A natureza é sábia e faz as coisas ocorrerem paulatinamente, para que não se sinta ou se assuste. Mas, é fatal que, de vez em quando, a gente olhe as fotos antigas e, diante do espelho, veja que já não é como antes. Todavia, nada de abatimento. Pense que é melhor assim do que ter morrido jovem. Também não é por isso que vai se abandonar e deixar o tempo destruir a beleza. Tem pessoas acima de 50, 60... paqueráveis e agradáveis de se ter como companhia. Existem exemplos de criatividade acima dos 70. De uniões, também, após esta idade. Com 70 anos de idade, a violeira Helena Meirelles lançou um CD; diz-se que se casou com uma jovem de 16 anos e foi pai aos 85, o itabunense Ferreira; Rachel de Queiroz continuou escrevendo após os 80 anos; Maria Clara Machado, autora de "Pluft, o Fantasminha", "O Cavalinho Azul" e outros, com 74 anos, ainda ministrava aulas de teatro; Oscar Niemeyer, aos 100 anos, mantém-se na ativa e cria projetos arquitetônicos; meu amigo Souza, com mais de 80 anos, ainda escrevendo na Gazeta do Tatuapé; o mestre, poeta Luís Cotrim, com seus 89 anos, criando lindas crônicas e passeando na noite.
Não custa perder algumas horas para se cuidar. Exercício, aquele trato. Mas, também, não vamos chegar ao exagero de recusar convites para um churrasco só para manter a forma. De vez em quando, há de se permitir uma extravagância. Uma pintura, um batom e uma ajeitada no cabelo sempre dão aquele charme no visual. Mas, nada de exagero. Cada tipo no momento e lugar adequados. Pendurar um par de patins na orelha só para chamar a atenção fica meio sem graça. Lógico que tem gente que fica bem. Mas, aí é exceção. Tem gente que percebe que aquela coisa não era para aquela pessoa, ou aquela pessoa não era para aquela coisa. Sempre tem uma amiga ou amigo que dá um palpite ou responde com sinceridade se ficou bem, ou não. Mas, você tem de tomar cuidado com aquela que sempre fala que está bem, ótimo, ou, então, que está horrível.
De qualquer forma, nada de sair por aí desarrumado só porque está de mal com a vida. Ah! tem momentos em que estar simples de tudo também é charme. Outra coisa, se encontrar aquela colega de ginásio, nada de vir com “Nossa, como você está acabada.” Primeiro, porque a fulana sabe muito bem disso, não precisa ficar lembrando. Segundo, porque é antissocial. A não ser que seja você daquelas pessoas que gostam de se divertir com o sofrimento dos outros, ou que a tal seja aquela que esnobava com a sua beleza e sempre era eleita a miss da cidade e a rainha da primavera no ginásio.
Também, se cruzar com um amigo ou amiga acompanhados de um jovem, nada de vir com elogios do tipo "Seu filho, ou sua filha, é muito bonito(a)", antes de ter certeza absoluta de que não se trata de um namorado ou namorada. Esse negócio de que amor não tem idade não é papo furado, não. Acontece mesmo!
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = =
LAÉ DE SOUZA é cronista, poeta, articulista, dramaturgo, palestrante, produtor cultural e autor de vários projetos de incentivo à leitura. Bacharel em Direito e Administração de Empresas, Laé de Souza, 55 anos, unifica sua vivência em direito, literatura e teatro (como ator, diretor e dramaturgo) para desenvolver seus textos utilizando uma narrativa envolvente, bem-humorada e crítica. Nos campos da poesia e crônica iniciou sua carreira em 1971, tendo escrito para "O Labor"(Jequié, BA), "A Cidade" (Olímpia, SP), "O Tatuapé" (São Paulo, SP), "Nossa Terra" (Itapetininga, SP); como colaborador no "Diário de Sorocaba", O "Avaré" (Avaré, SP) e o "Periscópio" (Itu, SP). Obras de sua autoria: Acontece, Acredite se Quiser!, Coisas de Homem & Coisas de Mulher, Espiando o Mundo pela Fechadura, Nos Bastidores do Cotidiano (impressão regular e em braille) e o infantil Quinho e o seu cãozinho - Um cãozinho especial. Projetos: "Encontro com o Escritor", "Ler É Bom, Experimente!", "Lendo na Escola", "Minha Escola Lê", "Viajando na Leitura", "Leitura no Parque", "Dose de Leitura", "Caravana da Leitura”, “Livro na Cesta”, "Minha Cidade Lê", "Dia do Livro" e "Leitura não tem idade". Ministrou palestras em mais de 300 escolas de todo o Brasil, cujo foco é o incentivo à leitura. "A importância da Leitura no Desenvolvimento do Ser Humano", dirigida a estudantes e "Como formar leitores", voltada para professores são alguns dos temas abordados nessas palestras. Com estilo cômico e mantendo a leveza em temas fortes, escreveu as peças "Noite de Variedades" (1972), "Casa dos Conflitos" (1974/75) e "Minha Linda Ró" (1976). Iniciou no teatro aos 17 anos, participou de festivais de teatro amador e filiou-se à Sociedade Brasileira de Autores Teatrais. Criou o jornal "O Casca" e grupos de teatro no Colégio Tuiuti e na Universidade Camilo Castelo Branco.
Fontes:
Laé de Souza. Acontece… . 44a. edição. SP: Ecoarte, 2018.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing

Nenhum comentário:
Postar um comentário