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quinta-feira, 2 de maio de 2024

Recordando Velhas Canções (Retalhos de Cetim)


Compositor: Benito di Paula

Ensaiei meu samba o ano inteiro
Comprei surdo e tamborim
Gastei tudo em fantasia
Era só o que eu queria
E ela jurou desfilar pra mim

Minha escola estava tão bonita
Era tudo o que eu queria ver
Em retalhos de cetim
Eu dormi o ano inteiro
E ela jurou desfilar pra mim

Mas chegou o carnaval
E ela não desfilou
Eu chorei na avenida, eu chorei
Não pensei que mentia a cabrocha, que eu tanto amei

Minha escola estava tão bonita
Era tudo o que eu queria ver
Em retalhos de cetim
Eu dormi o ano inteiro
E ela jurou desfilar pra mim

Mas chegou o carnaval
E ela não desfilou
Eu chorei na avenida, eu chorei
Não pensei que mentia a cabrocha, que eu tanto amei

Mas chegou o carnaval
E ela não desfilou
Eu chorei na avenida, eu chorei
Não pensei que mentia a cabrocha, que eu tanto amei

Mas chegou o carnaval
E ela não desfilou
Eu chorei na avenida, eu chorei
Não pensei que mentia a cabrocha, que eu tanto amei

Mas chegou o carnaval
E ela não desfilou
Eu chorei na avenida, eu chorei
Não pensei que mentia a cabrocha, que eu tanto amei
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Desilusão em Festa: A Dor do Amor no Carnaval
A música 'Retalhos de Cetim', composta e interpretada por Benito Di Paula, é uma expressão melancólica que contrasta com a alegria habitualmente associada ao carnaval. A letra narra a história de um homem que se dedicou durante um ano inteiro preparando-se para o carnaval, investindo tempo e recursos em seu samba, instrumentos e fantasias, movido pela promessa de que sua amada desfilaria com ele.

A repetição do verso 'Ela jurou desfilar pra mim' ressalta a confiança e a expectativa do narrador na palavra da 'cabrocha', termo carinhoso e antigo para se referir a uma mulher jovem e bonita, geralmente associado ao universo do samba. A escola de samba, descrita como 'tão bonita' e adornada com 'retalhos de cetim', simboliza o sonho e a paixão do narrador, que se vê despedaçado quando a promessa não é cumprida.

A dor do protagonista é evidenciada pelo choro na avenida, lugar onde a festa acontece e onde ele esperava compartilhar a felicidade com sua amada. A traição e a mentira são reveladas no clímax do carnaval, momento de celebração que se transforma em palco de sua desilusão. A música, portanto, aborda temas como a expectativa, a traição e a dor do amor não correspondido, tudo isso emoldurado pelo cenário festivo do carnaval brasileiro.

quarta-feira, 1 de maio de 2024

Recordando Velhas Canções (Oceano)


Compositor: Djavan

Assim que o dia amanheceu lá
No mar alto da paixão
Dava pra ver o tempo ruir
Cadê você? Que solidão!
Esquecera de mim

Enfim, de tudo o que há na terra
Não há nada em lugar nenhum
Que vá crescer sem você chegar
Longe de ti, tudo parou
Ninguém sabe o que eu sofri

Amar é um deserto e seus temores
Vida que vai na sela dessas dores
Não sabe voltar, me dá teu calor
Vem me fazer feliz, porque eu te amo
Você deságua em mim, e eu, oceano
E esqueço que amar é quase uma dor

Só sei viver se for por você

Enfim, de tudo o que há na terra
Não há nada em lugar nenhum
Que vá crescer sem você chegar
Longe de ti, tudo parou
Ninguém sabe o que eu sofri

Amar é um deserto e seus temores
Vida que vai na sela dessas dores
Não sabe voltar, me dá teu calor
Vem me fazer feliz, porque eu te amo
Você deságua em mim, e eu, oceano
E esqueço que amar é quase uma dor

Só sei viver se for por você
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Navegando pelas Emoções Profundas de 'Oceano' de Djavan
A canção 'Oceano', do renomado artista brasileiro Djavan, é uma obra que mergulha nas profundezas do amor e da paixão, explorando a intensidade e a complexidade dos sentimentos que acompanham um relacionamento amoroso. A letra da música utiliza metáforas náuticas para descrever a experiência de estar apaixonado, sugerindo uma viagem pelo mar agitado das emoções.

A expressão 'mar alto da paixão' evoca a ideia de um amor grande e profundo, mas que também pode ser turbulento e incerto, como o mar. O tempo que 'ruir' pode representar as dificuldades e os obstáculos que surgem em um relacionamento, enquanto a solidão sentida pelo eu lírico reflete a ausência da pessoa amada. A repetição da frase 'Enfim, de tudo o que há na terra' reforça a ideia de que nada tem significado ou pode prosperar sem a presença do ser amado.

A música também aborda a dor intrínseca ao amor, como expresso nos versos 'Amar é um deserto e seus temores' e 'E esqueço que amar é quase uma dor'. Essas linhas sugerem que amar pode ser uma jornada solitária e cheia de desafios, mas apesar disso, há um desejo ardente pelo calor e pela felicidade que apenas o ser amado pode trazer. A declaração final 'Só sei viver se for por você' é um testemunho da dedicação total do eu lírico ao seu amor, indicando que a vida sem a pessoa amada é inconcebível. Djavan, com sua habilidade lírica e melódica, consegue transmitir a profundidade e a paixão de um amor oceânico, onde o eu lírico se vê imerso e dependente da presença do outro para encontrar sentido na vida.

segunda-feira, 29 de abril de 2024

Recordando Velhas Canções (A Banda)


Compositor: Chico Buarque

Estava à toa na vida
O meu amor me chamou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor

A minha gente sofrida
Despediu-se da dor
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor

O homem sério que contava dinheiro parou
O faroleiro que contava vantagem parou
A namorada que contava as estrelas
Parou para ver, ouvir e dar passagem

A moça triste que vivia calada sorriu
A rosa triste que vivia fechada se abriu
E a meninada toda se assanhou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor

Estava à toa na vida
O meu amor me chamou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor

A minha gente sofrida
Despediu-se da dor
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor

O velho fraco se esqueceu do cansaço e pensou
Que ainda era moço pra sair no terraço e dançou
A moça feia debruçou na janela
Pensando que a banda tocava pra ela

A marcha alegre se espalhou na avenida e insistiu
A Lua cheia que vivia escondida surgiu
Minha cidade toda se enfeitou
Pra ver a banda passar cantando coisas de amor

Mas para meu desencanto
O que era doce acabou
Tudo tomou seu lugar
Depois que a banda passou

E cada qual no seu canto
Em cada canto uma dor
Depois da banda passar
Cantando coisas de amor
Depois da banda passar
Cantando coisas de amor
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A Alegria Contagiante de 'A Banda' de Chico Buarque
A música 'A Banda', composta por Chico Buarque em 1966, é uma das obras mais emblemáticas da música popular brasileira. Com uma melodia alegre e um ritmo que remete às marchinhas de carnaval, a canção narra a passagem de uma banda pela cidade e o efeito que essa passagem tem sobre as pessoas que a observam. A letra é uma celebração da vida e do amor, capaz de transformar a rotina e o estado de espírito das pessoas.

A letra de 'A Banda' descreve como diferentes personagens da cidade interrompem suas atividades cotidianas para apreciar o desfile da banda. O homem sério, a namorada sonhadora, a moça triste, o velho cansado e até a Lua são tocados pela música. A banda, cantando 'coisas de amor', simboliza um momento de fuga da realidade, um instante em que as preocupações e tristezas são deixadas de lado em favor da alegria e da esperança. A música tem o poder de unir as pessoas, trazendo um sentimento de comunidade e compartilhamento de uma experiência coletiva.

No entanto, a canção também reflete sobre a efemeridade desses momentos de felicidade. Após a banda passar, tudo volta ao seu lugar, e a dor e a rotina reassumem seu espaço. Esse contraste entre a alegria temporária e o retorno à realidade pode ser interpretado como uma metáfora da vida, onde momentos felizes são preciosos, mas passageiros. Chico Buarque, conhecido por suas letras que frequentemente contêm críticas sociais e políticas, aqui oferece uma visão mais lúdica e otimista, ainda que não deixe de tocar na melancolia que segue a efusão de alegria.

sábado, 27 de abril de 2024

Recordando Velhas Canções (Pra não dizer que não falei das flores)


Compositor: Geraldo Vandré

Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não

Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Caminhando e cantando
E seguindo a canção

Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer

Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer

Pelos campos, há fome
Em grandes plantações
Pelas ruas, marchando
Indecisos cordões

Ainda fazem da flor
Seu mais forte refrão
E acreditam nas flores
Vencendo o canhão

Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer

Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer

Há soldados armados
Amados ou não
Quase todos perdidos
De armas na mão

Nos quartéis lhes ensinam
Uma antiga lição
De morrer pela pátria
E viver sem razão

Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer

Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer

Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Somos todos soldados
Armados ou não

Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não

Os amores na mente
As flores no chão
A certeza na frente
A história na mão

Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Aprendendo e ensinando
Uma nova lição

Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer

Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer

Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer
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A Voz da Resistência em 'Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores'
A música 'Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores', também conhecida como 'Caminhando', é uma das mais emblemáticas composições de Geraldo Vandré e um símbolo da resistência contra a ditadura militar no Brasil (1964-1985). Lançada em 1968, em pleno auge do regime autoritário, a canção se tornou um hino de protesto e esperança para uma geração que clamava por liberdade e democracia.

A letra da música é um convite à ação e à união. 'Caminhando e cantando e seguindo a canção' sugere um movimento coletivo de marcha, onde a música é o elo que une as pessoas na luta por um objetivo comum. A frase 'Quem sabe faz a hora, não espera acontecer' é um chamado à proatividade, incentivando os ouvintes a serem agentes de mudança em vez de meros espectadores da história. A referência às 'flores vencendo o canhão' é uma metáfora poderosa da não-violência e da força simbólica da resistência pacífica em contraste com a brutalidade das armas.

A canção também aborda a alienação dos soldados ('Há soldados armados, amados ou não, quase todos perdidos, de armas na mão'), que são ensinados a morrer pela pátria sem questionar o porquê, refletindo a crítica ao nacionalismo exacerbado e à manipulação dos militares. 'Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores' é, portanto, um marco da música de protesto brasileira, que transcendeu seu tempo e continua a ser um lembrete da importância da luta por direitos e liberdades fundamentais.

sexta-feira, 26 de abril de 2024

Recordando Velhas Canções (Como nossos pais)


Composição: Belchior

Não quero lhe falar, meu grande amor
Das coisas que aprendi nos discos
Quero lhe contar como eu vivi
E tudo o que aconteceu comigo

Viver é melhor que sonhar
Eu sei que o amor é uma coisa boa
Mas também sei que qualquer canto
É menor do que a vida de qualquer pessoa

Por isso, cuidado, meu bem
Há perigo na esquina
Eles venceram e o sinal está fechado pra nós
Que somos jovens

Para abraçar seu irmão
E beijar sua menina na rua
É que se fez o seu braço
O seu lábio e a sua voz

Você me pergunta pela minha paixão
Digo que estou encantada como uma nova invenção
Eu vou ficar nesta cidade, não vou voltar pro sertão
Pois vejo vir vindo no vento cheiro de nova estação
Eu sei de tudo na ferida viva do meu coração

Já faz tempo, eu vi você na rua
Cabelo ao vento, gente jovem reunida
Na parede da memória
Essa lembrança é o quadro que dói mais

Minha dor é perceber
Que apesar de termos feito tudo o que fizemos
Ainda somos os mesmos e vivemos
Ainda somos os mesmos e vivemos
Como os nossos pais

Nossos ídolos ainda são os mesmos
E as aparências não enganam, não
Você diz que depois deles
Não apareceu mais ninguém

Você pode até dizer que eu tô por fora
Ou então que eu tô inventando
Mas é você que ama o passado e que não vê
É você que ama o passado e que não vê
Que o novo sempre vem

Hoje eu sei que quem me deu a ideia
De uma nova consciência e juventude
Tá em casa guardado por Deus
Contando o vil metal

Minha dor é perceber
Que apesar de termos feito tudo, tudo, tudo o que fizemos
Nós ainda somos os mesmos e vivemos
Ainda somos os mesmos e vivemos
Ainda somos os mesmos e vivemos
Como os nossos pais
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A Reflexão de Elis Regina sobre Tradição e Mudança em 'Como Nossos Pais'
A canção 'Como Nossos Pais', interpretada pela icônica Elis Regina, é uma obra que transcende o tempo com sua mensagem reflexiva sobre a vida, as escolhas e a busca por identidade. Composta por Belchior, a música se tornou um dos maiores sucessos na voz de Elis, marcando a música popular brasileira com sua poesia e melodia envolvente. A letra fala diretamente ao coração, abordando a relação entre as gerações e a inevitável comparação entre os sonhos e a realidade vivida pelos jovens da época e seus pais.

A música inicia com uma conversa íntima, onde o eu-lírico decide compartilhar suas experiências de vida ao invés de lições aprendidas em discos. Há um reconhecimento de que viver plenamente é mais significativo do que apenas sonhar, e que o amor, apesar de ser valioso, não é o único componente da existência. A canção alerta para os perigos e desafios que a juventude enfrenta, simbolizados pela 'esquina' e pelo 'sinal fechado', metáforas para as restrições e limitações impostas pela sociedade e, talvez, pelo regime político da época.

O refrão é um lamento sobre a repetição de padrões, onde, apesar dos esforços e mudanças, ainda se vive como as gerações anteriores. A música critica a idolatria de figuras do passado e a resistência às novidades, sugerindo que a renovação é essencial e inevitável. A dor expressa na letra é a de reconhecer que, mesmo com as lutas e conquistas, muitas vezes as estruturas e mentalidades permanecem as mesmas. 'Como Nossos Pais' é um convite à reflexão sobre o que herdamos, o que repetimos e o que temos o poder de transformar em nossas próprias vidas.

quinta-feira, 25 de abril de 2024

Recordando Velhas Canções (Sítio do Pica-pau Amarelo)


Composição: Gilberto Gil

Marmelada de banana, bananada de goiaba
Goiabada de marmelo
Sítio do Pica-Pau Amarelo
Sítio do Pica-Pau Amarelo

Boneca de pano é gente, sabugo de milho é gente
O Sol nascente é tão belo
Sítio do Pica-Pau Amarelo
Sítio do Pica-Pau Amarelo

Rios de prata pirata, voo sideral na mata
Universo paralelo
Sítio do Pica-Pau Amarelo
Sítio do Pica-Pau Amarelo

No país da fantasia, num estado de euforia
Cidade Polichinelo
Sítio do Pica-Pau Amarelo
Sítio do Pica-Pau Amarelo

Sítio do Pica-Pau Amarelo
Sítio do Pica-Pau Amarelo
Sítio do Pica-Pau Amarelo
Sítio do Pica-Pau Amarelo

Sítio do Pica-Pau Amarelo
Sítio do Pica-Pau Amarelo
Sítio do Pica-Pau Amarelo
Sítio do Pica-Pau Amarelo
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A Magia do Sítio do Pica-Pau Amarelo em Notas Musicais
A música 'Sítio do Pica-Pau Amarelo', interpretada por Gilberto Gil, é uma viagem lúdica ao universo criado por Monteiro Lobato, um dos mais importantes escritores da literatura infantil brasileira. A canção foi composta como tema de abertura da série de televisão homônima, que fez parte da infância de muitos brasileiros, adaptando as histórias do Sítio para a TV. A letra da música, repleta de elementos fantásticos e referências diretas ao Sítio, convida o ouvinte a entrar nesse mundo de imaginação e aventura.

A letra começa com uma brincadeira de palavras que remete às delícias encontradas no Sítio, como a 'marmelada de banana' e a 'goiabada de marmelo', evocando os sabores da infância e da culinária caseira. A música segue para afirmar que no Sítio, até mesmo objetos inanimados e elementos da natureza, como a 'boneca de pano' e o 'sabugo de milho', são dotados de vida e personalidade, uma característica marcante das histórias de Lobato, onde a magia torna tudo possível.

O refrão, repetido várias vezes, reforça o nome do Sítio, fixando-o na memória do ouvinte. A canção também menciona 'rios de prata pirata' e 'voo sideral na mata', sugerindo as aventuras que as personagens vivenciam, muitas vezes com elementos de fantasia e ficção científica. Gilberto Gil, conhecido por sua habilidade de misturar diferentes ritmos e estilos musicais, consegue capturar a essência lúdica e imaginativa do Sítio do Pica-Pau Amarelo, criando uma melodia que é ao mesmo tempo nostálgica e atemporal, assim como as histórias que inspiraram a canção.

quarta-feira, 24 de abril de 2024

Recordando Velhas Canções (Construção)


Composição: Chico Buarque

Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido

Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima

Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música

E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão, atrapalhando o tráfego

Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho seu como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado

Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego

Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo
Bebeu e soluçou como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo

E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público

Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contramão atrapalhando o sábado

Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir
A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir
Deus lhe pague

Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir
Pela fumaça, desgraça, que a gente tem que tossir
Pelos andaimes pingentes que a gente tem que cair
Deus lhe pague

Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir
E pelas moscas bicheiras a nos beijar e cobrir
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir
Deus lhe pague
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A Crítica Social em 'Construção' de Chico Buarque
A música 'Construção', composta por Chico Buarque em 1971, é uma das obras mais emblemáticas da música popular brasileira, conhecida por sua crítica social aguda e pela complexidade de sua estrutura lírica. A canção narra a história de um operário da construção civil que, ao longo de um dia de trabalho, acaba por encontrar a morte de forma trágica e aparentemente banal. A repetição de ações 'como se fosse' a última vez, seguida pela morte do trabalhador, sugere a precariedade da vida e a rotina desgastante a que muitos trabalhadores estão submetidos.

A estrutura da música é notável por seu rigor formal, com versos que terminam sempre com palavras paroxítonas, e pela repetição de frases que vão se alterando sutilmente ao longo da canção, refletindo a mudança de perspectiva do protagonista diante da vida e da morte. A repetição de ações cotidianas, como beijar a esposa e comer feijão com arroz, contrasta com a fatalidade do acidente, evidenciando a fragilidade humana diante das estruturas sociais e econômicas.

Além disso, a música termina com uma série de agradecimentos irônicos, 'Deus lhe pague', que podem ser interpretados como uma crítica à sociedade que explora o trabalhador e o submete a condições de vida e trabalho indignas. Chico Buarque, conhecido por suas letras engajadas e por sua oposição à ditadura militar brasileira, utiliza a música como um meio de denunciar as injustiças sociais e a desumanização do indivíduo pelo sistema capitalista. 'Construção' permanece relevante como um poderoso comentário sobre as condições de trabalho e a desigualdade social no Brasil e no mundo.
https://www.letras.mus.br/chico-buarque/45124/

segunda-feira, 22 de abril de 2024

Recordando Velhas Canções (Aquarela)


Composição: Vinícius de Moraes / Toquinho / Guido Morra / Maurizio Fabrizio.

Numa folha qualquer
Eu desenho um Sol amarelo
E, com cinco ou seis retas
É fácil fazer um castelo

Corro o lápis em torno da mão
E me dou uma luva
E, se faço chover, com dois riscos
Tenho um guarda-chuva

Se um pinguinho de tinta
Cai num pedacinho azul do papel
Num instante, imagino
Uma linda gaivota a voar no céu

Vai voando, contornando
A imensa curva norte-sul
Vou com ela viajando
Havaí, Pequim ou Istambul

Pinto um barco à vela
Branco navegando
É tanto céu e mar
Num beijo azul

Entre as nuvens vem surgindo
Um lindo avião rosa e grená
Tudo em volta colorindo
Com suas luzes a piscar

Basta imaginar, e ele está partindo
Sereno e lindo
E, se a gente quiser
Ele vai pousar

Numa folha qualquer
Eu desenho um navio de partida
Com alguns bons amigos
Bebendo, de bem com a vida

De uma América a outra
Eu consigo passar num segundo
Giro um simples compasso
E, num círculo, eu faço o mundo

Um menino caminha
E caminhando chega no muro
E ali logo em frente
A esperar pela gente, o futuro está

E o futuro é uma astronave
Que tentamos pilotar
Não tem tempo, nem piedade
Nem tem hora de chegar

Sem pedir licença
Muda nossa vida
E depois, convida
A rir ou chorar

Nessa estrada, não nos cabe
Conhecer ou ver o que virá
O fim dela, ninguém sabe
Bem ao certo onde vai dar

Vamos todos
Numa linda passarela
De uma aquarela que, um dia, enfim
Descolorirá

Numa folha qualquer
Eu desenho um Sol amarelo (que descolorirá)
E, com cinco ou seis retas
É fácil fazer um castelo (que descolorirá)

Giro um simples compasso
E, num círculo, eu faço o mundo (que descolorirá)
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Aquarela: Uma Viagem Pela Imaginação e Pela Vida
A música 'Aquarela', composta por Toquinho, é uma verdadeira viagem pela imaginação e pelas diversas fases da vida. A letra começa com a simplicidade de um desenho infantil, onde um Sol amarelo e um castelo são criados com poucos traços. Essa simplicidade é um convite à liberdade criativa, onde tudo é possível a partir de elementos básicos, como um lápis e uma folha de papel. A música evoca a pureza da infância, onde a imaginação não tem limites e qualquer mancha de tinta pode se transformar em uma nova criação, como uma gaivota voando no céu.

À medida que a canção avança, os desenhos ganham vida e se transformam em viagens por lugares distantes e sonhos de liberdade. O barco à vela, o avião e o navio de partida são metáforas para as aventuras e as descobertas que fazemos ao longo da vida. Toquinho utiliza essas imagens para falar sobre a capacidade de sonhar e a vontade de explorar o mundo, destacando a beleza e a coragem de se lançar ao desconhecido. A música também reflete sobre a passagem do tempo e a inevitabilidade da mudança, como quando menciona a 'astronave' do futuro que não podemos controlar.

Por fim, 'Aquarela' nos lembra da efemeridade da vida e dos momentos que vivemos. A passarela de aquarela que um dia descolorirá simboliza a transitoriedade de nossas experiências e a importância de aproveitá-las ao máximo. A repetição do verso 'que descolorirá' ao final da música reforça a ideia de que tudo é passageiro e que devemos valorizar cada momento. Toquinho, com sua melodia suave e suas letras poéticas, nos convida a refletir sobre a vida, a arte e a beleza das pequenas coisas que, juntas, compõem o grande quadro de nossas existências.

domingo, 21 de abril de 2024

Recordando Velhas Canções (O que é, o que é?)


Compositor: Gonzaguinha

Eu fico com a pureza
Da resposta das crianças
É a vida, é bonita
E é bonita

Viver e não ter a vergonha
De ser feliz
Cantar, e cantar, e cantar
A beleza de ser um eterno aprendiz

Ah, meu Deus!
Eu sei, eu sei
Que a vida devia ser bem melhor
E será!

Mas isso não impede
Que eu repita
É bonita, é bonita
E é bonita

Viver e não ter a vergonha
De ser feliz
Cantar, e cantar, e cantar
A beleza de ser um eterno aprendiz

Ah, meu Deus!
Eu sei, eu sei
Que a vida devia ser bem melhor
E será!

Mas isso não impede
Que eu repita
É bonita, é bonita
E é bonita

E a vida, e a vida o que é?
Diga lá, meu irmão
Ela é a batida de um coração
Ela é uma doce ilusão
Êh! Ôh!

E a vida
Ela é maravilha ou é sofrimento?
Ela é alegria ou lamento?
O que é? O que é, meu irmão?

Há quem fale que a vida da gente
É um nada no mundo
É uma gota, é um tempo
Que nem dá um segundo

Há quem fale que é um divino
Mistério profundo
É o sopro do criador
Numa atitude repleta de amor

Você diz que é luta e prazer
Ele diz que a vida é viver
Ela diz que melhor é morrer
Pois amada não é e o verbo é sofrer

Eu só sei que confio na moça
E na moça eu ponho a força da fé
Somos nós que fazemos a vida
Como der, ou puder, ou quiser

Sempre desejada
Por mais que esteja errada
Ninguém quer a morte
Só saúde e sorte

E a pergunta roda
E a cabeça agita
Eu fico com a pureza
Da resposta das crianças
É a vida, é bonita
E é bonita

Viver e não ter a vergonha
De ser feliz
Cantar, e cantar, e cantar
A beleza de ser um eterno aprendiz

Ah, meu Deus!
Eu sei, eu sei
Que a vida devia ser bem melhor
E será!

Mas isso não impede
Que eu repita
É bonita, é bonita
E é bonita

Viver e não ter a vergonha
De ser feliz
Cantar, e cantar, e cantar
A beleza de ser um eterno aprendiz

Ah, meu Deus!
Eu sei, eu sei
Que a vida devia ser bem melhor
E será!

Mas isso não impede
Que eu repita
É bonita, é bonita
E é bonita

Viver e não ter a vergonha
De ser feliz
Cantar, e cantar, e cantar
A beleza de ser um eterno aprendiz

Ah, meu Deus!
Eu sei, eu sei
Que a vida devia ser bem melhor
E será!

Mas isso não impede
Que eu repita
É bonita, é bonita
E é bonita

Viver e não ter a vergonha
De ser feliz
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A Celebração da Vida na Poesia de Gonzaguinha
A música "O Que É, o Que É?" de Gonzaguinha é um verdadeiro hino à vida e à felicidade. Com uma letra que mistura reflexão e otimismo, o artista convida o ouvinte a uma jornada de apreciação pela existência, apesar de suas imperfeições e desafios. Gonzaguinha, conhecido por suas composições carregadas de crítica social e emoção, utiliza-se de uma linguagem simples, mas profundamente significativa, para tocar em questões universais sobre o sentido da vida.

A canção começa com uma valorização da pureza e simplicidade das respostas das crianças, sugerindo que a verdade sobre a vida pode ser encontrada na inocência e na capacidade de se maravilhar que é típica da infância. O refrão é um convite à alegria e à aceitação da própria felicidade, um chamado para viver sem vergonha de ser feliz e reconhecer a beleza em ser um eterno aprendiz. Essa mensagem é um contraponto à complexidade e às vezes à dureza da vida adulta, onde muitas vezes esquecemos de valorizar os pequenos prazeres e aprendizados cotidianos.

A música também aborda a diversidade de perspectivas sobre o que é a vida, apresentando diferentes visões que vão desde o nihilismo até o divino. Gonzaguinha, porém, se posiciona de maneira otimista, afirmando sua confiança na humanidade e na capacidade de cada um de fazer a própria vida valer a pena. A letra ressalta a importância da saúde e da sorte, e rejeita a morte em favor de uma existência plena e desejada. "O Que É, o Que É?" é uma celebração da vida em sua totalidade, reconhecendo suas dores e delícias, e incentivando cada um a cantar, viver e ser feliz sem reservas.