faltasse algum dia
a grande força do amor!
= = = = = = 

Hino de 
CAROLINA/ MA

Conterrâneos num canto vibrante
Exaltemos a nossa cidade,
Que com justas razões se destaca,
Na cultura e na sociedade.

Até poucos decênios atrás
Quase nada do avanço mostrava
Totalmente isolada do mundo
Com entraves bem fortes lutava.

Saudemos seu fundador
A figura insinuante
De Elias Ferreira Barros
Um perfeito bandeirante

Mas depois, com os tempos mudados
E mais livre de tanto embaraço,
A buscar novas fontes do luz,
Desferiu belo voo pelo espaço

Numa marcha feliz vai seguindo
Já um lindo porvir vislumbrando
De gozar a sua luz benfeitora,
Muito perto, talvez estejamos.

Saudemos seu fundador
A figura insinuante
De Elias Ferreira Barros
Um perfeito bandeirante

Exaltemos com a doce esperança
Confiemos na Graça Divina
E o Progresso com seus benefícios,
Há de em breve atingir Carolina

Nosso anseio resume-se em vê-la
Elevada a certa grandeza
De maneira que possa dar lustre
Às insígnias reais de princesa

Saudemos seu fundador
A figura insinuante
De Elias Ferreira Barros
Um perfeito bandeirante

Salve, pois, o feliz sertanista,
Cujos passos ficaram imortais
Salve os outros que tem trabalho
Pelos seus interesses vitais.

Praza os céus que as vindouras centúrias
Tenha a dita de vir encontrá-la
Em um trono ideal de Princesa.
Ostentando os seus trajes de Gala.

Saudemos seu fundador
A figura insinuante
De Elias Ferreira Barros
Um perfeito bandeirante 
= = = = = = = = =  

Soneto de
BENEDITA AZEVEDO
Magé/ RJ

NOVO DESPERTAR

Um novo despertar, para quem busca a Paz
ou só continuar, um sonho muito antigo,
que nos dá  alegria em tudo que se faz
cultivando-se o amor num mundo mais amigo.

Com menos aspereza a vida é mais bonita,
Em uma nova aurora, o amor renascerá
E aquele que foi triste agora  vem, se agita
E um novo despertar por certo encontrará.

Numa vida tranquila em tudo fluirá
Cumprindo a nossa parte é certo que teremos
Com leveza e alegria  aquilo que queremos.

A Paz que vou buscar é  certo que virá
Por falta de equilíbrio ou de organização
não a deixarei ir, tenho-a firme na mão.
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Trova de
ALOÍSIO ALVES DA COSTA
Umari/CE (1935 – 2010) Fortaleza/CE

Num armário sem conforto,
do qual não guardo saudade,
guardado, me fiz de morto,
pra não morrer de verdade...
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Uma Lengalenga de Portugal
ARCO DA VELHA *
  
 Arco da velha,
 Tira-te daí,
 Menina donzela
 Não é para ti,
 Nem para o Pedro
 Nem para o Paulo,
 É para a velha
 Do rabo cortado
  
* Arco-da-velha é uma expressão usada quando se quer referir algo espantoso, inacreditável, inverossímil. Trata-se de uma forma reduzida de arco da lei velha, em referência ao arco-íris, que, segundo o mito bíblico, Deus teria criado em sinal da eterna aliança entre ele e os homens.
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Trova Popular de
AUTOR ANÔNIMO

Você diz que me quer bem,
eu também quero a você;
onde há fogo há fumaça,
quem quer bem logo se vê.
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Poema de
VANICE ZIMERMAN
Curitiba/PR

LAMBREQUINS

O tempo passeia sem pressa
Impresso nos antigos  lambrequins,
Enquanto uma saudade azul
Toca os sinos-de-vento,
Uma borboleta pousa em minha mão…
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Trova de
ANTONIO JURACI SIQUEIRA
Belém/PA

O homem sofre ante os impulsos
das religiões e das ciências
pois pior que algemar pulsos,
é agrilhoar consciências!...
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Estante de Livros ("Fim da Eternidade", de Isaac Asimov)

"Fim da Eternidade" é um romance de ficção científica escrito por Isaac Asimov, publicado originalmente em 1955. A história se passa em um futuro distante, onde a humanidade vive em uma sociedade altamente tecnificada e controlada por uma organização chamada Eternidade. Esta organização é composta por "Eternos", que têm a capacidade de viajar no tempo e modificar eventos históricos para evitar desastres e garantir a sobrevivência da humanidade.

O protagonista, Andrew Harlan, é um técnico de Eternidade que trabalha na manipulação do tempo. Durante uma de suas missões, ele se apaixona por Noÿs Lambent, uma mulher que pertence ao "tempo real". Ao longo da trama, Harlan descobre que as intervenções da Eternidade, embora bem-intencionadas, têm consequências inesperadas e, muitas vezes, desastrosas para o desenvolvimento da humanidade.

Quando Harlan se vê diante da possibilidade de perder Noÿs devido às regras rígidas da Eternidade, ele começa a questionar a moralidade de suas ações e a própria natureza desta organização. A história culmina em uma série de revelações sobre o verdadeiro propósito da Eternidade e a necessidade da mudança, levando Harlan a tomar decisões que podem alterar o curso da história humana para sempre.

TEMAS

1. Tempo e Mudança
Um dos temas centrais de "Fim da Eternidade" é a relação entre tempo e mudança. Asimov explora a ideia de que o tempo é uma construção complexa e que as ações de um indivíduo podem ter repercussões significativas em eventos futuros. A Eternidade, ao tentar controlar o tempo, acaba limitando o potencial humano para a inovação e o crescimento. Harlan, ao se apaixonar por Noÿs, representa a luta entre a necessidade de controle e a inevitabilidade da mudança.

2. Moralidade e Ética
Asimov também levanta questões morais e éticas sobre o controle do tempo. Os Eternos agem com a intenção de proteger a humanidade, mas suas intervenções frequentemente resultam em consequências não intencionais. A história incentiva os leitores a refletirem sobre a moralidade de alterar eventos históricos e as implicações de se considerar a vida humana como um mero experimento. Harlan, ao questionar as regras da Eternidade, representa a busca por uma ética mais flexível e humana.

3. Desenvolvimento de Personagens
Andrew Harlan é um personagem complexo que evolui ao longo da narrativa. Sua transformação de um técnico obediente para um homem que desafia as regras da Eternidade é central para a história. O relacionamento dele com Noÿs é fundamental, pois representa a luta entre a razão e a emoção. Noÿs, por sua vez, é uma figura que encarna a liberdade e a espontaneidade, desafiando as limitações impostas pela Eternidade.

4. A Natureza da Realidade
Asimov também aborda a natureza da realidade e como ela pode ser moldada pelas ações humanas. A Eternidade, ao intervir no tempo, altera a percepção do que é "real" e "natural". Essa manipulação levanta questões sobre o que significa viver uma vida autêntica. O dilema de Harlan em escolher entre a Eternidade e sua relação com Noÿs reflete a luta pela autenticidade em um mundo onde tudo pode ser controlado.

ESTRUTURA NARRATIVA E ESTILO
O estilo de Asimov em "O Fim da Eternidade" é marcado por diálogos inteligentes e uma narrativa fluida. Ele utiliza uma prosa clara e concisa, típica de sua obra, que facilita a compreensão de conceitos complexos. A construção do mundo é habilidosa, com explicações sobre a Eternidade e suas operações apresentadas de forma acessível ao leitor.

IMPACTO NA FICÇÃO CIENTÍFICA
"Fim da Eternidade" é considerado uma obra significativa dentro da ficção científica, influenciando autores e obras posteriores. A exploração do tempo como um tema central e a introdução de conceitos éticos em narrativas de ficção científica ajudaram a expandir os limites do gênero. A obra continua relevante, especialmente em uma era em que questões sobre tecnologia e controle social estão cada vez mais em debate.

CONCLUSÃO
"Fim da Eternidade" é uma obra-prima de Isaac Asimov que combina elementos de ficção científica com profundas questões filosóficas e morais. Através da história de Andrew Harlan, Asimov explora a complexidade do tempo, a moralidade das intervenções humanas e a busca pela autenticidade. A narrativa provoca reflexões sobre o papel da mudança na vida humana e sobre as consequências de tentar controlar o incontrolável. A obra permanece pertinente e instigante, consolidando Asimov como um dos grandes mestres da ficção científica.
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ISAAC ASIMOV (Isaak Yudovich Ozimov) (1920-1992) foi um escritor norte americano, considerado um dos mais importantes escritores de ficção científica do século XX. Nasceu em Petrovisk, Rússia, em 1920. Com três anos de idade, mudou-se com a família para os Estados Unidos onde foi criado em Nova York. Em 1928, naturalizou-se cidadão americano. Seu interesse pela ficção científica começou ainda menino. Com 14 anos, publicou sua primeira história em um jornal do colégio. Em 1935, Isaac Asimov iniciou o curso de Química na Universidade de Colúmbia. Em 1939, concluiu a graduação. Ainda em 1939, Isaac Asimov vendeu seu primeiro conto, “Marooned off Vesta”. Durante a Segunda Guerra Mundial, serviu como químico, na Estação Experimental Naval Air, na Filadélfia. Em 1945 publicou o primeiro conto da saga “Fundação”. Em 1948, Isaac Asimov conclui o doutorado em Bioquímica, pela Universidade de Columbia. No ano seguinte tornou-se professor de Bioquímica na Faculdade de Medicina da Universidade de Boston. Em 1958, Asimov deixou o cargo na universidade, para se dedicar inteiramente à sua atividade de escritor. O Robô foi o assunto favorito do escritor. Suas obras mais famosas e populares estão nas séries: Robôs, Império e Fundação. Dentro da série Robô, Asimov publicou: “Eu Robô” (1950), “As Cavernas de Aço” (1954), “O Sol Desvelado” (1957) e “Os Robôs do Amanhecer” (1983). Em 1950, publicou o primeiro livro da série Robô, intitulado “Eu, Robô”, que se tornou um clássico da ficção científica, onde em uma série de nove histórias, o autor narra o desenvolvimento dos robôs, desde o seu começo no estado natural, em meados do século XX, até o estado de extrema perfeição, em que robôs governam o mundo dos homens, no seu próprio interesse. Nessa obra, o autor introduziu as três leis fundamentais da robótica: 1 – um robô não pode causar dano a um ser humano, nem por omissão permitir que um ser humano sofra. 2 – um robô deve obedecer às ordens dadas por seres humanos, exceto quando essas ordens entrarem em conflito com a primeira lei. 3 – um robô deve proteger sua própria existência, desde que essa proteção não se choque com a primeira nem com a segunda lei da robótica. A série “Fundação” de Isaac Asimov teve início com a trilogia: “Fundação” (1951), “Fundação e Império” (1952) e “Segunda Fundação” (1953). A obra foi eleita, em 1966, como a melhor série de ficção científica e fantasia de todos os tempos. A trilogia conta a história da humanidade, em um ponto distante no futuro, no qual o visionário cientista Hari Seldon prevê a destruição total do império humano e de todo o conhecimento acumulado por milênios. Incapaz de impedir a tragédia, ele arquiteta um plano ousado, no qual é possível reconstruir a glória dos homens. Depois de quase 30 anos, Isaac Asimov escreveu uma extensão da “Trilogia Fundação” procurando inserir cada livro na linha cronológica do “Universo”, são eles: “Limites da Fundação” (1982), “Fundação e Terra” (1986), “Prelúdio Para Fundação” (1988) e “Origens da Fundação” (1993). Asimov publicou quase 460 livros, entre romances, contos e publicações de divulgação científica. Seu nome tornou-se familiar tanto para leitores de ficção científica como para cientistas. Sua linguagem simples abriu as portas das descobertas científicas para um público leigo. Faleceu em Nova York, Estados Unidos, em 1992, vítima da AIDS, contraída através de uma transfusão de sangue. 

Fontes:
José Feldman. Estante de livros. Maringá/PR: Copilot/ Plat. Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
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