Marcadores
- Dicas de escrita (43)
- Guirlanda de Versos (23)
- Panaceia de Textos (6116)
- Sopa de Letras (1574)
- Versejando (121)
Marcadores
- Vereda da Poesia (179)
- Canções Antigas (175)
- Meus manuscritos (163)
- Asas da poesia (71)
- meus versos (33)
Marcadores
- Contos e Lendas do Mundo (871)
- Estante de Livros (802)
- Universos Di Versos (3775)
- Varal de Trovas (517)
- mensagem na garrafa (143)
Mostrando postagens com marcador Vereda da Poesia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Vereda da Poesia. Mostrar todas as postagens
sábado, 22 de março de 2025
quinta-feira, 20 de março de 2025
sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025
Vereda da Poesia = 221
Soneto de
ANÍBAL BEÇA
Manaus/ AM, 1946 – 2009
BOLERO DAS ÁGUAS
O passo no compasso dois por quatro
acode meu suplício de afogado
afastando de mim sedento cálice
em submerso bolero de águas tantas.
A sede dança seca na garganta
curtindo signos, fala ressequida
para a língua de couro, lixa tântala,
alisando palavras rebuçadas.
Quanto alfenim no alfanje que se enfeita
para montar as ancas de égua moura.
Lábia flamenca lambe leve as ouças,
é rito muezim ditando a dança:
no dois pra cá me levo em dois pra lá,
nas águas do regaço vou-me e lavo-me.
= = = = = = = = =
Poema de
SILVIAH CARVALHO
Manaus/AM
A FORÇA DO SEU ABRAÇO
Sinto saudade dos seus braços
Onde dividia meu cansaço
Quando em você me escondia
Desta minha vida tão vazia
Na força do teu abraço
Encontrei descanso e me entreguei
Encontrei paz e fui feliz. Nos seus braços
Descobri o quanto te amei
Sem medo de sofrer, abri meu coração
Sem medo de perder, segurei em suas mãos
Você é meu refúgio, meu abrigo
Meu amor, muito mais que um amigo
No cantinho dos seus braços
Eu me desfaço e me refaço
Encontro amor e carinho
Onde moro e, faço deles meu ninho.
= = = = = = = = =
Poema de
DOMINGOS FREIRE CARDOSO
Ilhavo/ Portugal
VEJO-TE SEMPRE EM HORAS DE SAUDADE
(Fernandes Valente Sobrinho in "Poemas Escolhidos", p. 145)
Vejo-te sempre em horas de saudade
Quando em meu peito dói a tua ausência
Presente como eterna penitência
Que eu pague por te amar sem castidade.
Envolto sempre em rara claridade
Segreda o teu olhar a confidência
Em que naufraga, nua, esta inocência
No abraço que me traz à realidade.
Talhada em minha mente sempre vens
Livre e solta no tempo e te deténs
Trazendo à minha vida a doce paz.
Com enlevos eu te amo e te venero
E em meus dias o que eu anseio e quero
Sempre és tu quem o diz e quem o faz.
= = = = = = = = =
Soneto de
AFONSO FREDERICO SCHMIDT
Cubatão/ SP, 1890-1964, São Paulo/SP
OS VAGABUNDOS
Perdidos pela estepe enegrecida e rasa,
Nessa planície igual que a distância arredonda,
Que o inverno enregela e que o verão abrasa,
Dos vagabundos passa a maltrapilha ronda.
As miragens do céu são como pétrea onda...
E o vento forasteiro essa visão arrasa,
Quebrando torreões de arquitetura hedionda,
Catedrais de marfim e florestas de brasa!
Eles passam cantando uma canção dolente,
E vão deixando atrás, por sobre a terra ardente,
Dos seus inchados pés os passageiros rastros...
E quando a noite desce aos desertos medonhos,
Deitam-se sobre a terra e sonham lindos sonhos
Na solidão da estepe e na mudez dos astros!
= = = = = =
Poema de
FILEMON MARTINS
São Paulo/ SP
AMOR CREPUSCULAR
A tarde vai morrendo lentamente
e enquanto o sol se esconde lá na serra,
a brisa vem trazendo mansamente
uma saudade que o meu peito encerra.
E a noite surge alegre e resplendente
com seus mistérios vem saudando a terra,
espalhando, no mundo, o amor ingente
de quem cultiva a paz e evita a guerra.
Quantos amantes passam se beijando
confessando segredos e venturas
que só o amor produz nas almas puras?
Meu coração também está amando
como os casais que passam na avenida
jurando amores para toda a vida.
= = = = = = = = =
Soneto de
HEGEL PONTES
Juiz de Fora/MG (1932 – 2012)
SÃO FIDÉLIS
De São Fidélis guardo a ressonância
De pássaros cantando nas capoeiras;
No olhar conservo as flores das primeiras
Primaveras perdidas na distância…
Toucou-me um dia a incontrolável ânsia
De procurar caminho e abrir porteiras,
Deixando para trás velhas mangueiras
Que encheram de doçura a minha infância.
Comércio, indústria, o campo verde, o açude…
Cidade Poema, te esquecer não pude,
Porque, mesmo partindo da cidade,
Como carro-de-boi que geme e chora,
Eu vou levando pela vida afora
A colheita indelével da saudade!
= = = = = = = = = = = = =
Cantiga Infantil de Roda
LAGARTA PINTADA
É uma roda de crianças, cada qual pegada na orelha da outra, cantando e dançando:
Lagarta pintada
Quem foi que te pintou
Foi uma velha
Que passou por aqui
A saia da velha
Fazia poeira
Puxa lagarta
No pé da orelha
Quando as meninas dizem - Puxa lagarta no pé da orelha - puxam realmente com força na orelha das outras
Outra versão:
Lagarta pintada quem foi que te pintou?
foi uma menina que aqui passou
por dentro das areias levanta poeira
pega esta menina pela ponta da orelha.
Lagarta pintada quem foi que te pintou?
Foi a velha cachimbeira por aqui passou.
No tempo da areia fazia poeira, Puxa
Lagarta nessa orelha... Orelha, orelha!
= = = = = = = = =
Quadra Popular de
AUTOR ANÔNIMO
Que os homens são uns diabos
não há mulher que o negue;
mesmo assim elas procuram
um diabo que as carregue.
= = = = = = = = =
Poema de
VANICE ZIMERMAN
Curitiba/PR
ROTINA DE UMA ÁRVORE
Terra, água
E luz gestam vidas
Num contínuo renascer,
O ciclo da vida impresso
Nas folhas encanta,
E surpreende,
Desabrochando em versos
Em uma manhã azul
De Primavera.
= = = = = =
Marcadores:
Universos Di Versos,
Vereda da Poesia
quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025
Vereda da Poesia = 220
Soneto de
ANÍBAL BEÇA
Manaus/ AM, 1946 – 2009
ARS POÉTICA
Nesse afago do meu fado afogado
as águas já me sabem nadador.
A rês na travessia marejada
gado da grei de um mar revelador.
Vou e volto lambendo o sal do fardo
língua no labirinto, ardendo em cor
furtiva, enquanto messe temperada,
da tribo das palavras sou cantor.
Procuro em frio exílio tipográfico
o verbo mais sonoro em melodia
o ritmo para a cal de um pasto cáustico.
Sou boi e sou vaqueiro dia a dia
no laço entrelaçado fiz-me prático
catador de capins nas pradarias.
= = = = = = = = =
Poema de
SILVIAH CARVALHO
Manaus/AM
ETERNO ARGUMENTO
Já foi o refugo em minha mente
Algo ultrapassado em demasia
Que em mim aflorava livremente
Sempre que de mim, eu me perdia
Elevava-o nos pensamentos meus
Que eram Conflitantes e envolventes
Eram tudo que tinha, quando nada era teu!
Nem meu corpo, minha vida ou minha mente.
Cá estou a falar do Amor que eu maldizia
Do fiel argumento do poeta infiel
Que tira um pedaço do inferno e faz um “céu”
Cá estou a falar do que nunca entendia
Não mais o refugo, agora o bom sabor dor
Infiel e eterno argumento do poeta fiel... O amor!
= = = = = = = = =
Poema de
DOMINGOS FREIRE CARDOSO
Ilhavo/ Portugal
O LIVRO ONDE SEPULTE O MEU SOFRER
(Fernandes Valente Sobrinho in "Poemas Escolhidos" p. 93)
O livro onde sepulte a minha dor
Não o lavro com lágrimas de tinta
Pois com medo que invente ou que eu lhe minta
Não achará jamais qualquer leitor.
Seria, com certeza, um fraco autor
E a minha mão de inspiração faminta
Daria, em pouco tempo, por extinta
Essa obra sem ter um editor.
Guardo em pasta de capa dura e preta
Essas folhas que fecho na gaveta
Como os mais crus e tristes documentos.
Um dia, quando o livro estiver feito
Com a pena que usei rasgo o meu peito
E essas páginas rudes solto aos ventos.
= = = = = = = = =
Soneto de
AFONSO FREDERICO SCHMIDT
Cubatão/ SP, 1890-1964, São Paulo/SP
CARAS SUJAS
Ao longo destas avenidas,
Recordação de velhas lendas,
Cantam as chácaras floridas
Com suas líricas vivendas.
Lá dentro, há risos, jogos, danças,
Crástinas, módulas fanfarras,
Um pandemônio de crianças,
Um zagarreio de cigarras.
Fora, penduram-se na grade
Os pobre, como gafanhotos;
Têm dos outros a mesma idade,
Mas estão pálidos e rotos.
Chora a injustiça da cidade
Na cara suja dos garotos.
= = = = = =
Poema de
FILEMON MARTINS
São Paulo/ SP
AMOR
Amor de minha vida, amor ventura,
vem comigo seguir a nossa estrada,
vamos viver a vida simples, pura,
antes que o sol desfaça a madrugada.
E vou te amar assim com tal doçura,
com tanto amor serás a minha amada,
que meus versos repletos de ternura
vão se espalhar em tua caminhada.
Terei em minha vida o teu carinho
e nunca mais me sentirei sozinho
e tu terás o amor mais verdadeiro.
Quando o tempo passar, calmo e sereno,
verás que fui e sou, mesmo pequeno,
teu homem, teu poeta e seresteiro.
= = = = = = = = =
Poetrix de
THOMAZ RAMALHO
Luanda/Angola
MELANCOLIA
Os cotovelos no parapeito da sacada
e o pensamento apoiado
na linha do horizonte.
= = = = = =
Poema de
MÁRIO A. J. ZAMATARO
Curitiba/PR
IMPOSTO
Amigo imposto?
Isso é conversa!
- de pronto, digo.
Dá até desgosto,
qual vice-versa:
imposto amigo...
= = = = = =
Soneto de
BENEDITA AZEVEDO
Magé/ RJ
A VERDADE
Ó querida, quem sabe neste dia
Encontrarei u’ amor que me fascine!
E talvez uma estrela que ilumine
Esta vida cruel que me iludia.
Só tu podes me dar tanta euforia,
Sem impedir, também, que raciocine,
E com meu sentimento me destine
A dor de ser um velho, mas queria...
Coragem pra buscar esta verdade
E talvez, a esperança sem vaidade
De poder te encontrar sem levar foras.
Esperando que agora possas rir
Sem ilusão, embora possas vir
Com essa liberdade, por quem choras.
= = = = = = = = = = = = =
Cantiga Infantil de Roda
SERENO DA MEIA-NOITE
É uma uma roda de crianças, com uma no centro. Cantam as da roda:
Sereno da meia-noite }
Sereno da madrugada } bis
Eu caio, eu caio }
Eu caio. sereno, eu caio } bis
Responde a menina do centro:
Das filhas de minha mãe }
Sou eu a mais estimada } bis
Eu não m'importo, }
Que da amiguinha, }
Eu seja a mais desprezada } bis
= = = = = = = = =
Quadra Popular de
AUTOR ANÔNIMO
Coração de sapo morto,
banana não tem caroço.
Garrafão tem fundo largo,
botija não tem pescoço.
= = = = = = = = =
Poema de
VANICE ZIMERMAN
Curitiba/PR
PANDORA
Do escuro da caixa
Voam lágrimas...
Diáfana solidão,
Silencia-se
A Esperança.
= = = = = =
Marcadores:
Universos Di Versos,
Vereda da Poesia
domingo, 23 de fevereiro de 2025
Vereda da Poesia = 219
Soneto de
ANÍBAL BEÇA
Manaus/ AM, 1946 – 2009
SONETO QUEBRADIÇO
Mão minha com maminha movediça
traçando vai na limpa areia branca
versos cambaios, frouxos, na liça
língua caçanje, claudicante, manca.
No pé quebrado o ritmo se atiça
para dançar com rimas pobres, franca
trança de cambalhota tão cediça,
que me corrompe o salto e que me estanca.
Queda de braço nas quebradas quebras
vou me quebrando como um bardo gauche:
pelas savanas sou mais uma zebra.
Mas consciente desse torto approuch
já me socorre a gíria de alma treta
para solar meu solo nos ouvidos moucos.
= = = = = = = = =
Poema de
SILVIAH CARVALHO
Manaus/AM
SEU AMOR É TUDO
Antes que seja aprisionada pelo seu sorriso,
E sinta que a vida não fará mais sentido sem você
Antes que tenha certeza que você é tudo que preciso
Antes que eu perca a razão e no amor volte a crer
Antes que sua solidão misture com minha carência
E suas mãos toquem novamente as minhas
Antes que eu seja vencida por minha impaciência
E passe a crer que perto de você eu não esteja sozinha
Eu voarei rumo aos pinheiros, perto da tristeza
Onde as noites são frias, os dias são longos
Eu estarei a meditar na sua simplicidade e pureza
Na paz que emana de você, na sua doçura e nobreza
Eu irei pensar no silêncio da minha incompreensão
Não diga nada, talvez eu não resista à dor de um sincero não
Eu cheguei no tempo que é para ti a alto-reconstrução
Em que preferes a solidão latente no seu meigo olhar
Eu irei antes que, seja dominada pelo desejo de ficar
E quando este papel envelhecer,
Saiba que esta poetisa que hoje te escreve apesar
De nada ser, desejou ter tudo, e este tudo é você.
= = = = = = = = =
Poema de
DOMINGOS FREIRE CARDOSO
Ilhavo/ Portugal
NÃO DAREI UM SÓ PASSO ONDE ME PRENDA
(Fernandes Valente Sobrinho in "Poemas Escolhidos", p. 101)
Não darei um só passo onde me prenda
O espectro de um amor que já passou
E o resto de um sorriso que raiou
Que fazem com que agora eu me arrependa.
Mas este coração não tem emenda
E sonha com o que ainda não achou
E de todos os gostos que provou
Elege o teu beijar de que faz lenda.
Procuro outros caminhos onde passe
Sem ver em cada rosto a tua face
Trazendo o que a teu lado eu já vivi.
É falsa a tentativa dos meus passos
Que lembrando o calor dos teus abraços
Simplesmente me levam para ti.
= = = = = = = = =
Poema de
AFONSO FREDERICO SCHMIDT
Cubatão/ SP, 1890-1964, São Paulo/SP
SIMPATIA
Numa tarde longa e mansa,
os dois pela estrada vão:
o cão estima a criança,
e a criança estima o cão.
Que delicada aliança
dos seres da criação:
uma risonha criança,
um robustíssimo cão.
Deus percebeu a lembrança
e sorriu lá na amplidão:
ele gosta da criança,
que trata bem o seu cão.
Por isso, na tarde mansa,
os dois felizes lá vão:
a delicada criança
e o robustíssimo cão.
= = = = = =
Poema de
FILEMON MARTINS
São Paulo/ SP
MEU VERSO
Meu verso vem do Nordeste,
vem do roçado, vem do Sertão,
vem das veredas lá do agreste,
vem das cacimbas e dos grotões.
Meu verso vem dos garimpos,
das catras dos garimpeiros,
da coragem dos vaqueiros
vestidos no seu gibão,
vem do sereno da noite
do perfume do Sertão.
Meu verso simples, sem medo,
vem do sítio, do rochedo,
vem do povo do Sertão,
que com a luz do arrebol
trabalha de sol a sol
para ganhar o seu pão.
Vem da Serra do Carranca
onde a beleza não manca,
e a onça faz sentinela.
Da Serra da Mangabeira
onde a Lua vem brejeira
tecer a renda mais bela.
Meu verso vem da goiaba,
do puçá e da mangaba,
da seriguela e do mamão.
Da pinha e da acerola,
da atemóia e graviola
plantadas no roçadão.
Nasceu na bela Umbaúba,
Boa Vista, Bela Sombra,
na Lagoa de Prudente,
na Chiquita e no Vanique,
onde há muito xique-xique
e o sol parece mais quente.
Brejões, Lagoa do Barro,
Santo Antonio, Traçadal,
Olho D´Água, Rio Verde,
Baixa dos Marques, Coxim,
Ibipetum, depois Pintada,
onde passa a velha estrada,
Zequinha e Lamarca morreram.
Sodrelândia, Deus me Livre,
Pé de Serra, Poço da Areia,
Riacho das Telhas também.
Poço do Cavalo, Matinha,
Mata do Evaristo e Veríssimo,
Olhodaguinha e Ipupiara.
Meu verso nasceu no mato,
não tem brilho, nem ornato,
vem do Morro do Mocó,
da Serra do Sincorá,
vem do morro do Araçá,
nasceu pobre e vive só...
= = = = = = = = =
Pecador arrependido,
que o seja, mas de verdade,
terá sempre garantido
do bom Deus a piedade!
= = = = = =
Poetrix de
VALQUÍRIA CARDARELLI
São Paulo/SP
MUNDO DA LUA
Nos olhos
Nada de mim:
Apenas sonho(s)
= = = = = =
Soneto de
AUTA DE SOUZA
Macaíba/RN, 1876 – 1901, Natal/RN+
CAMINHO DO SERTÃO
(a meu irmão João Câncio)
Tão longe a casa! Nem sequer alcanço
Vê-la através da mata. Nos caminhos
A sombra desce; e, sem achar descanso,
Vamos nós dois, meu pobre irmão, sozinhos!
É noite já. Como em feliz remanso,
Dormem as aves nos pequenos ninhos...
Vamos mais devagar... de manso e manso,
Para não assustar os passarinhos.
Brilham estrelas. Todo o céu parece
Rezar de joelhos a chorosa prece
Que a noite ensina ao desespero e à dor...
Ao longe, a Lua vem dourando a treva...
Turíbulo imenso para Deus eleva
O incenso agreste da jurema em flor.
= = = = = =
Hino de
AÇUCENA/ MG
Salve Açucena, terra querida!
Jubilosos te dedicamos um hino!
Repletos de encanto e de vida,
Muito promissor é o teu destino!
(Refrão)
Recebe o afeto, que sincero parte.
De cada peito de um filho teu.
Este procura, com espontânea arte,
Dar-te um brilho como sendo seu.
As tuas montanhas, sempre verdejantes,
Apontam mui risonhas, o teu porvir.
As tuas brisas puras, refrigerantes,
Calcam o viajor ao teu seio vir.
A ti, com perfeita serenidade,
Que faz lembrar noite de luar amena,
Os teus filhos, com felicidade,
Bendizem, unânimos, ó Açucena.
= = = = = = = = =
Soneto de
BENEDITA AZEVEDO
Magé/ RJ
TEMPO DE ESCOLA (ABRINDO O BAÚ)
Logo quando amanhecia!
Mamãe entrava a chamar:
- Vamos crianças levantem!
Está na hora de estudar.
Levantava-me com pressa,
No meu rio ia banhar
Mas antes de alguém sair,
Tinha de a cama arrumar.
Quando tudo terminava...
Mamãe da mesa chamava:
- Venha tomar seu café!
Pra não chegar atrasada,
Corria naquela estrada,
Porque ia mesmo a pé.
= = = = = = = = = = = = =
Cantiga Infantil de Roda
CADÊ?
Cadê o toucinho que tava aqui?
O gato comeu.
Cadê o gato?
Foi pro mato.
Cadê o mato?
O fogo queimou.
Cadê o fogo?
A água apagou.
Cadê a água?
O boi bebeu.
Cadê o boi?
Tá amassando o trigo.
Cadê o trigo?
A galinha ciscou.
Cadê a galinha?
Tá botando o ovo.
Cadê o ovo?
O padre comeu.
Cadê o padre?
Tá rezando a missa.
Cadê a missa?
Tá dentro do livrinho.
Cadê o livrinho?
Foi pelo rio abaixo.
Vamos procurar o livrinho?
= = = = = = = = =
Quadra Popular de
AUTOR ANÔNIMO
Teus vestidos eu não acho
muito decentes, minha prima:
são altos demais por baixo
e baixos demais por cima.
= = = = = = = = =
Poema de
VANICE ZIMERMAN
Curitiba/PR
O TOQUE DO TEU VENTO
Os sons dos sinos de vento
Embalam a solidão
Que fragmenta a ampulheta,
E refugia-se no vitral
Da janela antiga,
Trincada com o toque
Do teu vento,
As cores voam,
E pousam na taça de cristal.
= = = = = =
Marcadores:
Universos Di Versos,
Vereda da Poesia
sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025
Vereda da Poesia = 218
Soneto de
ANÍBAL BEÇA
Manaus/ AM, 1946 – 2009
SIMPLES SONETO
Desejado soneto este que é escrito
sem as firulas graves do solene,
que leva na palavra o simples rito
da fala cotidiana. Não condene
no entanto, a falta de um estro especioso,
nem de brega rotule esse meu vezo.
Apenas sinta o som oco e poroso
do fundo mar de anêmonas, o peso
rarefeito das algas nos peraus.
Essa cantiga filtra nossos medos,
as culpas e os tabus, e dá-me o aval
para buscar o simples e em querê-lo
ornamento de estética espartana
na faxina ao supérfluo que se espana.
= = = = = = = = =
Poema de
SILVIAH CARVALHO
Manaus/AM
A SÚPLICA DO BEIJA-FLOR
...Quanto a mim, da solidão me vesti,
Vi sangrar o meu coração sem paz,
A segredar à noite tudo que vivi,
Reluto sozinha, não volto atrás.
O sossego das noites não refrigera meus dias,
Poeta beija-flor... Perdi essa identidade!
Exilada morro aos poucos e comigo a poesia,
Tantos “não” que do “sim”, sinto saudades.
Quisera ressuscitar-me, não mais amar...
Já não percebo do amor o fulgor,
Só o silencio que sua ausência deixou.
Eu preciso me redescobrir no teu olhar,
Voar na essência e sabor do seu vasto jardim,
Alimenta esse beija-flor, traga néctar pra mim...
= = = = = = = = =
Poema de
DOMINGOS FREIRE CARDOSO
Ilhavo/ Portugal
ENERVA-ME ESTA CHUVA IMPERTINENTE
(Fernandes Valente Sobrinho in "Poemas Escolhidos", p. 127)
Enerva-me esta chuva impertinente
Que tomba lá dos céus feitos de breu
E as gotas são o pranto que nasceu
De nuvens que tivessem dor de gente.
O vento ainda faz mais repelente
Cada pingo que o meu rosto ofendeu
Lágrima que do ar se desprendeu
Como um cristal da mágoa que alguém sente.
A chuva tudo alaga, tudo invade
Deixando o fino véu dessa umidade
Caído pelo chão, pênsil dos ramos.
E sobe uma revolta ao meu olhar;
Por que há de a Natureza assim chorar
Do modo como nós também choramos?
= = = = = = = = =
Poema de
AFONSO FREDERICO SCHMIDT
Cubatão/ SP, 1890-1964, São Paulo/SP
OS PEQUENOS VARREDORES
Pela escura avenida arborizada,
ninguém. Lá para cima,
escuta-se um rumor que se aproxima,
nuvens rolando pelo chão, mais nada...
Depois, enche-se a noite de pavores,
há risos, pragas, uivos;
dançam, ao longe, contra o vento, ruivos
de poeira, pequeninos varredores.
De ombros estreitos e de faces cavas,
lutam com seus destinos,
nas horas em que todos os meninos
dormem e sonham com princesas flavas.
Há, entre eles, alguns que são precoces,
fumam e bebem. Vários,
transitam para a noite dos ossários,
têm o pulmão comido pelas tosses.
Arrastando o esqualor destas sarjetas,
dirão, olhos em brasa,
que é melhor acabar na Santa Casa
do que viver assim, como grilhetas.
E lá se vão. A nuvem se adelgaça;
um senhor, na alameda
sem luz, toma do lenço, que é de seda,
tapa o nariz, inclina a fronte, e passa…
= = = = = =
Soneto de
FILEMON MARTINS
São Paulo/ SP
GARIMPANDO A FELICIDADE
Vou garimpando pela vida afora
a lição de Humildade que conforta
e traz ao coração a Luz da aurora,
mesmo que a crença já pareça morta.
De solo em solo, busco sem demora
o cascalho do Amor que aduba a horta.
Busco a pedra da Fé, que revigora
e prepara o caminho abrindo a porta.
Não quero, meu amigo, andar a esmo,
minha sorte depende de mim mesmo,
que a vida pode ser melhor assim.
E se meus passos forem tão errantes,
buscando joias, pedras, diamantes,
- não haverá felicidade em mim!
= = = = = = = = =
Poetrix de
GERALDO TROMBIN
Americana/SP
FUNDO MUSICAL
Pisou fundo no acelerador,
Bateu de frente com o infortúnio.
Marcha fúnebre!
= = = = = =
Cantiga Infantil de Roda
ROCK DO RATINHO
(Cyro de Souza)
Era uma vez um ratinho pequenino
que namorava uma ratinha pequenina
e os dois se encontravam todo dia
num buraquinho na esquina
rock rock rock rock rock
é o rato e a ratinha namorando
rock rock rock rock rock
é o rato e a ratinha se beijando
o ratinho lhe trazia todo dia
um pedaço de toucinho fumeiro
um tiquinho de manteiga, um queijinho
e um pouquinho de manteiga no focinho
rock rock rock rock rock
é o sino da igreja badalando
rock rock rock rock rock
é o ratinho e a ratinha se casando…
= = = = = = = = =
Quadra Popular de
AUTOR ANÔNIMO
Na rua não sei de onde
puseram não sei que santo,
pra rezar não sei o quê,
e ganhar não sei lá quanto.
= = = = = = = = =
Poema de
VANICE ZIMERMAN
Curitiba/PR
JANELA DE SONHOS...
A janela entreaberta
Ainda à espera
Dos sons da tua volta...
Há tanto silêncio
Em tua ausência,
Que inquieta a alma...
Busco teu olhar, tuas mãos
E não as encontro,
Encontro à saudade
Que se despe
Das rendas tecidas de poesias
E deságua
Em lágrimas…
= = = = = =
Marcadores:
Universos Di Versos,
Vereda da Poesia
Assinar:
Postagens (Atom)