“Sou estrada sem destino, caminho sem volta, amanhã sem talvez... e eu, aqui, não me achei”. (Amanda Aparecida Melo de Souza )
Noite sem ninguém
A lua me faz companhia sem dizer palavra.
Folha que cai só dança no vento
Sem rumo, como eu, sigo aqui, sem voz.
O espelho vazio...
Reflete o que não está só. O tempo passa.
Chuva no telhado
Cada gota é um segredo que só eu escuto.
O silêncio paira como ave sem destino
No céu da minha manhã, o tempo segue nublado.
Bruma na manhã
Ninguém vê meus passos lentos. Sou parte do nada.
Vela acesa
Só a sombra dança na parede sem aplauso algum.
Lenha estalando
O som chega preenchendo o vazio sem pedir licença.
Mapa na tela do celular
Não há rumo a seguir, só o tempo gira em vão.
Respirar profundo
O mundo, lá fora, gira aqui, dentro só o silêncio rodopia.
Pena no chão
Ninguém viu quando caiu, mas eu a enxerguei sozinho.
Mesa para um só
O garçom traz dois pratos só para me humilhar.
A mensagem não vem
E o celular vibra à toa. Que droga! Foi só a bateria morrendo.
Cadeira vazia
Dialogo com ela, mas a infeliz não responde.
Meia sem par
Na gaveta ela espera um amor perdido.
Suco na caneca
Brindo comigo mesmo. Ninguém recusa.
Jogo de tabuleiro
Eu contra mim. Empate. Ninguém comemora.
Conselho bom vem
E grita quando já fiz a burrada. Obrigado, mente.
Telefone mudo
Mas quando toca é engano ou cobrança indevida.
Cama de casal
Metade é só decoração, a outra, vazio e desilusão.
Feliz aniversário
Bolo pra mim, só pra mim. Ninguém por aqui erra meu nome.
Casa impecável
Ninguém veio pra elogiar, mas a poeira sempre dá um jeito de voltar.
Série favorita
Do meu lado nem a solidão para comentar. Só eu e o vazio.
Relógio cansado
As badaladas marcam as horas do “sem você”, com fria precisão de ausência.
Porta da sala entreaberta
Espero, em vão, pela visita imaginária de alguém que nunca chega.
Mensagem não vem
É o “digitando…” que pisca só pra me iludir.
Me arrumei todo
Para esperar quem não veio. Meu espelho riu de mim.
Dois copos na mesa
Um para mim, outro para o vazio. Viva, estou brindando ao sumiço dela que acabou de chegar.
Mala na estrada, jogada do ônibus
Cheia de planos, contudo, ninguém desembarca.
A minha vizinha porta com porta refez o cabelo, pintou as unhas...
Mas meu coração insuportável não me deixou ir até lá.
Encomenda errada
Me ligaram da portaria. Não era comigo. Foi a ração de gato do senhorzinho do 503.
Reguei a roseira para que voltasse à vida
Todavia, só deu as caras uma mosca enxerida.
Passei perfume pra espantar
Apesar disso, a saudade dela engrandeceu a ausência.
Da minha varanda, espio a avenida lá embaixo
Cada carro é um talvez e todos se vão embora...
Meu rádio ligado
A música diz “ela vem”... Qual o quê! Mentira sonora...
Eu comigo...
E a espera de um porvir, que não tem pressa de se fazer presente.
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APARECIDO RAIMUNDO DE SOUZA (72), natural de Andirá/PR,. Em Osasco, foi responsável, de 1973 a 1981, pela coluna Social no jornal “Municípios em Marcha” (hoje “Diário de Osasco”). Neste jornal, além de sua coluna social, escrevia também crônicas, embora seu foco fosse viver e trazer à público as efervescências apenas em prol da sociedade local. Aos vinte anos, ingressou na Faculdade de Direito de Itu, formando-se bacharel em direito. Após este curso, matriculou-se na Faculdade da Fundação Cásper Líbero, diplomando-se em jornalismo. Colaborou como cronista, para diversos jornais do Rio de Janeiro e Minas Gerais, como A Gazeta do Rio de Janeiro, A Tribuna de Vitória e Jornal A Gazeta, entre outras. Hoje, é free lancer da Revista ”QUEM” (da Rede Globo de Televisão), onde se dedica a publicar diariamente fofocas. Escreve crônicas sobre os mais diversos temas as quintas-feiras para o jornal “O Dia, no Rio de Janeiro.” Acadêmico da Confraria Brasileira de Letras. Reside atualmente em Vila Velha/ES.
Fontes:
Texto enviado pelo autor.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing

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