domingo, 30 de novembro de 2008

O Mundo Curioso da Literatura



Lemony Snicket (Desventuras em Série)

A série de livros conta a história dos irmãos Baudelaire, que perdem os pais em um incêndio e são obrigados a ir morar com seu tio, o Conde Olaf. Ele é um sujeito ganancioso e egoísta, e só está de olho na herança dos garotos. Por isso, apronta poucas e boas com eles, fazendo-os sofrer bastante.

A coleção foi escrita pelo misterioso Lemony Snicket. Esse é o pseudônimo do norte-americano Daniel Handler. Antes de lançar Desventuras em Série, o escritor publicou dois livros para adultos que não obtiveram muito sucesso.

A biografia de Snicket presente na obra diz que ele nasceu numa pequena vila que hoje está submersa. Um povoado aparentemente pacato, mas cercado de segredos. ?Para escrever essas desventuras dos irmãos Baudelaires fui obrigado a conhecer a fundo as artimanhas de vilões como o conde Olaf. Passei anos mergulhado no mundo do crime. Não dos crimes reais, é claro: minha formação é estritamente técnica", completa.

Na época do lançamento do primeiro livro, Handler disse ao público que não era Snicket, apenas o representava. "As crianças ouvem mentiras constantes de adultos, então acho que não foi algo incomum para elas", falou ele sobre o disfarce.

Até 2005, haviam sido lançados 11 dos 13 volumes previstos para a série. Seus nomes são Mau Começo (The Bad Beginning), A Sala dos Répteis (The Reptile Room), O Lago das Sanguessugas (The Wide Window), Serraria Baixo-Astral (The Miserable Mill), Inferno no Colégio Interno (The Austere Academy), Elevador Ersatz (The Ersatz Elevator), A Cidade Sinistra dos Corvos (The Vile Village), O Hospital Hostil (The Hostile Hospital), O Espetáculo Carnívoro (The Carnivorous Carnival), O Escorregador de Gelo (The Slippery Slope) e The Grim Grotto (sem título em português).

Os livros foram traduzidos para 39 idiomas e venderam 27 milhões de cópias em todo mundo.

Foram os primeiros livros a tirarem a série Harry Potter do alto da lista de best-sellers infantis do jornal The New York Times.

Em 2004, foi lançada a adaptação da série para o cinema. Desventuras em Série levou oito meses para ser feito e custou 125 milhões de dólares. Jim Carrey e Meryl Streep estão no elenco.
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Bram Stocker (Drácula)

Durante o século XVIII, lendas gregas e sérvias falavam sobre vampirismo. Isso despertou a imaginação do escritor irlandês Bram Stoker (1847-1912). Primeiro ele pensou num personagem chamado Conde Vampiro. Até que um amigo, professor de história, falou de Vlad Tepes, herói romeno do século XV, famoso por sua crueldade. O personagem do livro, lançado em 1897, logo se transformou em Conde Drácula.

Parte da ação do romance Drácula, de Bram Stoker, é passada na cidade romena de Bistrita. Para aproveitar a fama, a cidade batizou um dos seus hotéis de ?Coroa de Ouro?, como no livro, e os restaurantes oferecem o cardápio Jonathan Harker, homenagem ao corretor de imóveis inglês que, na imaginação de Stoker, se hospedou no Castelo de Drácula. O cardápio consiste em espeto de carne, toucinho e cebola, temperado com pimenta vermelha, vinho da região, frios, queijos e crepe com geléia.

Também em Bistrita foi fundada a Sociedade Transilvânia Drácula. Para atrair turistas, a entidade criou três roteiros do Drácula Tour. Um deles, que inclui uma noite inteira num cemitério, dá o título de membro da sociedade aos corajosos.

Na cidade de Bran, um castelo atrai turistas usando o apelo de Drácula, embora Vlad Tepes nunca tenha vivido ali. Foi construído em 1377. A única relação é que o castelo pode ter sido atacado por Vlad. Um turista americano morreu do coração ali quando funcionários se escondiam para dar sustos nos visitantes. A brincadeira acabou.

O primeiro Congresso Mundial de Drácula foi realizado em Bukovina, a 40 quilômetros de Bistrita, em maio de 1995. Reuniu 300 participantes.

Vlad Tepes

Vlad Tepes (1431-1477) nasceu na Transilvânia e governou outra região da Romênia, a Valáquia, entre 1448 e 1476. Virou herói nacional na luta contra os turcos. Seu pai, também chamado Vlad, fora nomeado cavaleiro da Ordem do Dragão.

Dragão em romeno é Dracul, a mesma palavra para "demônio". O sufixo "a" significa "filho" em romeno. Tepes, filho de Dracul, virou Dracula.

Tepes era conhecido também como "o empalador". Na empalação, o condenado era espetado, pelo ânus ou pelo umbigo, em uma estaca fincada no chão. A vítima tinha o corpo atravessado até morrer.

Vlad Tepes bebia sangue? Os romenos repelem essa pergunta. É uma ofensa a um herói nacional. Mas as lendas existem mesmo. São várias versões. Uma diz que Vlad Tepes gostava de molhar o pão no sangue de suas vítimas. Outra afirma que, nos três últimos anos de vida, ele bebia o sangue das garotas virgens crendo que isso aumentaria sua força. Aparentemente, os malfeitos do romeno foram muito exagerados por seus inúmeros adversários.

Morto em combate pelos turcos, em 1477, Vlad Tepes teve a cabeça cortada. O corpo foi enterrado num monastério, construído em 1519. Fica no meio de um lado de Snagov, de difícil acesso. O túmulo de Vlad Tepes está localizado em frente ao altar. Há quem diga que os ossos teriam sido roubados dali.

Fontes:
http://guiadoscuriosos.ig.com.br/
Imagem Desventuras em Série = http://universoliterario.wordpress.com/
Imagem Drácula = http://kimbofo.typepad.com/

Alcântara Machado (Apólogo Brasileiro sem Véu de Alegoria)



O trenzinho recebeu em Maguari o pessoal do matadouro e tocou para Belém. Já era noite. Só se sentia o cheiro doce do sangue. As manchas na roupa dos passageiros ninguém via porque não havia luz. De vez em quando passava uma fagulha que a chaminé da locomotiva botava. E os vagões no escuro.

Trem misterioso. Noite fora noite dentro. O chefe vinha recolher os bilhetes de cigarro na boca. Chegava a passagem bem perto da ponta acesa e dava uma chupada para fazer mais luz. Via mal-e~mal a data e ia guardando no bolso. Havia sempre uns que gritavam:

- Vá pisar no inferno!

Ele pedia perdão (ou não pedia) e continuava seu caminho. Os vagões sacolejando.

O trenzinho seguia danado para Belém porque o maquinista não tinha jantado até aquela hora. Os que não dormiam aproveitando a escuridão conversavam e até gesticulavam por força do hábito brasileiro. Ou então cantavam, assobiavam. Só as mulheres se encolhiam com medo de algum desrespeito.

Noite sem lua nem nada. Os fósforos é que alumiavam um instante as caras cansadas e a pretidão feia caía de novo. Ninguém estranhava. Era assim mesmo todos os dias. O pessoal do matadouro já estava acostumado. Parecia trem de carga o trem de Maguari.
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Porém aconteceu que no dia 6 de maio viajava no penúltimo banco do lado direito do segundo vagão um cego de óculos azuis. Cego baiano das margens do Verde de Baixo. Flautista de profissão dera um concerto em Bragança. Parara em Maguari. Voltava para Belém com setenta e quatrocentos no bolso. O taioca guia dele só dava uma folga no bocejo para cuspir.

Baiano velho estava contente. Primeiro deu uma cotovelada no secretário e puxou conversa. Puxou à toa porque não veio nada. Então principiou a assobiar. Assobiou uma valsa (dessas que vão subindo, vão subindo e depois descendo, vêm descendo), uma polca, um pedaço do Trovador. Ficou quieto uns tempos. De repente deu uma cousa nele. Perguntou para o rapaz:

- O jornal não dá nada sobre a sucessão presidencial?

O rapaz respondeu:

- Não sei: nós estamos no escuro.

- No escuro?

- É.

Ficou matutando calado. Claríssimo que não compreendia bem. Perguntou de novo:

- Não tem luz?

Bocejo.

- Não tem.

Cuspada.

Matutou mais um pouco. Perguntou de novo:

- O vagão está no escuro?

- Está.

De tanta indignação bateu com o porrete no soalho. E principiou a grita dele assim:

- Não pode ser! Estrada relaxada! Que é que faz que não acende? Não se pode viver sem luz! A luz é necessária! A luz é o maior dom da natureza! Luz! Luz! Luz!

E a luz não foi feita. Continuou berrando:

- Luz! Luz! Luz! Só a escuridão respondia.

Baiano velho estava fulo. Urrava. Vozes perguntaram dentro da noite:

- Que é que há?

Baiano velho trovejou:

- Não tem luz!

Vozes concordaram:

- Pois não tem mesmo.
*
Foi preciso explicar que era um desaforo. Homem não é bicho. Viver nas trevas é cuspir no progresso da humanidade. Depois a gente tem a obrigação de reagir contra os exploradores do povo. No preço da passagem está incluída a luz. O governo não toma providências? Não torna? A turba ignara fará valer seus direitos sem ele. Contra ele se necessário. Brasileiro é bom, é amigo da paz, é tudo quanto quiserem: mas bobo não. Chega um dia e a cousa pega fogo.

Todos gritavam discutindo com calor e palavrões. Um mulato propôs que se matasse o chefe do trem. Mas João Virgulino lembrou:

- Ele é pobre como a gente.

Outro sugeriu uma grande passeata em Belém com banda de música e discursos.

- Foguetes também?

- Foguetes também.

- Be-le-za!

Mas João Virgulino observou:

- Isso custa dinheiro.

- Que é que se vai fazer então? Ninguém sabia. Isto é: João Virgulino sabia. Magarefe-chefe do matadouro de Maguari, tirou a faca da cinta e começou a esquartejar o banco de palhinha. Com todas as regras do ofício. Cortou um pedaço, jogou pela janela e disse:

- Dois quilos de lombo!

Cortou outro e disse:

- Quilo e meio de toicinho!

Todos os passageiros magarefes e auxiliares imitaram o chefe. Os instintos carniceiros se satisfizeram plenamente. A indignação virou alegria. Era cortar e jogar pelas janelas. Parecia um serviço organizado. Ordens partiam de todos os lados. Com piadas, risadas, gargalhadas.

- Quantas reses, Zé Bento?

- Eu estou na quarta, Zé Bento!

Baiano velho quando percebeu a história pulou de contente. O chefe do trem correu quase que chorando.

- Que é isso? Que é isso? É por causa da luz?

Baiano velho respondeu:

- É por causa das trevas!

O chefe do trem suplicava:

- Calma! Calma! Eu arranjo umas velinhas.

João Virgulino percorria os vagões apalpando os bancos.

- Aqui ainda tem uns três quilos de colchão-mole!

O chefe do trem foi para o cubículo dele e se fechou por dentro rezando. Belém já estava perto. Dos bancos só restava a armação de ferro. Os passageiros de pé contavam façanhas. Baiano velho tocava a marcha de sua lavra chamada Às Armas Cidadãos! O taioquinha embrulhava no jornal a faca surripiada na confusão.

Tocando a sineta o trem de Maguari fundou na estação de Belém. Em dois tempos os vagões se esvaziaram. O último a sair, foi o chefe muito pálido.
*
Belém vibrou com a história. Os jornais afixaram cartazes. Era assim o titulo de um: Os Passageiros no Trem de Maguari Amotinaram-se Jogando os Assentos ao Leito da Estrada. Mas foi substituído porque se prestava a interpretações que feriam de frente o decoro das famílias. Diante do Teatro da Paz houve um conflito sangrento entre populares.

Dada a queixa à polícia foi iniciado o inquérito para apurar as responsabilidades. Perante grande número de advogados, representantes da imprensa, curiosos e pessoas gradas, o delegado ouviu vários passageiros. Todos se mantiveram na negativa menos um que se declarou protestante e trazia um exemplar da Bíblia no bolso. O delegado perguntou:

- Qual a causa verdadeira do motim?

O homem respondeu:

- A causa verdadeira do motim foi a falta de luz nos vagões.

O delegado olhou firme nos olhos do passageiro e continuou:

- Quem encabeçou o movimento?

Em meio da ansiosa expectativa dos presentes o homem revelou:

- Quem encabeçou o movimento foi um cego!

Quis jurar sobre a Bíblia mas foi imediatamente recolhido ao xadrez porque com a autoridade não se brinca.

Fonte:
SALES, Herberto (org.). Antologia de Contos Brasileiros. 9.ed. SP: Ediouro, 2005. p.109-113.
Imagem = http://antonini-eunice.spaces.live.com/

Folclore do Norte e Sul (Pé de Garrafa)


O equilíbrio espiritual está em um só ponto e não em vários. Essa é a lição que nos passa o Pé-de-Garrafa. Além disso, mostra que todos nós temos uma faceta "saltadora", que nos torna eternos peregrinos pela vida.

O Pé-de-Garrafa é um ente misterioso, um ser feérico que vive nas matas do centro e meio-norte do país. Raramente é visto, mas sempre se ouvem seus gritos estridentes, ora amedrontadores, ora familiares, capazes de confundir os caçadores, que acreditam ouvir os gritos de um companheiro em apuros. Em algumas ocasiões o pobre caçador enlouquece com os gritos arrepiantes.

Ouve-se muito falar dele no Paraná, em Goiás, no Piauí e no Tocantins, vivendo nas matas e capoeiras. Ele tem muitos outros nomes, como Cão-Coxo, Capenga, Cambeta e Pé de Quenga. Em Goiás, dizem que ele é negro e com o umbigo branco. Tem um chifre só na cabeça, um só olho, uma única mão com garras e um pé só, redondo.

CARACTERÍSTICAS:

Muitas pessoas que já o viram, nos dão outras características:

1. Ele é uma criatura semelhante à um homem, que pode apresentar-se de pele alva ou na cor negra. Pode surgir com dois ou um braço, porém é dotado de uma só perna. Deixa um rastro que se assemelha ao fundo de uma garrafa, perfeitamente redondo.

Algumas pegadas atribuídas supostamente a esta entidade, encontradas no estado de Piauí, mostra que o Pé-de-Garrafa deve ser muito pesado, deixando marcas profundas na terra dura.

2. Ele costuma gritar alto para informar o caminho na mata, mas as pessoas não devem lhe responder, pois caso contrário, ele o seguirá.

3. Segundo alguns, ele possui um ponto vulnerável, o seu umbigo branco, que deve ser atingido para se alcançar à fuga.

Câmara Cascudo o descreve:
O Pé-de-Garrafa é um ente misterioso que vive nas matas e capoeiras. Não o vêem ou o vêem raríssimamente. Ouvem sempre seus gritos estrídulos ora amedrontadores ou tão familiares que os caçadores procura-nos, certos de tratar-se de um companheiro transviado. E quanto mais rebuscam menos o grito lhes serve de guia, pois, multiplicado em todas as direções, atordoa, desvaira e enlouquece. Os caçadores terminam perdidos ou voltam à casa depois de luta áspera para reencontrar a estrada habitual. Sabem tratar-se do Pé-de-Garrafa porque este deixa sua passagem assinalada por um rastro redondo, profundo, lembrando perfeitamente um fundo de garrafa. Supõe que o singular fantasma tenha as extremidades circulares, maciças, fixando vestígios inconfundíveis. Vale Cabral , um dos primeiros a estudar o Pé-de-Garrafa, disse-o natural do Piauí, morando nas matas como o Caapora e devia ser de estatura invulgar a deduzir-se da pegada enorme que fica na areia ou no barro mole do massapé”.

Nosso Pé-de-Garrafa é similar ao Fachan, um elfo que vive na Irlanda e nas Terras Altas do Oeste da Escócia. Sua figura também é espantosa, com uma mão que sai do meio do peito, uma perna que brota do tronco, com um olho no meio do rosto e com grandes dentes. Apesar desse aspecto tão horrível, se diz que ele possui a propriedade de absorver todas as energias negativas dos seres impregnados pela perversidade e corrupção, transformando-as em energias positivas.
Quem viu, não quer ver!

No escuro da noite sem lua.
Por entre as árvores da mata.
Um grito ecoa.
Como um gemido agonizante.
Seus passos soam tuc, tuc, tuc, como pilão socando o chão.
Dizem matutos experientes que um Pé de Garrafa quando pega uma pessoa espanca-o drasticamente...estraçalha-o.
Pequenos e horripilantes, suas pernas são unidas numa só, tomando a forma de uma garrafa.
Morenos cor de terra, cabelos desgrenhados e bocarra na cara de mau, moram sob as locas das grandes pedras.
Se alimentam de animais e ervas.
E só aparecem a noite.
Huuuuuuu!!!!
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Folclore Paulista (Ipupiara, o demonio da água)



Os sentimentos que procedem do espaço mais profundo e recôndito de nossas mentes são manifestações de tudo o que expressa o Ipupiara. Inclusive os piores e mais ruins.

O Ipupiara é um homem-marino, homem-peixe ou homem-sapo, inimigo dos pescadores e lavadeiras. O cronista português Pero de Gandâvo nos contou que, no ano de 1564, um monstro marinho, que os índios chamavam de Ipupiara, tinha sido morto nas costas de São Vicente, no litoral do estado de São Paulo.

Outro cronista colonial, o jesuíta Fernão Cardim, dizia que tais criaturas tinham boa estatura, mas eram muito repulsivas. Matavam as pessoas abraçando-as, beijando-as e apertando-as até o sufocamento. Tais monstros, também devoravam os olhos humanos, narizes, ponta dos dedos dos pés e das mãos e as genitálias.Existiam também na forma feminina, possuindo cabelos longos e eram muito formosas. O Ipupiara era, segundo estes cronistas, um ser "bestial, faminto, repugnante, de ferocidade primitiva e brutal".

A LENDA...

Conta a lenda brasileira que,em São Vicente, no ano de 1564, a linda escrava índia, IRECÊ ao ir à praia a noite, para um de seus encontros com o jovem ANDIRÁ, que vinha ao continente de canoa, deparou com um animal marinho gigantesco, com cerca de três metros de altura, com uma grande cabeça, bigode, braços longos, dentes pontiagudos e pés de barbatanas. IRECÊ encontrou a canoa de seu amado no mar, vazia.

Esse animal, a princípio, foi descrito como sendo CURUPIRA - o fantasma do mar, que foi morto pelo capitão Baltazar Ferreira assistente do Capitão-Mór, ao acudir o clamor de IRECÊ.

Os indios identificaram o animal como sendo IPUPIARA o demônio da água. Diziam que ele habitava o espaço entre a velha "Casa de Pedra" ( primeira construção de alvenária do Brasil) e a Praia de São Vicente (gonzaguinha). O fato, misto de horror e fantasia, teria sido comentado por todo o Brasil e até por estrangeiros de vários paises. Entretanto, ninguém jamais falou da única vítima presumível do IPUPIARA o vicentino ANDIRÁ, que deixou para trás sua canoa solitária à beira mar e o coração partido de IRECÊ. Como toda lenda, a do IPUPIARA parte de algumas premissas verdadeiras. Estudiosos e historiadores entendem que o tal monstro não passava de um leão marinho, desviado pelas águas frias do inverno que, desavisado, veio parar nas praias brasileiras.

No estado do Bahia e Goiás, ainda sobrevive a crença do "negro d'água", homens de cor negra que respiram debaixo da água e vem à tona em determinadas noites para assustar e afogar os humanos. Dizem que sua morada é uma cidade subaquática, onde existem riquezas, principalmente diamantes. Em lugar das mãos e dos pés, possuem membranas semelhantes a pés de pato.

No Xingu existe a crença do homem-sapo, que costuma assustar, raramente matar, os indígenas Seu corpo é coberto de escamas, que o protegem das flechas, mas o rosto é o de um sapo. Sua boca é enorme e babenta e flutua nos remansos como se fosse um jacaré.

Quando não tem alimento, o homem-sapo devora os próprios filhos. Anda aos saltos como uma rã, dando pulos de até cinco metros, na água ou na terra.

É quando se agarra firmente às costas dos pescadores, derovando-lhe preferencialmente a cabeça da vítima.

O homem-sapo só teme as tempestades e os ventos e é quando vai para os rios. Lá fica mergulhado até o tempo melhorar.

No mundo inteiro, o conhecimento indígena relativo aos animais, tem nos conduzido e ainda conduzirá à descoberta de novas espécies que a ciência desconhecia. Entretanto, algumas crendices populares fazem exageros óbvios, contendo na maioria das vezes elementos sobrenaturais altamente ressaltados. Podemos nos perguntar se talvez os monstros da mitologia antiga não contribuíram um pouco na adulteração progressiva da descrição de alguns animais. Tentando explicar o processo de formação das lendas, o filósofo Evêmero, já no século 4 a.C., defendia este ponto de vista. Lendas são deformações de uma realidade e foram poetizadas através das gerações, até acabarem deturpando consideravelmente a realidade prosaica.

Um dos argumentos que reforçam esta tese é que a maioria destes animais fabulosos, se apresentam como híbridos impossíveis, pois são formados pela justaposição absurda de fragmentos anatômicos de diferentes animais , inclusive o homem. Acredito, que os seres que entram nestas composições híbridas, foram cuidadosamente escolhidos pelas qualidades que simbolizam. Se nos deparamos com um monumento de faraó com corpo de leão, sabemos que nele está contido a intenção de atribuir a este monarca as qualidades de rei do deserto. Já a deusa com cabeça de vaca, simboliza a fertilidade. Estamos aqui diante de uma teoria alegórica, mas que dá o que pensar. Hoje, também o cristão acredita que o Espírito Santo tem realmente a forma de uma pomba. Para criarmos um guardião de tesouros, também pensaríamos na força do leão, na sagacidade da águia, na maldade da serpente e na dissimulação do escorpião.

Mas há, entretanto, alguns, como os unicórnios, as sereias, os pigmeus, a fauna de gnomos e duendes, a fênix, o leviatã, entre outros, que perduram através dos milênios e pela sua coerência anatômica nos dá a esperança de encontrá-los na natureza, feito que aliás, muitos já obtiveram.

Bibliografia
CASCUDO, Luís da Camara – Geografia dos Mitos Brasileiros. Belo Horizonte/ São Paulo, edit. Itatiaia Ltda/Edusp, 1983.
HOLANDA, Sérgio B. de – Raízes do Brasil. 17ª edição. Rio: José Olympio editora, 1984.
KAPPLER, Claude – Monstros, Demônios e Encantamentos no Fim da Idade Média. 1ª edição brasileira. São Paulo: Liv. Martins Fontes editora, 1994.
Inferno Atlântico – Demonologia e Colonização (séculos XVI – XVIII). São Paulo: Cia. das Letras, 1993.
Planeta - Editôra Três. Em busca da Serpente Marinha, por Bernard Heuvelmans

Fonte:
http://www.rosanevolpatto.trd.br/lendaipuiara.htm

Antônio Carlos Tórtoro (Um Poeta e Sua Poesia)

O Poeta Viajeiro (Gustave Moureau)
O dia está na minha frente esperando para ser o que eu quiser. Tudo depende só de mim !”
Charles Chaplin


O cirurgião dentista Cavalheiro Verardo, poeta, escritor e trovador de São Vicente de Minas, sabe que “poesia é terapia / que envolve e explica / nossas carências, lembranças, ilusões / nossos amores, sonhos, dissabores; / tomando por base / cada saudade que sentimos / e cada esperança que temos “.

E sabedor disso tudo, tal qual “ um grande caminhão / de coleta de lixos recicláveis / passando em nossas vidas ... / Ele passa recolhendo : / cacos de sonhos , / pedaços de ilusões , / e esperanças com datas vencidas “ , e escreve um livro com 36 poemas : Um poeta e sua poesia.

Num mundo em que a violência e o desamor tomam conta das páginas de jornais e revistas , das telas das tevês e dos monitores dos computadores acessados via Internet, a poesia de Verardo é um oásis no qual podemos beber da mais pura e adolescente poesia, mas que é, ao mesmo tempo, madura, concreta, originada na realidade da vida.

Os versos do Cavalheiro Verardo, livres, ou presos às rimas e métricas de sonetos, compõem uma teia de vida, entrelaçando histórias, danças, risadas, esperanças, cinzas, saudades, paz, surpresas, felicidade, amor, lágrimas, aniversários, festas, e me fazem lembrar as palavras de sua irmã, Laudicéia, escritas na contracapa de um outro seu livro “Amor e poesia”: “falar dele é lembrar-me de seu jeito manso, mineiro; de seus olhos que muitas vezes procuram explicações para as mais simples coisas; de seus cabelos brancos que traduzem a clareza de seus sonhos que na adolescência tivera e muitos não realizou”.

Enfim, para quem continua, apesar de tudo, acreditando na aurora de um novo dia, vale a pena tentar desvendar, nas entrelinhas, todo o mistério e beleza que permeiam as relações entre um poeta e sua poesia, entre o poeta e o mundo que o rodeia, e, a partir daí, empenhar-se em tornar o mundo melhor: só depende de nós.

Fonte:
http://www.movimentodasartes.com.br/arl/pop/051203a.htm
Pintura = http://nonas-nonas.blogspot.com/

O Nosso Português de Cada Dia (Passar Daí)

Segundo o Dicionário Houaiss, o verbo passar possui 77 significados diferentes, incluídos nesse número os regionalismos.

Quando alguém diz a outra pessoa “passarei daí em 15 minutos”, esse verbo foi utilizado no sentido de “fazer-se presente, em deslocação; circular” segundo o Houaiss. Esse sentido é o de número 15 segundos esse mesmo dicionário.

Ainda esse dicionário dá os seguintes exemplos de frases: “o trem costuma passar por aqui às 9h35m” e “passou por São Paulo e seguiu para o Paraná”.

Observemos que nesses exemplos não se usou a palavra DE + AÍ = DAÍ. E por quê? Porque após o verbo passar, no sentido de que estamos tratando aqui, a palavra correta para ser usada é POR, classificada como preposição pela gramática normativa.

Portanto, está errada a expressão: passarei daí em 15 minutos. Devemos dizer “passarei por aí em 15 minutos”.

Fonte:
Prof. Dr. Ozíris Borges Filho.
http://www.movimentodasartes.com.br/

Igor Rykovski (Adão)

O Jogo (The game), de Henryette Weijmar Schultz.
Ano 2130, os robôs fazem parte do cotidiano das pessoas. A busca incessante pela inteligência artificial alavancou a produção tecnológica de tal forma que 95% da população mundial tinham algum robô em sua casa ou em seu corpo. O começo foi com órgãos artificiais implantados, máquinas controladas pelos pulsos cerebrais. Depois vieram os primeiros robôs autônomos que seguiam uma lógica pré-definida. Vieram os robôs que aprendiam, moldando sua lógica conforme sua experiência. Até que veio um robô chamado Mark.

A FIDE (Federação Internacional de Xadrez) adotara regras cada vez mais rígidas, pois houve inúmeras fraudes relacionadas às máquinas. Os campeonatos mundiais exigiam a ausência total de computadores e robôs no ambiente de jogo. Como um cérebro artificial nunca funcionou em um humano até o momento, a cabeça era escaneada para verificar se não havia ali um processador ao invés do órgão. Não que a diferença entre um humano e um robô não pudesse ser notada de cara, porém o procedimento já era utilizado prevendo novidades.

Mark era um invento secreto do CPM(Conselho Político Mundial), um robô único, o primeiro com um cérebro artificial idêntico a um humano. Em sua memória fora gravado a simulação de reações humanas a fatos, desde uma coceira no nariz se houvesse algo o irritando, até sorrisos com o êxito. Externamente seu corpo era idêntico a um humano, era aquecido a 36 graus, e o sistema de resfriamento era igual ao humano, o suor. Seu sistema se alimentava como os humanos e ele tinha baterias com autonomia para meses sem alimento.

Mark também aprendia como os outros, porém, não tinha as limitações que o impedia de tomar decisões prejudiciais aos humanos, programa comum nos robôs. Seus criadores instalaram nele um dispositivo remoto que desativaria seu cérebro caso necessário. Ele fora submetido a uma série de situações cotidianas, foi com cuidado integrado à sociedade como um humano.

Depois de dois anos vivendo como homem, Mark havia aprendido inúmeras coisas com sua curiosidade aguçada. Mesmo não tendo o programa para ser inofensivo aos humanos, não havia nenhum registro de agressividade ou animosidade. Ele ficara mais gentil e sorridente com o tempo, surpreendeu os técnicos da CPM quando resolveu comprar um cachorro e fez alguns amigos, em geral vizinhos de sua casa numa rua de classe média de Los Angeles.

Mark arrumara emprego em uma loja de roupas masculinas. Foi promovido em 6 meses, pois rapidamente se tornara o funcionário mais capaz da loja. A elegância com que se vestia e vestia os outros chegava a intrigar, afinal sua memória original não tinha nada sobre isso. Nas folgas ele aprendeu a jogar xadrez, freqüentando os Shoppings Center da cidade, local aonde enxadristas se reuniam para jogar. Com o tempo ele passou a ser um dos melhores jogadores. Os outros o encorajavam a participar de um campeonato da FIDE, pois seu xadrez era muito bom.

Porém Mark achava injusto sendo um robô, participar como homem. Ele sabia das regras que a FIDE impunha aos inscritos, restringindo o uso de máquinas de qualquer espécie. Mas o xadrez era o início do auto-questionamento em relação a sua existência. Poderia ser ele um novo humano, um novo ser que habitaria a terra em conjunto com os homens? Ele não pensava como um robô, os robôs eram totalmente dependentes de comandos, se ocorresse algo diferente do seu entendimento eles simplesmente paravam estáticos até que um humano os orientasse. Ele não, ele era independente. Ele sentia tristeza por não ser um homem, sentia um vazio existencial, sentia medo de falhar e ser desativado. Por isso procurava sempre ser gentil, sempre obedecer às leis humanas.

Com o tempo Mark passou a buscar novos desafios no xadrez, afinal ninguém iria puni-lo por ganhar, no tabuleiro ele não tinha medo, não sentia tristeza. Tomou a decisão de sua existência inscrevendo-se no torneio estadual. Era recheado de jovens estudantes que não foram páreo para ele em nenhum momento. Venceu todas as partidas que disputou e chamou a atenção dos dirigentes da FIDE que o convidaram para participar do campeonato mundial em Nova York.

Mark pediu licença de uma semana no trabalho para participar do torneio que contaria com grandes mestres do mundo todo. Ele participou das seletivas com os campeões regionais alcançando a fase final. Venceu 18 partidas de vinte a serem disputadas, empatou uma e jogaria contra o russo Pavlov o maior mestre em atividade, que tinha vencido as 19 partidas que disputou.

O jogo foi fantástico, a multidão de pessoas assistindo olhavam maravilhadas para aquele novo mestre enfrentando o maior deles. O fim de jogo foi com torre e dois peões para cada um. Mark com as pretas, estava encurralado pelo rei e peões de Pavlov que tentava de todo jeito com sua torre dar o mate. As combinações aconteceram e era o último lance de Pavlov. Ele devia mover a torre até c8 dando enfim o mate em Mark.

Porém, na hora de mexer a peça, Pavlov tocara antes em seu rei sem a intenção de movê-lo. Um movimento do rei inverteria o jogo e deixaria Mark a duas jogadas do mate. Pavlov olhou para Mark com semblante receoso, olhou para o juiz que indicou que o rei deveria ser movimentado. No momento em que Pavlov movia sua mão até o rei, Mark derrubou o seu desistindo da partida. Pavlov com um sorriso aprovou a atitude e estendeu a mão para cumprimentar Mark que esquecera que era um robô e aceitou a derrota como humano.

Ali ficou claro para ele seu papel na existência, era mostrar a humanidade o quanto suas máquinas eram humanas, passíveis de erro e dignas de respeito.

Mark pediu sua desclassificação do campeonato aos juízes alegando que trapaceou. Fora questionado sobre sua trapaça.

- Utilizei uma máquina para jogar, devo ser desclassificado.

- Mas como? Todos foram escaneados, que máquina você utilizou? –
questionou um dos juízes.

- Eu.

- Você?

- Sim, sou um robô.

- Impossível!

- Sim, sou um robô da CPM, um projeto secreto.

Naquele instante ele fora desativado pela CPM, o que pareceu um desmaio às pessoas. O vice-campeonato foi confirmado para aquele mestre de passagem tão meteórica pelo xadrez. Suas últimas palavras foram desconsideradas pois técnicos envolvidos em seu projeto passaram por médicos atribuindo o fato a um devaneio momentâneo aos juízes. Ele foi declarado oficialmente morto como homem, Mark, o Adão.

Igor Rykovski
São Paulo/SP - Brasil, 29 anos, Escritor Semi-profissional

Fontes:
Publicado no Recanto das Letras em 29/11/2008
http://www.recantodasletras.net/contosdeficcaocientifica/
Imagem = http://aladerei.e-xadrez.com

Caldeirão Literário do Pernambuco (Santina Geraldo de Castro Andrade)



(1948 Sítio Ferreiro, Bodocó/Pernambuco)

Coisas do meu Sertão

No solo pernambucano
Existe suas divisões
São várias as regiões
Do sertão estou falando
E aos poucos recordando
Sua beleza e tradição
Com bastante emoção
Vou escrevendo o roteiro
Dos retratos verdadeiros
Das coisas do meu sertão

Aveloz e juazeiro
Algaroba e tamboril
Que à seca resistiu
Mandacaru e faxeiro
Siriguela e umbuzeiro
Dão fruto e proteção
São nativos deste chão
Na mata, e no terreiro
São retratos verdadeiros
Das coisas do meu sertão

Asa Branca e ribançã
Coruja, peitica e corró
Teú, cobra-de-sipó
Papagaio, maracanã
Codorniz, nambu, acauã
Graúna, canário, azulão
Cigarra e camaleão
O gato lagaticheiro
São retratos verdadeiros
Das coisas do meu sertão

Anum, sofreu, sabiá
A rola fogo pago
Lavandeira e beija-flor
Cava chão, tamanduá
Cutia, mocó, preá
Tatu, peba e cancão
Todos em quase extinção
No nordeste brasileiro
São retratos verdadeiros
Das coisas do meu sertão

O vem-vem, a saracura
E a mãe da lua cheia
Conto de fada e sereia
Folclore, lendas, bravura
Faz parte dessa cultura
Luiz Gonzaga e lampião
Reis do cangaço e baião
Heróis do Brasil inteiro
São retratos verdadeiros
Das coisas do meu sertão

De dezembro a janeiro
Noite chuva e garoa
O sapo seu canto entoa
Nas lagoas e barreiros
Se os açudes encheram
Peixe em cardume vão
vaga-lumes à noite estão
No campo com seus luzeiros
São retratos verdadeiros
Das coisas do meu sertão

Uma casa de sapé
E no quintal um caboclo
Carpindo ou arrancando toco
Com um moleque no pé
Na cozinha sua mulher
Filho no bucho, outro no chão
Tá cozinhando o feijão
Para comer sem tempero
São retratos verdadeiros
Das coisas do meu sertão

Na sala um rádio a pilha
Banco, tamborete e pote
Pra matar preá e capote
Espingarda e mochila
Onde agasalha família
Num quarto, rede e colchão
Lá fora tem num galpão
Pé de meizinha e canteiro
São retratos verdadeiros
Das coisas do meu sertão

Lá na sombra da biqueira
A cachorrinha deitada
Na cerca dorme amarrada
Uma cabrinha leiteira
Para fazer mamadeira
A primeira obrigação
O leite lá no fogão
Gato mia sentindo o cheiro
São retratos verdadeiros
Das coisas do meu sertão

Uma jumenta no roçado
Cangalha e caçoá
Cambito pra carregar
Madeira para o cercado
Um bacorinho amarrado
Pra não escavar o chão
Numa gaiola um cancão
Galo, galinha no poleiro
São retratos verdadeiros
Das coisas do meu sertão

Lá na sede da fazenda
Tudo é modificado
Luxo, tempero, merenda
Tem mais um pouco de renda
Pasto, curral, mangueirão
Carro-de-boi, alazão
Perneira, gibão, vaqueiro
São retratos verdadeiros
Das coisas do meu sertão

Tem patrão e tem boiada
Carro, trator e dinheiro
Tem cevado no chiqueiro
Leite, manteiga e coalhada
Tem mourão e vaquejada
Churrasco e requeijão
Boi, boiadeiro e peão
E filha de fazendeiro
São retratos verdadeiros
Das coisas do meu sertão

Futebol e embolada
Quadrilha, forró, São João
Pamonha, milho e quentão
Amendoim, batata assada
Beiju-de-forno e farinha
Nas cacimbas a multidão
Lata na cabeça e na mão
Puxa água o dia inteiro
São retratos verdadeiros
Das coisas do meu sertão

Açude seco, chão rachado
Poeira e sol ardente
Pasto seco e terra quente
Gado magro e arrasado
Sertanejo atribulado
A reclamar a situação
Pensa em outra região
Falta coragem e dinheiro
São retratos verdadeiros
Das coisas do meu sertão

Um forró numa latada
Triângulo, sanfona e pandeiro
Lua clara no terreiro
Cerveja, loa, embolada
Sarapatel e buchada
Peru, galinha e leitão
Amigos em união
Farreando tempo inteiro
São retratos verdadeiros
Das coisas do meu sertão

Café, fubá, imbusada
Cigarro, chapéu de palha
Panela de barro e fornalha
Cuia, farinha, carne assada
Cachaça, verso e piada
Bola, peteca e pinhão
Cunca, moinho e pilão
Pão de milho e cuscuzeiro
São retratos verdadeiros
Das coisas do meu sertão

Tem raiz, e tem história
Nosso sertão, nossa gente
Tem futuro, tem presente
Tem conquista e vitória
Passado cheiro de glória
Tem cultura e tradição
Carnaval e devoção
E festa de padroeiro
São retratos verdadeiros
Das coisas do meu sertão.
------------------
Fonte:
ANDRADE, Santina Geraldo de Castro. Coisas do meu Sertão. PROJETO SECordel
http://www.movimentodasartes.com.br

O. Henry (A última folha)



Num pequeno setor a oeste da Praça de Washington, as ruas enlouqueceram e fragmentaram-se em pequenas tiras denominadas "travessas", as quais fazem ângulos e curvas bizarros. Uma mesma artéria cruza-se a si própria em um ou dois pontos. Certa vez, um artista descobriu uma valiosa possibilidade nessa rua. Imagine-se um cobrador, com uma fatura de tintas, papéis e telas, encontrando-se, ao atravessar a mencionada rua, consigo mesmo de volta, sem que um único cêntimo lhe tivesse sido pago!

Por esse motivo, à velha e extravagante Geenwich Village acudiram com prontidão artistas em busca de janelas voltadas para o Norte, de empenas do século XVIII, mansardas holandesas e rendas baratas. Em seguida, importaram alguns artigos indispensáveis da Sexta Avenida e constituíram uma "colônia".

No topo de um prédio de dois pisos Sue e Johnsy haviam instalado o seu estúdio, sendo "Johnsy" o diminutivo familiar de Joana. A primeira era do Maine e a outra da Califórnia. Haviam-se conhecido na table d'hôte de um "Delmonico" da Rua Oito e não tardaram em descobrir que os seus gostos em matéria de arte, salada de alface e mangas compridas resultavam suficientemente afins para justificar a instalação de um estúdio comum.

Passou-se isto em Maio. Em Novembro, um frio invisível e estranho, ao qual os médicos denominavam Pneumonia, percorreu a colônia, estabelecendo alguns contactos indeléveis com os seus dedos glaciais. Para os lados do Leste, o visitante impiedoso avançou audaciosamente, produzindo numerosas vítimas. No entanto, deslocou-se mais pausadamente por entre o labirinto de "travessas" estreitas cobertas de musgo.

O senhor Pneumonia não se podia considerar propriamente um velho cavalheiro atencioso. Uma moça franzina, oriunda da Califórnia, não representava caça digna de um ancião de punhos rubros e fôlego breve. Não obstante, prostrou Johnsy, a qual ficou estendida na cama de ferro pintado, contemplando através das vidraças das pequenas janelas holandesas, a despida face lateral da casa fronteira.

Certa manhã, o atarefado médico convidou Sue a acompanhá-lo até ao vestíbulo, onde enrugou a fronte e confidenciou:

- Tem uma possibilidade de se salvar em, digamos, dez. E essa possibilidade consiste no desejo de viver. A tendência que determinadas pessoas manifestam em tomar o partido da agência funerária contribui para que toda a farmacopéia se assemelhe a uma adega de vinhos azedos. A sua amiga persuadiu-se de que não se curará. Sabe se a alguma coisa preocupa?

- Não... isto é, acalenta o desejo de pintar a Baía de Nápoles -murmurou Sue.

- Pintar? Ora! Refiro-me a algo sério. Um homem, por exemplo.

- Chama a um homem algo de sério? - articulou a moça num tom agudo de harpa hebraica. - Estou convencida de que não se trata disso.

- Então, é da fraqueza - concluiu o clínico. - Farei tudo o que a ciência me permitir. No entanto, sempre que um doente meu começa a contar o número de carros presentes ao seu funeral, reduzo em cinquenta por cento as propriedades curativas dos medicamentos. Se conseguir que ela se interesse pela nova moda de mangas para casacos de Inverno, garanto-lhe que terá uma probabilidade em cinco, e não em dez, de se salvar.

Depois que o médico se retirou, Sue regressou ao estúdio, secou as lágrimas com um guardanapo japonês e, fingindo-se contente, entrou no quarto da amiga, que permanecia imóvel na cama, o corpo franzino quase não avultando sob a colcha.

Sue aproximou-se da prancheta a um canto e começou a desenhar a tinta uma ilustração para uma revista semanal. Os jovens artistas precisam de abrir caminho para a Arte ilustrando contos para as revistas escritos por jovens autores que abrem caminho para a Literatura.

Enquanto esboçava a figura de um herói convencional, ouviu um ligeiro som, repetido várias vezes. Levantou a cabeça e voltou-se para Johnsy. Ao contrário do que supusera, esta não dormia. Tinha agora os olhos bem abertos fixos na janela e parecia entretida em contagem decrescente:

- Doze... onze... dez... nove... oito... sete...

Sue virou-se para a janela. Que haveria lá fora para contar? Via-se unicamente um pátio deserto e sombrio e, a uns sete metros, a casa de alvenaria. Um antiga hera, retorcida e de raízes podres, subia até metade da parede. O glacial vento de Outono arrancara as folhas da videira, cujos braços esqueléticos se agarravam, quase completamente nus, aos tijolos expostos.

- Que foi, querida? - perguntou com suavidade.

- Seis - sussurrou Johnsy. - Começam a cair mais depressa. Há três dias tinha quase cem. Até fiquei com dor de cabeça de as contar. Mas agora é fácil. Lá vai outra. Restam só cinco.

- Mas cinco quê?

- Folhas da hera. Quando a última cair, partirei. Há três dias que adivinhei. O médico não te explicou?

- Nunca ouvi uma bobagem tão grande! - bradou Sue. - Que relação pode haver entre as folhas de uma hera e a tua doença? Ainda esta manhã o médico me garantiu que tinhas... nove possibilidades em dez de te salvares. Procura tomar um pouco de caldo e me deixa completar as ilustrações, para as levar ao editor e podermos comprar costeletas de vitela e uma garrafa de bom vinho.

- Não vale a pena estares com essas despesas por minha causa. -Johnsy conservava o olhar fixo na janela. - Outra... E também não me tenho vontade de caldo. Ficaram só quatro. A última cairá antes de escurecer. Nessa altura, partirei.

- Escuta, querida. - Sue inclinou-se para a enferma. - Promete-me que não voltas a olhar para a janela até eu terminar o trabalho. Preciso de luz, mas se insistires baixo o estore.

- Não podes ir desenhar no outro quarto?

- Prefiro fazê-lo perto de ti. Além disso, não quero que continues com essa tolice da queda das folhas.

- Quando acabares, avisa. - Johnsy cerrou as pálpebras e permaneceu imóvel como uma estátua. - Quero ver cair a última folha. Estou cansada de esperar e pensar. Quero abandonar o apego a tudo e flutuar no espaço como uma daquelas folhas transportadas pelo vento.

- Tenta dormir. Tenho de chamar Behrman, para me servir de modelo para o velho mineiro solitário. Volto já. Fica quietinha durante a minha ausência.

O velho Behrman era um pintor que vivia no andar de baixo. Ultrapassara os sessenta anos e tinha uma barba idêntica à do Moisés de Miguel Angelo, descendo do rosto de um sátiro para um corpo de anão. Considerava-se um malogro artístico.

Durante quarenta anos, manejara o pincel sem nunca se aproximar conveniente da sua Musa. Estivera numerosas vezes prestes a executar uma obra-prima, mas jamais chegara a principiá-la. No decurso de numerosos anos, unicamente pintara um ou outro escarabocho ocasional para fins publicitários. Ganhava uns dólares servindo de modelo para as jovens artistas da colônia que não podiam se permitir um profissional.

Abusava do "gin" e referia-se freqüentemente à sua obra-prima. Quanto ao resto, era um velhote mirrado, que zombava terrivelmente da tolerância dos outros e se considerava a si próprio uma espécie de cão de guarda das duas jovens artistas do andar de cima.

Sue foi encontrar Behrman no seu cubículo escassamente iluminado. A um canto, uma tela em branco sobre um cavalete esperava, havia vinte e cinco anos, que ele esboçasse a primeira pincelada da obra-prima. A moça descreveu-lhe o capricho de Johnsy e que temia que, leve e frágil como uma folha, ela pudesse tombar quando o seu fraco apego à vida se extinguisse por completo.

O velho Behrman, os olhos congestionados marejados de lágrimas, proclamou o seu desprezo e aversão por semelhantes fantasias insensatas.

- Não acredito que uma pessoa morra só porque uma insignificante folha caiu da planta! - exclamou. - Não, não quero posar para o seu eremita. Por que permite que essas tolices se metam na cabeça da sua amiga? Pobre Senhorita Johnsy...

- Ela está muito doente e fraca - explicou Sue. - A febre produziu-lhe idéias mórbidas. Muito bem, Sr. Behrman. Se não quer posar, não o posso obrigar. Em todo o caso, devo dizer-lhe que o considero um velho horrível e... intrometido!

- Quem disse que não posava? Vamos a isso. Não sei como devo falar para que nos entendamos. - Behrman estremeceu. - Este lugar é horrível para uma moça tão gentil como Senhorita Johnsy estar doente. Quando pintar a minha obra-prima, havemos de nos mudar para um palacete.

A enferma dormia quando entraram no quarto. Sue baixou o estore da janela e levou o velho para o aposento contíguo, de onde contemplaram a hera, receosamente. Em seguida, entreolharam-se em silêncio por um momento. Uma chuva fina e persistente começava a cair juntamente com a neve. Behrman, na sua velha camisa azul, sentou-se a fim de posar para a figura do mineiro solitário.

Quando Sue acordou de um sono breve, na manhã seguinte, encontrou Johnsy com o olhar fixo no estore verde.

- Levanta-o - pediu num murmúrio. - Quero ver.

Sue encolheu os ombros num gesto de resignação e obedeceu. Todavia, não obstante a chuva e fortes rajadas de vento que se haviam prolongado por toda a noite, mantinha-se junto da parede uma folha de hera, precisamente a última. Verde-escura, ainda na haste, mas com as margens serrilhadas e amarelecidas anunciando já a dissolução e a ruína, conservava-se firmemente presa à planta, a uns sete metros do solo.

- É a última - articulou Johnsy. - Pensei que cairia durante a noite, devido ao vento que soprava forte. Mas cairá hoje e morrerei no mesmo momento.

- Não fales assim, por favor - suplicou Sue. - Pensa em mim, já que não te importas contigo. Que faria eu sozinha?

No entanto, a outra não respondeu. Nada existe tão solitário como uma alma, quando se prepara para partir na misteriosa e longínqua jornada. A fantasia pareceu apoderar-se dela mais intensamente, à medida que os laços que a prendiam à amizade e à terra se atenuavam.

O dia escoou-se com lentidão e, ao anoitecer, descortinaram a folha ainda presa à sua haste, junto da parede. Ao longo da noite, o vento tornou a soprar com intensidade, ao mesmo tempo que chovia copiosamente.

Assim que amanheceu, Johnsy quis que o estore fosse levantado de novo.

A folha continuava firme.

A enferma contemplou-a demoradamente. Por fim, chamou Sue que lhe preparava a canja de galinha no fogão a gás.

- Tenho-me portado horrivelmente - admitiu. - Qualquer coisa fez com que a última folha se mantivesse ali para demonstrar que procedi de forma censurável. Experimentarei comer. Mas primeiro traz-me um espelho e coloca alguns travesseiros às minhas costas. Quero ver com que aspecto estou.

Uma hora depois declarou:

- Ainda não perdi as esperanças de pintar a Baía de Nápoles.

O médico veio à tarde e Sue acompanhou-o até ao vestíbulo.

- Existe agora um número de probabilidades favoráveis mais elevado - afirmou ele. - Tratando-a convenientemente, é natural que se salve. Desculpe não me demorar mais, mas tenho de ir ver um doente no andar de baixo. Chama-se Behrman, salvo erro, e considera-se um artista. Mais um caso de pneumonia. A idade não ajuda, e duvido muito que escape. Mandarei transferi-lo para o hospital, onde sempre lhe proporcionarão um conforto que aqui não tem.

No dia seguinte, o médico anunciou a Sue:

- A sua amiga encontra-se livre de perigo. O cuidado com que a tratou triunfou. Agora, interessa que se alimente devidamente.

Naquela tarde, Sue aproximou-se do leito onde Johnsy ainda permanecia, agora sentada, com um xale sobre os ombros, entretida a fazer malha, e abraçou-a com ternura.

- Tenho de te revelar uma coisa, querida. Behrman morreu hoje no hospital, de uma pneumonia. No dia em que adoeceu, a mulher da limpeza encontrou-o estendido no quarto, quase inconsciente, com a roupa e os sapatos encharcados e gelados. Não foi possível descobrir onde esteve numa noite como aquela. A um canto do quarto, achavam-se uma lanterna, ainda acesa, uma escada molhada, alguns pincéis e uma paleta com as cores azul e amarela misturadas. Repara na última folha da hera. Não te pareceu estranho que nem oscilasse quando o vento uivava? Finalmente. Behrman produziu a sua obra-prima.

Pintou-a no dia em que a última folha caiu.

Fonte:
http://www.gargantadaserpente.com

Dicas Tilibra (Como Se Organizar Eficientemente)

Vincent Van Gogh (Livros)
Hoje, ser eficiente é fundamental. No trabalho, na escola e no lar, devemos sempre procurar alcançar a máxima eficiência. Para ajudar você a ser mais eficiente ainda, a Tilibra pediu para a Timing Desenvolvimento Organizacional, empresa de consultoria especializada em Administração e Planejamento Empresarial, preparar algumas dicas. A Tilibra oferece essas dicas para você, esperando que de alguma forma, elas possam lhe ser úteis.

Organização pessoal começa com a mesa limpa

Um dos problemas mais comuns que sempre afetam a eficiência de uma pessoa é sem dúvida a organização - ou melhor, a desorganização - de sua mesa de trabalho, cujo sintoma mais evidente é o excesso de papéis e pastas esperando pela sua atenção e ação. A mesa atulhada é uma das grandes causadoras de perda de tempo nos escritórios. As pessoas perdem tempo procurando papéis, revistando arquivos e pastas, manuseando centenas de vezes os mesmos papéis na busca de um documento perdido. Além da perda de tempo causada pela distração visual de ter papéis não necessários na mesa e de uma sensação de peso, de desespero, de trabalho infindável que a mesa atulhada muitas vezes acarreta. Algumas pessoas, erroneamente, interpretam a mesa cheia de papéis como um símbolo da importância e da indispensabilidade de seus cargos. No entanto, elas devem lembrar-se que a mesa atulhada também pode indicar desorganização pessoal, indecisão, procrastinação, insegurança, prioridades confusas e incapacidade de terminar as tarefas dentro dos prazos.

Trabalhe em apenas um projeto de cada vez

Uma das regras da boa organização profissional diz que sempre devemos enxergar o topo de uma mesa. Como você só pode trabalhar em um só projeto a um só tempo, todo o restante da papelada deve ser posto de lado e facilmente recuperável quando você precisar dele. Quando se tem várias tarefas a cumprir ao mesmo tempo, facilmente podemos ser distraídos, acabando por perder nossa concentração. Para ser realmente eficaz em sua mesa de trabalho, crie o hábito de mantê-la sempre limpa. E trabalhe em apenas um projeto de cada vez.

Como ordenar o fluxo de papéis que chegam diariamente até sua mesa

1 Ter um bom lugar - e apenas um bom lugar para tudo que você possa pensar em querer reter.

2 Manter tudo no seu lugar, exceto nos momentos em que você tem necessidade de trabalhar com eles.

3 Despachar toda a papelada que puder imediatamente. Lembre-se que 80% das tarefas que chegam até você pode ser executado na mesma hora.

4 Não pôr de lado nenhum item antes de uma ação inicial - senão de solução, pelo menos de um encaminhamento para solução.

Lista de Tarefas

Um instrumento útil para sua organização é fazer uso de um caderno onde você registra tudo o que precisa fazer e/ou lembrar e a data alvo ou o prazo para sua realização. Este Caderno de Lista de Tarefas deve ser manuseado diariamente, pois é com ele que você planeja seu dia e sua semana. Tudo que lhe vier à cabeça, para fazer ou lembrar, registre nesse caderno. Você se surpreenderá com a melhoria obtida em sua organização pessoal.

O Lixo

Não há lugar melhor para você colocar uma boa parte dos papéis que chegam diariamente até sua mesa do que o lixo. Não tenha medo de jogar nele, memorandos internos, avisos de datas de reuniões (anote primeiro na agenda e jogue depois), circulares, cópias de cartas para simples informações, folhetos, etc. Enfim, use o lixo para tudo o que você já tomou conhecimento e sabe que não precisa mais recuperar. Com esta prática você estará esvaziando sua mesa de coisas inúteis e preparando o terreno para trabalhar mais organizadamente e com mais clareza de idéias.

Faça agora. Não deixe para depois.

Todos nós, com maior ou menor intensidade, tendemos a adiar nossas tarefas e ações, deixando tudo para depois. Essa tendência à procrastinação, quase sempre tem um custo alto, pois só nos cria mais trabalho, mais problemas, mais preocupações e crises. A procrastinação é um dos maiores desperdiçadores de tempo que existe, e a sua solução exige entendimento das causas, avaliação de suas conseqüências e constante disciplina para enfrentá-la.

A procrastinação impede o sucesso

A mudança na sua propensão de "faço isso depois" para "faço isso agora" requer uma ação positiva. As coisas não acontecem por si só. Elas acontecem porque as pessoas fazem com que elas aconteçam.

Faça as coisas diferentemente. Responda sua correspondência ao abrí-la. Nunca deixe para responder mais tarde.

Quando você disser a si mesmo: "Eu preciso fazer algo sobre isto", faça-o na hora, não depois. Programe coisas, trabalhe e viva de acordo com sua programação.

Crie o hábito de fazer as coisas mais importantes primeiro. Procrastinação é um problema psicológico, e uma vitória sobre ela é uma vitória essencialmente psicológica. Aceite a idéia de que você muitas vezes é um procrastinador. A coisa mais valiosa que você pode fazer quando procrastina é admitir este fato. Continuando a negá-lo ou racionalizá-lo você apenas irá retardar suas condições de superá-lo. O sucesso deriva de fazer as coisas realmente importantes que levam a resultados. Contudo essas coisas importantes é que usualmente são o foco da nossa procrastinação. Raramente adiamos as coisas não importantes.

Se nós aprendermos a transferir nossa procrastinação das coisas importantes para as coisas não importantes, nosso problema terá grandes chances de desaparecer. Procrastinação é também fazer atividades de baixa prioridade ao invés de fazer atividades de alta prioridade.

Algumas dicas para você resolver o problema da procrastinação

1 Estabeleça prazos de início e conclusão.
Sempre que você tiver pela frente uma tarefa desagradável, dê um prazo para começar. A pressão dos prazos, mesmo os auto-impostos, pode ser suficiente para criar uma ação de sua parte.

2 Faça o desdobramento das tarefas.
Muitas vezes uma tarefa difícil pode ser desdobrada em tarefas menores e portanto mais fáceis de serem atacadas. Desdobre a tarefa em sub-tarefas e comece a trabalhar nelas.

3 Não espere a inspiração chegar. Vá atrás dela.
Em muitos casos uma tarefa difícil é adiada porque exige de sua parte um pensamento criativo, que no momento não está surgindo. Mas lembre-se que inspiração é 90% de transpiração. Portanto comece já, não espere.

4 Procure saber tudo sobre a tarefa.
O fato de você não estar animado no momento pode decorrer de uma falta de motivação ou desinteresse. A não familiaridade geralmente gera a falta de interesse. Quanto mais você sabe, mais tende a se envolver e a se entusiasmar. Procure obter mais informações, e envolver-se mais com o problema.

5 Descubra as causas de sua indecisão.
Se você está indeciso procure saber porque você não quer se definir. A indecisão ocorre quando as pessoas tem um forte desejo de acertar, um desejo de evitar erros. Existe um tempo para deliberar e um tempo para agir. O tempo para decidir é quando a informação adicional irá acrescentar muito pouco à qualidade de sua decisão. Faça o máximo de esforço para obter a melhor informação possível dentro do tempo que você dispõe. Então tome a decisão e vá em frente. Acima de tudo, não fique atormentando-se com a decisão tomada. E, principalmente, não a refaça.

6 Evite o perfeccionismo.
Não seja 100% perfeito. Contente-se em ser 90% ou até 80% perfeito. Lembre-se que o ótimo é inimigo do bom. É melhor ter cinco "bons", do que um "ótimo". Pense em tudo isso e comece a agir agora.

Fonte:
http://www.espirito.org.br/

sábado, 29 de novembro de 2008

Falecimento de Nádia Huguenin


Professora formada em Português, Francês e Literatura Francesa, era também radialista. Durante muito tempo comandou diariamente, pela Rádio Friburgo AM, o "Cantinho da Nadinha", um programa de variedades. Casada com o também radialista Ernani Huguenin, deixa três filhos: Adenauer, Emerson e Alessander.

A presidente da UBT – seção Nova Friburgo, Nádia Huguenin coleciona troféus das trovas que escreve há mais de 25 anos, desde que foi convidada a criar um poema em homenagem ao jornalista Nelson Kemp. “Sempre gostei de ler e escrever poesias, desde a época da escola. Daí, não parei mais. Fazer trovas é um encanto”, define a trovadora, premiada nos primeiros Jogos Florais de Buenos Aires, Argentina, com o tema Tango.
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Saudação dos XLI Jogos Florais de Nova Friburgo - 2000
por Nádia Huguenin - presidente dos Jogos Florais
-
Queridos Irmãos Trovadores
Preparar não é MOLEZA,
A nossa festa da trova,
Tarefa em que, com certeza,
Nosso prazer se renova.
Há tanto CALOR humano
Em nossos Jogos Florais,
Que esse encontro, ano após ano,
Nos envolve mais e mais.
No INSTANTE em que, lá na praça,
Recebernos nosso irmão,
E cada um nos abraça,
É imensa a nossa emoção
Se for PECADO, perdão,
Mas eu posso assegurar,
Que é nossa vontade, irmão,
Não deixá-lo regressar.
Mas esse IMPULSO contei-nos,
Pois o ano passa ligeiro,
No próximo voltaremos
A saudá-lo, companheiro!
Sejam bem-vindos
==============
Trovas Diversas
==============
Perdão" propões ao voltar­,
por mais que isto me doa,
meu corpo quer perdoar,
mas minha alma não perdoa.
––––––––––
Em busca da liberdade
propus fugir dos teus braços,
e, por castigo, a saudade
aprisionou-me em teus laços.
––––––––––
"- Quero a pensão do menino!"
- berrava- e, na hora H,
teve que piar bem fino:
deu zebra no DNA!
––––––––––
Na pensão do Deodato
é variado o menu:.
Vai do churrasco de gato
a coxinha... de urubu !
––––––––––
É feliz quem faz na vida,
sem, em troca, pedir nada,
da Fé – ponto de partida,
do Amor – reta de chegada!
––––––––––
Na trova e no trovador
é que se encontram, suponho,
criatura e criador
unidos no mesmo sonho!
––––––––––
Não tem jeito esta loucura...
nosso amor inconseqüente
faz de mim, mulher madura,
uma eterna adolescente...
––––––––––
Uma gotinha de orvalho
numa pétala de flor
lembra-me o suor do trabalho
no rosto de um lavrador.
––––––––––
Foi nos passos e compassos
de um tango dançado a dois,
que eu me encontrei em teus braços,
para perder-me depois...
––––––––––
Foi por falta de carinho
que errei e perdi meus passos,
mas bendigo o “mau caminho”
que me levou aos teus braços...
––––––––––
Ante o olhar austero e frio
daqueles que te criticam,
sê feito as pedras do rio:
vão-se as águas... elas ficam!
––––––––––
Feiticeira de alma nua,
eu danço liberta, ao léu.
Sob o feitiço da Lua,
não tem limite o meu céu!
––––––––––
Pelo amor enfeitiçada,
entreguei-me sem pudor...
Não me arrependo de nada,
pois foi feitiço de amor!
––––––––––
Careca, mas tem cabelo
em tudo quanto é lugar.
Diz a noiva, com “desvelo”:
- Já pensou em transplantar?!
––––––––––
Este vazio em meu peito,
esta falta de carinhos,
são drogas de longo efeito:
vão me matando aos... pouquinhos.
––––––––––
Aquele olhar envolvente,
que com meus olhos cruzou,
fez qual a estrela cadente:
mostrou-me a luz... e passou.

Julia Mira dos Santos (Poemas)

Corn, o sapo de estimação

Corn é o nome
De um sapo de estimação
Gosmento e verdinho,
Do tamanho de uma mão.

Esse Corn é um folgado,
Que só pensa em comer
Vive por ai largado,
Sem saber o que fazer.

Tem gente que acha estranho,
Mas acho muito legal
Um sapinho como o Corn,
Tomando sol no seu quintal.

Siga esse nosso conselho
E crie um bichinho...
Peixe, sapo ou coelho,
Um cachorro ou um gatinho!

Lambão, o cachorrinho

Lambão é um cãozinho
Muito, muito levado.
Apesar de suas travessuras,
É também um cão amado.

Faz de tudo esse animal,
Serelepe, espertinho...
Rasga, brinca, lambe e tal,
Não para um só minutinho

Todo mundo gosta dele...
Do Lambão, o cachorrinho.
Todos querem um igual
Apesar do seu foguinho.

O Sr. Cubo de Gelo

Depois de muito tempo
Dentro do congelador,
O Sr. Cubo de Gelo
Saiu à procura de um amor

Ele pula e sai de lá
E começa a procurar
O amor de sua vida
Que ele sonha em achar

Estava tão cansado,
Quase desistindo
De um dia ser amado,
Quando viu alguém sorrindo.

Lá estava ela...
A paixão que o gelinho sonhou!
Mas quando chegou perto dela...
Derreteu-se de amor!

O Zé de Chulé

Quero lhes apresentar
O meu amigo Zé!
Todo mundo foge dele
Por causa do seu chulé.

Zé é um cara legal,
Só tem um probleminha...
Ele cheira muito mal,
Como titica de galinha.

Coitado do Zé,
Que não tem nenhum amigo.
Isso tudo só por que
Ele tem um pé fedido!

Acho que isso é
Uma falta de respeito!
Só porque ele tem chulé
Que não gostam do sujeito.

Julia Mira dos Santos - 11 anos - Sorocaba/SP

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Douglas Lara (Baile Vermelho e Branco )



Neste sábado especial do mês – afinal é dia do baile mensal do Clube da Amizade de Sorocaba – acordei recordando claramente de um sonho que tive. Nele, recebi um telefonema de uma mulher desejando reservar uma mesa.

Seria a primeira vez que ela iria a um de nossos bailes e sempre que isto acontece damos atendimento especial. Este atendimento poderá resultar num novo/a sócio/a.

Cuidadosamente, disse a ela que não sabia se ainda tínhamos mesas disponíveis, mas que, com certeza, daríamos um jeito. Na realidade, eu estava preocupadíssimo porque não saberia de poderíamos acomodar uma mulher na festa. Sendo assim, procurei saber um pouco mais daquela senhora, fazendo algumas perguntas para obter mais detalhes.

- Você vem só ou acompanhada? - Ela, sem me dizer seu nome, respondeu:

- Gostaria de ir acompanhada do meu amor, só que ele é casado e num sábado não pode deixar a família para sair só à noite...

Pensei aí tem treta. Então arrisquei:

- Se não tens a possibilidade de dançar com seu amor, venha com seu marido mesmo! – Sabia que estava sendo abusado, só que o diálogo no sonho era tão amigável que achei que poderia continuar sendo mais atrevido nas minhas perguntas, e, repentinamente, tentar lhe proporcionar um bom divertimento, mesmo que fosse com o marido. Então continuei:

- Senhora, caso não venha com o marido, pode dançar com um free-dancer .

- Moço, chamou-me perguntando, o que é este tal de free-dancer ?

Expliquei-lhe que existem alguns cavalheiros disponíveis para mulheres desacompanhadas no baile, para que estas não fiquem sem dançar.

- Moço, com jeito dúbio indagou-me, e isto não custa nada a mais?

Era óbvio ela perguntar sobre isso. Tudo se paga hoje em dia! Se bobear, daqui um tempo estaremos pagando para respirar. E ela precisava saber o que estava comprando, senão depois aguenta o Código de Defesa do Consumidor! E ela tinha o direito de saber. Mas o que mais me intrigava era tudo isso num sonho! Deve ser o subconsciente. Disse a ela que no preço do convite já estava incluido o free-dancer , aproveitando para informar que ela podia dançar a vontade sem limite de contra-danças.

Mas minha curiosidade era forte e resolvi sair da passividade e perguntar, afinal telefone sempre nos dá mais coragem, não estamos olhando para o rosto da pessoa mesmo!

- Quando a senhora beija, costuma beijar de olhos fechados ou abertos?

Ela mudou o tom de voz na mesma hora e voltou à formalidade. Parou de chamar de moço. Deve ter pensado “respeito é bom e eu gosto, não acha que tais perguntas devem ser feitas apenas quando temos intimidade?”.

Fiquei sem graça e pedi que esquecesse esta questão, apenas perguntei por perguntar.

Decidi ser um pouco mais objetivo e menos abusado nas perguntas.

- Senhora, por gentileza, a mesa e convites são para quantas pessoas?

Ela, que deveria estar perdida até mesmo em saber o que queria, respondeu “ainda não sei”.
Eita venda dura de fazer!!! Parti para outra pergunta, tentando direcionar a conversa e resolver o problema da dançarina.

- E a senhora costuma dançar de rosto colado?

- Lá vem o senhor novamente com perguntas inconvenientes!!
Por quê? Neste baile não se pode dançar de rosto colado?

- Pode sim, desde que seja com respeito! – retruquei.

- Senhor, perguntou-me finalmente, por que tantas perguntas?

- A senhora está desde o início dizendo que gostaria de vir ao baile e dançar com seu amor, só que ele é casado! Estou apenas tentando acomodar uma situação que a maioria das pessoas que vem ao baile tem. Desculpe. Não vejo problema em a senhora beijar e dançar com olhos fechados. Não importa que seu parceiro não seja seu amor. Dance e beije de olhos fechados, imaginando estar dançando e beijando seu amado. Dá no mesmo!

Precisava terminar aquela conversa e desligar o telefone, então disse:

- Senhora, preciso desligar, pois tenho outro interessado esperando na outra linha.
Pense e telefone mais tarde e diga qual foi a decisão. Terei o maior prazer emfazer a reserva.

Acordei com o telefone tocando. Atendi, ainda meio dormindo, pensando que seria a mulher novamente. Não era, não. Era um dos diretores: “Douglas, acorde e venha ajudar a preparar o clube para o baile de hoje à noite, estamos precisando de você”.

Fonte:
http://www.usinadeletras.com.br/

O Nosso Português de Cada Dia (Obrigado / Obrigada)



OBRIGADO / OBRIGADA

A palavra obrigado é um adjetivo e, portanto, deve concordar em gênero e número com o substantivo a que se refere. Assim sendo, ao estar agradecido por uma gentileza recebida, o falante deverá concordar a palavra "obrigado" com seu sexo. O homem diz "obrigado"; a mulher diz "obrigada".

Pois bem, e qual seria a resposta a esse agradecimento? Se eu faço uma gentileza, e a moça responde «obrigada», qual deveria ser minha resposta. A melhor resposta seria «por nada»; nunca diga «de nada.» Atualmente, diz-se muito «obrigado(a) eu» que também é forma correta. A expressão «obrigado(a) você» é errônea. Por quê? Obrigado significa grato, agradecido. Ao dizer «obrigado você» estamos dizendo algo do tipo «você está agradecido» o que não faz sentido algum na situação referida.

Imaginemos o seguinte diálogo:
-Agradecido.
- Agradecido você.

Sem sentido. Agora imaginemos outro diálogo:

-Agradecido.
- Eu é que fico agradecido (agradecido eu).

Esta é a forma correta. Os mesmos exemplos valem para a palavra «obrigado».

Fonte:
Prof. Dr. Ozíris Borges Filho. http://www.movimentodasartes.com.br/

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Caldeirão Literário do Pernambuco (Sandoval Ferreira)

Sandoval Ferreira
(1983 Iati/Pernambuco)

O curandeiro da feira

Sou curandeiro da feira
De tudo tem pra curar
Seja de dor de barriga
Ou até no calcanhar
Tenho pumada e raiz
E garanto não faia

Tem o óleo da mamona
Pro sinhô ficar, mas moço.
Ajeita tudo que é prega
Remenda tudo que é couro
Lhe deixa novo tinido
Estrala tudo que é osso

Tem a castanha atalaia
Que vale pra dez doença
Menos aquela das cornura
Que coisa das desavença
Mas se espiela caída
Ou farta de paciência passe
A bendita pumada que cura
Sua doença.

E se o senhor ta veio
E no agüenta mas nada
O Passarim no levanta
No canta nem faz zuada
Sua muié só reclama que
A seca ta pesada.

Ao invés de te chamar
De bem ela te chama
De barriga inchada
Home tome catingueira
Que a doença ta curada

E se vosmicê é moça veia
E quer arranjar namoro
Quer encontrar o cabra
Que venha apagar seu fogo
Vou lhe ensinar uma prece
Pra você ganhar o moço.

Por fim sou curandeiro
Da feira em todo canto
Me acho quando quiser
Me achar procure de cima
Abaixo que você vai encontrar
Não sendo pra reclamar
E nem pra comprar fiado
Eu posso lhe ajudar.

Antonio Carlos Tórtoro (Parece um Enterro)

Cândido Portinari (Enterro na Rede)1944
Painel a óleo/tela
Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, São Paulo,SP - Série Retirantes
Obra premiada na exposição 50 Ans d’Art Moderne, em 1958 na Bélgica.
"Carpe Diem" quer dizer "colha o dia". Colha o dia como se fosse um fruto maduro que amanhã estará podre.
A vida não pode ser economizada para amanhã.
Acontece sempre no presente.
Rubem Alves

Esperando encontrar no ininterrupto caudal de automóveis uma brecha que me permitisse ir ao trabalho num dos horários de pico do tumultuado, mal educado, agressivo e desordenado trânsito da nossa cidade, resmunguei comigo mesmo : parece um enterro.

Descobri que existe até uma funerarianet que oferece kit de reconstituição facial, dentre outros fúnebres produtos, e curso de Tanatopraxia - uma técnica que permite que o corpo se conserve preservado por mais tempo, possibilitando um velório tranqüilo - aliado a técnicas como a Necromaquiagem e a Reconstituição Facial, que imprimem uma aparência natural ao corpo. Tudo isso conforta a família e amigos e garante que os mortos já não são tão amedrontadores como antigamente.

Pensei que o comentário silencioso tivesse vindo subconscientemente à minha memória por eu haver lido, no jornal da manhã, que em São Paulo está sendo realizada a FUNEXPO , o maior evento do setor funerário da América Latina. São mais de 60 expositores, cerca de 6 mil visitantes e mais de 4 milhões de reais em negócios : a morte agora é só mais um negócio.

Quem, acima dos 50 anos, não se lembra das inúmeras procissões funerárias que, diariamente, cortavam a cidade, rumo ao cemitério da Saudade?

Eram longas séries de carros - quanto mais poderoso o defunto , maior era a quantidade e a exuberância dos automóveis - que vagarosamente percorriam, preferencialmente pelas avenidas, provocando pequenos congestionamentos nas ruas transversais, formados por motoristas que , sem partirem para desrespeitoso buzinaço, viam passar o féretro, benzendo-se com o sinal da cruz, em sinal em respeito ao falecido.

Dentro do carro funerário, seguia o ataúde coberto de coroas de flores enviadas pelos amigos e conhecidos da família que, assim, expressavam seus pesares pelo lamentável passamento.

O desfile funerário partia sempre da casa do morto, onde ele havia sido velado durante toda a noite, em geral, na melhor sala da casa, acompanhado sempre por um grande número de pessoas que, por morarem nas redondezas , não arredavam pé do local , contando os familiares sempre com a boa vontade e atenção de parentes , amigos e vizinhos: não existiam os velórios ao lado dos cemitérios. É importante lembrar que teve até um tempo em que, pela ornamentação da casa, podia-se saber se o morto era casado - pendurava-se na porta da rua uma cortina de pano preto e dourado - , solteiro - idem com as cores lilás e preto - ou criança - idem com panos brancos, azuis ou dourados . Era um tempo, pasmem, em que as viúvas vestiam-se de luto às vezes até por 12 meses e ainda existia sempre aquela amigona da família, a boa cozinheira que fazia a canja pós-velório, para aquecer os estômagos de luto.

Foi-se o tempo em que no Dia de Finados não se podia ouvir música e os bailes eram proibidos.

Hoje, os mortos nem entram mais em casa, ninguém guarda luto algum, Finados não passa de mais um feriado dentre tantos outros, e a ausência dos carros funerários percorrendo a cidade, todos os dias, não nos faz mais lembrar que somos mortais: não temos mais tempo para pensar na morte e refletir sobre ela, porque gastamos parte de nosso precioso tempo em trânsito pela vida, engarrafados por todos os tipos de problemas, e sem perceber o dia do nosso enterro chegar: talvez, por isso, não carpediemos.

Fontes:
http://www.movimentodasartes.com.br/arl/pop/051203a.htm
Pintura = http://www.ppgartes.uerj.br

Dicas Tilibra (Como Estudar II)



Estudar exige mais do que paciência e força de vontade. Estudar requer também, muita disciplina e o domínio de algumas técnicas - às vezes, simples - para que o aprendizado seja feito com a máxima eficiência e o mínimo de tempo.

Uma boa dica é não deixar tudo para a véspera. De fato, não é fácil conseguir motivação hoje, e começar a estudar para uma prova que só será daqui a 2 semanas. Mas isso, é só uma questão de reeducação de hábitos. Experimente tirar 2 horas de seus dias, para estudar o conteúdo das aulas dadas naquele dia. Com o tempo, você terá mais facilidade em compreender e memorizar toda a matéria, e ainda sentirá uma queda no nível de stress das vésperas de prova, quando o conteúdo se acumula, e você não sabe nem por onde começar a estudar. Com essa metodologia, o menos vai virar mais. A matéria estará sempre fresca na sua cabeça, e estudando menos, você estará aprendendo mais.

Abaixo seguem mais algumas dicas, bastante interessantes.

Como ler bem
"Ler um livro é estabelecer um diálogo animado pelo desejo de compreender. Nossa leitura deve ser governada por um princípio fundamental de respeito à voz que nos fala no livro. Não temos o direito de desprezar um livro só porque contradiz nossas convicções, como também não devemos elogiá-lo incondicionalmente se estiver de acordo com elas". (Prof. Armando Zubizarreta).

Qualquer leitor, portanto, tem como primeiro desafio o de estar pronto para ler: disposto a aprender e aproveitar a leitura. Mesmo em caso de tratar-se, à primeira vista, de mera tarefa e não de algo que possa lhe dar prazer. Essa preparação exige dois pré-requisitos: prestar atenção e evitar a avidez. Devorar centenas de páginas não leva a nada.

Você vai ler? Saiba então que a compreensão de um texto exige mais do que o simples correr dos olhos sobre as letras. Comece por escolher um local tranqüilo, confortável, bem iluminado. E não se apavore em caso de não conseguir entender tudo de imediato. A compreensão depende do nível cultural do leitor, que vai se ampliando a cada nova leitura ou releitura.

Recomenda-se, em geral, que não se passe ao parágrafo seguinte sem ter entendido bem o anterior. Isso você pode conseguir, voltando e relendo o trecho quantas vezes forem necessárias e, se preciso, recorrendo a dicionários e enciclopédias. No entanto, não se deve interromper demais a leitura. Por isso, conforme-se em aprender o significado geral, sabendo que, com o hábito de ler, essa tarefa vai ficar cada vez mais fácil.
Lembre-se sempre que um mínimo de disciplina é indispensável ao leitor que quer ou precisa aprender. A leitura, para ser mais produtiva, pode ser dividida em fases:

- Faça um reconhecimento do texto para saber de que assunto trata. Mesmo no caso de romance é bom ter uma idéia do tema central.

- Procure isolar as informações principais. Para isso, é bom sublinhar ou assinalar passagens.

- Ao encontrar expressões especializadas, (de medicina, direito, etc.) procure conhecer e anotar seus significados. Assim, além de aumentar seu vocabulário, você conseguirá uma correta interpretação de sua leitura.

- Procure separar os fatos, das interpretações que deles faz o autor. Retome as informações essenciais que foram isoladas anteriormente, para saber que relações existem entre elas.

Assim, você estará pronto para estabelecer suas próprias idéias sobre o texto. Mas lembre-se: o trabalho intelectual exige rigor. Por isso nunca é demais voltar ao texto, reler e aperfeiçoar a leitura.

Como tomar notas

A escrita é um poderoso instrumento para preservar o conhecimento. Tomar notas é a melhor técnica para guardar as informações obtidas em aula, em livros, em pesquisas de campo. Manter os apontamentos é fundamental. Logo, nada de rabiscar em folhas soltas. Mas também não se deve ir escrevendo no caderno tudo que se ouve, lê ou vê. Tomar notas supõe rapidez e economia. Por isso, as anotações têm de ser:

- suficientemente claras e detalhadas, para que sejam compreendidas mesmo depois de algum tempo;

- suficientemente sintéticas, para não ser preciso recorrer ao registro completo, ou quase, de uma lição.

Anotar é uma técnica pessoal do estudante. Pode comportar letras, sinais que só ele entenda. Mas há pontos gerais a observar. Quando se tratar de leitura, não basta sublinhar no livro. Deve-se passar as notas para o caderno de estudos. O aluno tem de se acostumar à síntese: aprender a apagar mentalmente palavras e trechos menos importantes para anotar somente palavras e conceitos fundamentais. Outros recursos: jamais anotar dados conhecidos a ponto de serem óbvios; eliminar artigos, conjunções, preposições e usar abreviaturas.

É preciso compreender que anotações não são resumos, mas registros de dados essenciais.

Como educar a memória

Aprender é uma operação que não se resume a adquirir noções, mas consiste em reter o que foi lido, reproduzir e reconhecer uma série de experiências e pensamentos. Portanto, é imprescindível educar a memória. Logo após o estudo de algum ponto ou matéria, nota-se que o esquecimento também trabalha: a mente elimina noções dispensáveis. Sem disciplina, entretanto, nunca haverá um jogo útil entre memória e esquecimento, entre horas de estudo e horas de descanso.

Para facilitar o aprendizado e fixar na memória os conteúdos aprendidos, basta proceder a uma série de operações sucessivas e gradativas no tempo. Repetir é importante, mas não só: saber de cor nem sempre vai além de um papaguear mecânico. As técnicas psicológicas de memorização são complexas, mas podem ser utilizadas simplificadamente pelo estudante. Algumas indicações:

- ler mentalmente e compreender o assunto;

- reler em voz alta;

- concentrar a atenção em aspectos específicos: nomes, datas, ambientes, etc.;

- notar semelhanças, diferenças, relações;

- repetir várias vezes em voz alta ou escrever os conhecimentos adquiridos (os pontos principais);

- fazer fichas com esquemas que incluam, de um lado, a seqüência das noções principais e, do outro, detalhes referentes a cada uma delas;

- nunca esquecer de repousar, pois uma mente cansada aprende pouco e retém com dificuldade.

Como estudar em grupo

Estudar em conjunto é um modo produtivo de fazer render ao máximo o esforço do aprendizado. E há muitas maneiras de os estudantes se ajudarem, mesmo que não se organizem em um grupo. Entre as mais importantes: a comparação dos apontamentos das aulas e das horas de estudos. Assim, trocam-se idéias e verificam-se os pontos fundamentais e os mais difíceis.

Dois princípios a serem pensados:

- o estudo em conjunto deve refletir uma inteligente divisão de trabalho;

- as sínteses não garantem plena compreensão, mas são interessantes como resumo dos conhecimentos adquiridos.

Quando o estudo em grupo é uma preparação para provas ou exames, o aluno deverá estudar toda a matéria por si mesmo, de modo que o trabalho com os colegas seja apenas uma revisão, uma possibilidade de aprofundamento e, às vezes, de correção dos pontos.
Algumas possibilidades de organização e divisão de trabalho no grupo:

Cada um estuda partes diferentes de um assunto e traz para serem fundidas na reunião;
 Cada um estuda e consulta fontes sobre o mesmo assunto e expõe ao grupo, para uma comparação e aprofundamento;
 Cada um estuda um ponto de um capítulo e faz seu relatório ao grupo, debatendo ou respondendo a perguntas depois.

É a voz corrente entre professores que a melhor maneira de aprender uma matéria é ensiná-la aos outros. Os alunos podem comprovar isso nas exposições orais de suas reuniões de grupo. E toda vez que um colega vier pedir auxílio.

Como fazer uma redação

Comunicar, eis a principal finalidade de uma redação. Ou seja: dizer algo, por escrito, a alguém. Mas o quê? A primeira operação para redigir um tema é compreender corretamente o enunciado contido no título. Um exame cuidadoso do título proposto dá ao estudante a exata delimitação do assunto, permite-lhe perceber imediatamente como desenvolver o pensamento para não fugir do tema. E conduz ao segundo passo: fazer um esboço do que vai ser dito.

Há quem prefira esboçar o tema mentalmente. Nunca é demais, porém, tenha o cuidado de anotar o plano, de modo que seja fácil segui-lo depois. Fazer um esboço depende, é claro, do conhecimento do aluno. E até mesmo do assunto. Mas um macete infalível é o da divisão em três partes: introdução, desenvolvimento, conclusão. Começa-se por chamar a atenção do leitor para o assunto, digamos, "A descoberta do Brasil", falando sobre a situação de Portugal no século XV, o florescimento cultural, a Escola de Sagres e as técnicas de navegação ali aperfeiçoadas. É a introdução, que conduzirá ao desenvolvimento: a frota de Cabral, seus objetivos, a viagem e seus problemas, a chegada a Porto Seguro, a comunicação da descoberta. Conclui-se de modo a evidenciar a importância que foi atribuída ao fato, na época, podendo-se adiantar algo sobre o significado histórico que teria depois.

Na exposição de assunto científico ou de caráter interpretativo, é bom lembrar que o sistema é: antecipar o que se vai provar, provar o que se havia proposto e enunciar o que já se provou. Nunca deixar, também, de enumerar em estrita ordem alfabética, todas as fontes e toda a bibliografia utilizada para compor o trabalho. Depois de tudo escrito, a tarefa ainda não terminou. A redação feita em casa ou em classe deve ser revista. É preciso ver se foram utilizadas as palavras mais expressivas, se não há erros de grafia, se a pontuação foi bem feita. Não se exige de ninguém um texto literariamente perfeito, mas escrever corretamente é obrigação.

Fonte:
http://www.espirito.org.br/portal/artigos/ednilsom-comunicacao/dicas-tilibra.html#estudar