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quarta-feira, 10 de junho de 2009

Raul de Leoni (1895 – 1926)


Raul de Leoni (Petrópolis, 30 de outubro de 1895 — Itaipava, 21 de novembro de 1926)

30 de outubro de 1895, nasce em Petrópolis, Estado do Rio, Raul de Leoni Ramos, terceiro filho do magistrado Carolino de Leoni Ramos e de D. Augusta Villaboim Ramos.

Em 1903, cursa o primário e, a seguir, o secundário, no Colégio Abílio, em Niterói.

Em 11 de setembro de 191o, faz a Primeira Comunhão aos quinze anos, na Capela do Colégio São Vicente, dos padres Premonstratenses, em Petrópolis, onde se encontra internado.

Em 1912, matricula-se da Faculdade Livre de Direito do Distrito Federal, colando grau de bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais, quatro anos mais tarde.

Parte para a Europa em 9 de abril de 1913, indo visitar a Inglaterra, França, Itália, Espanha e Portugal. Impressiona-se com Florença, única cidade nominalmente decantada em seu livro.

De volta ao Rio de Janeiro, em 1914, inicia colaboração literária nas revistas Fon-Fon e Para-Todos, colaborando mais tarde em O Jornal (1919), no Jornal do Comércio e no Jornal do Brasil.


Em 13 de março de 1918 é nomeado, por Nilo Peçanha, Ministro das Relações Exteriores no governo Wenceslau Brás, para o cargo de Secretário da Legação do Brasil em Cuba, não chegando a assumir, regressando da Bahia.

No ano de 1919, após declinar da sua nomeação para cargo idêntico, em nova Legação junto ao Vaticano, aceita ir para Montevidéu, onde permanece por três meses, para logo definitivamente abrir mão da Diplomacia. É eleito Deputado à Assembléia Fluminense. Publica seu primeiro livro de poemas: Ode a um poeta morto, dedicado à memória de Olavo Bilac.

Em 8 de setembro de 1920 contrai casamento com Ruth Soares de Gouvêa.

Em 6 de abril de 1921 casa-se com Ruth Soares de Gouvêa.

No ano de 1922 publica Luz mediterrânea, e começa a colaborar no jornal O Dia.

Em 1923, vitimado pela tuberculose, abandona o convívio de parentes e amigos, indo para Corrêas, e a seguir, Itaipava, licenciando-se do cargo de inspetor na companhia de seguros em que trabalhava.

Falece em 21 de novembro de 1926, na Vila Serena, em Itaipava, Petrópolis, hoje condomínio Alexandre Mayworm. Após a sua morte em Itaipava seu corpo foi conduzido para Petrópolis, que lhe prestou suas últimas homenagens, sepultando-o à sombra do Cruzeiro das Almas, erigindo-lhe um mausoléu e dando o seu nome a um trecho da Rua Sete de Setembro.

Sinopse crítica da obra do autor

A obra de Raul de Leoni obteve estudos críticos de de Agrippino Grieco, Rodrigo Melo Franco de Andrade, Medeiros de Albuquerque, Alceu Amoroso Lima, Ronald de Carvalho, Manuel Bandeira, Afonso Arinos de Melo Franco, Tasso da Silveira e Sergio Milliet. Foi o poeta de maior realce na última fase do simbolismo, e justamente considerado como uma das figuras mais notáveis do soneto brasileiro de todos os tempos.

Parnasianos, simbolistas e até modernistas o têm em alta conta, apreciando-o sem reservas. Cada um de seus versos tem sonoridade e ritmo primorosos, especialmente os dos sonetos, em decassílabos, mesclados de simbolismo e de modernismo, com tessitura clássica e técnica parnasiana. São versos considerados dos mais perfeitos: em idéia, filosofia, e essência das temáticas. Porém, a mesma unanimidade não tem a crítica ao situar o poeta, em diferentes julgamentos, onde foi colocado nas escolas e posições poéticas as mais diferentes e contraditórias. Enquanto alguns dos seus críticos o consideram um genuíno parnasiano, outros enxergam nele o simbolista autêntico, terceiros acreditam ter sido um neo-parnasiano e outros o situam num grupo completamente independente das regras poéticas e influências de escolas e movimentos literários.

Análise literária

O seu ritmo peculiar e admirável de versificação, o conjunto de idéias sublimes de suas palavras, são os aspectos mais fortes que envolvem a magnífica harmonia da unidade de pensamento que existe em toda sua obra. Raul de Leoni é poeta de grandeza solitária, unindo a uma filosofia panteística um espírito helênico de poesia ligada ao canto e a música. Apesar de apontarem em seus versos Pascal e Platão, sua poesia nada tem de filosófica. É espontânea, colorida, sensual. Sua estética à maneira platônica leva-o a uma vizinhança extraordinária com o Simbolismo, sendo, tanto quanto Guimarães Passos um grande poeta de transição.

Todavia a crítica literária brasileira é unânime em assinalar a alta linhagem clássica da poesia de Raul de Leôni, fundada na homogeneidade da sua primazia gramatical, temática e métrica, e consolidada no seu bom gosto literário, reconhecidos como impecáveis, desde a sua época até os dias atuais.

A sua poesia embora contenha formas antigas e clássicas, é caracterizada por um imperecível espírito de modernidade, o que lhe assegura compreensão ilimitada e aperiódica, e o introduz na seleta plêiade dos poetas imortais.

Principais poemas

De todos os poetas brasileiros, de qualquer escola onde existissem regras poéticas, incluindo os independentes, o único que não sofreu sequer um sopro de menosprezo do assíduo fôlego da "corrente modernista brasileira" foi Raul de Leôni.

Seus sonetos, de métricas perfeitas, repletos de metáforas e de concepções filosóficas extraordinárias, corriam nos cadernos de poesia dos moços e moças da época, que compreendiam aqueles versos de palavras doces, que continham, ao mesmo tempo, tanta simplicidade e tanto esclarecimento.

A 1ª edição do "Luz Mediterrânea", de 1922, editada em vida pelo autor, começa com o poema "Pórtico" (onde ele se desvencilha, quase por completo, dos laços da influência do Parnaso brasileiro) e termina com o "Diálogo Final", tendo sido os "Poemas Inacabados" (que o poeta, ao pressentir a morte prematura, pediu para sua mulher queimar, e ela não compreendeu o seu pedido) que fazem parte da 2ª edição, e das edições seguintes, foram anexados ao "Luz Mediterrânea" pelos outros editores das mesmas.

Se Ode a um Poeta Morto é realmente parnasiano, não o são muitos dos poemas de Luz Mediterrânea, entre eles História de uma alma, E o poeta falou, Imaginação, Supertição?, etc., sem omitir o soneto Argila, um dos melhores da lingua e do qual disse Agripino Grieco, que "todo brasileiro deveria saber de cor".

Fontes:
- Academia Brasileira de Poesia da Casa de Raul de Leoni
- Wikipedia