Ao penetrar na mata opulenta, a estrada se transformava sem matizes em simples filete de solo, onde a vegetação não se desenvolvia pelo pisar e repisar contínuo dos colonos que, no trote inalterável dos cavalos, iam ou à vila fazer compras, ou à casa de Oscar de Oliveira — cuja fazenda os caboclos, por pilhéria ou por espírito de simplificação, denominavam “a fazenda do Nhô Ó”.
Também, era só no trilho que faltavam os rebentos do solo exuberante. De um lado e doutro surgiam caules dos mais variados aspectos — transformando-se para cima naquela disposição confusa de ramos robustos, de galhos menos viçosos, de esgalhos tenros (que por vezes silhuetavam sobre o caminho estreito uma abóbada rendada, por onde o sol conseguia filtrar-se nas tardes ardentes), e resolvendo-se abaixo da superfície em um emaranhado de raízes profundas, abundantes em seiva.
O porte das plantas comumente não atingia grandes proporções. O que, porém, elas perdiam em tamanho recuperavam em abundância, dispondo-se tão próximas que, sem exagero, o passante poderia supor a existência de um só tronco a perfurar avidamente a terra para nutrir toda aquela aglomeração de organismos famintos.
O riacho, muito tacitamente, esgueirava-se por aqui, por ali, até atingir a estrada, continuando a arrastar-se depois sobre o leito humilde e sinuoso.
Do solo, a umidade parecia elevar-se em emanações sensíveis.
Também, onde só penetrava uma amostra de sol (como diziam os caboclos), e assim mesmo só depois do meio-dia, não se poderia esperar outra coisa. Não era como nos lugares descampados, onde os raios ardentes se casavam com o bafo tépido da terra ressequida.
De repente, ainda desta vez sem matizes preliminares, a estradinha abria-se em um claro espaçoso, desnorteante, indesejável, para não mais retornar à semi-escuridão de outra mata silenciosa e fértil.
E ali, próxima à boca do caminho, uma habitação rústica erguia-se, insulada pela cerca baixa, de ripas paralelas.
Àquela hora parecia estar deserta, apesar das duas janelas, abertas com discrição, montarem guarda, uma de cada lado, à porta escancarada.
No terreiro, onde emergia atrás da casa o vulto esguio e nu da palmeira, só uma galinha, que não quisera procurar alimento mais para longe, ciscava o chão.
Por fim, violando aquela paz admirável, ecoa tênue uma vozinha de mulher. E sem muita demora, sai da mata uma figura delicada de cabocla que, ao surgir dentre as árvores, sente dilatar-se na clareira do terreno a cançoneta bucólica que trauteava com indolência.
— Arre! (exclama quando vê a casinhola modesta) que a minha cabeça não é de ferro.
E passa a carregar a vasilha na mão. Entra na cozinha desassoalhada. Despeja meia caneca d’água na panela de feijão. Olha ligeiramente os outros cozimentos. Depois volta. Mas sem cantarolar mais. Enxuga as mãos no vestido, feito de chita salpicada de bolinhas verdes. Atira os cabelos fartos e desalinhados para trás. E vai recostar-se no mourão da cerca, destinado à articulação do portão.
Descalça, os braços completamente nus, o colo, muito alvo, negligentemente descoberto em parte, e um cinto sem luxo ressaltando as formas jovens, Tinoca, na posição em que ficara, era bem um enfeite à paisagem que a rodeava.
O vento, soprando às vezes com um pouco de energia, fazia flutuar-lhe os cabelos longos para, desordenadamente, os atirar depois, como em desmaio, no dorso macio, e imprimia-lhe dobras graciosas nas vestes. Ela, então, sorrindo, uma vez ou outra, apertava com as mãos abertas, por pudicícia pueril, a saia rebelde que queria enrolar-se-lhe nas pernas.
— O Luís eu sei que só pode voltar de noite. Mas o pai... Há que tempo já aprontei a janta!
A cabocla, ensimesmando-se naquela atitude singela, estende os olhos negros pela verdura simétrica do cafezal imenso, sem parecer avistar os pés de milho, muito flavos, que, plantados no entremeio, lhe ressaltam o paralelismo caprichoso.
Lá em cima as baitacas, em colmeiação instantânea, verdejam por um momento o firmamento e, quais matracas aladas, enchem o ar com a desagradabilíssima voz.
E Tinoca pensa.
Pensa naquela sua vida solitária, passada entre dois homens, o pai e o irmão, que quase só apareciam em casa para comer e dormir.
Liberta depois o anseio incaracterístico, o prurido ingênuo de qualquer coisa vaga, que ela não sabia explicar ainda e que fosse como um raio de sol a brincar, muito ardente, na mata querida, sobre verde folhinha.
Por fim, ruborizada de leve a face morena, deixa talhar-se no coração palpitante a figura máscula e simpática do Jovino.
— O Jovino... Há quatro meses que está lá na cidade, servindo no exército... Mas o Jovino voltará logo. Ele me disse, antes de partir, na festa de São Sebastião. Quando ele voltar... Ninguém desconfiou ainda. E se o pessoal soubesse o que nós conversamos naquela noite...
Feliz, continua Tinoca o devaneio. Imagina uma porção de coisas. Depois lhe parece luciluzir no meio da visão caleidoscópica, emergindo do amontoado de ideias, o sorriso do Jovino, já de volta da Capital, oferecendo o coração generoso e apontando para ambos uma pletora de venturas. Figura na mente enxameada de sonhos o espanto do povo quando ele viesse pedir a permissão do pai para ampará-la nos braços robustos durante a existência toda.
— E papai, ao nos ver celebrar o noivado mais ditoso deste mundo, abençoará com um sorriso de bondade a felicidade de sua querida Tinoca. Quando, bem de tardinha, depois de mourejar valentemente o dia inteirinho para poder sustentar com vantagem a situação próxima, o Jovino me vier dar o presente de seus olhares, nós sairemos por aí, sorvendo o perfume destes pagos, gozando as belezas das tardes do meu sertão, acariciados pela frescura da mata irmã, onde nos abraçaremos pelos olhos, no mutismo bom de dois amores inestioláveis. Quando, nos domingos bonitos com que a imensa bondade de Deus premia os esforços do homem do sítio, nós formos à vila assistir à missa, ouviremos o pregão de casamentos. Depois, todos manifestarão no “bom-dia” rude o desejo de ver realizada nossa grande felicidade. E quando, ao outro janeiro, o São Sebastião, todo cheio de frechas, os braços arroxeados, as pálpebras semi-cerradas pela dor, for colocado com seus farrapos no andor florido...
...E continua Tinoca a sonhar...
O fazendeiro Oscar de Oliveira não era homem de tolerar ninharias. Se, em horas de serviço, atingia excessos de exigência, quando chegavam os momentos de diversão, queria que os colonos se divertissem à farta. Nem que fosse preciso sacrificar uma boa parte de seus teres e haveres.
Por isso eles ansiavam por qualquer festa protegida pelo patrão, porque tinham por certo que a coisa deixaria saudades.
Não permitindo seus recursos uma festa digna do casamento da filha, o velho Malaquias decidir-se-ia a expor a situação a seu Oscar. E numa tarde de sábado vai surpreender o patrão despreocupadamente recostado na rede do terraço, a afagar a negrura esquerda do bigode.
— Tá descansando da lida, patrão?
— É verdade. Estive percorrendo o cafezal para arranjar outros planos.
— Ahn!
O velho, após uma pausa, parece tirar a timidez com o pigarro:
— Patrão. Eu vim aqui tratar de um negociozinho com o senhor...
— Desembucha, homem. Este fazendeiro velho não quer segredos entre si e os colonos.
— É que... O Jovino, aquele seu afilhado, sabe?... O filho do compadre Henrique... Pois ele foi lá em casa pedir pra casar com a minha menina...
— Chê! Malaquias. E você não tem tristeza em ficar sozinho no rancho? O Luís daqui a pouco zarpa também. Já está passando da idade de arranjar mulher!
— Sim. Eu bem que pensei nisso. Mas o pobre do caboclo nessas coisas tem coração de galinha. Eu vi que ele queria, que ela também queria...
— E pra quando marcaram a festa?
— A Tinoca me disse que fez uma promessa de se casar no dia de São Sebastião.
— Eh! Está bem perto!
E enrolando o comprido cigarro de palha, silencia por um momento. Depois:
— Nós precisamos dar um jeito nisso. É falta de caridade separar-se você da menina, para viver na solidão, sem mulher em casa. Se a pobre de sua patroa ainda vivesse...
O caboclo roda o chapéu de palha nos dedos. Treme levemente.
— Ainda hoje eu estive pensando em derrubar um pedaço daquela moita perto de sua casa, para aumentar o terreno vazio do lado, e encher tudo isso de café. Não quero mais terras pra bonito. Preciso plantar, plantar...
E com expressão de simpatia:
— Malaquias. Que tal se o Jovino tomasse essa empreitada? Ele está mesmo livre agora... E assim ficariam todos morando juntos.
Num ofego de gratidão e de indisfarçada alegria, Malaquias sorri, suspirando depois baixinho:
— Que alma de pomba esta do patrão...
Na noite de São Sebastião, noite quente de janeiro, a casa grande da fazenda apresentaria festivo aspecto. Nenhum caboclo, desde a última safra, se “enforcara” no casamento para proporcionar uma festança daquelas, e desta vez o patrão se empenharia em fazer um colosso. Solenizando a festa do padroeiro, protege o afilhado em segundo paraninfado. Até a Nirinha, sua filha, não sei por que cargas d’água, desta vez tira da cabeça original ideia. Traz da cidade próxima, em jovial alarido, um magote de rapazes fanfarrões e moças alegres. E organiza dois salões de danças. Um para as pessoas da cidade e outro para a caboclada do sítio.
Lá pelas seis horas, mais ou menos, serve-se o jantar.
Jantar farto, sem pratos finos, mas tudo com grande abundância. Carnes pletoradas de gordura são desagregadas no grande tacho ajeitado no terreiro. As caboclas encarregadas do serviço desdobram-se em solicitude. A mulatinha da casa, sem tréguas, atende à mesa para avisar as cozinheiras logo que, retirada da mesa cada leva de pessoas, seja necessário trocar os pratos usados, reencher as travessas, servir novamente a broa ou o pão à nova turma de convidados.
E depois, debaixo do plenilúnio branquejando lá em cima num sorriso de bênção e de alegria também, os dois bailes prosseguem animados.
Na sala do pessoalzinho da cidade uma vitrola das grandes comicha com seus sambas pererecas as pernas daquela mocidade despreocupada.
E, no salão improvisado e vasto dos sertanejos, a sanfona e o cavaquinho fazem girar no assoalho desparelho, donde surde irrepressível o pó, aquela turba de corpos suarentos, rudes, meio abrutalhados, sensuais, que afogueadamente aconchegam espáduas, embatem dorsos, entrechocam ancas.
De tempos em tempos percorre a sala o garrafão da “fervida”, da qual todos participam, o que aumenta ainda mais o ardor da dança pesada, lenta, deselegante, mas plena de alegria cabocla, de arfares sorridentes, de desejos esbatidos.
Assim a música da cidade e a música da roça se consubstanciam nos ares da pacífica fazenda do “Nhô Ó”, segregando, por assim dizer, ao ouvido do observador silencioso, que o amor existe tanto numa como noutra e, ao mesmo passo que no burburinho dos centros, gera a alegria no recesso do sertão.
Noite alta. Os pares do salão dos sertanejos acham-se diminuídos. A sala dos da cidade resta abandonada e escura.
No interior da casa grande a Nirinha corre de um lado e doutro para promover a acomodação de seus convidados.
Tinoca, muito bonita nos enfeites de noiva e mais corada ainda pelas sensações novas do dia, sente-se cansada. Ardem-lhe os olhos. Procura um canto solitário. E medita.
Ela... Como era feliz! Merecer esta festa do patrão... E o despeito das outras caboclas, então. Como se sentia orgulhosa de ser invejada!
Bem que vira o jeito da antiga namorada do Jovino. Bem que vira. Mas se limitara apenas a sorrir sobranceira, no gozo intenso de sua dita mais intensa ainda.
E a ideia da Nirinha? Quando é que outra cabocla tinha fruído, no dia do casamento, a presença de pessoas da cidade? Nunca! Só ela. Mais ninguém!
Além disso, como não se sentir orgulhosa com o discurso do tal de Humberto, um dos moços da cidade? Ele, num momento dado, durante o jantar, levantara-se. E, entre dois copos de cerveja, dissera meia dúzia de palavras que aos outros poderia provocar risadas. Mas que a ela encheria de uma infinita alegria.
Imaginem só! Um discurso feito por um rapaz da cidade!...
Para Tinoca, todas essas pequeninas coisas, esses acidentes insignificantes, teriam importância enorme. E ela acalentaria no cérebro, monopolizado pelas ideias de sua felicidade, este pensamento sutil:
— Ah! O meu casamento será lembrado aqui durante muitos anos.
A casa do fazendeiro Oscar de Oliveira não seria suficiente para abrigar todos os convidados da Nirinha. E (que fazer?), entre as mil e uma desculpas desta, uns seis rapazes resolvem passar o exíguo restante da noite no automóvel. Vão. Mas apenas silenciam, desacomoda-se o Humberto, o títere da turma, e diz num sorriso:
— Que tal? Vamos “sapear” o baile dos caboclos? Quem sabe encontramos lá qualquer morena alinhada, e então...
Visível agrado acolhe a ideia.
— Também, de que adianta dois segundos de olho fechado? A lua ainda não quis fechar o seu...
Saem os rapazes. Passam por detrás da casa, onde alguns tições ardem debaixo dos tachos. Atravessam o pátio iluminado pelo luar muito claro. Entram no salão de baile. Poucos pares. O homem da sanfona, abrindo e fechando o fole, de vez em quando ginga o corpo de sono. E os dançadores conservam ainda o gesto afogueado de juntar sensualmente os corpos. Continuam no mesmo bamboleio pesado, lento, deselegante do começo.
Logo ao entrar, Humberto avista uma caboclinha dengosa, de fita em diadema e farta de seios.
Reúne-se o grupinho a um canto, como que acossado. E o folgazão do orador segreda:
— Na outra marca eu vou pegar aquela morena de olhos tentadores.
Os outros riem da audácia.
— Cuidado, que qualquer galã daí te vira no avesso.
Humberto sacode os ombros. Sorve um trago da “fervida”, pigarreando.
E ao sanfoneiro:
— Maestro. Uma valsinha, agora.
O gaiteiro inicia uma peça batidíssima.
Aproxima-se o moço da morena. E balbucia numa reverência irônica:
— Senhorita...
A cabocla, aturdida, enleada, cora imediatamente, dizendo num gaguejo:
— Mas... eu...
Nesse momento o seu par de há pouco, um “cabra” espadaúdo, de fisionomia carregada, e que lhe dera as costas logo após o final da música anterior, vira-se bruscamente:
— Como é? O que é que o senhor está dizendo?
Sem esperar resposta, vermelho de cólera, e já no começo da embriaguez, fita o audacioso de alto a baixo. Encosta-lhe o peito, com desplante inaudito.
E como um trovão:
— O quê? Então minha noiva é mulher para dançar com almofadinha de meia-tigela?
Humberto, no auge do espanto, dá um passo para trás, estarrecido.
Onde o assoalho para pisar? Onde os companheiros para conter aquele brutamontes raivoso?
Os sertanejos olham mudos a cena, que se tornara angustiante para os jovens intrusos.
E só a entrada casual do fazendeiro no salão impede que a coisa adquira mais amplas proporções.
Depois que, corridos de vergonha, desaparecem por detrás da casa os rapazes da cidade, Tinoca pensa com seus botões:
— E mais esta briga, ainda, para fazer com que o meu casamento seja lembrado por muitos anos...
O sol já deixara de coar-se na abóbada do caminho estreito. As baitacas não mais traçavam um rastilho verde no céu do sertão. Os cafezais não eram agora senão retas escutas que punham relevo nas primeiras projeções da lua cheia.
Recostada no mourão da cerca que completava o insulamento daquela casinhola modesta, construída no claro desnorteante, a cabocla em silêncio prossegue na cisma.
Cabrioleiam-lhe os cabelos no colo meio descoberto. Saltitam-lhe depois nas espáduas macias enquanto alguns fios mais longos acariciam os braços nus, em tentação de amplexos amorosos. A saia, vira-mexendo sem cessar pelo sopro do vento, teima em lhe cingir as pernas, ondulando-se, como em desmaio, no regaço apenas esboçado.
E Tinoca, sob o branquejar do plenilúnio tão lindo quanto desejara na feliz noite de São Sebastião, continua a ninar aquele sonho rendilhado de esperança, verde como as baitacas vesperais que antes passavam em bandos, verde como a simetria caprichosa do cafezal em frente, como as bolinhas verdes do seu vestido de chita...
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Newton Sampaio natural de Tomazina/PR, 1913 e falecido na Lapa, em 1938, foi um médico, ensaísta, escritor e jornalista brasileiro. Newton é considerado um dos mais importantes contistas paranaenses sendo o precursor do conto urbano moderno. Em 1925, saindo da pequena Tomazina foi estudar no Ginásio Paranaense, em Curitiba, e precocemente, passou a lecionar nesta instituição, além de colaborar para alguns jornais da capital paranaense, principalmente o "O Dia". Ao ser admitido na Faculdade Fluminense de Medicina, transferiu-se para a cidade de Niterói. Após formado em Medicina, permanece na capital do país, porém, com a saúde bastante abalada, retornou a Curitiba e em seguida internou-se em um sanatório na cidade da Lapa onde faleceu no dia 12 de julho de 1938. Duas semanas após o seu falecimento, recebeu o Prêmio Contos e Fantasias concedido pela Academia Brasileira de Letras, pelo livro Irmandade. Newton Sampaio pertenceu ao Círculo de Estudos Bandeirantes de Curitiba e como homenagem ao jovem modernista, um dos principais prêmios de contos do Brasil leva o seu nome: Concurso Nacional de Contos Newton Sampaio. Algumas obras: Romance “Trapo”: trechos publicados em jornais e revistas; Novela “Remorso”, 1935; “Cria de alugado”, 1935; Contos: “Irmandade”, 1938, “Contos do Sertão Paranaense”, 1939; “Reportagem de Ideias”: contos incompletos, etc.
Fontes:
Newton Sampaio. Ficções. Secretaria de Estado da Cultura: Biblioteca Pública do Paraná, 2014. Disponível em Domínio Público.
Publicado originalmente em O Dia. Curitiba, 01/07/1933.
Biografia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Newton_Sampaio
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing

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