sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Fábio Pestana Ramos (Por mares nunca dantes navegados)

A árdua conquista dos mares. Há mais de quinhentos anos, os portugueses iniciaram um processo que mudaria a face do mundo: lançaram-se à empreitada marítima. A coragem de desbravar e encontrar novas rotas era marca dos aventureiros portugueses, que se lan

A árdua conquista dos mares. Há mais de quinhentos anos, os portugueses iniciaram um processo que mudaria a face do mundo: lançaram-se à empreitada marítima. A coragem de desbravar e encontrar novas rotas era marca dos aventureiros portugueses, que se lançaram em águas tão inóspitas quanto as terras que descobriram nos séculos XV, XVI e XVII. A Editora Contexto iça as velas da história e apresenta o livro Por mares nunca dantes navegados: a aventura dos Descobrimentos, escrito pelo historiador Fábio Pestana Ramos. Ele leva o leitor a uma fantástica viagem pelos oceanos, a bordo de naus e caravelas, passeando ao lado de passageiros e marujos, prostitutas e religiosos, oficiais e degredados, comerciantes e escravos. Portanto, Ramos buscou documentação manuscrita inédita, coletada nos arquivos portugueses.

O que os motivava? Como era o cotidiano a bordo? O que encontraram no trajeto? Chegariam? Realizariam seus sonhos? Em Por mares nunca dantes navegados, o leitor acompanhará os dramas pessoais e coletivos da gente embarcada nos navios lusitanos, no tempo dos Descobrimentos e das Grandes Navegações. Conhecerá as ambições de Portugal e dos portugueses, explicadas dentro do contexto da época.

O inferno podia se instalar durante tempestades, calmarias e naufrágios. Mas o inferno também podia se instalar dentro das embarcações. O 'marinheiro' convidado a ler esse livro sentirá na pele, dos outros, as privações, os perigos e os invariáveis conflitos sociais enfrentados em alto mar. As doenças, provindas da falta de higiene e a alimentação, quase sempre insuficiente para todo o trajeto, eram constantes. Mulheres e crianças embarcadas muitas vezes não escapavam da 'sede' dos marujos, já que violações eram práticas comuns. As leis da terra não eram empregadas no mar. Os oficias faziam vistas grossas para os abusos, isso quando não participavam deles.

E se a travessia marítima não era fácil, o desembarque, na África, na Ásia ou na América, também podia reservar surpresas e situações perigosas. Deparando-se com realidades totalmente diversas da vivida no Velho Mundo, esses viajantes tornaram-se os principais protagonistas de encontros e desencontros culturais, violências e conflitos com nativos, em cenários de destruição, exploração e extermínio. E ao mesmo tempo em que foram desenvolvidas relações comerciais, surgiram povoados e cidades, e a paisagem foi modificada.

A paisagem brasileira começou a ser modificada oficialmente em 1500, mas hoje quase ninguém contesta a presença portuguesa antes dessa data. Entre os navegadores Bartolomeu Dias (1488) e Vasco da Gama (1497) existem diversas possibilidades de um possível Descobrimento ou 'achamento' como preferem alguns, que só não foi anunciado porque havia um entrave diplomático entre Espanha e Portugal. Fábio Pestana Ramos conta em detalhes a manobra política feita para garantir tal feito. Com a parte jurídica acertada, coube a Pedro Álvares Cabral oficializar o 'achado', antes de cumprir a sua verdadeira missão: acertar um tratado de paz com os governos indianos. Com o Brasil oficialmente descoberto, Cabral partiu para as Índias, onde não obteve muito sucesso, o que acabou frustrando toda a missão e o rei D. Manuel. Depois disso, nunca mais esse fidalgo comandou sequer um navio.

Indicada a todos os interessados em embarcar nesta jornada recheada de aventuras, a obra é uma leitura divertida e muito bem fundamentada historicamente. Paraíso ou inferno? É o que veremos em Por mares nunca dantes navegados. Todos a bordo!
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Fábio Pestana Ramos possui Bacharelado e Licenciatura Plena em Filosofia pela Universidade de São Paulo e Doutorado em Ciências (História Social) também pela USP, onde foi orientado pela profa. Dra. Mary Del Priore. Já atuou como docente no curso de história da PUC de Campinas e como professor titular na Uniban, onde, além de lecionar nos cursos de história, pedagogia e administração de empresas, entre outros, exerceu o cargo de coordenador dos cursos de letras e pedagogia e fez parte do corpo docente do mestrado em educação; tendo também exercido atividade de ensino em outras grandes universidades particulares e como pesquisador da FAPESP. Atualmente é professor, na graduação e especialização, em universidades privadas como colaborador e docente concursado na autarquia municipal Fundação Santo André. Tem experiência docente na área de Educação, História, Filosofia, Sociologia e Antropologia; com intensa atividade de pesquisa e passagens por arquivos históricos no Brasil e em Portugal, tal como a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, o Arquivo Público do Estado da Bahia, Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Arquivo Histórico Ultramarino, Biblioteca Nacional de Lisboa e Biblioteca Central da Marinha Portuguesa. Já recebeu pelos seus trabalhos de pesquisa uma menção honrosa da USP e, na qualidade de co-autor, o prêmio Jabuti e o prêmio Casa Grande e Senzala. Possui farto volume de publicações, em revistas Acadêmicas e na mídia impressa de grande circulação, tal como Jornal do Brasil, Folha de São Paulo e as Revistas Superinteressante e Aventuras na História; participou, como co-autor, de vários livros, como, por exemplo, a obra clássica História das Crianças no Brasil ; é autor dos livros "Por mares nunca dantes navegados", "No tempo das Especiarias" e "Naufrágios e Obstáculos", amplamente citados pela mídia e utilizados como material didático em nível superior.

Fonte:
Colaboração de Douglas Lara. http://www.sorocaba.com.br/acontece
Curriculo Lattes.

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