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sábado, 6 de setembro de 2025
Chafariz de Trovas * 1 *
Marcadores:
Chafariz de trovas,
Florilégio de Trovas
Almerinda Liporage (Álbum de Trovas)
Mas hoje o espelho mostrou
que o tempo que te esperei
a vida não me esperou.
Da rima sou arquiteta
e construo o que me apraz,
porque o mundo do poeta
são os versos que ele faz.
Do cair da noite à aurora
a chuva, em suave rumor,
fez toda a trilha sonora
das nossas cenas de amor.
Do meu leito eu te arranquei;
mas por mais forte que eu banque,
do meu coração, eu sei,
não há nada que te arranque.
Domínio por opressão
cedo ou tarde se aniquila:
pois para todo Sansão
sempre existe uma Dalila.
Em meus momentos aflitos
deixo-as na face rolando,
porque as lágrimas são gritos
dos meus sonhos se afogando.
Em toda vida eu te vi
tão dentro dos sonhos meus,
que ao despedir-me de ti,
era a mim que eu dava adeus!
Meus sentidos divagando
ao sabor dos teus afagos,
são garças brancas flutuando
na calmaria dos lagos.
Não reivindiques lembranças
nem me imponhas tua dor,
que eu não aceito cobranças
de quem é meu devedor.
Nas lâmpadas salpicadas
que enfeitam suas pobrezas,
as favelas enjeitadas
choram lágrimas acesas!
No escuro, a farra já quente,
era tanta apalpação,
que a luz voltou de repente
e ninguém achava a mão...
No teu beijo terno e doce,
sem o ardor da mocidade,
eu sinto como se fosse
beijada pela saudade.
No verão era tão mini
a coleção que mostraram,
que uma passou sem biquíni
e os presentes nem notaram!
O espelho mostra inclemente,
nas marcas que o tempo aviva,
que hoje eu sigo para a frente
em contagem regressiva.
O moreno deu o estouro
quando a esposa num desmaio,
gemeu baixinho : - Meu louro,
sem ter nenhum papagaio!
Pela “conversa” de amigo
e esse adeus dito com arte,
o que tu fazes comigo
não é renúncia, é descarte.
Por um orgulho idiota
eu não quis lutar por ti...
E com medo da derrota,
mesmo sem luta perdi.
Se cantar alegra a vida,
por que se vê, pelo chão,
tanta cigarra caída
no fim de cada verão?
Sem dúvida nem receios,
meu eu te entrego desnudo.
Se o fim justifica os meios,
o amor justifica tudo!
Sem enredo a minha história
foi no tempo se perdendo:
se existe um dia de glória,
a vida está me devendo.
Se uma Trova me entristece,
fazê-la, sei que não devo ...
Tristeza ninguém merece
e, por isso, eu não a escrevo...
Teu ciúme em demasia,
sem limite a respeitar,
transformou em tirania
tua maneira de amar.
Tuas recusas sem jeito
mostram, de modo evidente,
que tens meu corpo em teu leito,
com outra imagem na mente.
Uma verdade evidente
não há texto que distorça:
- Ante a imagem contundente,
a palavra perde a força.
Um choque levou Zequinha,
sem fios e sem tomada,
ao se ligar na vizinha,
com a mulher dele ligada…
= = = = = = = = =
sábado, 30 de agosto de 2025
Nei Garcez (A Arte)
pela natureza etérea,
da alma fazendo parte,
é o espírito em matéria.
Cada Artista, por cultura
da inspiração que lhe sobra,
num poema, ou na pintura,
prende o Tempo em sua Obra!
Irmã nata da ciência,
a Arte, em todo seu plano,
é a máxima transcendência
e a expressão do ser humano!
Irmanemo-nos na Arte,
apreciando o belo, o lindo...
Todos, dela, fazem parte.,.
Produzindo, ou difundindo!
O segredo e a fortaleza,
da Arte é a própria pupila,
que, apreciando a natureza,
sabe bem como exprimi-la.
Para a Arte fica bela,
por mais linda uma pintura,
o segredo de uma tela
está dentro da moldura.
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *
Nei Garcez, poeta e trovador, nasceu em 1944, em Curitiba/PR. Formado em Direito, trabalhou como consultor em assuntos relacionados à legislação farmacêutica; depois, por concurso público, foi perito oficial da Secretaria de Segurança Pública do Paraná. Para um projeto para alunos do Ensino Fundamental, produziu trovas pedagógicas: "A Trova em Sala de Aula". Autor do Hino da Polícia Científica do Paraná, foi premiado em vários concursos de trovas no Brasil.
Fontes:
Marcadores de livros com trovas enviados pelo autor.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing
quinta-feira, 28 de agosto de 2025
Constelação de Trovas
A mais triste solidão
que um ser humano já tem:
vasculhar seu coração
e não encontrar ninguém!
+ ADEMAR MACEDO – Natal/RN
Dar um livro de presente
sempre é gesto bem feliz:
quem o dá fica contente,
quem recebe pede bis.
AFONSO JOSÉ DOS SANTOS – Moji Guaçu/SP
Duas rimas simplesmente,
sete sílabas certinhas,
uma ideia, e a nossa mente
vai brincando em quatro linhas!
ALBA CHRISTINA CAMPOS NETTO – São Paulo/SP
Sem querer ser feminista,
a verdade vou contar:
a mulher é quem conquista,
mas se deixa conquistar!
ALBA HELENA CORREA – Niterói/RJ
É primavera, querida!
Deixemos para depois
as nossas rusgas da vida...
que a vida somos nós dois...
ALFREDO BRASÍLIO DE ARAÚJO – Baependi/MG
De uma forma desmedida,
muita gente, a toda hora,
dizendo gozar a vida,
vai jogando a vida afora!...
+ ALFREDO DE CASTRO – Pouso Alegre/MG
No palco da vida, atuante,
junto a comédias e dramas
o destino, ator brilhante,
vai tecendo suas tramas...
+ ANGÉLICA VILLELA SANTOS – Taubaté/SP
O agricultor que semeia
o arroz, o milho, o feijão,
trabalha com Deus à meia
na Obra da Criação.
ANTONIO A. DE ASSIS – Maringá/PR
Superando os meus problemas,
descubro que os teus abraços
são elos com que me algemas
no presídio dos teus braços!
ANTONIO COLAVITE FILHO – Santos/SP
Se de barro fomos feitos
nesta olaria divina,
somos dois corpos perfeitos,
partilhando a mesma sina!
+ ANTÔNIO FACCI – Maringá/PR
Velhos sinos badalando
anunciam minha dor...
- Cada toque ressoando
no meu presente sem cor...
ANTONIO MANUEL ABREU SARDENBERG – São Fidélis/RJ
Ao reler o livro antigo,
grande emoção me tomou:
deu-me na impressão de um amigo
que de repente voltou.
AUROLINA ARAÚJO DE CASTRO – Manaus/AM
É verdade, neste inverno,
vou dar tudo a quem não tem,
porque sei que para o inferno
nunca vai quem faz o bem.
+CECIM CALIXTO – Tomazina/PR
Todo livro, quando aberto,
é pólen, é flor, é fruto...
fechado: é sombra, é deserto,
é silêncio, é campa, é luto.
CYRO ARMANDO CATTA PRETA – Orlândia/SP
O nosso pracinha que era
simples jovem a sonhar
lutou tal qual uma fera
voltou glorioso ao seu lar.
CYROBA RITZMANN – Curitiba/PR
Na esperança verde e bela
há o otimismo de luz!
Se a porta fecha, a janela
se abre em par e sol reluz!
DINAIR LEITE – Paranavaí/PR
Sigo a vida, e meu caminho
foi produto e fecundo
mas não troco teu carinho
por qualquer prêmio do mundo.
DJALDA WINTER SANTOS – Rio de Janeiro/RJ
O nosso amor escondido,
sem papel, sem aliança,
tem o sabor proibido
da fruta da vizinhança...
= DOMITILA BORGES BELTRAME – São Paulo/SP
Revendo a foto esquecida
num álbum velho, tristonho,
vejo a saudade escondida
Por detrás daquele sonho...
FERNANDO CÂNCIO ARAÚJO – Fortaleza/CE
Ciúme é como se fosse
um veneno sedutor,
amargo, se mostra doce,
matando aos poucos o amor.
+ FRANCISCO PESSOA – Fortaleza/CE
Nosso reino de nobreza,
nós dois podemos cria-lo:
meu amor te faz princesa,
teu amor me faz vassalo.
+ HÉRON PATRÍCIO – São Paulo/SP
É no rosto da criança
que o sorriso é mais bonito:
- tem a força da Esperança
e o tamanho do infinito!
+ IZO GOLDMAN – São Paulo/SP
O imortal desaparace
desta vida transitória,
mas seu verso permanece
nas letras vivas da história.
JOAMIR MEDEIROS – Natal/RN
Foi pela guerra enlutada,
mas a ilusão de Maria
fincava os olhos na estrada
quando a porteira batia.
JOSÉ MESSIAS BRAZ – Pouso Alegre/MG
Esquece a luta perdida
porque, mais que insensatez,
lembrar fracassos na vida
é fracassar outra vez!
JOSÉ TAVARES DE LIMA – Juiz de Fora/MG
Quando os vejo, todo o dia,
sempre me espanta, não nego,
perceber, no olhar do guia
a luz dos olhos do cego!
LACY JOSÉ RAYMUNDI – Garibaldi/RS
A paz é conquista interna,
pura ausência de ansiedade,
tranqüilidade que externa
prazer e felicidade.
LAIRTON TROVÃO DE ANDRADE – Pinhalão/PR
No mundo por onde andei,
nestes anos que vivi,
as minhas culpas paguei,
tudo o que semeei – colhi!
+ LEONARDO HENKE – Curitiba/PR
Entre os véus da noite, imerso,
insone, em meu travesseiro,
escrevo apenas um verso
e a saudade...um livro inteiro!
MARIA LÚCIA DALOCE – Bandeirantes/PR
Não te atenhas tanto ao sono
porque o trabalho te espera,
pois quem não planta no Outono,
não colhe na Primavera.
+ MÁRIO MONTEIRO – Bauru/SP
O amor chega de mansinho,
como quem está brincando...
Mostra a flor, esconde o espinho,
e acaba nos machucando!
MAURÍCIO LEONARDO – Ibiporã/PR
O tempo não traz perigo
à verdadeira amizade;
quem não é mais teu amigo,
jamais o foi na verdade.
+ MIGUEL RUSSOWSKY – Joaçaba/SC
Neste mundo passageiro,
a vida, que vai fluindo,
é um intervalo ligeiro,
dois silêncios dividindo...
+ MILTON NUNES LOUREIRO – Niterói/RJ
Cavalgando sem rodeios
por galáxias estreladas,
o poeta, em seus anseios
tece trovas requintadas.
+ NILTON MANOEL – Ribeirão Preto/SP
Passou...Bonita de fato!
E o mar, ao vê-la tão bela,
sentiu não ser um regato
para correr atrás dela...
+ ORLANDO BRITO – São Luis/MA
Desço caminhos tristonhos
tentando, em vão, descobrir
algum vestígio dos sonhos
que desprezei ao subir!...
+ RODOLPHO ABBUD – Nova Friburgo/RJ
Nossa gente faladeira,
que tanto esfrega e ensaboa,
pra lavar a língua inteira
esvaziou a Lagoa!
RONALDO AFONSO FRANCO JÚNIOR – Sete Lagoas/MG
A leveza de seu verso,
fez-me voar até o céu.
E de lá só lhe arremesso,
estrelas como troféu.
ROSALY AP. CURIACOS A. LEME – Piracicaba/SP
Saudade, algema de amor,
que ao coração se derrama,
tem sempre o mesmo fulgor
no silêncio de quem ama.
SARAH RODRIGUES – Belém/PR
A Trova que se revela
em sua forma e magia
é uma pequena aquarela
na tela da Poesia.
+ SEBAS SUNDFELD – Tambaú/SP
Nesta vida alucinante
e de ilusões passageiras,
às vezes, um breve instante
vale mais que horas inteiras.
THEREZINHA DIEGUEZ BRISOLLA – São Paulo/SP
O mendigo solitário
perambula pela rua.
Ao redor, só o cenário
de uma imensa e fria lua.
VANDA ALVES DA SILVA – Curitiba/PR
Revezam-se em nossas rotas
sombra e luz, contras e prós
e as vitórias e derrotas
começam entre de nós...
VANDA FAGUNDES QUEIRÓZ – Curitiba/PR
Navegam os trovadores
em e-mails de ilusões,
computando riso e dores,
conectando as emoções...
VÂNIA MARIA SOUZA ENNES – Curitiba/PR
Um velho colchão de palha...
Teus braços por cobertor;
não há fortuna que valha
a fortuna deste amor!...
WANDA DE PAULA MOURTHÉ – Belo Horizonte/MG
que um ser humano já tem:
vasculhar seu coração
e não encontrar ninguém!
+ ADEMAR MACEDO – Natal/RN
Dar um livro de presente
sempre é gesto bem feliz:
quem o dá fica contente,
quem recebe pede bis.
AFONSO JOSÉ DOS SANTOS – Moji Guaçu/SP
Duas rimas simplesmente,
sete sílabas certinhas,
uma ideia, e a nossa mente
vai brincando em quatro linhas!
ALBA CHRISTINA CAMPOS NETTO – São Paulo/SP
Sem querer ser feminista,
a verdade vou contar:
a mulher é quem conquista,
mas se deixa conquistar!
ALBA HELENA CORREA – Niterói/RJ
É primavera, querida!
Deixemos para depois
as nossas rusgas da vida...
que a vida somos nós dois...
ALFREDO BRASÍLIO DE ARAÚJO – Baependi/MG
De uma forma desmedida,
muita gente, a toda hora,
dizendo gozar a vida,
vai jogando a vida afora!...
+ ALFREDO DE CASTRO – Pouso Alegre/MG
No palco da vida, atuante,
junto a comédias e dramas
o destino, ator brilhante,
vai tecendo suas tramas...
+ ANGÉLICA VILLELA SANTOS – Taubaté/SP
O agricultor que semeia
o arroz, o milho, o feijão,
trabalha com Deus à meia
na Obra da Criação.
ANTONIO A. DE ASSIS – Maringá/PR
Superando os meus problemas,
descubro que os teus abraços
são elos com que me algemas
no presídio dos teus braços!
ANTONIO COLAVITE FILHO – Santos/SP
Se de barro fomos feitos
nesta olaria divina,
somos dois corpos perfeitos,
partilhando a mesma sina!
+ ANTÔNIO FACCI – Maringá/PR
Velhos sinos badalando
anunciam minha dor...
- Cada toque ressoando
no meu presente sem cor...
ANTONIO MANUEL ABREU SARDENBERG – São Fidélis/RJ
Ao reler o livro antigo,
grande emoção me tomou:
deu-me na impressão de um amigo
que de repente voltou.
AUROLINA ARAÚJO DE CASTRO – Manaus/AM
É verdade, neste inverno,
vou dar tudo a quem não tem,
porque sei que para o inferno
nunca vai quem faz o bem.
+CECIM CALIXTO – Tomazina/PR
Todo livro, quando aberto,
é pólen, é flor, é fruto...
fechado: é sombra, é deserto,
é silêncio, é campa, é luto.
CYRO ARMANDO CATTA PRETA – Orlândia/SP
O nosso pracinha que era
simples jovem a sonhar
lutou tal qual uma fera
voltou glorioso ao seu lar.
CYROBA RITZMANN – Curitiba/PR
Na esperança verde e bela
há o otimismo de luz!
Se a porta fecha, a janela
se abre em par e sol reluz!
DINAIR LEITE – Paranavaí/PR
Sigo a vida, e meu caminho
foi produto e fecundo
mas não troco teu carinho
por qualquer prêmio do mundo.
DJALDA WINTER SANTOS – Rio de Janeiro/RJ
O nosso amor escondido,
sem papel, sem aliança,
tem o sabor proibido
da fruta da vizinhança...
= DOMITILA BORGES BELTRAME – São Paulo/SP
Revendo a foto esquecida
num álbum velho, tristonho,
vejo a saudade escondida
Por detrás daquele sonho...
FERNANDO CÂNCIO ARAÚJO – Fortaleza/CE
Ciúme é como se fosse
um veneno sedutor,
amargo, se mostra doce,
matando aos poucos o amor.
+ FRANCISCO PESSOA – Fortaleza/CE
Nosso reino de nobreza,
nós dois podemos cria-lo:
meu amor te faz princesa,
teu amor me faz vassalo.
+ HÉRON PATRÍCIO – São Paulo/SP
É no rosto da criança
que o sorriso é mais bonito:
- tem a força da Esperança
e o tamanho do infinito!
+ IZO GOLDMAN – São Paulo/SP
O imortal desaparace
desta vida transitória,
mas seu verso permanece
nas letras vivas da história.
JOAMIR MEDEIROS – Natal/RN
Foi pela guerra enlutada,
mas a ilusão de Maria
fincava os olhos na estrada
quando a porteira batia.
JOSÉ MESSIAS BRAZ – Pouso Alegre/MG
Esquece a luta perdida
porque, mais que insensatez,
lembrar fracassos na vida
é fracassar outra vez!
JOSÉ TAVARES DE LIMA – Juiz de Fora/MG
Quando os vejo, todo o dia,
sempre me espanta, não nego,
perceber, no olhar do guia
a luz dos olhos do cego!
LACY JOSÉ RAYMUNDI – Garibaldi/RS
A paz é conquista interna,
pura ausência de ansiedade,
tranqüilidade que externa
prazer e felicidade.
LAIRTON TROVÃO DE ANDRADE – Pinhalão/PR
No mundo por onde andei,
nestes anos que vivi,
as minhas culpas paguei,
tudo o que semeei – colhi!
+ LEONARDO HENKE – Curitiba/PR
Entre os véus da noite, imerso,
insone, em meu travesseiro,
escrevo apenas um verso
e a saudade...um livro inteiro!
MARIA LÚCIA DALOCE – Bandeirantes/PR
Não te atenhas tanto ao sono
porque o trabalho te espera,
pois quem não planta no Outono,
não colhe na Primavera.
+ MÁRIO MONTEIRO – Bauru/SP
O amor chega de mansinho,
como quem está brincando...
Mostra a flor, esconde o espinho,
e acaba nos machucando!
MAURÍCIO LEONARDO – Ibiporã/PR
O tempo não traz perigo
à verdadeira amizade;
quem não é mais teu amigo,
jamais o foi na verdade.
+ MIGUEL RUSSOWSKY – Joaçaba/SC
Neste mundo passageiro,
a vida, que vai fluindo,
é um intervalo ligeiro,
dois silêncios dividindo...
+ MILTON NUNES LOUREIRO – Niterói/RJ
Cavalgando sem rodeios
por galáxias estreladas,
o poeta, em seus anseios
tece trovas requintadas.
+ NILTON MANOEL – Ribeirão Preto/SP
Passou...Bonita de fato!
E o mar, ao vê-la tão bela,
sentiu não ser um regato
para correr atrás dela...
+ ORLANDO BRITO – São Luis/MA
Desço caminhos tristonhos
tentando, em vão, descobrir
algum vestígio dos sonhos
que desprezei ao subir!...
+ RODOLPHO ABBUD – Nova Friburgo/RJ
Nossa gente faladeira,
que tanto esfrega e ensaboa,
pra lavar a língua inteira
esvaziou a Lagoa!
RONALDO AFONSO FRANCO JÚNIOR – Sete Lagoas/MG
A leveza de seu verso,
fez-me voar até o céu.
E de lá só lhe arremesso,
estrelas como troféu.
ROSALY AP. CURIACOS A. LEME – Piracicaba/SP
Saudade, algema de amor,
que ao coração se derrama,
tem sempre o mesmo fulgor
no silêncio de quem ama.
SARAH RODRIGUES – Belém/PR
A Trova que se revela
em sua forma e magia
é uma pequena aquarela
na tela da Poesia.
+ SEBAS SUNDFELD – Tambaú/SP
Nesta vida alucinante
e de ilusões passageiras,
às vezes, um breve instante
vale mais que horas inteiras.
THEREZINHA DIEGUEZ BRISOLLA – São Paulo/SP
O mendigo solitário
perambula pela rua.
Ao redor, só o cenário
de uma imensa e fria lua.
VANDA ALVES DA SILVA – Curitiba/PR
Revezam-se em nossas rotas
sombra e luz, contras e prós
e as vitórias e derrotas
começam entre de nós...
VANDA FAGUNDES QUEIRÓZ – Curitiba/PR
Navegam os trovadores
em e-mails de ilusões,
computando riso e dores,
conectando as emoções...
VÂNIA MARIA SOUZA ENNES – Curitiba/PR
Um velho colchão de palha...
Teus braços por cobertor;
não há fortuna que valha
a fortuna deste amor!...
WANDA DE PAULA MOURTHÉ – Belo Horizonte/MG
sábado, 9 de agosto de 2025
Domitilla Borges Beltrame (1932 – 2025)
A exemplo de um bom peão,
eu já não tenho altivez;
se um amor me joga ao chão
tiro o pó...tento outra vez!
2
A favela à luz da lua
é um presépio em miniatura.
Mas, ante o sol, triste e nua
tem de um calvário a estatura.
3
Agora que tu partiste,
sinto a força da verdade,
do grito de dor que existe
no silêncio da saudade.
4
Além, no horizonte, à borda
de um infinito sem véu
o lindo arco-íris é a corda,
que os anjos pulam, no céu!
5
A mamãe cura o dodói,
afaga, põe atadura…
e o rosto do seu herói
se lambuza de ternura!
6
A nossa fé é a virtude
que nos dá tanto otimismo,
que deixa ver, da altitude,
a flor nas trevas do abismo!
7
Assim banhada de lua,
em um silêncio encantado,
a velha matriz da rua
guarda o perfil do passado!...
8
A Trova, bem trabalhada
e que é feita com ternura,
é como joia engastada
em nossa literatura!
9
A tua volta eu aguardo
sem censuras, satisfeita,
como quem carrega o fardo
na fartura da colheita.
10
A vovó não tem memória:
perde os óculos… na testa!
Mas jamais esquece a história
da varanda… e uma seresta!…
11
Brigamos, mas a tormenta
em instantes se desfaz...
um grande amor sempre inventa
um arco-íris de paz!
12
Brigamos...o amor se cala...
mas o orgulho não se importa,
pois a saudade se instala,
qual mendiga, à minha porta!...
13
Briguei contigo, é verdade,
peço perdão, volto atrás
e faço desta saudade
bandeira branca de paz!
14
Cavaquinho, violão,
o bandolim e o pandeiro.
Acrescente o coração
e eis o "choro" brasileiro!
15
Colorindo o alvorecer,
a claridade dourada
qual um gari, vem varrer
segredos da madrugada!…
16
Com altivez, disse um dia:
- “Ir procurar-te? Jamais!”
Mas a saudade vadia
não respeita o “nunca mais”…
17
Com as "notas" da alegria,
ou "dissonância" sofrida,
Deus compõe a melodia
da partitura da vida!
18
Cuidado se ao inocente
mostras um caminho escuro;
és passado, no presente,
comprometendo o futuro.
19
Das ofensas de um irmão
não guardes nenhum rancor,
que um minuto de perdão
vale uma vida de amor!
20
Depois do agrado, é verdade,
apressado ele partia...
Mas hoje tenho saudade
da saudade que eu sentia…
21
Diz a garota sapeca
ao seu flerte deputado:
-O que guardas na cueca
é o que tem me conquistado...
22
Em minha terra morena
- meu Brasil de tanta luz –
velando a noite serena,
estrelas brilham em cruz!
23
Em minha varanda, a sós,
vendo os ganchos na parede,
eu choro a falta dos nós
que amarravam nossa rede!
24
Eu ergo a taça a brindar
a noite que o quarto invade
e no cristal do luar
bebo o vinho da saudade!
25
Eu não entendo porque
fica assanhado o meu gato
todas as vezes que vê
o buraquinho do rato...
26
Eu não te esqueço e confesso:
No calvário da lembrança,
teu corpo ficou impresso
no sudário da esperança!...
27
Foste embora e, na saudade,
a ofensa se fez lição:
– descobri que o amor-verdade
se alicerça no perdão!
28
Guardando o Sol na algibeira,
o céu, de estrelas brilhantes,
mostra a Lua, alcoviteira
dos segredos dos amantes…
29
Lembro a garoa...a seresta...
minha feliz mocidade
e o que restou desta festa
embala minha saudade!
30
Li teu bilhete: "Lembranças!".
E, na emoção que me invade
um carrilhão de esperanças
desperta minha saudade !
31
Minha mágoa se retrata
neste porto... Junto ao cais,
pois, na espera, me maltrata
o medo do “nunca mais”...
32
Na calmaria aparente,
num silêncio enganador,
saudade dentro da gente,
grita mais alto que a dor...
33
Na alegria de ser mar
o rio atravessa as matas
e na pressa de chegar
se precipita em cascatas!
34
Na tarde macia e doce,
teu retrato à luz dourada,
me sorri como se fosse
a saudade emoldurada!
35
Nesta vida rotineira,
tua saudade em minha alma
é cantiga de goteira
em noite de chuva calma!
36
No alento para viver
mergulhando em teu olhar,
sou como um rio a correr
na eterna busca do mar...
37
No jardim ali da praça,
por entre as flores de lis,
a minha saudade passa
brincando de ser feliz.
38
Nossa união, em verdade,
é assim perfeita, eu suponho:
tu és sol da realidade.
Sou lua, carrego o sonho !
39
Oh! minha mãe, quando eu falho,
tua lágrima rolada,
é qual pérola de orvalho
sobre a rosa machucada!...
40
"Olvidarei !"...E, orgulhosa,
nem chorei na despedida,
mas, a saudade, teimosa,
foi no meu lenço, escondida!
41
O marido agonizante,
insistindo quer saber:
- Fui traído?...E ela hesitante:
- E, se você não morrer?!
42
O meu pranto é só carinho
quando lembro a mocidade...
é garoa, de mansinho
na seresta da saudade!...
43
O nosso amor escondido,
sem promessa de aliança,
tem o sabor proibido
da fruta da vizinhança!...
44
Para o encontro dos amantes,
o dia cerrou o olhar,
mas, indiscreta, em instantes,
a lua veio espiar!
45
Perco todos os cansaços
e minha angústia tem fim,
ao doce som dos teus passos
no cascalho do jardim…
46
Preciso, mesmo a chorar,
de coragem ser vestida,
pois já vejo em teu olhar
a sombra da despedida...
47
Procure espalhar, na vida,
alegria em sua estrada,
que a alegria dividida
é sempre multiplicada!
48
Quando a lágrima apagou
o meu verso apaixonado,
a despedida ficou
num bilhete inacabado!…
49
Quando a lembrança me invade
no porto da vida – e quanto!
- brilha o farol da saudade
sob a neblina do pranto!
50
Quando a vida, num desmando,
fecha a porta da esperança,
vem a saudade, arrombando,
as janelas da lembrança !…
51
Quando entre estrelas flutua,
qual um brilhante e tão bela,
parece-me um broche, a lua,
que a noite põe na lapela...
52
Que murmurem, não me importa ...
Pecado, nossos abraços?!
Deixo o mundo além da porta ,
faço meu céu em teus braços !
53
Rasgando o ventre da serra,
num parto de luz e cor,
o sol vem brindar a terra
numa oferenda de amor!
54
Revejo o passado e penso,
sem surpresa e sem espanto,
que o tempo, às vezes, é o lenço
com que Deus me enxuga o pranto…
55
São flores, eu penso vê-las
uma azul...outra dourada...
quando o Sol colhe as estrelas
dos canteiros da alvorada!...
56
Sobre a praia, com amor,
em noites de lua cheia,
o mar se faz trovador
e espalha versos na areia!…
57
Sou um pecador confesso.
Do teu castigo a alguns passos,
um só favor eu te peço:
-Crucifica-me em teus braços!...
58
Teu adeus fez dos meus dias
um contraste que tortura,
são tão poucas alegrias
e saudades com fartura…
59
Toma o chá "Mate Leão"
como remédio, o vizinho:
Se mata bicho grandão,
vai matar meu "vermezinho"...
60
Tricotando o sapatinho,
a mamãe para um momento
e acaricia o pezinho
no seu ventre, em movimento.
61
Tua face envelhecida
oh! Mãe, de tanto lutar…
Diz cada ruga, querida,
quanto sofreu por amar!
62
Um aceno...a despedida...
Vou soluçando os meus ais...
E, mais triste que a partida
é prever o "nunca mais"!...
63
Vem a noite e, sem tardança,
esta saudade se espalma
e acorda tua lembrança
adormecida em minha alma !
64
Vendo a descrença ao meu lado
e a esperança por um triz,
eu chego a achar que é pecado
crer na vida e ser feliz!
65
"Voltarei"! Dizes depressa
num agrado à despedida:
-fica comigo a promessa
e em tuas mãos, minha vida.
66
Vou carregar vida afora
esta dor que mortifica,
por eu não ter tido agora
coragem de gritar: Fica!
quarta-feira, 18 de dezembro de 2024
Antonio Juraci Siqueira*(Meu rio)
sinto saudades de ti,
teu nome sai dos meus lábios
numa oração: CAJARI!
À primeira vista pode parecer um rio comum, um rio como outro qualquer. Mas não é. Esse é um rio especial: é o rio Cajari, o meu rio. Ele nasce no vale da minha infância e desemboca sereno e caudaloso dentro de mim, dentro de minha memória, lavando minha alma, fertilizando meu coração, devolvendo a minha infância. E não há decretos, leis, mandados nem resoluções que possam tirá-lo de mim. Ele está de tal maneira diluído em minhas veias que nenhuma força do mundo poderá secá-lo nem alterar seu curso. Você pode admirá-lo, banhar-se em suas águas mas não poderá apossar-se dele! Ele me viu nascer, banhou meu corpo, matou minha sede e me deixou brincar de canoeiro em suas águas plácidas tangendo meus barquinhos que hoje navegam na minha imaginação. Ele é a rua onírica onde o poeta perambula à cata de inspiração, onde o Boto mandingueiro vagueia nas noites enluaradas mundiando as cunhãs. Portanto, tratem-no bem, pois o mal que a ele fizerem é a mim que farão, posto que somos um deste o início dos tempos.
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* Antônio Juraci Almeida Siqueira, nasceu em Afuá, no Pará, em 1948). Escreveu diversas obras literárias, entre elas merecem destaque, O Chapéu do Boto (2003), Paca, Tatu; Cutia não! (2008), e Aumentei, Mas Não Menti (2016). Seus poemas, contos e trovas são principalmente inspirados no folclore, nas crenças e saberes populares e pela natureza amazônica. Popularmente ele é conhecido como "o boto" ou o poeta "filho do boto". Em 1978, e foi morar em Belém. cursou Licenciatura em Filosofia pela Universidade Federal do Pará, atua como instrutor de oficinas literárias, artista performista, contador de histórias, e leciona filosofia na rede pública de educação paraense. É considerado um dos poetas mais prolíferos da região Norte do Brasil. Seus trabalhos variam entre publicações de livros de literatura infantojuvenil, literatura de cordel, livros de poesias, contos, crônicas e textos humorísticos. Todo esse trabalho rendeu-lhe cerca de 200 premiações em concursos literários de diversos gêneros, tanto no âmbito nacional, quanto no estadual.
Fonte: Blog do Boto
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing
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quarta-feira, 20 de novembro de 2024
sábado, 9 de novembro de 2024
segunda-feira, 14 de outubro de 2024
José Valdez de Castro Moura (Trovas em Preto & Branco)
Análise das trovas e relação de suas temáticas com literatos brasileiros e estrangeiros de diversas épocas e suas características
Trova 1.
As afrontas do passado
não guardo! Vou esquecê-las!
Pois bem sei que um céu nublado
não me deixa ver estrelas!
O eu lírico expressa um desejo de libertação das mágoas do passado. A metáfora do "céu nublado" representa a obscuridade das lembranças que obscurecem a visão das "estrelas", simbolizando esperanças e sonhos. Aqui, a luta interna entre lembrar e esquecer é palpável.
Álvares de Azevedo explora a melancolia e a luta contra as recordações dolorosas em suas obras, como em "Noite de Luar". A ideia de esquecer o passado para ver as estrelas reflete seu tema da busca por libertação das mágoas.
Adélia Prado escreve sobre a complexidade das memórias e a necessidade de superação. Seus versos transmitem um tom de reflexão que ressoa com a ideia de deixar o passado para trás.
O indígena brasileiro Ailton Krenak (1953, Minas Gerais) aborda a memória e a luta dos povos indígenas diante da colonização e da perda de suas terras. Em "Ideias para Adiar o Fim do Mundo", ele reflete sobre a importância de lembrar e resgatar a história, ressoando com a ideia de esquecer as "afrontas do passado".
John Keats (1795-1821, Inglaterra) lida com a ideia de memória e a luta para esquecer em poemas como "Ode a uma Urna". Sua sensibilidade em relação ao tempo e à beleza efêmera reflete a busca por libertação das mágoas do passado.
Billy Collins (1941, EUA) explora a memória e a nostalgia com um tom leve e irônico, como em "The Lanyard", refletindo sobre a luta entre lembrar e esquecer.
Trova 2.
Cante a paz, o amor fecundo,
torne a vida mais risonha
e sem mágoas, porque o mundo
não perdoa a quem não sonha!
O convite para cantar a paz e o amor sugere uma busca ativa por felicidade e harmonia. O contraste entre "paz" e "mágoas" enfatiza que o mundo não perdoa a inatividade; sonhar é fundamental para superar as dores da vida.
Guilherme de Almeida frequentemente exalta o amor e a busca pela felicidade, como em "Soneto da Fidelidade". Sua poesia é otimista e busca celebrar a vida, alinhando-se à ideia de cantar a paz e o amor.
A poetisa indígena brasileira Eliane Potiguara (1955, Paraíba), celebra a cultura e a conexão com a natureza em seus poemas. Sua obra, que aborda a paz e o amor entre os povos, reflete a busca por harmonia e respeito, alinhando-se à temática da trova.
A poetisa nativa americana Joy Harjo (1949, EUA), a primeira poeta laureada dos EUA, frequentemente celebra o amor e a conexão com a natureza em seus poemas, como em "An American Sunrise". Sua ênfase na paz e na harmonia com o mundo reflete a busca por um amor fecundo.
Pablo Neruda (1904-1973, Chile) é conhecido por sua celebração do amor e da vida em poemas como "Soneto XVII". Sua linguagem apaixonada e imagética destaca a importância da paz e do amor.
Mary Oliver (1935-2019, EUA) frequentemente aborda a beleza do amor e a simplicidade da vida em seus poemas, como em "Wild Geese", transmitindo uma mensagem de esperança e conexão.
Trova 3.
Coração, inda pranteias
tantas perdas, nostalgias...
E, de angústias estão cheias
as minhas noites vazias!
O coração é personificado e expresso como um ente que sofre. As "perdas" e "nostalgias" refletem a tristeza acumulada ao longo do tempo. As "noites vazias" simbolizam solidão e desespero, sugerindo uma luta interna constante.
Casimiro de Abreu conhecido por sua poesia sentimental, aborda a dor da perda e a nostalgia em versos como "Meus Oito Anos". A tristeza do eu lírico ecoa a dor expressa na trova.
Lígia Fagundes Telles, em suas narrativas, explora a solidão e a nostalgia, refletindo sobre emoções profundas e complexas que se conectam com o sofrimento do eu lírico.
O indígena brasileiro Daniel Munduruku (1964, São Paulo) explora a dor e a tristeza em sua obra, abordando a luta do povo indígena e a saudade das tradições perdidas. A sua sensibilidade em relação às emoções ressoa com a ideia do coração que pranteia.
Alfred Lord Tennyson (1809-1892, Inglaterra) explora a dor da perda em poemas como "In Memoriam". Seu tom melancólico e reflexivo ressoa com a tristeza do eu lírico.
Sylvia Plath (1932-1963, EUA) aborda a dor e a angústia emocional em sua obra, especialmente em "Lady Lazarus", refletindo a luta interna do eu lírico.
Trova 4.
Discórdia, sonhos frustrados
e as mágoas não resolvidas
são os nós não desatados
das cordas das nossas vidas…
Esta trova fala sobre as tensões e desilusões que permeiam a vida. Os "nós não desatados" representam conflitos não resolvidos e a complexidade das relações humanas, sugerindo que essas questões internas afetam a realização pessoal.
Olavo Bilac toca em temas de desilusão e conflitos em sua obra, especialmente em sonetos que refletem sobre a vida e suas frustrações.
Hilda Hilst aborda a complexidade dos relacionamentos e os conflitos internos, refletindo sobre a discórdia e a busca por resolução em poemas como "A Obscena Senhora D".
W.B. Yeats (1865-1939, Irlanda) frequentemente lida com conflitos e desilusões em sua poesia, como em "The Second Coming", onde a discórdia e a crise são temas centrais.
Ted Hughes (1930-1998, Inglaterra) explora a frustração e a dor em seus poemas, refletindo sobre a luta humana contra as adversidades, como em "The Thought-Fox".
Trova 5.
Enfrento a dor tão constante
deste sofrer que é demais:
quero a volta de um instante
que não volta nunca mais…
A dor é descrita como uma presença constante e desgastante. O desejo pela "volta de um instante" perdido revela uma nostalgia profunda, sublinhando a impossibilidade de recuperar momentos passados. Essa reflexão sobre a efemeridade do tempo é central na obra.
Augusto dos Anjos, conhecido por sua poesia sombria, Anjos explora a dor e a melancolia em obras como "Eu". Sua visão do sofrimento ressoa com a busca do eu lírico por momentos perdidos.
Márcio Antônio Ramos escreve sobre a dor existencial e a luta contra a passagem do tempo, refletindo sobre momentos que não podem ser recuperados, semelhante à busca na trova.
A indígena brasileira Kátia Emygdio (1978, Rio de Janeiro) aborda a dor e as lutas diárias enfrentadas pelos povos indígenas, refletindo sobre a persistência da dor em suas poesias e na vida cotidiana.
A poetisa nativa americana N. Scott Momaday (1934, EUA) escreve sobre a dor e a luta em suas obras, como em "House Made of Dawn". Sua poesia reflete a constante presença da dor e a busca por momentos de beleza perdida.
Charles Baudelaire (1821-1867, França) aborda a dor e a melancolia em "As Flores do Mal", refletindo sobre o sofrimento contínuo e a busca por momentos perdidos.
Derek Walcott (1930-2017, Santa Lúcia) explora a dor e a busca por identidade em sua obra, refletindo sobre a relação com o passado e a dor persistente.
Trova 6.
Jamais busco o falso atalho
da glória não merecida...
É no suor do trabalho
que se constrói uma vida!
O eu lírico valoriza a autenticidade e o trabalho duro em contraposição à busca por reconhecimento não merecido. Essa estrofe enfatiza a construção de uma vida digna e significativa por meio do esforço e da honestidade.
Cecília Meireles valoriza a autenticidade e o esforço real em sua obra, refletindo a necessidade de construir uma vida com dignidade e honestidade, como em "Romanceiro da Inconfidência".
Fabrício Carpinejar fala sobre a importância do trabalho e da honestidade em suas crônicas e poesias, refletindo a busca por um caminho verdadeiro e significativo.
O indígena brasileiro Kaka Werá Jecupé (1953, Paraná) fala sobre a autenticidade e a necessidade de viver em harmonia com a natureza. Sua obra enfatiza a importância do verdadeiro caminho, ressoando com a valorização do trabalho duro e da autenticidade.
Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832, Alemanha) valoriza o autoconhecimento e o trabalho árduo em obras como "Fausto", enfatizando a importância da autenticidade na vida.
Rupi Kaur (1992, Canadá) fala sobre a autoaceitação e a importância de viver de forma autêntica em suas poesias, promovendo a ideia de construir uma vida com dignidade.
Trova 7.
Luz débil que bruxuleia,
mesmo assim ela persiste:
- a minha paz é candeia
no viver de um homem triste !
A "luz débil" é uma metáfora da esperança que persiste, mesmo em meio à tristeza. A "candeia" simboliza a paz interior que se mantém acesa, mesmo quando o eu lírico se sente perdido ou desolado.
Fernando Pessoa (heterônimo Alberto Caeiro), escreve sobre a simplicidade e a luz da natureza, refletindo a ideia de esperança e persistência, mesmo em tempos de tristeza.
A poetisa nativa americana Linda Hogan (1947, EUA) utiliza a natureza e a luz como metáforas de esperança e resistência em sua poesia. Em "Solar Storms", ela fala da persistência da vida e da esperança, refletindo a busca pela paz em meio à tristeza.
Emily Dickinson (1830-1886, EUA) utiliza a imagem da luz como símbolo de esperança e persistência em poemas como "Hope is the thing with feathers", refletindo a busca por paz em tempos difíceis.
Nayyirah Waheed (1983, EUA) aborda a luta pela paz interior e a busca por esperança em seus versos, utilizando metáforas poderosas que ressoam com a luz que persiste na escuridão.
Trova 8.
Malgrado as tristes lembranças
prossigo a viver sonhando,
acalentando esperanças
que a tristeza foi matando…
Apesar das "tristes lembranças", o eu lírico continua a sonhar e alimentar esperanças. Isso sugere uma resiliência e uma determinação de não se deixar vencer pela tristeza, embora essa luta seja difícil.
Machado de Assis explora a memória e a esperança em várias de suas obras, como em "Memórias Póstumas de Brás Cubas", refletindo sobre as tristezas passadas.
Ana Cristina César, em seus poemas frequentemente lida com a memória e a busca por novos começos, refletindo a resiliência diante de lembranças dolorosas.
O indígena brasileiro Davi Kopenawa Yanomami (1956, Roraima) fala sobre a memória e a importância de recordar as tradições e a cultura Yanomami em sua obra "A Queda do Céu". Sua reflexão sobre a luta e as lembranças ressoa com a ideia de acalentar esperanças.
Robert Frost (1874-1963, EUA) explora a memória e a transição entre a tristeza e a esperança em poemas como "The Road Not Taken", refletindo sobre a resiliência diante das lembranças.
Claudia Rankine (1972, EUA) lida com a memória e a luta contra a opressão em sua obra "Citizen", onde a resiliência frente às tristezas é um tema central.
Trova 9.
Não lastime as tristes horas
da viagem que angustia...
Viver é criar auroras
no ocaso de cada dia…
A estrofe sugere um olhar positivo sobre as dificuldades. "Criar auroras" no "ocaso de cada dia" é uma metáfora poderosa que enfatiza a possibilidade de renovação e esperança, mesmo nas horas mais sombrias.
Vinicius de Moraes frequentemente fala sobre a passagem do tempo e a beleza do cotidiano, como em "Soneto de Separação", onde há um convite à renovação e à criação de novas possibilidades.
Rupi Kaur (1992, Canadá) aborda a transformação e a beleza que podem surgir do sofrimento, refletindo sobre a criação de "auroras" em momentos difíceis.
Henry Wadsworth Longfellow (1807-1882, EUA) fala sobre a beleza da vida e a possibilidade de renovação em poemas como "A Psalm of Life", abordando a criação de novas oportunidades.
Ocean Vuong (1988, EUA) reflete sobre a passagem do tempo e a criação de novos começos em sua obra "Night Sky with Exit Wounds", enfatizando a beleza que pode surgir da dor.
Trova 10.
Nos garimpos desta vida,
que o destino abandonou,
eu sou bateia esquecida
que nem cascalho pegou.
O eu lírico se compara a uma "bateia esquecida", sugerindo sensação de desvalorização e abandono. Essa imagem evoca a busca por algo precioso em uma vida que parece não oferecer recompensas, refletindo a luta existencial.
Carlos Drummond de Andrade explora a busca por significado em uma vida que parece vazia, como em "Quadrilha", onde a insatisfação é um tema central.
Alexandre de Almeida reflete sobre a desilusão e a busca por valor em sua poesia, abordando a sensação de abandono e a luta pela realização pessoal.
O nativo americano Sherman Alexie (1966, EUA) explora a busca por identidade e significado em suas obras, como em "The Lone Ranger and Tonto Fistfight in Heaven". Sua reflexão sobre as experiências difíceis da vida ressoa com a ideia de garimpar valor nas dificuldades.
William Wordsworth (1770-1850, Inglaterra) explora a busca por significado e beleza nas experiências cotidianas em "I Wandered Lonely as a Cloud", ressoando com a busca por valor na vida.
David Whyte (1955, Inglaterra) aborda a busca por significado e a exploração da vida em suas poesias, refletindo sobre as experiências que moldam nossa jornada.
Trova 11.
O tempo, só por maldade,
deixou marcas do desgosto,
nas rugas de ansiedade
que hoje trago no meu rosto.
O tempo é personificado como um agente maligno, responsável por deixar "marcas do desgosto". As "rugas de ansiedade" são uma representação física do sofrimento emocional, indicando que as experiências de vida deixam cicatrizes visíveis.
Mário de Andrade explora a passagem do tempo e suas consequências em obras como "Macunaíma", refletindo sobre as marcas que o tempo deixa na vida das pessoas.
Adriana Falcão fala sobre o tempo e suas marcas em suas poesias e crônicas, refletindo sobre as experiências que moldam a vida e deixam cicatrizes.
T.S. Eliot (1888-1965, EUA) explora a passagem do tempo e suas consequências em "The Love Song of J. Alfred Prufrock", transmitindo uma sensação de ansiedade e marcas deixadas pelo tempo.
Alice Oswald (1966, Inglaterra) reflete sobre o tempo e suas marcas em sua obra "Dart", explorando a relação entre memória e passagem do tempo.
Trova 12.
Tanta mentira e incerteza
vivi nessa vida e, assim,
eu constato, com tristeza,
que a vida passou por mim…
O eu lírico reflete sobre as desilusões e a incerteza que permeiam sua vida. A afirmação de que "a vida passou por mim" expressa um sentimento de impotência e a percepção de que, apesar das vivências, algo essencial foi perdido.
Cruz e Sousa aborda a incerteza e a busca por sentido em seus versos, refletindo o desencanto com a vida em obras como "Broquéis".
Elisa Lucinda lida com a verdade e a mentira em sua poesia, abordando a incerteza da vida e as desilusões de forma intensa e reflexiva.
Friedrich Hölderlin (1770-1843, Alemanha) aborda a incerteza e a busca pela verdade em sua poesia, refletindo sobre a condição humana em obras como "Hyperion".
Anne Carson (1950, Canadá) lida com a complexidade da verdade e da incerteza em sua obra "Autobiography of Red", refletindo sobre as desilusões da vida contemporânea.
IMPORTÂNCIA DAS TROVAS DE VALDEZ PARA A SOCIEDADE ATUAL
Promoção do Diálogo Emocional:
As trovas de José Valdez incentivam a expressão emocional e a reflexão sobre questões que muitas vezes são silenciadas na sociedade contemporânea. Essa abertura pode ajudar a formar comunidades mais empáticas e solidárias.
Inspiração e Esperança:
Em tempos desafiadores, as mensagens de esperança e resiliência encontradas nas trovas podem servir como um bálsamo, motivando as pessoas a continuarem lutando por seus sonhos e a encontrarem beleza nas pequenas coisas.
Valorização da Cultura e da Poesia:
A leitura e a apreciação de poesia, como a de Valdez, podem revitalizar a cultura literária, incentivando novas gerações a se conectar com a linguagem e as emoções. Isso pode enriquecer a educação e promover um maior entendimento das nuances da experiência humana.
Reflexão e Autoconhecimento:
As trovas estimulam a introspecção, levando os leitores a refletir sobre suas próprias vidas, experiências e sentimentos. Essa prática de autoconhecimento é essencial em uma sociedade que frequentemente prioriza o externo em detrimento do interno.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As trovas de José Valdez, com suas profundas reflexões sobre a dor, a esperança, o amor e a passagem do tempo, encontram um eco ressonante no mundo atual. Em uma sociedade marcada por incertezas, ansiedades e um ritmo acelerado, as temáticas que Valdez aborda se tornam ainda mais relevantes. Demonstram como essas questões se conectam com a contemporaneidade e suas relações com poetas brasileiros e estrangeiros, além dos benefícios que essas trovas podem trazer à sociedade.
A luta para lembrar ou esquecer experiências passadas é uma questão universal. Em tempos de redes sociais e constante exposição, muitos enfrentam o desafio de lidar com lembranças e traumas. As trovas de Valdez abordam essa luta de maneira sensível, promovendo a reflexão sobre o passado como um elemento formador da identidade.
Em um mundo frequentemente marcado por crises — sejam sociais, políticas ou ambientais — a busca pela esperança e pela paz se torna fundamental. As mensagens do trovador sobre manter a luz acesa em tempos escuros ressoam profundamente, inspirando a resiliência e a capacidade de sonhar.
A solidão e a dor são experiências comuns na vida moderna, exacerbadas pela despersonalização das interações digitais. As trovas oferecem um espaço para reconhecer e validar esses sentimentos, promovendo empatia e compreensão coletiva.
A valorização do trabalho árduo e da autenticidade, presente nas trovas de Valdez, é um chamado para a ética e o esforço sincero em um mundo muitas vezes marcado pela superficialidade e pelo imediatismo.
A conexão entre Valdez e poetas como Carlos Drummond de Andrade e Adélia Prado é evidente na forma como ambos exploram a condição humana. Drummond, por exemplo, lida com a angústia e a busca de sentido em uma sociedade complexa, enquanto Prado celebra a simplicidade e a beleza das pequenas coisas. Essas influências refletem uma continuidade na busca por expressar a experiência humana em suas múltiplas facetas.
Poetas como Pablo Neruda e Emily Dickinson também dialogam com as temáticas de Valdez. Neruda, com sua celebração do amor e da vida, e Dickinson, com suas reflexões sobre a esperança e a solidão, oferecem uma perspectiva enriquecedora sobre os sentimentos que Valdez expressa. Essas conexões ampliam o entendimento das emoções humanas, mostrando que, apesar das diferenças culturais, as experiências universais permanecem.
As trovas de José Valdez de Castro Moura não são apenas uma expressão poética de sentimentos profundos; elas são um convite à reflexão sobre a condição humana em um mundo contemporâneo repleto de desafios. Ao dialogar com poetas de diferentes épocas e culturas, Valdez nos convida a explorar as complexidades da vida, promovendo um entendimento mais profundo de nós mesmos e dos outros. Em última análise, suas trovas oferecem um espaço para a cura, a esperança e a conexão, essenciais para uma sociedade mais empática e resiliente.
Fonte: José Feldman. 50 Trovadores e suas Trovas em preto e branco. vol.1.
Maringá/PR: IA Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul. 2024.
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