sexta-feira, 7 de novembro de 2025

José Feldman (Café Literário)

Era uma tarde chuvosa, com muitos relâmpagos, quando três escritoras se encontraram em um pequeno café localizado dentro de uma biblioteca antiga, além da imaginação. O ambiente era acolhedor, com estantes repletas de livros ao fundo e o aroma do café fresco pairando no ar. 

Lygia Fagundes Telles, Raquel de Queiroz e Clarice Lispector já estavam sentadas em uma mesa rústica, cercadas por cadernos, canetas e uma xícara fumegante.

Lygia (sorrindo): Que delícia poder estar aqui com vocês! Às vezes, sinto que as bibliotecas têm um modo especial de nos inspirar, não acham?

Raquel (balançando a cabeça): Com certeza. É como se cada livro aqui tivesse algo a nos contar. E eu adoro a ideia de que todos nós, de alguma forma, estamos conectadas por essas histórias.

Clarice (olhando pela janela): É verdade. Mas, falando em histórias, como andam os enredos de vocês? Estou curiosa para saber em que estão trabalhando.

Lygia (pegando um caderno): Estou explorando a vida de uma mulher que descobre um diário antigo em uma casa de família. Ela começa a desvendar segredos que mudam sua perspectiva sobre o passado. É uma viagem entre o real e o imaginário.

Raquel (entusiasmada): Isso me lembra um pouco da história que estou escrevendo. Minha protagonista é uma mulher do sertão que luta para manter sua identidade em meio às adversidades. A conexão com suas raízes é fundamental.

Clarice (pensativa): Como isso é profundo. Eu estou mergulhando na mente de uma mulher que se sente perdida em sua própria vida. É uma exploração da solidão e da busca por pertencimento. Acredito que, no fundo, todas nós lidamos com essas questões de alguma forma.

Lygia (inclinando-se para frente): Eu adoro como você aborda a solidão, Clarice. É um tema tão universal. Você consegue transmitir essa sensação de forma tão intensa.

Raquel (sorrindo): E, ao mesmo tempo, nos mostra a força das mulheres. A luta é uma parte intrínseca da nossa narrativa, não é?

Clarice (concordando): Exatamente. E, curiosamente, muitas vezes encontramos força nas fragilidades. Na minha história, a protagonista descobre que a vulnerabilidade pode ser uma fonte de poder.

Lygia (pensativa): Isso me faz refletir sobre como as experiências de vida moldam nossas personagens. Cada uma de nós traz um pedaço de si nas histórias que contamos.

Raquel (entusiasmada): E o que vocês acham sobre a influência do ambiente em nossos enredos? Para mim, o sertão é quase um personagem. Ele tem vida própria, e suas características influenciam profundamente a trajetória da minha protagonista.

Clarice (sorrindo): Eu sinto o mesmo. No meu caso, o espaço urbano, com suas contradições, é fundamental. O caos da cidade reflete a confusão interna da minha personagem.

Lygia (abrindo os braços): E quanto aos sentimentos? A literatura, para mim, é uma forma de explorar o que muitas vezes não conseguimos expressar. Através da escrita, conseguimos dar voz a emoções complexas.

Raquel (com um brilho nos olhos): Sim! E isso é especialmente importante para nós, mulheres. Muitas vezes, nossas vozes foram silenciadas, e agora temos a oportunidade de contar nossas histórias.

Clarice (pensativa): Isso me lembra da forma como a sociedade vê as mulheres. Nossas histórias desafiam estereótipos, não é? Cada uma de nós, de nossa maneira, traz à tona questões que precisam ser discutidas.

Lygia (concordando): E é essa diversidade de experiências que enriquece a literatura. Precisamos continuar a abrir espaços para novas vozes e narrativas.

Raquel (erguendo a xícara): Um brinde a isso! À força da mulher na literatura e a todas as histórias que ainda estão por vir.

Clarice (levantando a xícara também): E que possamos inspirar outras mulheres a encontrar suas vozes e contar suas histórias.

As três escritoras brindaram, sentindo a energia daquela manhã, ricas em ideias e reflexões. O café na biblioteca se tornara um espaço de criação, onde palavras se entrelaçavam como as vidas de suas protagonistas, cada uma em busca de seu próprio caminho e significado. 

E assim, entre livros, risos e diálogos profundos, a manhã se desenrolou, repleta de promessas e sonhos literários, enquanto o mundo lá fora continuava a girar, alheio à magia que acontecia naquele pequeno refúgio de histórias e inspiração.

Fontes:
José Feldman. Pérgola de Textos. Floresta/PR: Plat. Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing  

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