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segunda-feira, 18 de março de 2024

Nelly Novaes Coelho (Literatura de Cordel)

A literatura de cordel - poesia popular impressa em folhetos e vendida em feiras ou praças -, tal como é cultivada no Brasil até hoje (vésperas do Terceiro Milénio), teve origem em Portugal, onde por volta do séc. XVII se popularizaram as folhas volantes (ou folhas soltas) que eram vendidas por cegos nas feiras, ruas, praças ou em romarias, presas a um cordel ou barbante, para facilitar suas exposição aos interessados. Nessas folhas volantes, de impressão rudimentar, registavam-se fatos históricos, poesia, cenas de teatro (como o de Gil Vicente), anedotas ou novelas tradicionais, como A Imperatriz Porcina, Princesa Magalona ou Carlos Magno, textos que eram memorizados e cantados pelos cegos que os vendiam. Essas folhas volantes lusitanas, por sua vez, tiveram origem no grande caudal da Literatura Oral, tal como se arraigou na Península Ibérica, onde se formou o velho Romanceiro peninsular.

Desta fonte primeva, saíram inicialmente os pliegos (folhas) volantes que circularam na Espanha desde fins do séc. XVI e, destes, as folhas volantes portuguesas. Ambas as formas tiveram, como antecessora, a "littérature de colportage", pequenos libretos surgidos na França no início do séc. XVI, com popularização da imprensa. Eram folhetos impressos em papel de baixa qualidade, em cor cinza ou azul (daí o nome genérico de “Biblioteca Azul”). Seus textos eram velhos romances, cantigas, vidas edificantes, fatos históricos ... recolhidos da tradição oral e bastante simplificados em sua redação.

Difundidos por toda a Europa, essa forma popular de literatura, chamada “de cordel”, foi transladada para o continente americano pela ação de seus descobridores espanhóis e portugueses, à medida em que se instalavam nas terras por eles conquistadas.

Nas naus colonizadoras, com os lavradores, os artífíces, a gente do povo, veio naturalmente a tradição do Romanceiro, que se fixaria no Nordeste do Brasil, como literatura de cordel.” (Câmara Cascudo, 1973).

Nos países hispano-americano, essa literatura de cordel se difundiu com outros nomes: corridos (México, Venezuela, Nicarágua, Cuba ...) e hojas ou pliegos sueltos (Argentina, Chile, Paraguai, Uruguai, Peru ...). Textos esses em que predominava a forma poética.

Enquanto não se difundiu a tipografia, foi essa a forma que a poesia popular encontrou para se divulgar. Se na Idade Média, os jograis populares ou palacianos, cantados nas festas e animando o povo, constituíam a comunicação dessa poesia, com a transformação do tempo, tais formas também foram se transformando.” (Manuel Diégues Júnior)

Foi no Nordeste do Brasil (da Bahia ao Pará) que essa literatura de cordel se arraigou mais profundamente e continua como forma viva de comunicação, tornando-se uma das características diferenciadoras dos costumes dessa imensa região em relação às demais regiões brasileiras.

Pela interpretação do grande pesquisador que foi Câmara Cascudo, sabemos que, “No Nordeste, por condições sociais e culturais peculiares, foi possível o surgimento da literatura de cordel, da maneira como se tornou hoje em dia característica da própria fisionomia cultural da região. Fatores de formação social contribuíram para isso: a organização da sociedade patriarcal, o surgimento das manifestações messiãnicas, o aparecimento de bandos de cangaceiros ou bandidos, as secas periódicas provocando desequilíbrios económico e sociais, as lutas de família deram oportunidade, entre outros fatores, para que se verificasse o surgimento de grupos de cantadores, como instrumentos do pensamento coletivo e das manifestações de memória popular. 

(...) Se eram raras as obras impressas, vindas de Portugal ou dos centros mais adiantados do próprio Brasil, havia à mão os folhetos contando as velhas novelas populares, ás vezes, histórias de santos também. Não foi difícil à literatura de cordel introduzir-se neste ambiente. Tornou-se o meio de comunicação, o elemento propagador dos fatos ocorridos, servindo como que de jornal ao pôr a família ao corrente do que se passava: façanhas de cangaceiro, casos de rapto de moças, crimes, prejuízos da seca, efeitos das cheias, tanta coisa mais. Afinal de contas, no Brasil, o mesmo quadro era traçado por Bernardim Ribeiro ou Garrett, para Portugal.” (Manuel Diégues Júnior).

Devido à diversidade de assuntos ou temas cantados pela literatura de cordel, em todos os países ela tem sido classificada segundo seus “ciclos temáticos”. Tais classificações diferem bastante entre si, segundo os critérios usados pelos folcloristas. Em geral essas classificações abrangem duas grandes áreas-matrizes: a da Tradição (passado) e a das Circunstâncias (presente). Na Europa, existem importantes classificações, mas nenhuma definitiva. No Brasil, destacam-se as de Ariano Suassuna, Cavalcante Proença, Câmara Cascudo, Leonardo Mota, Manuel Diégues Jr., Orígenes Lessa e Roberto Câmara Benjamin. cada qual com sua contribuição, sem esgotar o problema.

Uma das classificações mais simples e abrangentes é a de Manuel Diégues Jr., que cataloga o imenso acervo popular ou folclórico em três ciclos temáticos:

I. Temas tradicionais:

a.) romances e novelas;
b.) contos maravilhosos;
c.) estórias de animais;
d.) anti-heróis/peripécias/diabruras;
e.) tradição religiosa.

Entre os exemplos mais famosos desse ciclo, estão: Proezas de Carlos Magno, Histórias dos Doze Pares de França, Cavaleiro Oliveiros, Cavaleiro Roldão, Roberto Diabo, Helena de Tróia, Histórias da Imperatriz Porcina, Donzela Teodora ... e outros de origem bíblica: José do Egito, Sansão e Dalila, Judas e histórias da Virgem Maria, Jesus, São Pedro, São Paulo ... No Catálogo da Casa Rui Barbosa, constam também contos maravilhosos: Ali Babá e os 40 Ladrões, Proezas de Malazartes, O Barba Azul, A Branca de Neve, A Bela Adormecida, O Ladrão de Bagdá e outros.

II. Fatos circunstanciais ou acontecidos:

a.) de natureza física (enchentes, cheias, secas, terremotos, etc.);
b.) de repercussão social (festas, desportes, novelas astronautas, etc.);
c.) cidade e vida urbana;
d.) crítica e sátira;
e.) elemento humano (figuras atuais ou atualizadas, como Getúlio Vargas, ciclo do fanatismo e misticismo, ciclo do cangaceirismo, tipos étnicos ou regionais, etc.

III. Cantorias e pelejas: 

Poemas que nascem oralmente, no calor dos “desafios” entre dois ou mais cantadores. Em geral, tais pelejas ou cantorias se perdem, pois ninguém se preocupa em registrá-las por escrito. Mas algumas, devido à memória prodigiosa dos cantadores (e agora com os recursos eletrônicos) acabam escritas em folhetos de cordel e se tornam famosas, inclusive, devido ao complexo virtuosismo da estrutura poética que, por vezes, apresentam. É principalmente nestes casos que a literatura de cordel deixa de ser anônima (como é natural na literatura popular), pois sempre leva os nomes dos cantadores responsáveis.

Segundo os pesquisadores, o Brasil é o maior produtor de literatura de cordel, no mundo ocidental: em cem anos publicou cerca de 20.000 folhetos, embora em pequenas tiragens (entre 100 e 200 exemplares cada). (Joseph M. Luyten).

Há cantadores e cordelistas famosos (Leandro Gomes de Barros, João Martins de Athayde, Cuíca de Santo Amaro, pseud. de José Gomes, Rodolfo Coelho Cavalcante Raimundo Santa Helena; Francklin Machado; Paulo Nunes Batista, entre outros) que, além de cantarem e imprimirem os textos tradicionais, inventam cantorias com temas gerados pelas circunstâncias de seu tempo, pelo dia-a-dia do povo, e que servem de informação, deleite do ouvinte ou leitor, ou denúncia dos mal feitos em prejuízo de alguém. 

A maioria dos cordéis é ilustrada pela técnica da xilografia (gravação em madeira, depois estampada à tinta no papel, e que tem evoluído muito, em sutilezas técnicas). Arte regional (no início minimizada como rudimentar), hoje constitui, juntamente com as “cerâmicas de Mestre Vitalino”, uma das expressões mais características da arte popular brasileira.

Com o correr dos tempos e o progresso urbano que, embora devagar, atingiu o Nordeste brasileiro, muitos costumes antigos desapareceram, mas a literatura de cordel resistente, mantém-se viva até hoje, concorrendo com o rádio, o cinema e a televisão, para o entretenimento do povo nas praças, ruas, feiras, mercados ou em qualquer lugar em que haja um cantador e sua viola ... Só que, cada vez com mais evidência, o interesse pelos cordéis antigos vem decrescendo em favor dos novos cordéis que falam dos heróis - muito mais, anti-heróis - dos dias de hoje, e mais denunciando ou zombando do que inventando acontecimentos do novo Brasil e suas circunstâncias.

BIBLIOGRAFIA: 
Horacio Jorge Beco, Cancioneiro Tradicional Argentino, Buenos Aires, 1960; 
Sol. Biderman, Messianismo e Escatologia na Literatura de Cordel, São Paulo, 1970; 
Théophilo Braga, O Povo Português nos seus costumes, crenças e tradições, 2 vols., Lisboa, 1885; 
Luís Câmara Cascudo, Dicionário do Folclore Brasileiro, Rio de Janeiro, 1962; 
Mark J. Curran, A Sátira e a Crítica Social na Literatura de Cordel, Recife, 1960; 
Diccionario de la literatura hispanoamericana, 8 vols. Washington, 1958; 
Manuel Diègues Jr., “Literatura de Cordel”, in Revista do Livro, Rio de Janeiro, nº. 30, pp. 51-57 jul/set. 1969; 
Manuel Diègues Jr., “A Literatura de Cordel no Nordeste”, in Literatura Popular em verso, 2 vols., Rio de Janeiro, 1973; 
Manuel Diègues Jr., Literatura Popular em Verso-Catálogo, Rio de Janeiro, 1961; 
Manuel Diègues Jr., Literatura Popular em Verso-Antologia, Rio de Janeiro, 1964; 
Armando de Mária y Campos, La Revolución Mexiacana á través de los corridos, México, 1962; 
António José Saraiva, História da Cultura em Portugal, 2 vols., Lisboa, 1955; 
Marc. Soriano, “Littérature de Colportage”, in Guide de littérature pour la jeunesse, Paris, 1975.
http://www.sectec.rj.gov.br/redeescola/especialistas/portugues/tema04/por-tm04.html
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P.S.: Revisão realizada por José Feldman. A grafia original do artigo era em português de Portugal.

Fonte:
http://www.fcsh.unl.pt/edtl/verbetes/L/literatura_cordel.htm. Acesso em 29.12.2007.

quinta-feira, 7 de março de 2024

Dicas de Escrita (Como Escrever um Bom Final para uma História) – 2

(Coescrito por Christopher Taylor, PhD)

USANDO AÇÕES E IMAGENS

1 – Use ações para mostrar (e não contar) o que é importante. 

Todo mundo sabe que histórias repletas de ação chamam a atenção de gente de todas as idades, sejam elas escritas ou visuais. Você pode usar essa estratégia para passar a importância do enredo ao público.

Por exemplo: se a história terminar com a heroína salvando a vila do dragão, inclua uma cena em que um guerreiro dá a ela uma espada lendária. Dá para mostrar o quanto isso é importante até sem qualquer
diálogo. 

2 – Desenvolva o final com descrições e imagens sensoriais. 

Os detalhes sensoriais criam conexões emocionais entre o leitor (ou espectador) e a história — e os grandes enredos são cheios dessas imagens. No entanto, deixe-as mais para a parte final para pegar o público de surpresa. 

Por exemplo: "Toninho sabia que havia derrotado o monstro, cujo corpo sem vida caía no abismo à sua frente. Ainda assim, ele esperou e observou cada centímetro da criatura desaparecer, com uma expressão de calma e leveza no rosto. Só depois foi que o garoto voltou a si e foi embora".

3 – Crie metáforas para os personagens e seus objetivos. 

Dê dicas e deixas para o próprio leitor juntar as peças e interpretar a história. O público sempre prefere enredos que não sejam muito didáticos. Por outro lado, não escreva nada confuso a ponto de deixar as pessoas perplexas, ainda que inclua figuras de linguagem para não ser tão óbvio. Encontre um
ponto de equilíbrio. 

Por exemplo: "Enquanto Sarah se despedia e acelerava a motocicleta, João sentia a companheira se tornar uma lembrança — que se afastava com um barulho ensurdecedor rua abaixo, até se tornar um mero ponto de luz; um resquício daquilo que ele gostara tanto de conhecer".

4 – Pense em imagens vívidas. 

Assim como as ações e descrições sensoriais, as imagens ajudam muito a contar histórias mais impactantes. 

Pense nas imagens mentais que você quer "pregar" na cabeça do leitor — algo que capture a essência do enredo — e deixe-as para o finalzinho.

5 – Explore um tema específico a fundo. 

Você pode abordar vários temas, ainda mais se o texto for longo, como um livro ou uma novela. No entanto, também é legal se concentrar em um tema específico com imagens e ações de personagens para dar uma estrutura única ao enredo, sobretudo com histórias que têm final aberto.

6 – Repita certos momentos. 

Assim como dá para destacar um tema específico, você pode pensar em uma ação, um evento ou um momento emocional da história que tenha mais peso e "ecoá-lo" ao longo do enredo (repetindo o momento, relembrando-o etc.).

7 – Volte ao início. 

Assim como nos passos anteriores, você pode retomar o início da história para dar a ela um impacto maior no final. Essa é a chamada "narrativa moldura" e vem muito a calhar na construção do enredo.

Por exemplo: se a história começa com uma pessoa olhando para um último pedaço de bolo, mas se recusando a comê-lo, termine-a com essa mesma pessoa olhando para o confeito (mesmo que seja outro bolo).

Caso tenha superado um quadro de anorexia, ela pode comer o doce para simbolizar a conquista.

SEGUINDO UMA ORDEM LÓGICA

1 – Revise os eventos da história e a ligação entre eles. 

Lembre-se de que nem toda ação tem a mesma importância ou ligação com as demais. Use várias delas para explorar temas e mensagens diferentes no enredo e nos personagens — desde que sejam relevantes para o final. Entretanto, entenda ainda que até os protagonistas fracassam de vez em quando.

Por exemplo: em A Odisseia, de Homero, Odisseu tenta inúmeras vezes voltar para casa, mas quase sempre fracassa devido aos obstáculos do caminho. Cada fracasso deixa a história mais interessante, mas o que ele descobre de si mesmo no final é o mais importante de tudo (já que toda a sua penúria tem um significado maior).

2 – Reflita sobre o que acontece depois de cada cena. 

Às vezes, os autores ficam tão envoltos com a história que estão escrevendo que acabam se esquecendo de que até os mundos de fantasia precisam seguir certas regras lógicas, como as leis da física. É por isso que você tem que pensar em um final que seja condizente com determinada situação.

O final tem que ser condizente com o que aconteceu antes.

3 – Reflita por que os eventos acontecem em determinada ordem. 

Releia a sequência de eventos ou ações da história e, depois, reflita se determinadas ações são ou não realistas de acordo com o fluxo do enredo.

Por exemplo: se o personagem encontrar uma passagem secreta para um mundo de fantasia enquanto procura seu cachorro, retome a história do cãozinho no final. Deixe o protagonista explorar o mundo que encontrou, mas não se esqueça do que o levou a encontrar a tal passagem.

4 – Pense em variações e surpresas para o enredo. 

Ninguém gosta de histórias formuladas demais e que não trazem nada de novo. Pense no que aconteceria se os personagens fizessem determinada coisa ou vivessem um evento x — e inclua surpresas. Veja se você incluiu esses itens ao longo de todo o enredo.

Por exemplo: o leitor pode ficar entediado se o personagem só acordar, ir à escola, voltar para casa e se deitar para dormir. Pense em algo novo e surpreendente que possa acontecer, como ele encontrar uma caixa misteriosa na porta de casa com o seu nome.

5 – Reflita sobre aonde a história leva o leitor. 

Pense no que você já criou em termos de eventos, provas ou detalhes do enredo. Depois, pense também no que está faltando, nos problemas que ainda não resolveu e nas dúvidas que restam. O final pode incitar o público a refletir sobre algo e, na maioria das vezes, provoca mais perguntas do que ele tinha antes.

Por exemplo: quais são os novos conflitos que os heróis têm que enfrentar depois de derrotar o monstro? Por quanto tempo o mundo deles vai ficar em paz?

6 – Distancie-se do texto por um tempo. 

 Independentemente da natureza do enredo (ficcional ou não), releia-o da perspectiva do leitor e pense no que tem e no que não teria lógica. Enquanto escritor, pode ser que você ache que determinado evento faz todo sentido, mas que o leitor não tenha a mesma impressão. Por isso, é bom ter certa distância do texto para pensar nele de forma mais crítica.

DICAS

– Esquematize a história antes de começar a escrevê-la. Use esse recurso para mapear todo o processo sem se perder no caminho. Essa estratégia é a única forma de ver toda a estrutura do enredo de uma vez e, assim, pode ajudar você a pensar no final.

– Peça para uma pessoa de sua confiança ler a história e dar uma opinião sobre o seu trabalho.

– Preste atenção às regras do gênero que você está escrevendo. Por exemplo: um texto de ficção tem certas características que contos de terror não têm, assim como roteiros de stand-up comedy trazem elementos diferentes de revistas de viagens.

– Revise o texto até mandar parar! Depois de decidir qual é o fim da história, releia-a várias vezes para encontrar e corrigir os pontos em que o leitor possa ficar confuso.

REFERÊNCIAS
1. http://www.literarydevices.com/conflict/
2. https://www.wwnorton.com/college/english/write/fieldguide/writing_guides.asp#
BLUE03
3. http://writingcenter.unc.edu/handouts/conclusions/
4. http://writingcommons.org/process/organize/paper-structure/397-how-to-write-acompelling-conclusion
5. http://time.com/3584611/write-better-tips-from-harvard/
6. http://www.nwp.org/cs/public/print/resource/142
7. http://www.creative-writing-now.com/story-endings.html

Fonte: https://pt.wikihow.com/Escrever-um-Bom-Final-para-uma-História

quarta-feira, 6 de março de 2024

Dicas de Escrita ( Como Escrever um Bom Final para uma História) – 1

(Coescrito por Christopher Taylor, PhD)

Toda história que se preze traz eventos (ou séries de eventos) que têm começo, meio e fim. Além disso, para que gere reações positivas no leitor ou espectador, o final em particular tem que ser bastante impactante. Se está escrevendo e quer conseguir esse efeito, leia as dicas deste artigo para aprender a contar o que é relevante.

MÉTODO 1: PENSANDO NO FINAL

1 – Identifique as partes da história. 

Todo enredo tem que ser dividido entre começo (apresentação de personagens, da ambientação e do conflito), meio (a tensão crescente, as complicações e as reações dos personagens ao conflito) e fim (resolução do conflito e consequências).

A história tem que terminar quando o personagem principal cumprir (ou não conseguir cumprir) o seu objetivo.

Por exemplo: se o personagem quer ser rico, pode ser que ele passe por diversas situações inusitadas para comprar um bilhete de loteria. Ele vai vencer? Se sim, termine o enredo no momento em que ele ouve os resultados vencedores da aposta.

2 – Pense em um último evento ou ação para a história. 

O enredo pode trazer vários eventos importantes e interessantes, mas escolha qual deles sintetiza a resolução geral. Pense em uma cena que faça sentido no momento final da história e que ajude a amarrar todas as pontas soltas. Por fim, ela tem que ter importância para os personagens e os leitores em si.

Por exemplo: termine a história com uma cena que apresenta as consequências de uma decisão do personagem principal que resolveu o conflito central.

3 – Determine qual é o conflito central da história. 

A maioria dos enredos traz conflitos entre pessoas, pessoas versus natureza, pessoas versus sociedade ou pessoas versus elas mesmas. Use a cena final para resolver a situação, mesmo que o personagem principal não consiga o que quer. O importante é que ela gere impacto no leitor para tornar todo o enredo memorável.

Faça as seguintes reflexões para decidir que tipo de conflito você vai usar: 

– os personagens da história estão lutando contra a natureza? 
– Uns contra os outros? 
– Contra eles mesmos (uma batalha interna ou emocional)?

Por exemplo: se o personagem principal ficar perdido em uma floresta perigosa, é porque a história se trata de pessoa versus natureza. Nesse caso, ele tem que encontrar algum abrigo que o proteja dos elementos.

MÉTODO 2: EXPLICANDO A JORNADA

1 – Reflita sobre a significância dos eventos da história. 

Determine por que eles são importantes e que lições o leitor tem que extrair deles. Que temas, ideias ou argumentos você quer passar? Não precisa falar desses detalhes diretamente ao leitor, mas mostre-os por meio de eventos, ações e diálogos.

Escreva algo como "O meu avô me ensinou a sempre fazer o que é certo em qualquer situação. Agora que sou policial, entendo por que ele considerava a moral tão importante...".

2 – Faça uma reflexão sobre a relevância da história para o leitor. 

Por que ele tem que se interessar pelo enredo? Se conseguir responder a essa pergunta, revise a história e veja se a sequência das ações que criou para os personagens levaria o público a uma reação parecida com a do protagonista.

Por exemplo: "Por que o leitor tem que se importar com o que acontece a Nina e à vila?". "Porque as mudanças climáticas provocaram um aumento no nível do mar que inundou a região. Ou seja: se não aprendermos com os erros do passado, vamos ter o mesmo destino cruel".

Use a primeira pessoa para apresentar ideias da perspectiva do narrador. Com a perspectiva em primeira pessoa, você vai poder contar a história de maneira mais próxima, já que o leitor vai estar envolvido nos eventos. 

Nesse caso, fale diretamente a ele — seja você o protagonista ou outra pessoa. Ainda assim, lembre-se de acompanhar sempre esse personagem e de usar apenas informações que ele teria.

Por exemplo: "Eu entendi que todo o meu esforço e as horas de ensaio me trouxeram até esse momento, no palco, diante da plateia...".

3 – Use a terceira pessoa para contar a história de longe. 

Você pode usar outro personagem como narrador para mostrar a importância da história. Assim, fica mais fácil injetar a sua interpretação ao enredo, já que há certa distância entre o narrador e os personagens em si.

Por exemplo: "Denise dobrou a carta, deu-lhe um beijo e repousou o papel sobre a mesa, ao lado da pilha de dinheiro. Ela sabia que todos teriam um milhão de dúvidas sobre o que aconteceu, mas também estava certa que a verdade viria à tona algum dia".

4 – Escreva a conclusão da história. 

A forma de escrever a conclusão depende do gênero. No entanto, todos os finais interessantes têm um traço em comum: deixam o leitor com caraminholas na cabeça. Ele tem que terminar a leitura pensando nos temas centrais do enredo e na importância deles.

Se está escrevendo uma redação acadêmica ou pessoal, use o último (ou os dois últimos) parágrafo para concluir o enredo.

Se está escrevendo um romance de ficção científica, conclua o enredo nos dois últimos capítulos.

Não escreva finais batidos, pois o leitor vai ficar decepcionado. 

Por exemplo: evite "Uma luz ofuscante invadiu os meus olhos, então usei as mãos para proteger a visão. Naquele momento, senti-me envolver pelos meus lençóis macios e pelo conforto do travesseiro. Reabri os olhos e percebi que tudo fora apenas um sonho".

5 – Identifique as ligações mais gerais nos eventos da história. 

Pense em como cada evento leva a outro e cria um arco narrativo completo. Encare a história como uma jornada: o personagem começa em a, mas termina em b, em uma situação bastante diferente. Assim, vai ser mais fácil ver que o enredo tem uma forma única e, portanto, merece um final digno.

Fonte: https://pt.wikihow.com/Escrever-um-Bom-Final-para-uma-História

quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Dicas de Escrita (Como Escrever Histórias Engraçadas) – 3, final

(por Christopher Taylor, PhD)

REVISANDO A HISTÓRIA PARA DEIXÁ-LA MAIS ENGRAÇADA

1 – Inclua descrições cômicas. 

As descrições por si só já podem ser engraçadas e dar o pontapé inicial a uma boa cena. Você pode, por exemplo, detalhar duas coisas que não combinam tanto ou descrever o comportamento absurdo de uma pessoa ou de uma situação estranha que acontece.

Encontre formas novas e engraçadas de falar coisas que já são batidas. Elas podem ser engraçadas, mas também prender a atenção do leitor.

Use adjetivos cômicos na descrição. Mais uma vez, concentre-se em falar algo de forma surpreendente e interessante.

Muitos comediantes baseiam o seu humor em palavras, frases ou até letras que acham engraçadas.

2 – Faça comparações engraçadas. 

Para isso, descreva como duas coisas estão relacionadas, mas de forma inesperada e cômica — e que consiga passar a mensagem que você quer enviar ao leitor.

Use símiles e metáforas com as quais o leitor esteja familiarizado. Por exemplo: diga algo como "Sobreviver a esta semana vai ser tão fácil quanto pintar as unhas de um elefante".

A símile é um tipo simples de comparação, como "O seu amor é como uma flor".

A metáfora é uma comparação que descreve uma coisa como se fosse outra, como "O meu coração é um tambor furioso".

Veja um exemplo de comparação engraçada: "Ele dançava como um animal embriagado... mas ainda era um parceiro de dança melhor que eu". 

Experimente comparações diferentes até achar uma que seja eficaz e faça você rir. Em seguida, mostre-a a outras pessoas e observe a reação delas.

3 – Tire sarro de si mesmo. 

Se você disser que os seus parentes e colegas de trabalho são todos burros e feios, por exemplo, o leitor vai achar o texto cruel e critico demais. No entanto, se você for o centro das piadas, as pessoas vão entender que o enredo é uma versão exagerada da realidade e, assim, achar o texto mais engraçado.

Você pode tirar sarro dos seus entes queridos (amigos, família etc.), desde que não exagere e nem pareça arrogante ou maldoso.

Não deixe o seu medo de ser ofensivo atrapalhar o enredo e a comédia. Tire sarro de si mesmo para mostrar ao leitor que ele pode rir à vontade, já que ninguém está "a salvo".

Fale de experiências pessoais, coisa que aconteceram com os seus amigos, parentes ou colegas ou qualquer outro aspecto da vida que renda histórias engraçadas — sem se esquecer de fazer graça consigo mesmo.

4 – Nunca diga ao leitor que algo é engraçado. 

Ninguém conta uma piada e logo em seguida diz coisas como "Era para ser engraçado" (pelo menos, não quando o leitor entende o humor). 

O mesmo vale para as histórias escritas: se você tiver que anunciar quando algo é cômico, é porque a piada não deu certo.

Deixe o leitor descobrir por conta própria o que é engraçado. Isso torna a história mais interessante e eficaz.

Isso tem a ver com a parte da descrição. Assim como você mostrou ao leitor um personagem ou uma cena com descrições precisas e poéticas, é melhor descrever as sequências do enredo sem ter que forçar a graça.

5 – Lembre-se da "regra dos três". 

Muitas obras de humor escritas brincam e subvertem as expectativas do leitor (o que ele acha que vai acontecer). Assim, ele entende que a história não vai na direção "tradicional" e que a graça é justamente essa. Para isso, você pode usar a seguinte regra:

Junte duas ideias, dois eventos ou duas pessoas parecidas para que o leitor reconheça certo padrão.

Quando o leitor esperar que esse padrão se perpetue, apresente um terceiro elemento (ideia, evento ou pessoa) que leve a história em uma direção nova.

Isso funciona com grupos de três porque o número é baixo e, assim, o leitor memoriza melhor todos os elementos que fazem parte da história.

Por exemplo: diga algo como "Eu não sei que há de errado com o meu cachorro; já levei ele às aulas de adestramento e aprendi a fazê-lo obedecer, mas ele ainda não me ajudou a conhecer ninguém quando estamos passeando no parque...".

6 – Tenha um bom timing cômico. 

Todo autor precisa desse timing para saber quando certos eventos têm que acontecer na história, mesmo que seja contar uma piada ou tirar sarro de um personagem. É ele que dá (ou tira) a graça de toda a situação.

Esse timing pode envolver um elemento de surpresa, uma ilusão ou um pouco de suspense.

Por exemplo: é preciso ter timing para que algo como "Esse conselho amoroso sempre dá certo e deixa qualquer pessoa louca... a menos que dê errado".

7 – Não exagere no humor. 

Quem não tem experiência com esse tipo de história pode acabar tentado a enfiar piadas no texto a todo momento. Ainda assim, é preciso ter parcimônia para não afetar a qualidade da história.

Tente equilibrar o humor com as partes mais sérias e úteis à progressão do enredo (em vez de adaptar o enredo ao humor).

Não se esqueça do foco da história. Ela pode até ser engraçada, mas também tem que ser bem escrita.

Limite o uso do humor ao longo da história. Assim, quando uma frase engraçada surtir efeito, ela vai ser memorável e eficaz.

8 – Edite a história. 

Não deixe nenhum erro passar quando você for revisar o texto, seja para aumentar ou diminuir o número de elementos cômicos.

Passe um pente fino em cada trecho do enredo e veja se há erros de digitação, repetições desnecessárias, descrições fracas, clichês e outros problemas.

Deixe a história de lado por alguns dias antes de fazer a revisão. Quando você recomeçar a trabalhar nela, vai notar melhor os pontos que precisam de melhorias.

Peça para um amigo ler a história e dar uma opinião. Ele pode até destacar as partes problemáticas, os erros ortográficos e gramaticais e afins.

DICAS

Escreva uma paródia. As paródias podem ser hilárias — e, como são baseadas em enredos que já existem, é mais fácil começar por elas.

Torne as suas histórias imprevisíveis. Sempre tente antever as expectativas do leitor e subvertê-las ao máximo.

Lembre-se de que as ideias não surgem quando você quer. Tenha paciência e busque inspiração.

Reflita se a história faz sentido e se o conflito central foi resolvido (se é que há resolução). Concentre-se em escrever um bom enredo antes e só tente torná-lo engraçado depois.

Não exagere no humor. A história pode ficar forçada e entediante se você tentar enfiar cenas engraçadas nela o tempo todo. É melhor ter parcimônia para gerar um efeito mais memorável nos leitores.

Referências
1. http://www.dailywritingtips.com/20-types-and-forms-of-humor/
2. http://jerz.setonhill.edu/writing/creative1/shortstory/
3. http://jerz.setonhill.edu/writing/creative1/shortstory/
4. http://www.helpingwritersbecomeauthors.com/how-to-write-funny-dialogue-what-ilearned-writing-storming/
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6. http://jerz.setonhill.edu/writing/creative1/shortstory/
7. http://jerz.setonhill.edu/writing/creative1/shortstory/
8. http://www.writersdigest.com/online-editor/how-to-mix-humor-into-your-writing
9. http://www.writerswrite.com/journal/may02/seven-steps-to-better-writing-humor-5026
10. http://www.writersdigest.com/online-editor/how-to-mix-humor-into-your-writing
11. http://www.writerswrite.com/journal/may02/seven-steps-to-better-writing-humor-
5026
12. http://writetodone.com/how-to-write-funny/
13. http://thewritepractice.com/four-commandments-to-writing-funny/
14. http://www.writerswrite.com/journal/may02/seven-steps-to-better-writing-humor-
5026
15. http://www.writersdigest.com/online-editor/how-to-mix-humor-into-your-writing
16. http://writetodone.com/how-to-write-funny/
17. http://www.writersdigest.com/online-editor/how-to-mix-humor-into-your-writing

Fonte> https://pt.wikihow.com/Escrever-Histórias-Engraçadas

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Dicas de Escrita (Como Escrever Histórias Engraçadas) – 2

(por Christopher Taylor, PhD)
ESCREVENDO A HISTÓRIA

1 – Escreva um primeiro parágrafo interessante. 

É no fim do primeiro parágrafo que muitos leitores decidem se vão ou não continuar lendo a história. Por isso, você tem que começar a explorar o enredo logo nas frases iniciais do texto.

O primeiro parágrafo tem que chamar a atenção e prender o interesse do leitor.

Não se preocupe em deixar o primeiro parágrafo engraçado. Você pode deixar para inserir o humor durante a revisão. Por enquanto, tente começar a explorar a situação em que os personagens se encontram.

Incorpore elementos incomuns e inesperados no primeiro parágrafo, como um conflito interessante. Isso gera tensão e a sensação de urgência e prende a atenção do leitor.

2 – Desenvolva os personagens. 

Toda história, ficcional ou não, precisa de personagens tridimensionais e desenvolvidos. 

Não escreva sobre pessoas sem graça e que todo mundo já viu antes. Dê personalidade às suas criações e, se for falar de alguém que existe de verdade, descreva a aparência, os maneirismos e outras idiossincrasias.

O certo é que você conheça o personagem muito além do que escreve sobre ele. 

Pense bem em quem ele é antes de começar o texto para que a narrativa fique mais real.

Reflita sobre o que torna esse personagem único: pense na aparência, nos hobbies, no temperamento, nas fobias, nos defeitos, nas qualidades, nos segredos, nas lembranças mais importantes etc.

Explore pelo menos quatro características principais dos personagens: a aparência, as ações, a forma de se expressar e os pensamentos. 

Você pode explorar mais características que deixem a narrativa ainda melhor, mas esses são os quatro detalhes básicos.

3 – Escreva anedotas engraçadas. 

Antes de escrever textos longos, você pode começar com anedotas (pequenos contos) breves sobre algo engraçado ou importante, como uma experiência pessoal que dê para contar aos seus amigos durante um almoço.

Muitas pessoas acham essas anedotas mais engraçadas do que as piadas tradicionais. As piadas até arrancam risadas, mas são menos memoráveis do que histórias reais de situações constrangedoras.

Não escreva apenas anedotas ficcionais. Pense nas conversas que você já teve com os amigos, os parentes e os colegas e tente incorporar as partes engraçadas delas nas suas histórias.

Você também pode usar esses contos para falar da natureza humana e de outras experiências. Se necessário, leia obras de outros autores que também tenham essa característica.

4 – Não fique só nas descrições. 

Todo autor experiente sabe que dar uma "ideia viva" de uma história aos leitores é muito mais interessante do que descrevê-la de cabo a rabo. 

Por exemplo: em vez de usar "Em uma noite fria e tempestuosa..." para dizer que estava chovendo, você pode descrever o som da chuva no telhado, o barulho dos limpadores de para-brisa do carro, a luz dos relâmpagos no horizonte e assim por diante.

Use detalhes específicos para ilustrar a mensagem que você quer passar. 

Por exemplo: em vez de dizer que um personagem está triste, mostre-o chorando e se isolando no quarto.

Deixe o leitor juntar as peças do quebra-cabeça por conta própria para ter reações mais genuínas à história.

Seja específico e faça descrições concretas. Não diga nada muito abstrato ou intangível, e sim coisas que o leitor consiga ver, ouvir, tocar e sentir.

Fonte> https://pt.wikihow.com/Escrever-Histórias-Engraçadas

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Dicas de Escrita (Como Escrever Histórias Engraçadas) – 1

(por Christopher Taylor, PhD)

O humor é parte essencial do dia a dia, já que ajuda a aliviar situações tensas, diminuir o estresse e a tristeza e criar laços afetivos entre as pessoas. Se você é bem humorado e gosta de escrever, pode combinar esses dois talentos em um só. Escrever histórias engraçadas não é tão difícil; por isso, coloque a mão na massa e dê vida à sua criatividade com as dicas deste artigo.

PLANEJANDO A HISTÓRIA

1 – Identifique o seu estilo de humor. 

Antes de começar a contar a história, determine qual é o seu estilo pessoal de humor. Se você tentar escrever um estilo diferente do seu, o enredo já vai começar fraco. Veja uma lista de alguns estilos diferentes:

humor observacional: trata de situações engraçadas do dia a dia, além de tirar sarro das pessoas para arrancar risadas.

humor de anedota: conta histórias pessoais engraçadas, que podem ser um pouco exageradas para provocar o riso.

burlesco: envolve a produção de caricaturas e imitação, muitas vezes com características exageradas.

humor negro: usa a morte e outros tipos de eventos traumáticos de um ponto de vista pessimista (mas cômico).

deadpan (ou humor seco): usa a falta de emoção ou expressão para gerar um efeito cômico.

farsa: usa esquetes ou sátiras com circunstâncias bastante improváveis, com reações exageradas ou movimentos frenéticos.

comédia pura: envolve assuntos ou temas inteligentes e intelectuais.

humor hiperbólico: usa o excesso e o exagero das situações para gerar o efeito cômico.

 – humor irônico: desvia da realidade ou trata de situações em que o público sabe mais do que os personagens sobre o que está acontecendo.

sátira: explora os pontos fracos e defeitos de uma pessoa ou da sociedade com efeito cômico.

humor autodepreciativo: traz personagens (ou até autores) que tiram sarro de si mesmos.

comédia de situação: traz elementos da farsa, do slapstick e afins para tirar sarro das situações do cotidiano.

slapstick: envolve o chamado "humor físico", no qual os personagens são vítimas de violência (acidental) do mundo à sua volta.

2 – Decida do que a história vai tratar. 

Antes de escrever uma história engraçada, você tem que ter uma ideia do enredo que ela vai trazer. Não basta pensar em piadas ou situações cômicas; a história em si tem que ter uma boa estrutura básica para dar base aos elementos de humor.

Faça um brainstorming de ideias. Se você ficar com algum bloqueio criativo, veja filmes de comédia ou leia histórias engraçadas para se inspirar.

Escreva sobre situações estranhas ou engraçadas que você já viveu, sem se preocupar em deixá-las cômicas por enquanto. Basta descrever as suas lembranças dessas experiências e por que as achou engraçadas.

Ambiente a história em um cenário vívido e que o público consiga imaginar. As pessoas vão entender melhor o seu tipo de humor se conseguirem visualizar onde o enredo acontece. O lugar em si não tem que ser engraçado (embora possa ser), mas pelo menos precisa fazer sentido para os personagens e a narrativa.

Pense na mensagem que você quer passar com a história. Qual vai ser o principal ponto do enredo? Os personagens têm que superar alguma adversidade? É um comentário crítico sobre a sociedade moderna?

3 – Crie um conflito ou motivo de tensão. 

O ideal é que esse conflito e a sua resolução ilustrem algum aspecto da natureza humana. Depois de criar o problema central, explique aos leitores o que está em jogo e o que vai acontecer se os personagens não resolverem a situação. 

O público vai se interessar mais pelos eventos da história se houver algum elemento do tipo. 

O conflito da história tem que criar tensão. Como ela é engraçada, a tensão em si já pode ser cômica, assim como as circunstâncias que a cercam (como essa tensão surge, como aumenta e como chega ao fim). Ademais, pense em uma maneira cômica de resolver a situação final.

Toda boa história precisa de conflitos e consequências reais para os personagens, sejam eles engraçados ou trágicos (mas ainda realistas). 

Pense na ação em ascensão, no clímax e na ação em queda. O clímax é o ponto máximo da tensão, enquanto as ações de ascensão e queda criam e resolvem a tensão, respectivamente.

Por exemplo: no filme Minha Mãe é uma Peça, o conflito acontece quando a dona Hermínia, interpretada por Paulo Gustavo, "foge" dos filhos para ensinar a eles uma lição. A tensão surge a partir dessa situação, mas se resolve no fim das contas.

4 – Escolha um ponto de vista. 

Para escolher o ponto de vista, você tem que decidir quem é o melhor personagem para contar a história e como ela vai ser contada. As principais opções são a primeira, a segunda e a terceira pessoas. Não existe uma "escolha certa", já que tudo depende do que o autor acha que mais dá certo para o enredo.

– Primeira pessoa: quando um personagem de dentro da história a conta pela sua perspectiva própria. É uma forma subjetiva de encarar o enredo, já que o narrador costuma ser o protagonista ou um personagem secundário.

– Segunda pessoa: quando a história é contada diretamente ao leitor, pelo pronome "você", sem interferência em primeira pessoa. O leitor se imagina como parte do enredo. Veja: "Você o segue pela casa e fica surpreso com o que vê".

– Terceira pessoa onisciente: quando um narrador onisciente (que vê e sabe de tudo) conta a história, sem usar pronomes como "eu" ou se referir ao leitor como "você". Nesse caso, o leitor entende os eventos, os pensamentos e as motivações de cada personagem.

– Terceira pessoa limitada: o narrador tem o mesmo estilo do onisciente, mas parte de uma perspectiva limitada dos eventos da história. A narrativa acompanha o protagonista e mostra o mundo da forma como ele o vê.

5 – Crie situações engraçadas. 

Pense em um incidente inicial engraçado e, depois, crie o resto do enredo a partir dessa ideia. As situações mais incomuns e curiosas costumam gerar ótimas histórias de humor. Se preferir, você pode recorrer a alguma situação mais clássica do gênero, como o personagem estar no lugar errado na hora errada, ser confundido com outra pessoa etc.

Digamos que a sua história fala de um homem que é convidado para almoçar e aparece no restaurante de camiseta regata, bermuda e chinelo. Contudo, o restaurante é elegante demais e tem um código de vestimenta mais restrito para os clientes. Por mais que a situação em si não pareça engraçada, pode gerar boas ideias de humor porque mexe com as expectativas do leitor. Nesse caso, ao contrastar o restaurante chique com a roupa simples do homem, você pode criar cenas em que o público tenha empatia pelo personagem.

6 – Crie personagens engraçados. 

Toda história, incluindo as engraçadas, precisa de bons personagens. Embora seja difícil, não é impossível criar pessoas interessantes e cômicas. Dê traços únicos a cada uma, seja por causa da aparência, do comportamento ou das situações em que ela se encontra.

Existem vários traços de personalidade que geram humor. Os personagens podem ser sarcásticos, bobos, observadores etc.

Os Trapalhões traz um ótimo exemplo de personagens engraçados. Apesar de muitas piadas serem datadas e ofensivas hoje em dia, eles usavam bastante o slapstick — aquele tipo de humor baseado em elementos físicos, nas personalidades, nas reações das pessoas às situações etc.

Crie o humor de cada personagem de acordo com as personalidades e seja consistente.

Você não precisa pensar em toda a história do personagem por enquanto. Deixe para fazer isso na hora de escrever o enredo em si e, de início, concentre-se em formar uma imagem clara de como cada personagem age e qual é a sua aparência.