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sábado, 21 de junho de 2025

Os Mukashi banashi (contos antigos) da literatura japonesa – Parte II, final

texto da Profª Drª Márcia Hitomi Namekata*


PARTICULARIDADES DOS MUKASHI BANASHI JAPONESES

A despeito de minha ascendência japonesa, desde cedo as diferenças entre os enredos dos mukashi banashi japoneses e dos contos maravilhosos ocidentais chamaram-me a atenção. O que, primeiramente, saltava-me aos olhos, era a extensão da história: eu gostava muito daquelas que apresentavam uma narrativa longa e descrições detalhadas, e os contos japoneses, em sua maioria, são bastante concisos e faltam detalhes acerca dos cenários e das personagens.

Outra questão diz respeito ao desfecho da história, quase sempre feliz no caso dos contos do Ocidente, ao contrário dos japoneses. Além disso, percebemos nestes traços de violência – por exemplo, os maus-tratos aplicados a um animal que, para uma criança, normalmente consiste em algo inaceitável; temos, também, contos onde uma personagem inocente morre no meio da história. No caso dos contos ocidentais, a morte é algo que ocorre normalmente ao antagonista (vilão). É interessante notar que, nos mukashi banashi e nas histórias japonesas de modo geral, dificilmente o vilão é morto no desfecho da narrativa; o mais comum é que seja afugentado. Podemos a isso relacionar o pensamento japonês de que a preferência por afugentar, ao invés de matar, baseia-se na ideia de que é melhor podermos escapar ao mal, uma vez que não podemos erradicá-lo. Isso porque o Mal, enquanto entidade, nunca será abolido. Mesmo porque, sem a existência do Mal, o Bem não teria sua razão de ser. Na realidade, este não é um pensamento característico apenas dos japoneses, mas do povo oriental como um todo, conforme veremos mais à frente.

Há ainda o maniqueísmo das personagens. Nos contos de fadas ocidentais, normalmente elas aparecem divididas entre “heróis” e “vilões”; nos mukashi banashi japoneses, em especial aqueles mais antigos, os limites entre “Bem” e “Mal” não ficam claramente delineados.

Relaciono aqui um exemplo conhecido entre os descendentes de japoneses: a versão infantil do mukashi banashi Urashima Tarô (“Urashima Tarô”), cujo protagonista, um pescador, salva uma tartaruga que estava sendo maltratada por um grupo de crianças. Dias depois, enquanto pescava, Tarô escuta uma voz lhe chamando: era a mesma tartaruga, que o convidava para um passeio ao reino do fundo do mar, como recompensa pela sua boa ação. Chegando ao local, Tarô é recebido pela princesa do Palácio do Dragão, e lá permanece por vários dias, sendo tratado com todas as honrarias. No entanto, certo dia Tarô diz à princesa que desejava voltar à sua terra, pois estava preocupado com seus pais. Ela lamenta, mas concorda com o visitante, oferecendo-lhe como presente uma caixa que, no entanto, não poderia ser aberta. Tarô retorna à sua aldeia, mas nota que tudo está diferente, desde as casas até as pessoas e suas vestimentas. Decide então perguntar por sua família, e um ancião lhe diz que seu avô lhe contara a história de um pescador de nome Urashima Tarô, que havia saído para pescar e nunca mais voltara, e que o fato acontecera trezentos anos antes. Conscientizando-se da diferença de dimensão temporal entre o reino do fundo do mar e sua realidade, ele toma conhecimento da morte de seus pais e, desolado, esquece-se da recomendação da princesa do Palácio do Dragão e abre a caixa: no mesmo instante, de dentro dela, uma fumaça branca se levanta e Tarô transforma-se em um velho.

De modo geral, em todas as lembranças de descendentes de japoneses que conhecem a história, ela suscita certa indignação: por que um homem de “sentimentos nobres” como Tarô, que salva um animal – sendo por isso recompensado – é, ao final, “castigado” dessa forma? A princesa acaba, para muitos, assumindo o papel de “vilã”, na medida em que oferece um presente que não poderia ser aberto; há quem diga que ela, revoltada com o desejo de Tarô de retornar à sua terra, manipula sua curiosidade (proibição de abrir a caixa) através do presente que lhe oferece.

Na classificação de Yanagita Kunio, Urashima Tarô aparece como um densetsu (lenda). No entanto, considerando-se suas versões mais antigas, há um detalhe significativo que foi alterado no decorrer do tempo: nas versões do conto que surgem até o século XV, a princesa do Palácio do Dragão e a tartaruga que Urashima salvara eram o mesmo ser, e o pescador se casa com ela. Dessa forma, é passível de ser classificado também segundo a subcategoria 2.2. (narrativas sobre casamentos) – com o acréscimo de ser uma narrativa sobre casamentos entre seres diferentes (irui kon’in no mukashi banashi).

UM FINAL INFELIZ?

No que se refere ao final da narrativa, frustrante para muitos, é importante considerar que estamos aqui diante de uma questão cultural. Isso se refere também à questão do maniqueísmo das personagens. Já nos referimos anteriormente à impossibilidade de se erradicar o Mal; no pensamento oriental, essa ideia está relacionada à filosofia do Yin-Yang:

(…) Yin e Yang são dois opostos que, juntos, formam uma unidade. Um depende do outro e são realidade somente em união com seu polo oposto. O símbolo que conhecemos de Yin e Yang representa a lei universal da eterna transformação. Significa que um deles, quando chega ao seu apogeu, transforma-se no outro.(…) Isso sugere, portanto, que não há nada que seja apenas Yin ou Yang, negro ou branco, feminino ou masculino, magnético ou elétrico, passivo ou ativo, bom ou mau, escuro ou claro. Significa que as mulheres também têm características masculinas e os homens, qualidades femininas, que uma maldade pode ter algo de bom e um ato de bondade pode transformar-se em seu oposto.(…)

A cultura ocidental tende, ao contrário, a pensar em conceitos absolutos. Nossa educação nos ensina a diferenciar claramente entre o bem e o mal.(…) O símbolo de Yin e Yang descreve outra visão da realidade: nem Yin nem Yang podem ser considerados maus ou bons.(…) Expressa que os opostos se atraem, que se condicionam mutuamente, e que cada coisa e cada processo se converte cedo ou tarde em seu contrário.”  (in ECKERT, Achim. O Tao da Cura, p.16-17)

Do ponto de vista ocidental, Urashima Tarô tem um final considerado infeliz – o fato de Tarô se transformar em um velho e não poder mais encontrar seus pais. Mas, se pensarmos a partir de um viés oriental, talvez o fato se coloque da seguinte maneira: se Tarô não abrisse a caixa, permaneceria eternamente jovem; ou seja, não conheceria a morte e, consequentemente, não passaria a outro patamar espiritual de existência (no caso, o além-morte ou, ainda, uma “outra vida”). Isso talvez explique os tão “polêmicos” – do ponto de vista ocidental – finais de obras literárias japoneses, e mesmo novelas e animes que, muitas vezes, ou não têm um final definido, ou apresentam um desfecho que contraria a preferência ocidental do “felizes para sempre”.

Cabe afirmar que, em alguns mukashi banashi, esses finais “abertos” não ocorrem, visto que em narrativas como Issunbôshi o protagonista segue uma trajetória muito próxima à dos heróis dos contos ocidentais, desde as suas primeiras versões (a primeira versão deste mukashi banashi encontra-se no Otogizôshi, “Coletânea de Contos Maravilhosos”, datada do século XVI).

Independentemente de suas características, mesmo na contemporaneidade os mukashi banashi mantêm o seu encanto, assim como os contos de fadas ocidentais. Seja em forma de livros ilustrados, animações e em outras formas de transmissão, principalmente aquelas direcionadas às crianças.

Uma modalidade de contação de histórias que tem conquistado espaço nos últimos anos é o kamishibai que, literalmente, pode ser traduzida por “teatro de papel”. Trata-se de histórias que são narradas através de lâminas ilustradas, acomodadas em uma espécie de caixa-palco. Pode-se dizer que praticamente qualquer tipo de narrativa pode ser adaptada ao kamishibai; no entanto, os mukashi banashi são bastante adequados para isso, na medida em que, por não apresentarem uma extensão demasiadamente longa, cabem na quantidade média de lâminas propostas para o gênero, que é de doze.

Considerando-se os países onde a cultura japonesa se consolidou através dos imigrantes, diversos mukashi banashi tornaram-se conhecidos entre os descendentes de japoneses que, fossem crianças ou idosos, muitas vezes travaram contato com essas histórias através da transmissão oral, contadas por seus pais ou avós em sua infância – muito embora, na modernidade, esse traço de disseminação cultural tenda a se tornar mais raro. Por outro lado, em diversos países da Europa e nos Estados Unidos, onde a presença de imigrantes japoneses não é relevante, o kamishibai tem se difundido principalmente nas escolas de educação infantil, como meio de se desenvolver habilidades orais e escritas.

Podemos dizer, então, que a difusão desta modalidade narrativa se apresenta, na atualidade, como uma forma de se manter viva a tradição através destas histórias, que não só retratam o universo japonês através do tempo mas, também, que trazem em sua essência o modo de pensar de seu povo.
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* Márcia Hitomi Namekata nasceu em São Paulo/SP e mora em Curitiba/PR, possui graduação em Letras (Língua, Literatura e Cultura Japonesa) pela Universidade de São Paulo (USP) (1993), mestrado em Letras na USP (1999), doutorado em Letras na USP (2011) e pós-doutorado em Letras (Língua, Literatura e Cultura Japonesa) na USP (2019). Tem experiência nas áreas de Literatura e Cultura Japonesas, e Teoria Literária e Literatura Comparada, atuando principalmente nos seguintes temas: mukashi banashi (contos antigos japoneses); folclore; literatura japonesa clássica e moderna; literatura japonesa contemporânea, com ênfase em Haruki Murakami; aspectos míticos da literatura japonesa. Atualmente é professora doutora na área de Língua e Literatura Japonesa da Universidade Federal do Paraná (UFPR), e professora colaboradora na pós-graduação em Língua, Literatura e Cultura Japonesa da Universidade de São Paulo (USP).

Fontes:
Currículo Lattes = https://www.escavador.com/sobre/592814/marcia-hitomi-namekata
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing

Tainá Rios (Por que investir na divulgação de seus livros nas redes sociais?)


As redes sociais, seja Instagram, Facebook, TikTok ou YouTube, são consideradas como vitrines virtuais. São nesses locais que grandes marcas e pequenos empreendedores disputam um pouco da atenção do público em troca de curtidas, interações e, claro, a concretização da venda. Atualmente, esse espaço também é um local de divulgação de obras literárias.

Para Paula Simas, autora de e-books de romance hot, o Instagram é a principal vitrine de divulgação dos seus livros. Ela argumenta que o perfil online é um portal de vendas e precisa ser tão atraente quanto as suas próprias histórias. "Posts e reels que despertem a curiosidade do leitor, uma sinopse envolvente e uma capa chamativa fazem toda a diferença. No fim, é a soma desses fatores que levará alguém a escolher o seu livro entre tantos outros", explica.

Vilto Reis, escritor, roteirista de quadrinhos, professor de escrita criativa e RPGista, também acredita no potencial das redes sociais. E explica: "Se você for um autor de não-ficção, isso é ainda mais importante, pois você ganha autoridade e se posiciona dentro do nicho com o qual quer se comunicar". Além do Instagram, Vilto também investe na produção de conteúdos em vídeos para o YouTube e no formato de podcast. Apesar da constante mudança das regras dos algoritmos, essa ferramenta possibilita que os conteúdos literários cheguem a mais pessoas, conectando o livro com os autores. "Quando conversamos sobre assuntos que interessam o público, que também pode ser o potencial comprador dos nossos livros, fazemos com que o algoritmo entenda que nosso conteúdo pode se conectar com essas pessoas", explica.

Outro ganho é a identificação do mercado literário com os novos autores. Vilto relembra o convite que recebeu para participar como palestrante na Semana dos Escritores de Chapecó. "Encontraram meu trabalho no Instagram, avaliaram como interessante e me chamaram. Então, há um ganho geral, que nem sempre está diretamente ligado a vendas", afirma.

A romancista e poetisa Wlange Keindé vê as redes sociais como um meio de comunicação entre as pessoas. Para ela, esse caminho é o mais fácil para alcançar o público. "A maioria dos leitores espera encontrar por lá tanto os escritores, cujo trabalho eles já conhecem, quanto novas possibilidades de leitura. Por isso, acredito que, enquanto escritores, a divulgação dos nossos trabalhos nas redes sociais é essencial para que possamos alcançar mais gente", explica.

AS TÉCNICAS DE MARKETING DIGITAL PARA AUTORES

Desde o início de 2025, Wlange trabalha na divulgação do seu último lançamento, "O abraço morno dos muros". Para essa divulgação, ela contou com a ajuda de uma agência de marketing digital, que desenvolveu uma estratégia de funil de vendas. "Eu nunca tinha feito uma estratégia de marketing tão pensada, e estou aprendendo muito com essa experiência", ressalta.

A romancista também já aplicou a técnica de marketing de conteúdo nos seus perfis de redes sociais. De acordo com a sua experiência, o público leitor pesquisa o nome dos autores em buscadores online para conhecer um pouco mais antes da compra. "As pessoas que seguem um escritor numa rede social querem saber o que o conteúdo produzido por esse escritor pode agregar na vida delas", afirma.

Vilto também investe em estratégia de divulgação. Ele aplica a jornada de compra e o funil de vendas. "A jornada de compra funciona como um funil. Primeiro, você atrai um público amplo; depois, parte desse público se relaciona com seu conteúdo; por fim, uma parcela dessas pessoas se torna compradora dos seus livros", explica. O recomendado ao aplicar essas técnicas é criar conteúdos voltados para cada etapa do funil de vendas. Por exemplo, a cada dez conteúdos disponíveis, é interessante dividir entre: atração de novos seguidores, conexão com o público e vendas.

O roteirista de quadrinhos alerta : criar conteúdo sem clareza pode atrapalhar o desempenho de qualquer escritor. E enviar mensagens diretas oferecendo o livro também. Ele aposta na criação de conteúdos relevantes que alcancem os leitores certos e, assim, aumentam as chances de sucesso na divulgação. "O ideal é destacar os aspectos mais interessantes do livro. Se você escreve ficção, pense nos temas centrais e na jornada dos personagens. Se escreve sobre um assunto técnico ou acadêmico, encontre os pontos que podem gerar curiosidade ou resolver dúvidas do público", explica.

A autora de e-books aposta na constância de conteúdos para a divulgação das suas obras. Ela investe em produções de reels e posts para que o perfil no Instagram seja atualizado diariamente.

AS FERRAMENTAS DIGITAIS PARA DIVULGAÇÃO DE LIVROS

Entre as ferramentas digitais mais populares e usadas na divulgação dos livros nas redes sociais estão o tráfego pago, a parceria com os influenciadores literários, a produção de infoprodutos, como podcasts, e o apoio dos bookstans.

Paula Simas usa o recurso de tráfego pago para atrair novas leitoras. Pela sua experiência, essa é a ferramenta que gera mais resultados. "Isso porque alcança um público maior e entrega o conteúdo para pessoas com interesses semelhantes. Quando utilizado de forma otimizada, pode trazer resultados surpreendentes", afirma.

O escritor e professor Marcelo Spalding acredita que, para determinado tipo de livro e grupos de autores, essa estratégia pode ajudar, sim. "É preciso que o autor se envolva com a rede e participe dela. Dessa maneira, o anúncio irá funcionar como um impulsionamento mesmo", explica.

Wlange Keindé gosta de aplicar a parceira com influenciadores literários, pois se iguala a um boca a boca, porém da nova geração. Além disso, é uma maneira de produzir conteúdo sobre um livro e o autor na rede social, que podem virar resultados de pesquisas na internet. "Os seguidores de um influenciador literário confiam nas opiniões e nos gostos dele, tendo assim uma boa chance de se interessarem por um livro divulgado por ele", declara.

Por fim, a ferramenta de apoio bookstan. O termo ficou mais conhecido após a pandemia de Covid-19, mas a prática existe desde 2018 entre os produtores de vídeo no YouTube, que usam o nome de comunidade booktube, e são especialistas em conteúdos para leitores. Em tradução livre significa fã de livros, pois é a junção das palavras "book" (livro, em inglês) e "stan" (termo da cultura pop que se refere a um fã).

A escritora Paula utiliza bastante esse recurso e aconselha: "Antes de fechar a parceria, é importante verificar se o gênero do seu livro se alinha às leituras normalmente divulgadas no perfil, garantindo que o público se identifique com a sua obra". Ou seja, não arrisque divulgar uma comédia romântica em um perfil focado nos gêneros literários fantasia ou dark.

Os profissionais bookstans são conhecidos por acompanhar todos os lançamentos de um autor ou saga, conhecer todos os detalhes de uma história, aprender as línguas criadas para as adaptações de uma série literária e participar ativamente de comunidades online de leitura. E tem como missão principal seguir e engajar com autores, editoras e criadores de conteúdo literário em todas as redes sociais.

OS BENEFÍCIOS DA DIVULGAÇÃO NAS REDES SOCIAIS

No Brasil, o Instagram é a terceira rede social mais usada pelos produtores de conteúdo. E tem muito potencial para entregar os conteúdos a novas pessoas, inclusive leitores. De acordo com os três entrevistados, a plataforma tem diversos recursos que apoiam a trajetória do autor, que são: possibilidade de criar conteúdo em diversos formatos, construção de comunidade, investimento em anúncios pagos, e possibilidade de divulgação de links de vendas.

"O Instagram possibilita diferentes estratégias: os reels para atrair, o feed para criar relacionamento e os stories para engajar os leitores. O último passo dessa jornada, que é a venda de livros, pode acontecer por meio de posts no feed ou anúncios patrocinados. Mas o ideal é que o processo ocorra de forma orgânica: primeiro, os leitores descobrem o autor, depois se relacionam com ele e, por fim, adquirem seus livros", explica Vilto Reis.

Apesar do potencial do Instagram, os entrevistados elegeram o YouTube como a plataforma que traz mais benefícios às divulgações de livros e conteúdos literários. Wlange possui canais na plataforma há bastante tempo e afirma que possui uma comunidade fiel de seguidores. Para a poetisa, o público que acessa o canal no YouTube consegue ver com mais facilidade todos os vídeos postados desde a criação do canal até o conteúdo mais recente. Essa facilidade não existe em redes como Instagram e TikTok. "Uso muito o YouTube, já que é a rede principal em que produzo conteúdo, no canal Ficçomos. Eu divulgo meus livros no YouTube porque já tenho uma comunidade por lá, e essa é uma rede social muito boa para a criação de comunidade", afirma.

Marcelo Spalding, que está à frente do canal Formação de Escritores, também vê na rede social um caminho para a divulgação das obras literárias. "A pessoa que se dispõe a ter um canal sobre determinado tema pode conseguir novos leitores e compradores para seu livro, se o tema do livro for semelhante ao do canal. Então uma pessoa que pretenda publicar um livro de literatura fantástica poderia ter um canal falando sobre livros do gênero, filmes, seriados, e com isso, ao publicar seu próprio livro, esse público teria mais potencial de interesse", explica.

Diversos benefícios e técnicas foram apresentados para responder à pergunta do título: por que investir na divulgação de livros nas redes sociais? Fato é que as plataformas online apoiam os autores na busca por leitores, na venda dos livros e, o mais importante, na promoção do nome como figura pública.

Por fim, o conselho para construir um bom planejamento na rede social escolhida pelos entrevistados, o YouTube. É necessário conhecer bem o seu nicho, qual história os seus leitores gostam de assistir e quais os perfis de youtubers mais dialogam com o seu público. "É importante entrar em contato para entender os custos dessa divulgação e a forma como ela é feita. Enviar dezenas de exemplares de livros a diversos youtubers sem que eles confirmem o interesse pela obra é um desperdício", explica Spalding.
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Tainá Rios é jornalista, especialista em Cultura Digital e Redes Sociais e aluna do Curso Formação de Escritores pela Metamorfose. Começou a escrever ainda na adolescência, enviando cartas aos amigos e familiares. Já atuou como colunista de cotidiano e apresentadora no Diário de Viamão. Desde 2019, comando o podcast Me Conta Sua História?, disponível nas plataformas de streaming.

Fontes:
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quarta-feira, 18 de junho de 2025

Os Mukashi banashi (contos antigos) da literatura japonesa – Parte I


Mukashi banashi. O que são?
 
Mukashi banashi. Expressão que, para muitos descendentes de japoneses, consiste em algo muito familiar, desde a mais tenra infância. Seu significado, “contos antigos” (se a traduzirmos literalmente: mukashi = antigo, hanashi = conto, narrativa), remete a algo simples mas, em termos literários, bastante amplo.

Pode-se dizer que os mukashi banashi japoneses consistem em uma forma literária que, comparada à literatura ocidental compreende, em âmbito geral, contos de caráter maravilhoso, bem como aqueles que se aproximam das fábulas, mitos e lendas. Considerando, assim, esses mukashi banashi como narrativas cuja origem se perde no tempo, é possível dizer que, de maneira semelhante à maioria dos povos, tais contos faziam parte de um acervo narrativo destinado a adultos; entretanto, com a tradição oral e o decorrer das gerações, sofreram modificações em sua estrutura, fato que veio acarretar, em diversos deles, um direcionamento para o campo infantil.

O surgimento dos mukashi banashi ocorreu em uma fase anterior aos registros escritos, em um período em que dominava uma cultura de caráter animista. O Xintoísmo, nome dado às crenças e práticas religiosas autóctones do Japão anterior ao Budismo (que foi introduzido no Japão no século VI d.C.), apresenta tal característica. A palavra shintô significa, literalmente, “o caminho do kami” e, até os dias de hoje, o Xintoísmo permanece intrinsecamente ligado ao sistema de valores japonês e aos modos de agir e pensar de seu povo.

Considerando-se os contos maravilhosos ocidentais, sua origem não foi muito diferente: tomemos como exemplo os Irmãos Grimm que, no século XIX, coletaram narrativas em meio às populações camponesas, frutos de uma tradição oral. Em sua origem, todas essas histórias faziam parte de um acervo narrativo oral adulto. Após a sua compilação, foram sendo transmitidos através das gerações, até chegarem ao campo literário infantil.

Normalmente os contos ocidentais encontram-se classificados segundo terminologias bastante difundidas, e cujas definições apresentam pontos de semelhança entre si:

Mito
O tema central dos mitos é a renovação da vida e o restabelecimento da ordem que triunfa sobre o caos – ou seja, a luta entre o Bem e o Mal. Trata-se de uma experiência religiosa, que acaba se configurando em uma experiência cultural, visto que todas as civilizações têm um mito de criação que justifica sua presença no mundo. No caso do Japão, temos o mito de Izanami e Izanagi, o casal primordial que gerou várias divindades; a deusa do sol, Amaterasu, genitora de todos os imperadores, nasceu através de Izanagi;

Lenda
Apresenta aspectos similares ao mito, contendo no entanto relatos de acontecimentos onde o maravilhoso e o imaginário superam o histórico. É transmitida e preservada pela tradição oral, e liga-se a certo espaço geográfico e a determinado tempo. Urashima Tarô é tido como o mukashi banashi mais antigo da tradição japonesa, sendo que sua primeira versão surgiu na coletânea Fudoki, do século VIII (Período Nara, 713 d.C.); é classificado como lenda, pois foi uma narrativa registrada na província de Tango (antigo nome da região de Kyoto);

Conto maravilhoso
Narrativas de acontecimentos ou aventuras que se passam no mundo mágico ou maravilhoso (espaço fora da realidade comum em que vivemos).  “(…) a ação no conto localiza-se sempre num ‘país distante, longe, muito longe daqui’, passa-se ‘há muito, muito tempo’, ou então o lugar é em toda e nenhuma parte, a época sempre e nunca. Quando o conto adquire os traços de História, perde sua força – o mesmo ocorre com as personagens” (in: JOLLES, André. Formas Simples, p.202).

Temos ainda os contos de fadas, que são uma “(…) variedade do conto maravilhoso, permeado de acontecimentos sobrenaturais que, no entanto, não causam surpresa ao leitor como, por exemplo, o fato de atribuir aos animais a faculdade da fala e de ações estritamente humanas.” (in: TODOROV, Tzvetan. Introdução à Literatura Fantástica.). Nesse caso, cria-se uma verossimilhança interna: por mais irreais que pareçam os eventos, eles possuem uma lógica dentro do enredo.

Semelhanças entre os mukashi banashi e os contos ocidentais. Classificação dos mukashi banashi japoneses

A partir dos conceitos que foram apresentados, é possível estabelecer paralelos entre os gêneros ocidentais e os mukashi banashi, como podemos visualizar na tabela que segue. Normalmente, quando nos referimos aos mukashi banashi, a terminologia mais utilizada é a de conto maravilhoso, visto que no folclore japonês não existem fadas.

No Japão, o maior estudioso dos mukashi banashi foi Yanagita Kunio, antropólogo que realizou uma vasta pesquisa acerca das histórias e costumes do povo japonês, abrangendo desde aspectos tradicionais, como os festivais, até hábitos e elementos do cotidiano, como moradia e alimentação. Estendendo seus estudos à literatura popular, propôs uma categorização para os mukashi banashi que é considerada a mais difundida no Japão; segundo ele, tais narrativas encontram-se divididas em três categorias e, cada uma destas, em várias subcategorias:

1. Dôbutsu mukashi banashi (literalmente, “mukashi banashi sobre animais”)
1.1. narrativas sobre a origem e hábitos de animais
1.2. narrativas sobre conflitos entre animais

2. Honkaku mukashi banashi (literalmente, “mukashi banashi primitivos”)
2.1. narrativas sobre casamentos entre seres diferentes
2.2. narrativas sobre nascimentos / casamentos
2.3. narrativas sobre casamentos / lutas (competições)
2.3.1. histórias sobre madrastas: o antagonista é a madrasta
2.3.2. histórias sobre irmãos
2.4. narrativas que se referem à obtenção de alguma fortuna
2.4.1.contos dos velhos vizinhos
2.4.2. contos sobre a obtenção de alguma fortuna proveniente de forças maléficas
2.5. narrativas centradas em batalhas contra bakemono / fuga
2.6. narrativas sobre agradecimentos de animais: muitas delas são tidas como lendas (densetsu)

3. Waraibanashi (literalmente, “histórias para rir”)
3.1. narrativas que discorrem sobre alguma alegria inesperada
3.2. narrativas centradas em uma personagem astuta
3.3. narrativas que tratam de personagens cômicas
3.4. narrativas sobre competições de habilidades
3.5. narrativas sobre duelos de sabedoria
3.6. narrativas centradas em uma personagem estúpida

Consideremos, a título de exemplo, alguns mukashi banashi para elucidar a classificação apresentada.

Issunbôshi (“Issunbôshi”)
Seu protagonista assemelha-se aos dos contos “O Pequeno Polegar” e “Polegarzinho”, dos Irmãos Grimm. Sua classificação principal seria a de número 2, honkaku mukashi banashi (mukashi banashi primitivos), subcategoria 2.2. (narrativa sobre nascimentos). Isso porque Issunbôshi é uma criança de nascimento miraculoso, pois nasce a partir das preces de um casal de velhos que não podia ter filhos. Dependendo da variante do conto, o nascimento acontece de forma extraordinária: em uma versão, sua mãe passa por uma gestação de dez meses; em outra, a criança nasce de uma inflamação do dedo polegar da mãe. Cabe aqui afirmar que boa parte dos mukashi banashi japoneses apresenta uma versão em cada província do país, muitas delas diferindo-se entre si: às vezes em alguns detalhes em particular, outras em relação ao próprio desenvolvimento do enredo.

Diversas outras narrativas bastante conhecidas no Japão pertencem a essa classificação, como Momotarô (“O Menino Pêssego”, criança de força descomunal que nasce de dentro de um pêssego), Kaguya Hime (“A Princesa Kaguya”, menina que surge de dentro de um bambu) e Kintarô (“Kintarô”), dentre outros.

Kobutori Jiisan (“O Velhinho Com o Quisto”)
Trata-se de um honkaku mukashi banashi, de subcategoria 2.4.1. (contos dos velhos vizinhos). Há diversas outras narrativas no folclore japonês dentro dessa categorização, como Shitakiri Suzume (“O Pardalzinho Que Teve a Língua Cortada”) e Omusubi Kororin (“O Bolinho de Arroz Que Rolava”), entre outras, cuja temática gira em torno de um velhinho bondoso que consegue obter bens e é invejado por um velho mau, que sempre acaba castigado ao final da narrativa.

Às vezes um mesmo mukashi banashi pode pertencer a mais de uma classificação. Por exemplo, o conto Hanasaka Jiisan (“O Velhinho Que Fazia Florescer”) pode tanto ser classificado na subcategoria 2.4.1., como também na subcategoria 2.6. (narrativas sobre agradecimentos de animais), visto que todas as recompensas que o velhinho bondoso recebe vêm de seu cãozinho que havia sido morto pelo velho invejoso.

Saru Kani Kassen (“A Batalha Entre o Macaco e o Caranguejo”)
É um dôbutsu mukashi banashi (categoria 1) e, como sugere o próprio título, pertence à subcategoria 1.2., por retratar a contenda entre esses dois animais. Comparado às narrativas ocidentais, apresenta estrutura de fábula devido ao aspecto moralizante, com o macaco sendo castigado ao final.
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continua…

Fontes:
Dossiê Literário do Japan Foundation São Paulo
https://fjsp.org.br/dossie_mukashi_banashi_2_mukashibanashi_contosocidentais/
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing   

sexta-feira, 13 de junho de 2025

Juan Barnav (Como escrever um livro) – 8, final. A resolução da obra

(tradução do espanhol por José Feldman)


Ao longo dos pontos-chave anteriores, focamos na origem, no desenvolvimento e nas características da nossa história e de seus personagens.

À medida que o enredo se aproxima do fim, precisamos dar-lhe uma conclusão.

Discutimos as características de um conto, que, em última análise e para os nossos propósitos, é o mesmo que um romance; a única diferença é a extensão. Estamos nos referindo à introdução, ao clímax e à conclusão.

Existem várias maneiras de chegar à conclusão de uma história, dependendo de nossas preferências. Pode haver um final feliz, onde os protagonistas alcançam seus objetivos desejados e todos ficam muito felizes; sendo uma história romântica, o casal apaixonado será muito feliz, e terminaria praticamente como o final clássico da história "eles se casaram e viveram felizes para sempre". No entanto, existem outras maneiras de alcançar a felicidade sem precisar se casar, dependendo das necessidades do nosso enredo.

Também pode acontecer de a conclusão não conter os elementos de felicidade que o leitor deseja. O autor, com os fios da trama em mãos, poderia então lograr um final trágico onde os protagonistas não alcançassem a felicidade almejada.

Outra maneira de atingir o clímax da obra é onde a justiça prevalece e todos estão em seu lugar, embora nem todos estejam necessariamente satisfeitos. E um final também pode ser exatamente o oposto, sem necessariamente decair para a tragédia; a conclusão pode ser injusta para os protagonistas em alguns aspectos e pode se aplicar ao provérbio "para o bem há males".

Da mesma forma, podemos concluir nossa história de qualquer uma das maneiras mencionadas, mas também tentar deixar uma mensagem; isto é, como no caso das fábulas, mencionar a moral clássica do conto, para que a história recém-lida possa ser tomada como uma lição; e então ela terá características didáticas.

Consequentemente, para chegar ao final desejado e para que ele seja considerado adequado, dadas as características de nossos personagens, bem como o ambiente em que se desenrolam, é necessário considerar três aspectos: a ideia geral básica da obra; que tipo de narrativa pretendemos criar; e a declaração do tema ou enredo. Por fim, o desfecho que se pretende dar, de acordo com os conceitos de gênero literário que indicamos anteriormente.

Sugere-se, portanto, que escrevamos uma sinopse, um resumo dos pontos principais da nossa história, que servirá de guia para o esboço do enredo. Uma vez conhecido o tema e a evolução que ele sofrerá, será necessário considerar como a obra será narrada, destacando o básico em oposição ao que será meramente episódico: os eventos fundamentais versus os adicionais, o que ajudará a "vesti-la" melhor. No entanto, existem histórias que não contêm diálogos, mas apenas narração, mesmo quando escritas exclusivamente em primeira pessoa.

Se quisermos conseguir um final dramático para a nossa história, é principalmente na ação que devemos concentrar nossa atenção.

No final trágico, são os protagonistas que morrem, ao estilo de Romeu e Julieta, por conta própria, devido à impossibilidade de seu amor.

Exercício:

Escreva uma sinopse com as características indicadas, no máximo uma página: personagens principais, situações, tema definido. Ensaie três finais diferentes: um trágico, um humorístico e um com uma mensagem.

CONCLUSÕES

Depois de terminar seu trabalho...

Faça uma pausa:

Embora possa não parecer, o esforço despendido na escrita de uma obra literária, por menor que seja, merece uma pausa. Mas não de você, mas da própria obra.

Em outras palavras, você precisa deixá-la descansar para que seu ânimo se acalme um pouco e você possa revisá-la com calma e entusiasmo, ao mesmo tempo, fazendo os ajustes e correções que julgar necessários; especialmente aqueles relacionados a aspectos estritamente gramaticais, em especial a ortografia.

Com o espírito satisfeito por ter concluído seu trabalho, por ter dado o toque final a um projeto que pode ter várias páginas, é importante encarar as coisas com calma.

Esta é a razão fundamental para o merecido descanso do nosso trabalho. Depois de revisarmos nosso conto ou romance e darmos o que consideramos o toque final para confirmar que está pronto para ser apresentado ao público em geral, passaremos para a segunda fase do trabalho do escritor, que consiste em efetivamente concluir o registro da obra.

O número de cópias da primeira edição. Pode variar de 1.000 a 3.000 na primeira edição, embora haja exceções. O número de edições que pretendem fazer do seu trabalho. A qualidade do papel em que será impresso. Isso está diretamente relacionado ao preço pelo qual será vendido ao público. Se será uma edição econômica, uma edição de bolso, uma edição de luxo ou uma edição pautada, já que as editoras atendem a diferentes mercados e têm linhas especiais para cada um. 

Da mesma forma, a capa ou a contra-capa apresentarão apenas letras, letras e algumas ilustrações, ou letras e uma fotografia marcante. 

A qualidade da encadernação é importante. Você sem dúvida já teve livros em mãos e as páginas começaram a se soltar simplesmente ao folheá-los. É importante garantir uma encadernação de boa qualidade, caso contrário, isso será prejudicial às vendas do seu livro. 

É importante compreender todos os itens acima para que um autor iniciante possa ter certeza de que os editores conduzirão o trabalho com bom gosto e propriedade.

Fontes:
http://www.mailxmail.com/curso-como-escribir-libro/ Acesso em 20.06.2022
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing

quarta-feira, 11 de junho de 2025

Juan Barnav (Como escrever um livro) – 7. Os sentimentos dos personagens

(tradução do espanhol por José Feldman)


O romancista é um manipulador de personagens. Como criador de seus personagens, ele os conhece íntima e perfeitamente, sabendo quais devem ser suas reações em qualquer situação. Além de ser altamente criativo, o escritor atua como um manipulador de marionetes. Consequentemente, deve compreender e penetrar na personalidade do personagem. Não é fácil adotá-la, como observado na parte 3 deste curso, mas é importante, agora, determinar o tipo de sentimentos, habilidades e preocupações que cada um dos envolvidos na história experimentará. Embora valha a pena lembrar, como os personagens são integrais, que seus sentimentos de amor, ódio ou desprezo podem mudar.

A raiva e a sede de vingança podem andar de mãos dadas e, ao longo de uma trama, podem mudar o comportamento de um personagem que inicialmente era doce, gentil ou tímido.

Sentimentos, paixões, emoções... características que fazem o destino de uma pessoa mudar de um momento para o outro na vida real. Essas são as ferramentas que o escritor usará para fazer com que sua história tenha uma ação inesperada se ele souber dosar seus ingredientes passo a passo, para obter um resultado muitas vezes surpreendente.

A importância de traços de caráter bem definidos reside no fato de que eles permitirão ao autor situá-los nas situações mais adequadas para que sua história se desenvolva de forma que não percam o controle de todas as situações.

Quando começamos a escrever, muitos de nós precisamos saber como controlar nossas reações em certas situações nas quais um toque de desprezo pode surgir.

Em uma história atual e cotidiana, que ocorre em qualquer família, em quase qualquer situação, podemos reconhecer tal interpretação, seja porque a vivenciamos como protagonistas ou porque a testemunhamos, o que também é muito comum, e nos permite inspirar-nos em certas pessoas conhecidas para transformá-las em autores de nossas tramas.

A maneira como gerenciamos o comportamento e as reações de nossos personagens, como se fosse um vai e vem, é determinada pelos cenários em que situamos a ação de acordo com o desenvolvimento de nossa trama. Se o personagem central for, digamos, um detetive, o herói deve ser um personagem durão e violento; É improvável que uma profissão que exija ações violentas resulte em uma pessoa afável, tímida ou retraída na vida real. Em certas circunstâncias, a coragem deve prevalecer sobre o medo para ter sucesso. Mas um ser humano, por mais corajoso que seja, não tem o direito de sentir medo?

Os personagens criados com os exercícios-chave acima possuem características físicas e psicológicas que são retratos fiéis de pessoas facilmente identificáveis ​​e ganharão vida de acordo com o papel que desempenharão em nossa história.

Quando falamos de personagens de uma só peça, nos referimos ao fato de que seu comportamento e reações são sempre lineares, sem reviravoltas que os façam parecer duvidosos, tanto para os outros personagens quanto para os próprios leitores. Tudo isso nos ajuda a entender a necessidade de muita prática, já que nossos personagens, como pessoas reais, têm o direito de combinar dois ou mais elementos que podem produzir resultados incríveis: ódio e astúcia, amor e inteligência, medo e ressentimento... As possibilidades são infinitas. Tudo depende da capacidade criativa do autor.

Exercício

– Desenvolva um texto de uma página onde o protagonista seja um professor tímido que confronta um grupo de adolescentes raivosos.

Onde?
Por quê?
Qual será a reação principal deles?
O que você sente por dentro?
Como você resolverá o problema? 
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continua… 8, final. A resolução da obra

Fontes:
http://www.mailxmail.com/curso-como-escribir-libro/ Acesso em 20.06.2022
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domingo, 8 de junho de 2025

Juan Barnav (Como escrever um livro) – 6. Sucessos fundamentais da obra


Definir os eventos que você deseja capturar em sua obra é um dos pontos fundamentais, além de constituir o principal exercício do nosso trabalho.

Nos anteriores, acumulamos uma série de elementos que nos ajudam a moldar as características do tipo de obra que desejamos criar. E, seja uma obra de conteúdo histórico ou ficcional, devemos enfrentar o desafio de desenvolver o enredo.

Já vimos no anterior o que consiste um enredo do ponto de vista etimológico; isto é, esclarecer as coisas. Isso significa simplesmente que, uma vez escolhido o tema, para esclarecer as coisas sobre ele, devemos desenvolver seu conteúdo. Isso é tudo o que queremos dizer sobre o propósito, o que nos preocupa, o que sabemos, o que podemos descobrir por meio da pesquisa, a fim de chegar a um objetivo, a uma conclusão.

Devemos partir do enfoque específico que queremos dar à obra, seja ela um romance ou uma obra histórica, uma biografia. Se tomarmos Napoleão, por exemplo, e não pretendemos uma obra exaustiva, podemos restringir o foco de sua biografia: um ensaio sobre a importância de Napoleão como estrategista; ou a vida amorosa do Grande Corso. Um foco nas circunstâncias que levaram Bonaparte a criar seu famoso Código, que incorpora valores que ainda são relevantes, mais de 200 anos após sua existência.

Se a política traduzida para a literatura produziu temas tão importantes na ficção quanto as intrigas de Macbeth, de Shakespeare, na realidade o notório Caso Dreyfus levou Émile Zola a se esforçar para desvendar a corrupção do regime francês em 1900. E, mais recentemente, o jornalismo investigativo de dois repórteres americanos que levou à queda do líder da nação mais poderosa do mundo, há apenas 27 anos, como lemos em Todos os Homens do Presidente.

Questões cotidianas fornecem exemplos de temas desenvolvidos de forma inteligente que levam a trabalhos interessantes.

Se a seção financeira do jornal pode parecer árida para alguém, seria uma boa ideia escrever um conto sobre as dificuldades enfrentadas por um grupo de empresários diante de uma hipotética quebra da bolsa de valores de Hong Kong. Quais seriam as repercussões em cada país? Qual dos protagonistas, profundamente envolvido em atos ilícitos, tiraria a própria vida, como aconteceu em muitas partes do mundo durante a famosa quebra de 29?

E não nos esqueçamos de uma seção com grande público: a seção de esportes. As aspirações de atletas em ascensão de cumprir o lema olímpico: mais rápido, mais alto, mais forte. Esse é o lema de muitos que dedicam boa parte de suas vidas à prática de alguma modalidade esportiva.

Para além de uma mente sã em um corpo são, o esporte compõe um mundo que só quem se aprofunda consegue entender os problemas enfrentados tanto pelo próprio atleta quanto pelos chamados "atletas de calças compridas", aqueles que geram homens e recursos, envoltos em circunstâncias que o escritor que adota essa temática pode tornar mais ou menos sombrias, mais ou menos dramáticas, repletas de aspirações para os praticantes ou até mesmo uma história sentimental diferente, em meio às circunstâncias que cercam os atletas em determinados momentos.

Da criação dos mitos mais antigos aos temas atuais que exploram os labirintos insondáveis da mente, eles criaram obras literárias gigantescas que perduram.

O que é fantasia?

Afirmamos que é a capacidade criativa para coisas impossíveis. Embora muitos neguem possuí-la, ela pode estar escondida em algum recesso da mente e só precisa ser exercitada para que irrompa incontrolavelmente. Como em todos os casos, é necessário exercitar os órgãos para que não atrofiem e, embora o cérebro não seja um músculo, deve ser exercitado para produzir os sonhos mais loucos que se possa ter.

A literatura é a porta de entrada para as manifestações humanas mais íntimas, que um autor se permite colocar por escrito para que outros leiam. É aqui que sentimentos e preocupações emergem, e medos, sejam eles próprios ou alheios, são frequentemente anotados quando a criatividade permite que se tome essas experiências de outros e que o escritor tenha se inspirado a colocar essas expectativas no papel.

Esse tipo de texto, onde o medo impera, tem um aspecto muito especial, pois dá origem a histórias repletas de suspense, drama e angústia diante do desconhecido ou da certeza opressiva do futuro. A partir daí, é possível expressar pensamentos como aqueles que fizeram de Edgar Allan Poe o mestre das histórias de terror.

A soma de todos os temas que podem ser desenvolvidos nos guiará para definir os eventos importantes que formarão o núcleo da nossa história.

Exercício:

– Descreva a cor azul. O que ela evoca em sua imaginação, como uma paixão, como um objeto, como um símbolo?

– Escreva uma sinopse de uma página dos eventos mais marcantes da história que você deseja escrever, com base em um tema específico. 
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continua… 7. Os sentimentos dos personagens

Fontes:
http://www.mailxmail.com/curso-como-escribir-libro/ (tradução do espanhol por Jfeldman)
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sexta-feira, 6 de junho de 2025

Juan Barnav (Como escrever um livro) – 5. Definição da época e do lugar

tradução do espanhol por José Feldman


Definição da época

Uma vez definidas as características de nossos personagens, precisamos determinar o período em que eles se moverão. Ou seja, em que momento histórico os situaremos, pois este também é um fator que influencia fortemente a ação da trama.

É normal que alguém que está começando no desconhecido universo da ficção ambiente sua história na contemporaneidade, a época em que vivemos atualmente. Isso acontece pela simples razão de ser a época que eles melhor conhecem. Isso não é de forma alguma algo ruim. Pelo contrário, é um bom começo para um novo autor.

O que acontecerá quando alguém decidir escrever uma história futurista, uma daquelas chamadas "ficções científicas", agora que computadores, voos espaciais e os instrumentos mais sofisticados são comuns, e que os autores do pós-guerra de 1945 — a era de ouro da ficção científica — ainda sonhavam como algo irrealizável?

Essa situação nos leva a um aspecto que não podemos e não devemos negligenciar: a linguagem. Para ser congruente com a situação, o modo de expressão é muito importante.

Se formos prolixos na forma como detalhamos as vestimentas dos personagens, devemos pesquisar as características da moda da época.

Exercício:
Escolha um período da história humana que mais lhe agrade. Tente definir as características da época, em termos do modo de vida das pessoas, forma de sociedade, regime político, modos de se vestir e o que comiam. Utilize textos especializados para auxiliá-lo.

Onde a obra se passará

Em nosso trabalho de escrita de uma peça literária, uma vez estabelecidos os personagens e suas características físicas, emocionais ou psicológicas, se também definimos o momento histórico e a época em que a ação se passará, o próximo passo é determinar o lugar onde nossa história se desenrolará.

Não podemos esquecer que, dependendo do tipo de livro que realizamos, precisaremos adotar um certo grau de rigor científico; ou seja, conferir-lhe credibilidade ou autenticidade para validar nossos argumentos. Seja uma obra histórica ou de ficção, é muito importante definir o local das ações.

Se esclarecermos o local das ações, teremos dado um passo importante em nosso trabalho. Se o assunto for histórico — uma biografia, por exemplo —, é vital ressaltar que os lugares citados devem ser necessariamente aqueles onde ocorreu o evento histórico que estamos narrando ou revisando, para evitar erros.

Daí a importância de nossas fontes de pesquisa, sejam elas documentários, livros, revistas ou jornais, até mesmo correspondências entre o sujeito de nosso trabalho e certas figuras que também podem ser importantes para conferir maior autenticidade ao trabalho.

No caso do trabalho histórico contemporâneo, como apontamos anteriormente, as entrevistas ou pesquisas sociais, assim como as chamadas pesquisas de campo, ou seja, ir ao local dos acontecimentos para fazer observações diretas sobre determinados acontecimentos que nos interessam, são técnicas que nos permitirão enriquecer nosso trabalho de escritório: a pesquisa documental e a redação.

Na literatura criativa, pode-se escolher livremente o local para desenvolver a trama. Qualquer canto do mundo fornecerá o cenário ideal, se soubermos reconhecer o habitat dos personagens, já que até mesmo o clima pode afetar significativamente seu comportamento e reações, pois constitui o ambiente natural e cultural em que se desenvolvem.

Um homem que vive na cidade, com todos os luxos e confortos proporcionados por morar em uma área residencial, não pode reagir da mesma forma que alguém que vive no meio da selva, onde a eletricidade é simplesmente desconhecida e a principal preocupação é a chegada de uma estação chuvosa benéfica — não muito abundante, aliás — para que não prejudique as plantações ou o suprimento de óleo para as lamparinas que iluminam a escuridão de suas noites.

Entre as muitas possibilidades oferecidas por essas pistas, o local pode parecer insignificante à primeira vista. O importante para um escritor iniciante é aproveitar sua inventividade escolhendo um local adequado para sua história, mas sempre tentando descrevê-la da forma mais realista possível para convencer o leitor de sua autenticidade.

Exercício:
Descreva como seria a superfície do planeta Vênus. Como ele está sempre envolto em nuvens de água, deve conter muita água. 
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continua… 6. Sucessos fundamentais da obra

Fontes:
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quinta-feira, 5 de junho de 2025

Juan Barnav (Como escrever um livro) – 4. Os personagens de sua obra


(tradução do espanhol, por José Feldman)

No início, foi mencionado que existem duas maneiras de abordar um tema: por meio da ficção ou recriando a realidade. Ou seja, um romance ou talvez uma obra histórica será escrita.

Como essas obras são tipicamente repletas de ação, e não reflexões filosóficas, alguém deve realizá-las; ou seja, deve haver um ou mais personagens. Em outras palavras, o primeiro passo em nossa chave de quatro é determinar os personagens que nossa obra apresentará.

Se optamos por escrever uma biografia histórica, o personagem principal já estará definido: Napoleão, Hipócrates, etc. Depois de determinar as características fundamentais do personagem escolhido, devemos identificar outras figuras importantes que também foram decisivas na evolução de sua existência.

Quando se trata de uma obra com rigor histórico — ou seja, aderindo aos fatos de forma indispensável, como é o caso de uma biografia — é necessário pesquisar inúmeras fontes documentais ou, se o personagem for contemporâneo, entrevistar pessoas que o conheçam, a fim de obter informações em primeira mão.

Isso significa que nosso sujeito não precisa necessariamente ter falecido para ser o objeto de nosso estudo.

Por outro lado, se decidimos escrever um romance, nossos horizontes se expandem enormemente em termos de determinar o número de personagens e suas características. Pode ser apenas um ou um grande número de personagens.

Se, durante o desenvolvimento de sua obra, seja ficção ou realismo, você perceber que alguém está faltando, não se preocupe; sempre haverá tempo para introduzi-lo na trama. Mesmo que em algum momento você se encontre preso e não saiba como resolver as coisas, você pode inventar alguém que saiba toda a verdade ou que recupere a memória repentinamente.

As infinitas possibilidades que existem para a escrita são incríveis; por exemplo, em uma obra de ficção, de um conto a um grande romance, podem ser criadas personagens cuja história única, graças à inventividade do autor, cada uma possui sua própria história e, portanto, a trama pode seguir uma ampla variedade de caminhos.

Ao criar personagens, é essencial determinar sua identidade e outros aspectos interessantes de suas vidas, desde quem são seus familiares, como foi sua infância, se são saudáveis ou sofrem de alguma doença física ou mental (personagens com doenças mentais sempre foram um recurso para autores de obras dramáticas ou de ação); seu local de residência, sua condição social e econômica, já que nem sempre estão relacionados, e até mesmo sua morte e a forma como ela ocorreu devem ser observadas.

Se tivermos dificuldade em criar personagens, podemos recorrer a pessoas que conhecemos: amigos, familiares, professores, colegas de trabalho, vizinhos. Todos eles podem servir de modelo para um dos personagens da nossa história.

Você também pode fornecer ao personagem "armas" para ajudá-lo a ter um melhor desempenho, especialmente se for uma obra de suspense. Um deles pode possuir "o segredo" que resolverá a trama; outro pode se desenrolar com base em mentiras, complicando a história, o que ajuda a criar confusão entre os demais.

Mas mudemos de assunto. Nem todos nós temos inclinação para escrever histórias de suspense. As crianças não têm o direito de ler? Para elas, pode-se inspirar em Esopo, o escravo núbio que entrou para a história graças às suas fábulas, bem como no francês Lafontaine e no espanhol Samaniego, que deram personalidade a objetos e animais.

Depois de ler estas recomendações, você certamente nunca se sentiu tão livre para criar histórias e personagens que fluem em sua imaginação, apenas esperando a oportunidade de brotar dela e ganhar forma nas páginas que você está prestes a escrever. Vá em frente, então.

Exercício:
Seguindo o seguinte formato, descreva seus personagens. Lembre-se de que nem todas as suas características precisam ser necessariamente preenchidas, nem todos os personagens precisam ser tão ricos nelas. Mas é uma boa maneira de começar a defini-los.

Sexo Idade Nome: Informe sua escolaridade, se tiver. Indique sua profissão, se tiver, tipo e motivos. Filho(a): Chefe de família. Sem família. Sem dinheiro, com meios para sobreviver, rico ou milionário. Ascendência nobre, títulos. Descendente de criminosos, etc. Classe social baixa, média ou alta. Saúde física boa ou ruim. Características físicas, ascendência média: olhos, cabelo, constituição física, altura, características distintivas, etc. 
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continua… 5. Definição da Época

Fontes:
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing  

quarta-feira, 4 de junho de 2025

Juan Barnav (Como escrever um livro) – 3. Tenha seu próprio espaço para escrever e todos os implementos necessários

(tradução do espanhol por José Feldman)

É importante ter um espaço para desenvolver o trabalho criativo que confiamos a nós mesmos, evitando distrações que interrompem nosso trabalho e nos fazem perder o foco constantemente. Isso pode fazer com que a inspiração e a vontade de trabalhar se percam devido aos constantes contratempos que nos impedem de prosseguir com o nosso projeto.

Portanto, é uma boa ideia ter um lugar em sua casa que se torne seu santuário; um lugar onde somente você terá acesso às suas coisas. Em última análise, isso é uma questão de expressão pessoal. Quando você considerar apropriado, você deixará os outros saberem o que está fazendo.

Não se trata de ter um lugar inacessível a outras pessoas durante suas ausências, mas sim um lugar onde você pode relaxar, evitar interrupções constantes e trabalhar confortavelmente. Aqui, você terá a oportunidade de se concentrar e deixar sua imaginação fluir, se inspirar e escrever livremente. Em suma, é um lugar onde você pode ter privacidade suficiente para desenvolver suas ideias e, assim, escrevê-las de uma só vez.

Muitas vezes, descobrimos que o espaço é a principal limitação quando se trata de ter um lugar para escrever. Tenha você um estúdio para trabalho isolado ou alguém que more em um apartamento simples, você pode criar um espaço em um canto do cômodo.

O que realmente importa é que você consiga escrever confortavelmente; você deve ter uma série de ferramentas de apoio para desenvolver melhor sua escrita.

É sempre uma boa ideia ter outros recursos para aprimorar sua escrita; por exemplo, você pode obter um bom dicionário, de preferência um etimológico, já que você deve se acostumar a consultá-lo com frequência. Um dicionário de sinônimos também é aconselhável, pois nos ajuda a expressar nossas ideias de diversas maneiras e evita a monotonia de usar as mesmas palavras repetidamente.

Sua área de trabalho deve ser bem ventilada e iluminada. Recomenda-se ter um local perto de uma janela que permita livre circulação de ar, com luz vinda de trás e do lado esquerdo. Dessa forma, você não projeta sombra na mão nem sofre ofuscamento se a luz incidir diretamente sobre você, além de reduzir o cansaço visual.

Muitas pessoas acham mais relaxante escrever à noite. Há mais silêncio e tranquilidade, e a mente está mais disposta à criação. Portanto, recomenda-se que a luz artificial venha de uma fonte brilhante, do lado superior esquerdo, acima do ombro, para facilitar a escrita e a leitura.

A música é um bom acompanhamento para muitas pessoas. Quando se trata de colocar ideias em prática, também pode ser útil ter um sistema de som, como rádio, toca cds ou mp3, mas em volume baixo para evitar distrações. Recomenda-se também selecionar músicas relaxantes, de preferência clássicas, sem melodias altas ou conhecidas, justamente para não atrapalhar a concentração do escritor.

Exercício:
Quando tiver o tempo que deseja escrever em uma única sessão, divida-o pela metade;

Após concluir a primeira etapa, sente-se ao lado de sua mesa, onde você terá sua máquina de escrever ou computador, papel e outros utensílios para seu trabalho criativo diário. Faça cinco minutos de exercício para aliviar a rigidez, movimentando pernas, braços e cintura sem se cansar. Sente-se novamente e escreva.
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continua… 4. Os personagens de sua obra

Fontes:
http://www.mailxmail.com/curso-como-escribir-libro/
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